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25.4.11

LUGAR ONDE Nº 105 - Badaladas, 22 abril 2011


LANÇAMENTO PÚBLICO EM 9 DE MAIO
TORRES VEDRAS ANTIGA E MODERNA,
de Júlio Vieira

A Associação do Património de Torres Vedras teve a iniciativa, a Livrododia associou-se, a Câmara Municipal apoiou e a obra aí está, em segunda edição. A primeira, de 1926, estava há muito esgotada. Livro imprescindível para quem quiser conhecer a História torriense.
Mas uma obra com 85 anos não estará desactualizada? A resposta é clara: não! Apesar do extraordinário incremento dos estudos recentes que vieram esclarecer e completar aspectos particulares do conhecimento do nosso passado, o livro de Júlio Vieira mantém uma indiscutível actualidade. Debruçando-se sobre a História de Torres Vedras, a cidade e o concelho, continua a ser de consulta imprescindível. Mais ainda: não perdeu a frescura da escrita. O estilo elegante, rigoroso e sóbrio garante-lhe uma surpreendente proximidade com o leitor de hoje.
É sabido que outra obra básica sobre a História torriense é a do P. Agostinho Madeira Torres, publicada em 1819, com as anotações posteriores dos responsáveis da 2ª edição em 1861, que a enriqueceram mas tornaram de difícil consulta. Está apenas disponível hoje numa edição de 1988, fac-similada, de fraca qualidade gráfica.
Júlio Vieira incorporou essa informação e ampliou-a por investigação própria, apoiando-se em fontes documentais que cita abundantemente, num trabalho de grande probidade intelectual. O resultado foi esta obra publicada em 1926. Sai agora, finalmente, a segunda edição, que respeita integralmente o original mas enriquecida com anotações dos historiadores locais nossos contemporâneos, Carlos Guardado da Silva e Venerando Aspra de Matos, e com utilíssimos índices onomástico, toponímico e didascálico.
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Foto: Biblioteca Municipal, Espólio de Adão de Carvalho


Esta foto ajuda-nos a recuar no tempo. É um postal dos anos 20 do século passado. À direita, a rua Dias Neiva – é agora a 9 de Abril. Ao centro, o edifício de dois pisos, onde está hoje o prédio de três andares da Havaneza, construído nos anos 30/40.
Olhando à esquerda, vemos o edifício pertencente à Misericórdia, que ainda hoje existe. Mas a loja – actualmente o “Luís Pereira” – era a Sapataria Vieira, pertencente a Júlio Vieira, de quem falamos a propósito da História torriense. Os vultos em que se fixa agora o nosso olhar eram seus contemporâneos.
Homem de prodigiosa actividade! Viveu apenas 49 anos mas deixou marcas indeléveis na terra que tanto amou: além de comerciante com sucesso na área do calçado, foi proprietário e redactor de jornais locais, dirigente político republicano, activista sindical e associativo, impulsionador de iniciativas de desenvolvimento regional, publicista e historiador.
O nosso olhar perde-se nesta contemplação e encontra na História, escrita por homens como Júlio Vieira, a ponte que vem do passado para ligar os de hoje aos que já aqui viveram e morreram.

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O QUE DIZ A ASSOCIAÇÃO DO PATRIMÓNIO DE TORRES VEDRAS

Um dos objectivos da Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras é contribuir para um maior interesse de todos os torrienses pela sua história. Ao longo de 32 anos de existência (1979-2011) esta tem sido uma das suas linhas de orientação, expressa nas inúmeras intervenções e actividades que desenvolve, quer nas páginas da imprensa regional quer nos debates públicos ou nos pareceres sobre projectos autárquicos.
A iniciativa de reeditar o livro de Júlio Vieira é mais um contributo da ADDPCTV para o conhecimento da nossa história local.
A Associação do Património de Torres Vedras, através desta reedição, presta público reconhecimento ao ilustre cidadão torriense que foi Júlio Vieira.

