Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa
Mostrar mensagens com a etiqueta -pirata-vermelho-. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta -pirata-vermelho-. Mostrar todas as mensagens

26 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - Sopranos portuguesas, poucas mas boas

   
ELISABETE MATOS 
Além do que é sabido, também uma grande 'wagneriana'




Final (Liebestod) - Tristan u. Isolde - Wagner


[Segundo de três Extras na 'Música no Ginjal'] 

  

24 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - Sinfonia

  
SYMPHONIE nr.2   Urlicht
(Gustav Mahler 1860-1911)





As sinfonias de Mahler terão sido, segundo algumas opiniões, escritas quando a sinfonia, como género e modo, deveria ter já desaparecido. Para mim mas por outro lado, Mahler é de facto o último grande sinfonista, de acordo com o que a partir da segunda metade do séc XVIII passa a entender-se por sinfonia - um arranjo orquestral autónomo, com uma narrativa subjacente de natureza descritiva ou referencial; por outras palavras, uma 'aventura musical' de carácter mais ou menos dramático que, com o tempo, passa a incluir a intervenção de instrumentos solistas e depois, de partes para vozes solistas ou mesmo para grandes corais. 
A Sinfonia nº2 (Auferstehung) -Ressurreição- de Gustav Mahler, é disto exemplo, não só pela pureza da concepção, como pela dramaticidade do discurso musical que neste compositor nunca se desliga das raízes fundadoras da moderna música erudita europeia - Haydn, Mozart, Beethoven, Schubert e Bruckner.
A Sinfonia nº2, em cinco andamentos -Totenfeier; Ländler; In ruhig fliessender Bewegung; Urlicht; Im Tempo des Scherzos- foi a preferida de Mahler mas, também dele, as minhas preferidas são as de número ímpar, sendo esta a grande excepção.

_____________


______________

23 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - Sinfonia

   
ШЕХЕРАЗАДА СЮИТА (SUITE XERAZADE) 
Рассказ царевича Календера (A história do príncipe Kalender)
(Nicolai Rimskiî-Korsakov 1844-1908)





Os músicos são contadores de histórias e deleitam-se com as histórias que a música conta. Consta que Bernstein, um dia perguntou, antes de começar um ensaio da Filarmónica de New York, 'Já conhecem a história que se conta nesta música?'.
'As mil e uma noites' é a história das histórias e seria difícil que não tivesse aparecido quem a quisesse contar em música; será o que terá levado Rimskiî-Korsakov a escrever esta Suite Sinfónica em que se descrevem as artes usadas por uma das mulheres do sultão -Xerazade- para escapar de morte certa, devido à traição perpetrada por uma das concubinas do harém. O sultão ao tomar conhecimento da traição, decidiu ficar uma noite com cada mulher e mandá-las matar, uma a uma, na manhã seguinte. Quando chegou a vez de Xerazade, ela propõe-se contar uma história de encantar; o sultão acedeu, movido pela curiosidade e assim ficou, noite após noite, ouvindo enfeitiçado as intermináveis aventuras e peripécias com que ela o deslumbrava e acabando, ao fim de 1001 noites, por perdoar a todos e casar com ela.
A peça, com quatro andamentos - O mar e o navio de Sindbad; O príncipe Kalender; O jovem príncipe e a jovem princesa; Festival em Bagdad- foi estreada em 1888, com direcção de orquestra do autor e veio ainda, mais tarde, em 1910, a ser adaptada à dança pelos Ballets Russes, de Serguei Diaguilev, com coreografia de Mikhaíl Fokine.

_____________

OBRA COMPLETA AQUI 

_____________

22 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - Sinfonia

  
SYMPHONIE Nr.7   Scherzo
(Anton Bruckner 1824-1896)



Esta Sinfonia nº7 tem também uma história rocambolesca; há dela duas versões muito próximas no tempo: a primeira, terminada em Agosto de 1883 mas estreada em Leipzig apenas em 30 de Dezembro de 1884 e a segunda, definitiva, de 1885 e resultado de uma revisão decidida pelo compositor, com algumas influências determinantes de outros músicos, envolvendo trocas de instrumentos e alterações de tempo. Da primeira versão, existe o manuscrito original mas perdeu-se a cópia; ora, as alterações que deram origem à versão definitiva, a segunda, tinham sido feitas sobre esta cópia que se perdeu; nela foram apagados alguns trechos e outros adicionados, tendo sido também apostos comentários vários, de diferentes pessoas. Daqui resulta que as cópias publicadas a partir de então e que dão suporte à versão que hoje conhecemos, são livres interpretações do manuscrito original, perturbado por estas inúmeras intervenções de vários autores. Numa demonstração da autonomia da obra em relação ao autor, nada disto prejudica a fruição da fina harmonia e elevada complexidade desta sinfonia.
 
