Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa
Mostrar mensagens com a etiqueta Recordação. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Recordação. Mostrar todas as mensagens

13 outubro, 2010

Floresta do Ginjal, ex-Restaurante, actual Salão de Baile em Cacilhas


(Porta de entrada do Restaurante Floresta do Ginjal, Cacilhas)

Talvez uma ou duas vezes por ano vínhamos almoçar ao Floresta. Tinha um porteiro fardado na entrada, tinha uma escadaria e, lá em cima, no primeiro andar, numa sala ampla. Comíamos uma óptima caldeirada (tenho ideia de que precedida por ameijoas) e ficávamos numa mesa ao pé da janela a ver o Tejo, a ver Lisboa.

Guardo desse tempo, talvez por ser miúda, a ideia de alguma dimensão, quase imponência, talvez porque a porta me parecia uma porta de palácio - e que hoje vejo que é uma porta emoldurada por conchas.

Agora, como restaurante, está fechado, cabos de electricidade passados por fora, a bela porta de madeira assim como se vê, escrita, riscada. E, no entanto, nesta rua escura de casas abandonadas e degradadas, é uma porta que sobressai, mantém a dignidade, alguma altivez, a luz brilha nas conchas, dá-lhe este ar dourado.

No outro dia passei por lá à tarde e, para minha surpresa, havia pessoas de alguma idade na varanda, ouvia-se música de baile - às portas de Lisboa e parecia que estava bem longe, quer no espaço, quer no tempo.

Disseram-me que agora se fazem lá matinés dançantes, que se juntam lá viúvos desirmanados, casais reformados, gente à procura de uma alegria, de uma companhia. Então era isso!

Achei extraordinário e parece-me uma excelente reutilização daquele espaço que tem uma localização e uma vista ímpar.

Um dia destes hei-de lá ir. Deve ser bonito.
.