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HOMENAGEM
A Biblioteca Municipal de Torres Vedras, inaugurada a 19 de Fevereiro de 1934, foi criada por proposta de França Borges, então edil da Comissão Executiva Municipal, após a aquisição, por parte da Câmara de Torres Vedras, em 1931, da biblioteca particular do escritor torriense Júlio Vieira, falecido em 1930, cujo espólio faz parte do seu fundo documental. Este é um facto pouco conhecido, a merecer destaque. Pela nossa parte, e dando continuidade a uma ideia de alguém que muito consideramos, deixamos aqui uma sugestão aos nossos edis municipais: prestar pública homenagem a Júlio Vieira atribuindo o seu nome à Biblioteca Municipal de Torres Vedras.

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…ESTA TERRA
«E pois desta terra, por tantos títulos notável, e à qual me pren¬dem os laços de nascimento e de família, que entendi dever fazer a presente narração histórica e descritiva, baseada nos elementos de estudo e observação que tenho conseguido reunir.
Se algum benefício resultar do meu sincero esforço, convencido ficarei da utilidade desta obra.
Suficientemente recompensado me encontro já, pela satisfação do que julgo um dever cumprido, e pela lembrança também do exem¬plo que deixo a meus filhos, demonstrando que, sempre que honre-mos por qualquer forma ao nosso alcance, a terra que nos foi berço, honraremos nossa família e dignificar-nos-emos a nós próprios.»
(Júlio Vieira, Preâmbulo de TORRES VEDRAS ANTIGA E MODERNA.)

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CONVITE A TODA A POPULAÇÃO
O lançamento da segunda edição do livro de Júlio Vieira, TORRES VERDRAS ANTIGA E MODERNA, terá lugar em SESSÃO PÚBLICA nos Paços do Concelho, no próximo dia 9 de Maio, pelas 18 horas. A apresentação será feita pelo nosso conterrâneo e ilustre historiador torriense, Bispo do Porto, D. Manuel Clemente.

23.1.09

LIVRO DE JÚLIO VIEIRA FINALMENTE REEDITADO



Publicado em 1926, “Torres Vedras Antiga e Moderna” é hoje uma raridade. Valiosíssimo repositório de informação histórica, de escrita muito acessível, ele tem sido uma das grandes fontes de conhecimento do nosso passado. Com os temas bem organizados, fruto de muito estudo e investigação em arquivos locais – sobretudo paróquias e Misericórdia – e no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, este livro tornou-se imprescindível para quem queira conhecer a História torriense. Mas hoje, praticamente, só é possível lê-lo na Biblioteca Municipal.
Por isso saudamos vivamente a iniciativa da Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras que decidiu reeditar esta obra, em parceria com a Livrododia Editores. Não se trata de um fac-simile mas sim de uma nova edição que, respeitando escrupulosamente o conteúdo da 1ª, optou por um grafismo actualizado e fez o tratamento informático das fotos e gravuras antigas que se encontravam muito degradadas. Por outro lado, foi feita uma releitura anotada do texto de Júlio Vieira, trabalho minucioso realizado por Carlos Guardado da Silva e Venerando Aspra de Matos. Também não é uma edição crítica, uma vez que as notas introduzidas procuram tão-somente actualizar informação, o que é justificável se tivermos em conta a enorme produção historiográfica que o município de Torres Vedras conheceu, sobretudo nas últimas duas décadas. E porque esta é uma obra para ler, assim como para consultar, optou-se pela integração de índices (toponímico, onomástico e didascálico), tornando a sua consulta mais fácil.
O lançamento desta 2ª edição está previsto para finais de Março, por altura do 30º aniversário da Associação de Defesa do Património de Torres Vedras.

