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Dario Argento: “Sou vegetariano porque não quero que ninguém morra para que eu possa me alimentar”


Assim como Mario Bava, o cineasta e escritor italiano Dario Argento é um dos expoentes do gênero literário e cinematográfico giallo. Para ter uma ideia da importância do trabalho dele, gêneros como slasher, popularizado por filmes como A Hora do Pesadelo, Halloween, Sexta-Feira 13 e O Massacre da Serra Elétrica foram inspirados em suas obras. Mas o que pouca gente sabe é que Dario Argento é vegetariano desde a juventude.

Phenomena (1985) foi inspirado em algo que ouvi sobre insetos serem usados para resolver crimes, e como insetos sempre me fascinaram, comecei a criar uma história em torno dessa ideia. Você sabe, é uma coisa terrível, mas há muitos insetos que estão desaparecendo, sendo extintos. Mas a maioria das pessoas quer matá-los. Acredite, insetos também têm almas. Eles são telepatas extraordinários. Pessoas pensam em salvar baleias e golfinhos, mas ninguém quer salvar os insetos. Penso diferente. Sou vegetariano porque não quero que ninguém morra para que eu possa me alimentar.”

Excertos do livro Dario Argento: The Man, The Myths & The Magic, de Alan Jones, publicado em 2015 pela editora FAB Press.


Foto: Reprodução

Nada de boba



Fonte: Armandinho 

Gato: animal mais que perfeito


Por Célia Musilli

Em dia de tempestade, ele parece sentir um curto-circuito. Na velocidade dos raios, pula e se esconde embaixo da cama. Depois, num mergulho digno de um golfinho, o animal de quatro patas volta à superfície, arriscando um salto que passa rente à minha orelha e me faz proteger os olhos com as mãos.

O nome do animal elétrico com o qual convivo é Grafite, o gato siamês com pés na nobre linhagem dos vira-latas, o que não faz dele um bicho puro de raça, mas uma misturinha cabocla, ativo como quem recebe ordens de ondas elétricas, que recolhe no ar e transforma em estripulias, no apartamento de 130 metros quadrados. 

Adotado depois de ser encontrado com uma ninhada de mais dois gatinhos, a poucos quilômetros do centro de Londrina (PR), o bichinho chegou em casa acomodado numa caixa de onde saiu como um bebê, tirando do cerco de papelão uma pata de cada vez. Depois ganhou confiança, teve colo, subiu nas cadeiras, descobriu minha cama, aninhou-se no inverno entre as cobertas, até descobrir os armários com a gata Tattoo, habitante mais antiga da casa, bonita como uma tigresa de pelos dourados e andar sensual como o de Gisele Bündchen

Hoje, a dupla anima minhas manhãs, revezando o humor de modo que nunca sei se vão acordar como gatos ou como tigres, se vão ficar em silêncio ou desatar a miadeira até que a ração seja servida, os vizinhos acordem, e eles se deem conta de que o dia finalmente começou, dispostos às aventuras de sempre. 

A Ode ao Gato, do poeta chileno Pablo Neruda*, celebra o felino como o bicho que chegou pronto ao mundo. 

"Os animais foram 
imperfeitos, 
compridos de rabo, tristes 
de cabeça. 
Pouco a pouco se foram 
compondo, 
fazendo-se paisagem, 
adquirindo pintas, graça voo. 
O gato, 
só o gato apareceu completo 
e orgulhoso: 
nasceu completamente terminado, 
anda sozinho e sabe o que quer." 

Eu diria que tal perfeição combina com a suprema malícia. Já vi gatos cercando ratinhos em tijolos furados num jogo de pega-pega, já vi gatos caçando vaga-lumes em telas de computador, pegando bolinhas de papel para devolvê-las ao cesto e - pasmem - acompanhando balés na televisão como se fossem eles mesmos o Nureyev. 