_____________

  

_____________

   

21 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - Sinfonia

  
SYMPHONIE nr.4   Romanze
 (Robert Schumann 1810-1856)





Schumann compôs esta Sinfonia em Setembro de 1841, com o nº 2 de ordem de criação; não tendo autorizado que fosse publicada, procedeu depois a grandes mudanças, tanto no que se refere à forma como à orquestração e dez anos mais tarde estreou-a em Dusseldorf, dirigindo ele próprio a orquestra. A revisão que Schumann fez da inicial 'Sinfonia em Ré menor' foi profunda e a obra, destinada a uma orquestra composta por 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, timpanos e cordas, foi finalmente publicada no ano seguinte, em 1853 e uma vez que tinham já sido editadas as três outras por ele compostas, esta recebeu agora o nº4 (Opus 120). A transformação do trabalho original não teve o acordo de toda a gente e Brahms, um perfeccionista fortemente crítico e amigo do compositor, sempre se lhe opôs, sublinhando a superioridade da versão original e de tal modo estava disso convicto que veio a publicá-la em 1880, depois da morte do amigo e sob veemente protesto de Clara Schumann, ela própria compositora e pianista distinta, com quem Brahms trabalhou e manteve durante anos uma relação muito próxima.

_____________

  OBRA COMPLETA AQUI

______________

20 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - Sinfonia

 
SYMPHONIE FANTASTIQUE   Un bal
 (Hector Berlioz 1803-1869)



 
Première partie - Rêveries, passions
L’auteur suppose qu’un jeune musicien voit pour la première fois une femme qui réunit tous les charmes de l’être idéal que rêvait son imagination, et en devient éperdument épris. Par une singulière bizarrerie, l’image chérie ne se présente jamais à l’esprit de l’artiste que liée à une pensée musicale. Ce reflet mélodique avec son modèle le poursuit sans cesse comme une double idée fixe. Le passage de cet état de rêverie mélancolique, interrompue par quelques accès de joie sans sujet, à celui d’une passion délirante, avec ses mouvements de fureur, de jalousie, ses retours de tendresse, est le sujet du premier morceau.
Deuxième partie - Un bal
L’artiste est placé dans les circonstances de la vie les plus diverses mais partout, à la ville, aux champs, l’image chérie vient se présenter à lui et jeter le trouble dans son âme.
Troisième partie - Scène aux champs
Se trouvant un soir à la campagne, il entend un duo pastoral, le léger bruissement des arbres agités par le vent, quelques motifs d’espérance qu’il a conçus depuis peu, tout concourt à rendre à son cœur un calme inaccoutumé. Il espère n’être bientôt plus seul. Mais si elle le trompait! Ce mélange d’espoir et de crainte, ces idées de bonheur sont troublées par quelques noirs pressentiments.
Quatrième partie - Marche au supplice
Ayant acquis la certitude que son amour est méconnu, l’artiste s’empoisonne avec de l’opium; il plonge dans un sommeil accompagné des plus étranges visions. Il rêve qu’il a tué celle qu’il aimait, qu’il est condamné et qu’il assiste à sa propre exécution. Le cortège s’avance aux sons d’une marche tantôt sombre et farouche, tantôt brillante et solennelle, dans laquelle un bruit sourd de pas graves succède sans transition aux éclats les plus bruyants.
Cinquième partie - Songe d’une nuit du Sabbat
Il se voit au sabbat, au milieu d’une troupe affreuse d’ombres, de sorciers, de monstres, réunis pous ses funérailles. Bruits étranges, gémissements, éclats de rire et cris lointains. La mélodie a perdu son caractère de noblesse et de timidité; ce n’est plus qu’un air de danse ignoble, trivial et grotesque; c’est elle qui vient au sabbat. Elle se mêle à l’orgie diabolique.