JÚLIO VIEIRA: ESBOÇO BIOGRÁFICO

Júlio do Nascimento Vieira, (1880-21/01/1930), foi um homem multifacetado – jornalista, político, dirigente associativo e sindical, industrial, comerciante, publicista e historiador – que marcou política e culturalmente a sociedade torriense nos três primeiros decénios do século XX. As gerações seguintes recordam-no sobretudo pela sua faceta historiográfica, com a publicação da monografia Torres Vedras Antiga e Moderna, no Verão de 1926, pela qual muitos conheceram a história torriense.
Cursou na Escola de Belas Artes de Lisboa, formação artística que o tornaria autor de diversos quadros a óleo, desconhecendo-se, porém, a sua localização.
Foi também um industrial de tipografia e comerciante nas áreas da livraria, da papelaria e do calçado.
Como jornalista, teve uma actividade intensa. Foi proprietário, editor e director dos jornais semanais regionais Folha de Torres Vedras (1905-1913) e A Vinha de Torres Vedras (1913-1919), tendo aquele recebido a Medalha de Bronze na Exposição Agrícola de Lisboa, de 1905. Nos anos de 1906 e 1907, editou o Anuário da Região de Torres Vedras.
Ainda no tempo da Monarquia, Júlio Vieira foi dinamizador de um grupo de intelectuais torrienses, propagandista e defensor dos ideais republicanos, e Presidente da Comissão Municipal Republicana de Torres Vedras.
Teve uma participação cívica intensa: Provedor da Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras, sócio fundador do Centro Republicano Torriense, membro da direcção do Sindicato Agrícola de Torres Vedras, Presidente da Associação de Socorros Mútuos 24 de Julho de 1884, fundador e membro da direcção da corporação de Bombeiros Voluntários de Torres Vedras, membro da Comissão Organizadora da Previdência Agrária, Administrador-delegado da Comissão de Iniciativa das Termas dos Cucos e Praia de Santa Cruz e principal impulsionador da I Exposição Agrícola, Pecuária e Industrial de Torres Vedras, em 1926.
A par da faceta do historiador, ficou ainda a do escritor, testemunhada pelos escritos literários, ainda inéditos e de valor muito desigual, que integram os Fundos do Arquivo Municipal de Torres Vedras: romances, poesia, teatro e impressões de viagem.
Faleceu aos 49 anos, quando tinha em projecto os livros Torres Vedras sob as Invasões Francesas e Igrejas e conventos de Torres Vedras e termo.
Como reconhecimento do seu elevado mérito o Município de Torres Vedras prestou-lhe homenagem póstuma, em 1990, atribuindo-lhe a Medalha de Mérito Cultural.
(Dados recolhidos na Revista Torres Cultural, nº8, 1998 e no texto de abertura da 2ª edição, de Carlos Guardado da Silva)



A publicação de Torres Vedras Antiga e Moderna foi largamente referenciada nas páginas da imprensa regional e nacional. Acerca da mesma, o jornal Diário da Tarde, na edição de 28 de Agosto de 1926, referia o seguinte: «a edição deste importante trabalho que, sem favor, deve figurar na estante de todos os estudiosos, é da Livraria da Sociedade Progresso Industrial, de Torres Vedras e, sem lisonja ou falso reclamo, podemos dizer que, no género, dificilmente se fará melhor nos editores de Lisboa e Porto».

O livro de Júlio Vieira é um manancial riquíssimo de informações sobre a história da antiga vila de Torres Vedras, como se pode ver nestes curtos excertos:


“Para boa orientação da nomenclatura antiga das ruas, tomaremos por ponto de partida o Largo da Graça, ou actual Praça da República.
Foi em 1892 que esse largo se ampliou, terraplenando-se a parte ajardinada, que ainda pertencia à antiga cerca do convento, separada apenas por um velho e baixo muro, orlado de frondosas amoreiras.”

“A parte calçada do largo, que faz parte integrante da Praça da República e da qual nascem as ruas Dias Neiva e Serpa Pinto, era conhecida pelo Outeirinho, como se vê nas confrontações de prédios ali situados e de escritos no tombo da Misericórdia. É nome antiquíssimo, que devia existir ao tempo em que se conservavam ainda as muralhas da vila.”

“A Avenida Cinco de Outubro foi uma artéria rasgada, de 1886 para 1887, através do Campo de S. João, para ligar à vila a estação do caminho-de-ferro que acabava de se construir.”