Com tanta vivacidade, concordo com Neruda sobre a perfeição do gato, em poses de pura elegância ou brincadeiras que me lembram malabarismos e saltos sem rede de proteção. Mas também concordo com o poeta sobre o mistério do gato, porque nunca sei se veem baratas ou espíritos nas paredes, quando estalam os olhos num ponto fixo. Nessa hora, confesso que fico com medo do gato, que, além de bicho, é mago.


Ilustração: Marco Jacobsen


NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:

*1. O poeta brasileiro Ferreira Gullar também já exaltou os gatos em sua arte. Leia aqui.

2. Conheça aqui nossos mais que perfeitos bichanos para adoção!

Escolhido para o Oscar, drama brasileiro ‘O Grande Circo Místico’ gera protestos por usar animais


O Grande Circo Místico é uma produção brasileira realizada com ajuda de Portugal e França, que será o representante brasileiro no Oscar 2019, concorrendo ao prêmio de melhor filme estrangeiro.

O longa conta a história de um circo tradicional, focado nos dramas de bastidores das vidas dos personagens do circo. Captado em Portugal, o filme tem um orçamento estimado em R$ 3 milhões, pagos pelo governo brasileiro por meio de programas de incentivo à cultura.

Apesar de ter sua estreia prevista para novembro, já é possível observar pelos trailers que O Grande Circo Místico explora várias espécies de animais. O drama, produzido pela Globo Filmes e dirigido por Cacá Diegues, tem cavalos em estresse, empinando e correndo, elefantes fazendo truques de circo e até leões pulando através de arcos em chamas.

Infelizmente, as cenas com animais não são computação gráfica. Os animais são reais, alugados pelo Circo Victor Hugo Cardinali, muito conhecido em Portugal.

Desde 2015, quando o longa começou a ser gravado, ativistas portugueses estão lutando para que ele seja boicotado nas salas de cinema, conforme noticiou a imprensa local (leia aqui).

“O uso de animais em circo é um espetáculo degradante, humilhante, que atenta à vida dos animais, que veem suas vidas destruídas, sua dignidade completamente destruída. Estamos completamente contra e sabemos que esse espetáculo vai perecer”, afirmou Andreia Mota, ativista portuguesa que protestou contra o filme brasileiro.



Fonte: Vista-se

Fotos: Divulgação


Leia também: 


Como os matadouros e Henry Ford influenciaram Hitler na idealização dos campos de concentração

Matadouros de Chicago serviram como referência para os campos de concentração (Foto: NPR)


Em 2002, o escritor Charles H. Patterson publicou o livro Eternal Treblinka: Our Treatment of Animals and the Holocaust (“A eterna Treblinka: nosso tratamento aos animais e o holocausto”, em tradução livre), onde aborda como os matadouros serviram de referência para a construção dos campos de concentração durante o regime nazista.

Tudo começou quando o empreendedor Henry Ford decidiu visitar um matadouro em Chicago. “Os animais abatidos, suspensos de cabeça para baixo em uma corrente móvel ou transportador, passam de trabalhador para trabalhador, e cada um deles executa algum passo particular no processo”, registrou Ford em sua autobiografia Minha Vida e minha Obra, de 1922.

Patterson afirmou que essa experiência de Ford, que serviria de exemplo para ele implementar em suas linhas de montagem um sistema bastante avançado à época, influenciaria Adolf Hitler a seguir o mesmo caminho. A diferença é que, em vez de o ditador nazista aplicá-lo em fábricas e indústrias, ele faria isso em campos de concentração. 

“Hitler baseou todo o tratamento dado aos judeus nas linhas de produção dos matadouros dos Estados Unidos. Ele idolatrava Henry Ford, cuja inspiração para o sistema revolucionário da linha de montagem surgiu depois que ele visitou matadouros em Chicago em sua juventude. Essencialmente, Hitler construiu seus próprios matadouros substituindo animais por seres humanos”, escreveu Charles Patterson na página 72 de Eternal Treblinka.