(extracto adaptado das notas elaboradas por Berlioz, destinadas a ser distribuídas como programa dos concertos)

_____________



_____________
  

19 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - Sopranos portuguesas, poucas mas boas

  
RAQUEL CAMARINHA
Primeiro prémio no Concurso e Festival de Ópera Armel 2011




Aux langueurs d'Apollon - Platée - Rameau



[NB: Primeiro de três Extras na 'Música no Ginjal']
 

17 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - Variações Goldberg




GLENN GOULD



Bach  (Die Goldberg Variationen) Ária e Cânones 


No fim do séc XVII a música estaria a deixar de ser mero vestígio de uma antiguidade primária, mais ou menos simplista; para tal vai contribuir decisivamente a inventividade e acção de Johann Sebastian Bach (Ioan Zêbásstian Bakh), o pai da música moderna, o maior dos compositores místicos, o formalizador do contraponto e da 'fuga', o autor de incontáveis obras de génio em que se contam as suas 224 cantatas, das quais apenas 44 seculares mas todas belíssimas. A obra de Bach é muito vasta e variada mas dela é indispensável conhecer a série 'O cravo bem temperado' (Das wohltemperierte Klavier) e as 'Variações Goldberg' (Die Goldberg Variationen) - está lá tudo!
Glenn Gould manteve uma relação com o piano e desenvolveu uma forma de tocar de tal maneira próprias que não encontro maneira de o descrever em poucas linhas - é um virtuoso.

    

16 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - Sonata Nº 4



ARTURO BENEDETTI MICHELANGELI 




Schubert  (Klaviersonate nr.4  D.537) Sonata nº4  D.537  

Franz Schubert (Frantz Chubert) nasceu em Viena no fim do séc XVIII, o que por si só diria muito mas não será demais acentuar que estamos perante um representante de um clacissismo marcado pelos músicos da 1ª Escola de Vienna - Mozart, Haydn e Beethoven; um pré-romântico que conviveu com Salieri e que deve ser visto como figura de destaque na modernização da música europeia.
Arturo Benedetti Michelangeli manteve uma relação com o piano e desenvolveu uma forma de tocar de tal maneira próprias que não encontro maneira de o descrever em poucas linhas - é um virtuoso.

  

15 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - Concerto Nº 1


YUJA WANG




Mendelssohn  (Klavierkonzert Nr.1 Op25) Concerto nº1 Op.25


Jakob Ludwig Felix Mendelssohn Bartholdy (Iacob Ludvic Félics Mendelsson Barrtoldi) tinha este imponente nome que é vulgarmmente reduzido a 'Mendelssom'; tinha também uma irmã mais velha -Fanny Cäcilie- que não sei se não terá sido tão grande como ele. Já nasceu rico e por isso, em sua casa, desde muito cedo aprendeu a conviver com a norma culta da época e desde sempre ouviu música de elevada qualidade o que, por sua vez, terá aguçado o seu finíssimo sentido musical. Felix Mendelssohn Bartholdy foi um brilhante compositor e a excepcional Yuja Wang aqui o demonstra com grande vivacidade.


     

14 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - Prelúdio nº 5


VALENTINA LICITSA


Rachmaninov (Прелюдия Nº5 Op.32) 


Sergueî Rakhmaninov (Сергей Рахманиновъ) foi essencialmente um pianista de ânimo; mas foi também um grande compositor.
A exuberância da sua alma russa transparece na cor e na exaltação dos grandes momentos que escreveu, especialmente nos concertos para piano com orquestra. Após a revolução de 1917, foi viver para os Estados Unidos onde estabeleceu uma sólida amizade com Vladimir Gorovitss (Владимир Горовиц) que foi um dos grandes intérpretes das suas obras. Actualmente, Valentina Licitsa (Валентина Лисиця), com indiscutível talento e virtuosismo a que se junta a suave beleza da sua presença, quase materializa a música deste grande romântico tardio.

13 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - Gymnopédie nº1


ALDO CICCOLINI  




Satie      Gymnopédie nº1

Éric Satie era um homem de pensamento esotérico, excêntrico, empregado dos correios e coleccionador de chapéus de chuva; escrevia a si próprio, a convidar-se para jantar e ficava ansiosamente à espera de ver chegar o carteiro.
Trabalhou como músico de cabaret e apresentava-se declarando, 'Erik Satie, comme tout le monde...'; se quiséssemos arrumá-lo teria que ser numa gaveta incerta, entre um post-impressionismo impreciso e um minimalismo à venir. Nos interstícios de tudo isto, escreveu a música de outro planeta que aqui se ouve e que Aldo Ciccolini divulgou com grande notoriedade.

