Ginjal e Lisboa

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28 abril, 2013

Eugénio de Andrade, Natália Correia e Mário Cesariny. O sorriso, o romance de paloma - e em todas as ruas te encontro. Poesia dita pelos próprios e cantada por outros (no caso, pela Filipa Pais)



"O Sorriso" dito por Eugénio de Andrade

Creio que foi o sorriso, 
o sorriso foi quem abriu a porta. 
Era um sorriso com muita luz 
lá dentro, apetecia 
entrar nele, tirar a roupa, ficar 
nu dentro daquele sorriso. 
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.                  


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Transcrevo do Youtube: 

Senhora da Rosa, chamou-lhe Manuel Alegre e falava de Natália Correia. Uma rosa de amor e morte de uma poetisa que não aceitava a ditadura da razão (...). Ela era mais do que isso, era a pitonisa, a vestal iluminada, uma máquina de passar vidro colorido, como disse Mário Cesariny, referindo-se à sua dimensão cromática. Um documentário que nos leva ao encontro de Natália Correia, seguindo um caminho que ela própria traçou - A partir de agora, se alguém me quiser encontrar, procure-me entre o riso e a paixão.

(Um documentário que nos leva ao encontro de Natália Correia. 
Produção: RTP-Açores
Realização: Teresa Tomé
Autoria: Teresa Tomé
Origem: Portugal - 1999)

*


Filipa Pais - Em Todas as Ruas te Encontro (À Porta Do Mundo_2004), poema de Mário Cesariny

Em Todas as Ruas te Encontro
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

Mário Cesariny, in "Pena Capital"