Para o autor, isso significa que a objetificação animal durante e após a Revolução Industrial acabou facilitando também a objetificação humana, já que uma acabou por servir de exemplo para a outra. Embora ainda hoje muita gente atribua a Ford o pioneirismo na criação das linhas de montagem que simbolizam a organização racionalizada do trabalho, a verdade é que todo o trabalho desenvolvido por ele teve como pioneiros os empresários Gustavus Swift e Philip Armour, da indústria da carne. “Henry Ford ficou tão impressionado com a maneira eficiente com que os operários abatiam e desmembravam animais em Chicago, que ele decidiu contribuir com o abate de pessoas na Europa, desenvolvendo um método que seria usado pelos alemães para matar judeus”, declarou Patterson.

No livro Harvest for Hope: A Guide to Mindful Eating (“Colheita pela esperança: um guia para alimentação consciente”, em tradução livre), publicado em 2006, a escritora, primatóloga, etóloga e antropóloga britânica Jane Goodall explicou que os animais suspensos, com as pernas agrilhoadas, suas cabeças para baixo, e se movimentando de um lado para o outro, era o modelo perfeito de uma linha de produção aos olhos de Henry Ford, que buscava uma solução para a criação da ideal linha de montagem automobilística. Mais do que eficiente, a linha de produção na indústria da carne ofereceu aos trabalhadores a oportunidade de serem vistos de outra forma.

“Os animais foram reduzidos a produtos industrializados, e os operários, tornados insensibilizados, poderiam se ver como trabalhadores de linha de produção em vez de assassinos de animais. Mais tarde, os nazistas usaram o mesmo modelo de matadouro para o assassinato em massa em campos de concentração. A linha de montagem se tornou um meio para que os soldados nazistas se desconectassem da matança – vendo as vítimas como ‘animais’, e eles próprios como trabalhadores”, enfatizou Jane.

Segundo a antropóloga britânica, Henry Ford era um antissemita fervoroso que desenvolveu uma linha de montagem que serviria de base para os campos de extermínio. O empresário admirava abertamente a eficiência nazista. Hitler retribuiu a admiração. O líder alemão considerava "Heinrich Ford", um irmão de armas e manteve um retrato em tamanho real do magnata da indústria automobilística em seu escritório na sede do Partido Nazista.

De acordo com Charles H. Patterson, Henry Ford lançou uma campanha antissemita que ajudou a tornar o holocausto uma realidade. Para fundamentar essa afirmação, ele cita o jornal The Dearborn Independent, lançado por Ford no início da década de 1920. No periódico, ele publicou uma série de artigos baseados nos textos de Os Protocolos dos Sábios de Sião, um tratado antissemita que começou a circular pela Europa após a Revolução Russa de 1917.

Uma das maiores contribuições de Henry Ford ao regime nazista foi a publicação dos artigos que dariam origem ao livro O Judeu Internacional, lançado em 1920, uma obra assumidamente antissemita que teve papel fundamental na formação da ideologia nazista. Patterson revelou que Theodor Fritsch, um dos primeiros apoiadores de Hitler, foi um dos principais divulgadores do livro de Ford.

“Graças a uma campanha publicitária bem financiada e ao prestígio do nome Ford, O Judeu Internacional foi extremamente bem-sucedido. […] Encontrou sua audiência mais receptiva na Alemanha, onde ficou conhecido como The Eternal Jew ("O judeu eterno"). Ford era extremamente popular na Alemanha. Quando sua autobiografia foi comercializada lá, virou imediatamente o best-seller número um do país. No início da década de 1920, o livro se tornou a bíblia do antissemitismo alemão, com a editora de Fritsch editando seis edições entre 1920 e 1922.”

No livro Biopolitical Media: Catastrophe, Immunity and Bare Life (“Mídia biopolítica: catástrofe, imunidade e vida nua”, em tradução livre), lançado em 2015, Allen Meek frisou que o processo industrializado de abate de animais criados para consumo se tornou um modelo para os nazistas como “solução final”, ou seja, a forma mais eficaz de se livrar de judeus. 