   

10 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - A guitarra portuguesa

 

ARMANDO FREIRE (Armandinho) - VARIAÇÕES EM LÁ MENOR




Pedro Caldeira Cabral  

Pedro Caldeira Cabral nasceu em Lisboa e já em miúdo ouvia em casa música barroca e música dos compositores românticos alemães, o que terá imprimido um cunho clássico ao seu gosto. Aos quinze anos, muda de orientação e dedica-se a tocar guitarra nas tabernas dos bairros populares da cidade. Autodidacta assumido, dedica-se desde logo aos seus próprios temas e assim vai definindo a sua identidade como compositor. Muito influenciado pela música que se ouve nos locais que frequenta, desenvolve um estilo de compor e um modo de interpretar que mostra afinidades com a musica medieval e com a música popular portuguesa. Foi fundador dos grupos «Lusitani Musici» e «La Batalla» e é também um dos músicos que mais tem contribuído para a evolução da Guitarra Portuguesa.

Armando Augusto Freire, foi um dos mais proeminentes executantes de guitarra portuguesa e figura de grande influência na evolução do fado. O fado tradicional, antigo, tem três modos ou estilos: 'o menor', 'o corrido' e 'o mouraria'. Com o tempo, foram aparecendo outras formas -o Armandinho, o Franklin, o Peniche, o Alexandrino, o Maria Vitória, etc.- umas mais, outras menos fundacionais mas todas mantendo, na sua estrutura de base, a característica dos primitivos, com pequenas alterações.

 

09 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - Violino


TCHAIKOVSKY - SERENATA MELANCÓLICA (Меланхолическая серенада)


Itzhak Perlman 

Os primeiros violinos foram construídos em Itália, no séc XVI e o instrumento tem mantido a sua forma original desde então tendo apenas, em finais do séc XVIII, mudado a forma do arco que, inicialmente concâvo, passa então a ser convexo em relação às cordas. O violino, com longa tradição anterior na música popular, passa, no século XVII, a substituir a viola soprano em peças de música de câmara, tornando-se um instrumento fundamental na moderna orquestração e passando a aparecer distribuido por duas secções -primeiros e segundos violinos- tocando os primeiros as partes mais agudas e os segundos as mais graves.

Ytzhak Perlman é frequentemente tido pelo mais prestigiado violinista vivo, devido não só ao seu virtuosismo mas também à vivacidade que põe nas interpretações e ainda, à sua conhecida cordialidade e simpatia.

 

08 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - O violoncelo


PETERIS VASKS - GRAMATA CELLAM 




Sol Gabetta   

Uma das mais antigas referências ao emprego do violoncelo como instrumento de orquestra, é uma coleção de sonatas italianas anónimas do séc XVII; porém, é com os Concertos Espirituais, de Luigi Boccherini, que o instrumento passa a ser reconhecido como instrumento solista, deixando definitivamente, a partir do séc XVIII, de ser visto como um mero componente indiferenciado do naipe de cordas.
 
Sol Gabetta nasceu na Argentina. Começou por estudar canto e piano em Cordoba mas veio depois a dedicar-se ao estudo do violoncelo, em Buenos Aires e em Berlin. Ensina actualmente em Basel e desde 2005, organiza em Olsberg o seu próprio festival de música de câmara - o Solsberg. A peça que aqui se ouve foi tocada há poucos dias em Lisboa, num encore que obteve um enorme aplauso do público da Fundação Gulbenkian.

 

07 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - Duo de contrabaixo


BOTTESINI - GRAN DUETTO Nº2 FINALE




Boguslaw Furtok e Johannes Stahle 


O contrabaixo terá sido inventado no séc XV mas a sua função orquestral manteve-se indistinta até ao séc XVIII, devendo-se a Domenico Dragonetti a sua individualidade e divulgação. Tocado com arco ou dedilhado, em pizzicato, é o maior instrumento de cordas -com excepção do piano- e é também o de registo mais grave pelo que raramente tem na orquestra função de solista, havendo todavia peças escritas para contrabaixo em que este singular instrumento aparece com esse destaque.

Os três grandes duetos de Bottesini, dedicados ao seu mestre Luigi Rossi, são obras de grande inventividade, deixando transparecer a notável 'intuição melódica' do compositor e a sua predilecção pelo bel canto.

