Respiras? Existes? As palavras que dizes são tuas? O rosto que mostas é teu? Quem és tu por detrás de ti?
Alguma vez mo dirás?
Sonhas com ilhas perdidas em mares azuis, escondes segredos, constróis histórias, ergues altares para os teus deuses, caminhas errante por um mundo só teu. Disso eu sei.
Mas nada mais. Posso até acreditar que és apenas uma sombra que fala com mortos e que do mundo dos vivos tudo desconhece. Posso até acreditar que és um corpo sem nervos, sem pele, um corpo em carne viva. Posso até mesmo acreditar que não respiras, ou até mesmo que não existes. Posso até temer que sejas apenas fruto da tua imaginação.
Mas soubesses tu o que eu daria para saber que existes, ah...soubesses tu.
Para que tu existas
com todos os teus nervos
como linhas de força
empunho a minha ferida
como se fosse um leme
Os segredos mais vivos
assomam-se a um rosto
onde sonham as ilhas
onde crescem as taças
dos deuses terrestres
[de António Ramos Rosa in Antologia Poética]
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A primeira fotografia foi feita em Cacilhas, a segunda no Ginjal
Clara Rockmore interpreta no teremim "Berceuse" de Tchaikovsky
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No caminho que percorri
que escolhi
ou que me escolheram.
Pegadas, sulcos, rastos
restos
que a vassoura do tempo
vai apagando
mas que ainda trago colados em mim.
Marcas do que eu sou
do que fui
do que não fui
do que nunca gostei de ter sido.
[De Joaquim Castilho, em comentário abaixo]
No caminho que percorri
que escolhi
ou que me escolheram.
Pegadas, sulcos, rastos
restos
que a vassoura do tempo
vai apagando
mas que ainda trago colados em mim.
Marcas do que eu sou
do que fui
do que não fui
do que nunca gostei de ter sido.
[De Joaquim Castilho, em comentário abaixo]