“O encobrimento gradual do abate de animais a partir da visão pública e o processo industrializado de matar um número cada vez maior de criaturas (hoje chegando a bilhões) foi o que provocou inevitável comparação com o genocídio nazista. A brutalidade dos assassinatos exige que aqueles que trabalham na indústria da carne se dessensibilizem em relação ao sofrimento animal, enquanto o consumidor de carne é estimulado a jamais pensar sobre o processo de matança, que é mantido fora de vista.”

Meek aponta que a dissociação entre morte e vida incentivada pela indústria fez e faz com que muitas pessoas desconsiderem o sofrimento animal no contexto da cultura de consumo, até pelo fato de haver um proposital distanciamento. Esse mesmo distanciamento fez com que grande parte dos apoiadores do holocausto não racionalizassem seu apoio. Ou seja, o sofrimento e as mortes eram desconsideradas porque os apoiadores do genocídio não precisavam testemunhar as medidas de extermínio.

Referências

Patterson, Charles H. Eternal Treblinka: Our Treatment of Animals and the Holocaust. Lantern Books. First Edition (2002)

Ford, Henry. My Life and Work (1922). CruGuru (2008)

Goodall, Jane. Harvest for Hope: A Guide to Mindful Eating. Grand Central Publishing. Reprint Edition (2006)

Meek, Allen. Biopolitical Media: Catastrophe, Immunity and Bare Life. Routledge. First Edition (2015)


Fonte: Vegazeta 


Fotógrafo lança livro com registros de cães especiais


O premiado fotógrafo de animais Alex Cearns (fundador do Houndstooth Studio) faz fotos de cachorros do mundo todo e compartilha suas histórias. Algumas são de cães resgatados, outras são de animais de estimação.

A coleção de imagens de cães do fotógrafo faz parte do novo livro Perfect Imperfection: Dog Portraits of Resilience and Love ("Imperfeição perfeita: retratos caninos de resiliência e amor", em tradução livre), que mostra fotos de cachorros muito especiais.

Cearns comenta: “Eu amo todos os animais que tenho o privilégio de fotografar, mas aqueles que são encarados como diferentes têm um lugar especial no meu coração. Estes incluem os que perderam uma perna, nasceram cegos ou têm cicatrizes porque sofreram maus-tratos”.

Confira a seguir algumas fotos do livro.












Fonte: A Folha Hoje 

Fotos: Alex Cearns


Alicia Silverstone: “Se os matadouros tivessem paredes de vidro, todos seriam vegetarianos”


Recentemente, a atriz Alicia Silverstone enviou uma mensagem para seus 680 mil seguidores no Instagram: “Se os matadouros tivessem paredes de vidro, todos seriam vegetarianos”.

A frase, que ganhou popularidade com o documentário curta-metragem Glass Walls (“Paredes de vidro”, em tradução livre, de 2012), apresentado por Paul McCartney, foi publicada por Alicia acompanhada da foto de um porco confinado em um caminhão, a caminho do matadouro.

No mês passado, a atriz participou do programa The Late Show with Stephen Colbert (veja aqui, em inglês) e relatou que se tornou vegana no ano passado. A iniciativa foi elogiada pelo apresentador, que admitiu, enquanto entrevistava a também atriz e vegana Natalie Portman em junho, que está tentando se tornar vegano (veja aqui, em inglês).

Fonte: Vegazeta 

Foto: Vanity Fair

Natalie Portman cita Bashevis Singer: “Nós fazemos com as criaturas de Deus o que os nazistas fizeram conosco”


A atriz judia Natalie Portman gravou recentemente um curto vídeo em defesa dos direitos animais (veja aqui, em inglês). Ela aparece falando sobre o escritor polonês Isaac Bashevis Singer, vencedor do Nobel de Literatura que foi um dos maiores divulgadores do vegetarianismo e dos direitos animais no universo literário e judaico do século passado.

Além de afirmar que não se tornou vegetariano pela sua saúde, mas sim pela saúde dos animais, Singer fez uma declaração, como bem citado por Natalie Portman no vídeo, que chamou bastante atenção quando sua autobiografia, Shosha, foi lançada em 1978: “Nós fazemos com as criaturas de Deus o que os nazistas fizeram conosco”.

