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6.12.08

CHOUPAL E RIO SIZANDRO: a nossa tristeza!


Página LUGAR ONDE no BADALADAS, 21 Novembro 2008

O Rio Sizandro e o Choupal são duas faces do mesmo problema.
O abandono do Choupal por parte da população torriense é uma acusação silenciosa à incapacidade autárquica para resolver o problema do Rio. Não há uma política eficaz de “integração dos recursos naturais e dos valores ambientais no quadro do ordenamento do território”. Porque “os rios são mais do que um simples sistema biofísico. Eles são, e através dos tempos sempre foram, um elemento de cultura e de civilização” (in O RIO COMO PAISAGEM, Maria da Graça Saraiva)
Os projectos para o Choupal estão prometidos há anos e é com cepticismo que aguardamos a sua concretização. Mas, enquanto isso não acontece, achamos inaceitável o estado de abandono do Parque e da sua Bica histórica. Trata-se da simples manutenção e limpeza daqueles espaços, ao lado dos quais passam diariamente centenas de pessoas. É uma tristeza!





Torre Vedras também tem um Choupal!
É um espaço onde o Outono poisa todos os anos com as cores que só ele tem.Mas para que serve? Para estar abandonado! Raramente se vê alguém por lá, apesar de rodeado por zonas habitacionais.





Neste Choupal há uma Bica centenária, com uma inscrição de 1665. Foi valorizada há mais de um ano por uns vândalos, com intervenções artísticas cuidadosamente preservadas pela autarquia local...
Diz Júlio Vieira, na conhecida obra “Torres Vedras, Antiga e Moderna”:
Refira-se ainda o Chafariz de São Miguel, hoje situado no Choupal, cujo nome se deve à igreja de São Miguel, que se encontrava de fronte, ao Sul, na margem esquerda do rio Sizandro.
A sua presença é atestada por uma carta de emprazamento, datada de 1267, relativa a um olival, situado a São Vicente a par do Chafariz de São Miguel.
O chafariz tinha igualmente um brasão de armas moderno, não datado, mas que seria, muito provavelmente, do século XVI, encontrado em um monte de pedras, junto à igreja da Graça.



Ainda podem ser apreciadas as ruínas de antigas gaiolas e capoeiras onde, há vinte anos, viveram alguns animais. E há vestígios de um parque infantil, de um campo de jogos, um coreto sem préstimo e um depósito de água meio arruinado. As casas de banho públicas metem medo…
Porque é que as pessoas ignoram o Choupal?
Talvez seja altura de olhar para o rio que corre ali perto.





O Rio Sizandro está a ser alvo de nova limpeza. Isto é: arrasa-se toda e qualquer vegetação, rapam-se os taludes, mata-se qualquer hipótese de vestígios biológicos. No meio corre um líquido negro, pestilento, com garrafas de plástico, pneus, lixo…
Leia-se o que, a este propósito, escreveu uma estudiosa dos rios:


Sujeitos à poluição e à artificialidade pelas obras de regularização, muitos rios assumem uma degradação crescente que se reflecte no condicionamento das utilizações, no afastamento das actividades urbanas de maior prestígio e na profunda alteração dos sistemas biológicos a eles associados. Canalizados e poluídos, transformam-se em elementos indesejáveis pelas populações e autoridades decisoras do ordenamento do espaço. Quando a sua dimensão o permite, são cobertos e eliminados da superfície do solo, criando-se gravíssimos e crescentes problemas, sobretudo face à ocorrência de cheias e inundações, agravando os prejuízos e efeitos pela obstrução e redução da sua capacidade de escoamento. Quando de maiores dimensões, e, na impossibilidade da sua cobertura, transformam-se em canais artificializados, de cor e cheiro desagradáveis, sem vida animal ou vegetal ou com a presença de vegetação invasora e desadequada ecologicamente. (O RIO COMO PAISAGEM, Maria da Graça Amaral N. Saraiva, Fundação C. Gulbenkian, Lisboa, 1999)
SUGESTÃO

Agora que a estrada para Santa Cruz está a ser alargada, sugiro à população que exija da Câmara Municipal o abate das árvores do Choupal, a substituição da Bica por um bebedouro como o que foi feito na Praça 25 de Abril, o nivelamento por terraplanagem e a implantação, finalmente, da rotunda distribuidora de trânsito de que Torres Vedras tanto precisa.
Torres Vedras tem direito ao progresso, de modo a implementar o desenvolvimento, com vista às sinergias nas duas vertentes concomitantes: o conceito e a atitude! ! !

Fotos © Méon