COMO TUDO COMEÇA. "20
de dezembro de 2012 Cristina Ferreira, diretora-geral daquela agência
de publicidade (Webrand), declinou um convite para elaborar uma
campanha institucional para a Câmara de Gaia, alegando «inúmeros»
afazeres profissionais, a empresária recomendou à autarquia uma
pessoa de inteira confiança para o trabalho a filha. Maria Catarina
Rocha teria 19 anos, vivia em casa da mãe e andava no segundo ano de
Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras do Porto. O
contrato com a duração de 90 dias a quase sete mil euros por mês
foi assinado no início de Janeiro de 2013".
Este caso, agora
descrito pela Visão, foi revelado em primeira mão aqui no Má
Despesa em Março de 2013 e levou a Polícia Judiciária a abrir uma
investigação. Em 2013, um leitor do Má Despesa já escrevia na
caixa de comentários: "Investiguem a Webrand com pés e cabeça,
é mesmo um caso de polícia." A teia entretanto descoberta foi
apresentada na última edição da Visão. A revista fala em "faturas
falsas que circulam entre as empresas, sobrefaturação,
transferências bancárias em carrossel, comissões para
intermediários, fuga ao fisco, etc", tudo à sombra de
campanhas eleitorais e de trabalhos para empresas municipais
tuteladas pelo PSD.
O QUE É A WEBRAND.
Depois de muitos anos a trabalhar para o PSD e para autarquias, "à
beira da insolvência, a agência solicitou um Plano Especial de
Revitalização PER ao tribunal mas o processo está suspenso. O
Ministério Público, a PJ e as Finanças estenderam investigações
em curso às ligações empresariais da WB Yourprojects e
Goodimpression Espanha suspeitas de vários crimes económicos e
fiscais", escreve a Visão.
O QUE TÊM MARCO
ANTÓNIO COSTA E AGOSTINHO BRANQUINHO A VER COM ISTO? À frente da Webrand
está Cristina Ferreira, que é amiga de infância de Marco António
Costa, secretário de Estado da Segurança Social, vice-presidente do
PSD e ex-vice-presidente da Câmara de Gaia.
Lembra-se da notícia de, enquanto deputado, Agostinho Branquinho fez lobbying durante
dois anos para conseguir abrir hospital privado? Branquinho foi
secretário de Estado da Segurança Social, tendo sido depois
substituído por Marco António Costa nesse cargo. Antes disso,
esteve envolvido em vários negócios, incluindo uma agência de
publicidade. "Ex-funcionários da NTM, empresa que formalmente
pertenceu a Agostinho Branquinho até 2003, lembram-se dela (Cristina
Ferreira) como «grande fornecedora» da agência de comunicação
com destaque para as campanhas eleitorais sobretudo do PSD",
escreve a Visão.
O QUE FEZ CRISTINA
FERREIRA (E A SUA WEBRAND)? "Cristina fez campanhas eleitorais
autárquicas de peso entre as quais as de Felgueiras, Porto,
Matosinhos e Gondomar em 2005. As duas primeiras têm valores
irrisórios mas as duas últimas custaram oficialmente mais de 335
mil euros. Uma soma parecida noutros concelhos não foi auditada à
época. Houve também as intercalares de Lisboa em 2007, altura em
que Fernando Negrão foi o candidato do PSD. Nessa altura já ela
trabalhava em força para o PSD nacional", descreve a Visão.
Entre esses trabalhos estão projectos para o então líder do PSD,
Luís Filipe Menezes, sendo Marco António Costa director de
campanha. "Cristina procedia à maquilhagem e ocultação do
valores reais de custo. Nesta, como noutras eleições nacionais, ela
daria ordens para despistar valores através de transferências
bancárias. No esquema de pagamentos a serviços subcontratados terá
sido utilizada a Goodimpression, uma empresa meramente instrumental
nos negócios de Cristina, cujo administrador era o seu companheiro
Renato Guerra, filho de um ex candidato a Paredes pelo PS. Os dois
foram citados no acórdão do «saco azul» de Felgueiras",
refere a Visão.
A PROMISCUIDADE PSD E
EMPRESAS MUNICIPAIS DE GAIA. A descrição é da Visão: "A
história da relação da Grafinvest, e depois da WeBrand com a
Gaianima, foi ao nível da Champions League, apesar das frequentes
irritações de Cristina com os atrasos nos pagamentos.
Polidesportivo da Afurada, Corte Inglês, projeto Vila D´Este, Red
Bull Air Race. Cristina
estava lá concebendo imagens, dossiês, fornecendo outdoors,
faturando lonas, cartazes, convites, chapéus, flyers, etc. Nos
contactos e nas compras a outros fornecedores, tudo se misturava. Por
vezes, Cristina manda buscar cheques do PSD à Gaianima, aprovam-se
preços de bandeiras para Menezes em conversas com administradores,
conciliando valores na contabilidade interna da Grafinvest."