Isaac Bashevis Singer e sua família, que conheceram as consequências do holocausto, viveram na mesma região da Polônia que a família de Natalie. Singer até hoje é considerado um dos maiores escritores judeus de todos os tempos.

Fonte: Vegazeta 

Foto: Reprodução


NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:

1. Natalie Portman lançou recentemente um documentário vegano chamado Eating Animals ("Comendo animais", em tradução livre), que vem tendo uma boa repercussão. Saiba mais aqui

No programa de férias, a matança cruel de animais


Ulrich Seidl encerrava sua trilogia Paraíso (Paradies), com Esperança (Hoffnung, 2013), quando conversou com o repórter em Berlim. O filme é sobre uma garota gordinha que tenta perder peso num acampamento para jovens obesas. Sua mãe, enquanto isso, passa férias na África, no Quênia. Seidl contou como, pesquisando sobre o turismo de europeus na África, descobriu o que seria o tema de seu próximo filme, Safári (Safari, 2016). O filme foi exibido nos festivais de Veneza e Toronto e agora está em cartaz no Brasil.

O austríaco Seidl é um autor prestigiado no circuito dos festivais, mas está longe de ser uma unanimidade. Nisso lembra outro famoso cineasta da Áustria, Michael Haneke. Seidl adora provocar, filmando o absurdo do comportamento humano. Ele próprio define Safári como “um filme de férias sobre matança (de animais)”. É o que fazem alguns europeus ricos: pagam fortunas para caçar, e matar, animais. Não importa que muitas dessas espécies estejam ameaçadas de extinção. Para quem está entediado da civilização, todo recurso para se divertir é válido. O horror, o horror.

Safári começa com a imagem – e o som – de um corneteiro anunciando que a caçada vai começar. Os caçadores incluem Eva, o marido e o casal de filhos, mais outro casal mais velho. No final, vem a confissão: “É muito excitante puxar o gatilho. Te dá sensação de poder”. Deve ser o que pensam os atiradores solitários que, volta e meia, disparam suas armas na ‘América’ contra estudantes – muitas vezes, são colegas de aula -, idosos ou simplesmente pessoas diferentes e, por isso, merecedoras de desprezo e ódio.

A Associação do Rifle sustenta que é um sagrado direito do povo para se defender, mas não devia ser para disparar indiscriminadamente. Na África, contra animais, vira programa de férias. Seidl vê, nessas bárbaras matanças, um sinal de degeneração da humanidade, além de um degrau a mais do sistemático ataque à natureza que mantém o planeta na zona de perigo. “Nada disso é isolado de outras coisas que ocorrem no mundo.”

Algumas imagens são particularmente chocantes. Uma girafa e seu parceiro. Atingido, o animal demora – e protesta – para morrer. Se aquele som não ecoa na consciência do espectador, já que o caçador não está ligando, a desumanidade chegou a um estado alarmante e o mundo marcha para o fim – moralmente, sem dúvida. Será, talvez, curioso, ver Safári e comparar com Jurassic World: Reino Ameaçado (Jurassic World: Fallen Kingdom, 2018), também em cartaz nos cinemas brasileiros. Na fantasia do diretor J.A. Bayona, os dinossauros são clonados, mas a caçada não é menos impiedosa e culmina num leilão de compradores interessados em transformar os animais antediluvianos em máquinas de matar, um outro tipo de arma. Bayona está brincando de ficção, mas até ele, em São Paulo, no começo do ano, quando veio promover seu filme estrelado por Chris Pratt e Bryce Dallas Howard, disse que o horror de seu filme tem valor de advertência – contra experimentos que ameaçam se voltar contra o homem.

Os caçadores argumentam que o homem caça animais desde os primórdios da humanidade, que a matança previne a superpopulação e o turismo estimula as economias locais etc. O cinismo não tem limite. Os africanos, de tão pobres, estão ali comendo restos de ossos para sobreviver. E fica a questão: se o diretor está filmando para denunciar, para mostrar indignação, por que não intervém? O corneteiro do começo comenta com a mulher que os negros correm mais porque têm as pernas mais extensas e os músculos e ossos são de aço, um comentário que talvez pretenda ser elogioso, mas no fundo é tremendamente racista. Não é fácil assistir a Safári, mas também não é fácil deixar o cinema com as 1.001 questões éticas que o filme levanta, incluindo sobre o predatório colonialismo europeu no continente africano.