(Parece-me oportuno aqui informar que Patrick Süskind -também pianista, antes de escritor- escreveu 60-e-tal páginas de um divertido monólogo/lição-de-música, cujo título é 'O Contrabaixo' e cuja leitura vivamente sugiro)
 

06 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - Orquestra de câmara



GRIEG - SUITE HOLBERG (Fra Holbergs tid) PRELUDE




Chamber Orchestra 'Orpheus'


Esta orquestra é constituída por músicos que tocam instrumentos de arco, de braço não trasteado e com quatro cordas afinadas em intervalos de quinta - é a 'família dos violinos'. Aparece ainda o contrabaixo, também um instrumento de arco mas que não é da mesma família, pois tanto a sua forma como a afinação, em intervalos de quarta, são diferentes.
A origem remota destes instrumentos terá sido as vielles e rebecs usadas pelos músicos medievais para acompanhar cantos e danças; já no séc XV, surge a lira da braccio, com número variável de cordas (geralmente sete) e finalmente, já em fins do século XVI, aparecem então os primeiros violinos.

O agrupamento Orpheus tem desenvolvido um intenso trabalho de divulgação, tanto da clássica música de câmara, como de peças de autores contemporâneos. Aparece aqui dirigida por Ivan Marcovic mas é sua peculiar característica atribuir a direcção a um músico diferente de cada vez, de modo a encorajar a reflexão sobre o tradicional papel/posição do conjunto de músicos perante a música e sobre o modo como esta é geralmente entendida pelo público.

 

03 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - I pescatori di perle



TOMAZ ALCAIDE



I pescatori di perle - Georges Bizet


Tomaz de Aquino Carmelo Alcaide foi o maior tenor português de sempre.

Nasceu em 1901 em Estremoz e começou a revelar-se em tertúlias de natureza privada, mostrando uma voz de belo timbre; a conselho de alguns amigos e de alguns críticos decide dedicar-se à carreira lírica e inicia lições de canto, primeiro com Alberto Sarti e posteriormente com Francisco de Sousa Coutinho.

A sua primeira apresentação pública faz-se no Teatro Bernardim Ribeiro, em Estremoz e Alcaide prossegue os estudos agora com Eugenia Mantelli que lhe proporciona uma sólida preparação musical e o inicia nos papéis mais apropriados para a sua voz.

Em Abril de 1925 Tomaz Alcaide parte para Milão, para se aperfeiçoar e onde estudará com o Maestro Fernando Ferrara que o encaminha para o reportório “di grazia”, recomendando o estudo dos papéis de Almaviva, Elvino, Ernesto, Nadir, De Grieuz e Werther e em Dezembro desse ano, estreia-se no Teatro Carcano de Milão, interpretando o papel do Maestro Wilhelm, da ópera “Mignon” de Ambroise Thomas, dando início a uma carreira que o leva a ser, em 1930, o tenor escolhido para a estreia mundial de “As Preciosas Ridículas” de Felice Lattuada e de “Il Re” de Umberto Giordano, ambas no Teatro Reale de Roma. Após estas récitas, Alcaide apresenta-se no Scala de Milão, em “As Preciosas Ridículas” e também em “Il Gobbo del Califfo” de Franco Casavola e em “Madonna Imperia” de Franco Alfano; o seu desempenho é de tal modo imponente que o Scala propõe-lhe um contrato para primo tenore por 3 temporadas consecutivas.

Nos anos 30 do século XX, sendo já reconhecido por toda a Europa, Alcaide estreia-se na zarzuela e na ópera vienense.

Em Montecarlo, interpreta em 1934 “Doña Francisquita”, do espanhol Amadeo Vives e em Boulogne sur mer, Bruxelas e Paris, interpreta, em 1937, a opereta “O País dos Sorrisos”, de Franz Lehar. Ficarão ainda famosas as suas interpretações de personagens libertinas, apoiadas na dinâmica da sua voz de timbre cristalino.
Com o início da 2ª Guerra Mundial, Tomaz Alcaide parte para a América do Sul, sendo recebido no Teatro Colón, de Buenos Aires e depois na Ópera do Rio de Janeiro e no Teatro Municipal de São Paulo.

Terminado o conflito, volta a actuar nos palcos europeus, regressando em definitivo a Portugal em 1947.

Admirado pelos seus incontestáveis dotes naturais – os seus 'pianíssimi' eram de uma delicadeza extrema – e pelo seu virtuosismo técnico e grande escola vocal, Tomaz Alcaide apresentou-se durante mais de duas décadas nos mais importantes teatros líricos da Europa e América, constando do seu repertório quase todos os grandes papeis para tenor.

Na última década de vida, Alcaide realizou ainda diversas conferências, publicou uma autobiografia intitulada “Um Cantor no Palco e na Vida”, colaborou em programas de rádio, ao lado de João de Freitas Branco e de Maria Helena de Freitas e dirigiu a Escola de Canto do Teatro da Trindade, acumulando os cargos de mestre de canto e de encenador da Companhia Portuguesa de Ópera.

Tomaz Alcaide viria a falecer a 9 de Novembro de 1967 em Lisboa.


(adaptado de uma biografia publicada por António Ferreira)

  

02 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - Eugene Onegin



ONEGIN E TATIANA  (DUETO)


Eugene Onegin  - Piotr Tchaikovsky
(Евгений Онегин - Пётр Чайковский)
 

É uma ópera em 3 actos estreada em Moscovo, no Teatro Malhy com libretto de Konstantin Schilowski, baseado numa novela de Aleksandr Pushkin e descreve os acontecimentos desde que Tatiana e Olga vêem chegar Lensky, noivo de Olga e um seu vizinho, Onegin. Tatiana apaixona-se por este à primeira vista mas ele esclarece que a sua vida 'não é de amores' e que se estivesse destinado a casar seria com outra. Perturbado por mexericos virá mais tarde a abater em duelo o seu amigo Lensky após o que reencontra Tatiana, numa festa em casa de Larina; implora-lhe que aceite o seu amor perdido; porém desgraçadamente é agora ela quem o repudia, despeitada e por não acreditar na sua solidez dos seus afectos.

Renée Fleming e Dmitri Khvorostovsski cantam o dueto final numa encenação de 2007, do Metropolitan Opera House -Met- de New York (com a parte inicial que aqui se ouve, informalmente transcrita em caracteres latinos para poder tentar ouvir).


Татьяна                                                         Tatiana
Онегин, я тогда моложе,                             (Oneguin, iá tougdá molojie,)
Я лучше, кажется, была,                              (iá lutchié, kajétçiá, bilá,)
И я любила вас... Но что же,                        (i iá liubilá váce... nô tchtou je,)
Что в вашем сердце я нашла,                      (tchtou v váchiém serdtcé iá nachlá,)
Какой ответ?... Одну суровость!...               (cacoi otviet?... adnu surovosst!...)
Не правда ль, вам была не новость             (nié pravda lhe, vame bîlá nié novosst)
Смиренной девочки любовь?                       (smirénoi dievotchki liubov?)
И нынче — боже! — стынет кровь,               (i nîn'tche -vojé!- stîniet crov,)
Как только вспомню взгляд холодный         (cac tolhco vsspomniu vzgliad kholodnîi)
И эту проповедь!...                                        (i etu propovied!...)
(...)                                                                  (...)

Онегин                                                           Onegin
Ах! О боже! Ужель,                                       (ah! ô boje! ujel,)
Ужель в мольбе моей смиренной                 (ujel v molhbie moiei smirénoi)
Увидит ваш холодный взор                          (uvidit vach kholodnîi vzor)
Затеи хитрости презренной?                        (zatiei khitrossti priezrenoi?)
Меня терзает ваш укор!                                (meniá terzaiet vach ucor!)
(...)                                                                  (...)

   

01 novembro, 2011

MÚSICA NO GINJAL - La Favorita

 

FIA VERO? LASCIARTI!  (DUETTO)



La Favorita - Gaetano Donizetti 


Ópera em 4 actos estreada em Paris na versão original, com libretto de um colectivo de 3 autores e depois transcrita para italiano e estreada em Pádua, em 1842. A trama é baseada num romance de Baculard Arnaut e tendo por pano de fundo as dissensões entre o trono a igreja, expõe as vicissitudes de um triângulo de alcova, constituído por Alfonso XI de Castilla, a sua favorita, Leonora de Guzmán e Ferdinando, um noviço do mosteiro e seu amante secreto, nos braços do qual acaba por morrer.

Roberto Alagna e Kate Aldrich, nos papeis de Ferdinando e Leonora, cantam este dueto de confirmações no final do 1º acto

    FERDINANDO 
    Giammai!                          (jamais!)
    Fia vero? Lasciarti!           (é verdade? deixar-te!)
    E tu il chiede a me?          (e tu pedes-me isso?)     
    Mia vita é l'amarti,            (a minha vida é amar-te)
    spirare per te                   (respirar por ti)
    (...)                                   (...)
   
    LEONORA
    Deh vanne! Deh, parti!     (ah vai! ah, parte!)
    Deh, fuggi da me!             (ah, foge de mim!)
    M'è gioia l'amarti               (é para mim um prazer amar-te)
    delitto e per te                  (em pecado e para ti)
    Ah, freddo il cor mio          (ah, frio o meu coração)
    per morte sarà                  (pela morte ficará)
    (...)                                    (...)