Fonte: IstoÉ 

Foto: Divulgação 

A alegria dos gatos com a catnip em divertidas fotos



Por Paulo Furstenau*


O fotógrafo norte-americano Andrew Marttila já foi alérgico a gatos, mas hoje vive com sua namorada, três gatos e mais alguns que o casal abriga para lar temporário (animais que ficam na casa de protetores até serem adotados).

E ele ama tanto gatos que até se especializou nos cliques desses adoráveis felinos, que ele reúne no site I Am the Cat Photographer ("Eu sou o fotógrafo de gatos", em tradução livre). 

Recentemente, o fotógrafo lançou o livro Cats on Catnip (algo como "gatos sob efeito da catnip"), com registros de gatos felizes da vida com sua erva preferida - para quem não conhece, ressaltamos que a planta não é "maconha de gato" nem faz qualquer mal para animais ou humanos. Saiba mais sobre a catnip aqui.

Marttila compartilhou algumas dessas fotos no site Bored Panda. Dá uma olhada!

(E lembramos que vendemos catnip - e graminha, que os gatos também amam - em nosso Pet Centro. Confira aqui nosso endereço e telefones.)




































*Paulo Furstenau é jornalista voluntário da Associação Natureza em Forma

Ator de cinebiografia de Allan Kardec se torna vegano por influência dos preceitos da doutrina espírita


O ator carioca Leonardo Medeiros está terminando as gravações de um filme brasileiro que deve ir aos cinemas em 2019 e vai contar a história do francês Allan Kardec.

Com o título de Kardec, o longa, baseado no livro Kardec - A Biografia, de Marcel Souto Maior, e dirigido por Wagner de Assis, mostrará como Allan Kardec, que até os 50 anos se considerava cético, se transformou em um dos nomes mais conhecidos no espiritismo.

Apesar da temática, Medeiros contou à revista Veja que o filme não é religioso, e sim uma biografia. “Estamos tomando muito cuidado com isso. Queremos retratar a vida de um personagem histórico e não catequizar ninguém. O próprio Kardec rejeitava o espiritismo como espetáculo”, disse.

Entre os espíritas – pessoas que seguem a doutrina espírita –, é bastante comum o questionamento sobre o consumo de animais. E foi justamente o contato com esses preceitos e questionamentos da doutrina espírita que fez Medeiros dar um passo adiante em um desejo antigo: tornar-se vegano.

“O filme me deu um empurrão e acabei virando vegano. A parte da fenomenologia não é muito a minha praia, mas a parte dos preceitos dessa doutrina é muito legal, poucas religiões trazem esse conforto”, disse ao portal G1.

O filme teve cenas rodadas em Paris, na França, terra natal de Allan Kardec, e também no Rio de Janeiro, em prédios com arquitetura semelhante à francesa.

Com um orçamento estimado em R$ 9,6 milhões, Kardec deve estrear em meados de 2019, mas ainda não tem data definida.

Fonte: Vista-se 

Documentário vegano de Natalie Portman faz sucesso nos EUA e tem chances de Oscar


Em cartaz no circuito comercial dos Estados Unidos há alguns dias, o documentário Eating Animals ("Comendo animais", 2017), que ganhou sessão especial em Sundance [festival de cinema] no começo do ano, já pode ser considerado um sucesso. Tecnicamente, a produção está longe de ser um blockbuster, já que é exibida em apenas dois cinemas do país, mas em ambos está vendendo mais ingressos do que o esperado e por conta disso deverá ganhar mais salas em breve.

O doc é baseado em um livro de mesmo nome lançado em 2009 pelo escritor Jonathan Safran Foer, e trata da questão dos direitos dos animais e o que isso significa em um mundo industrializado. Natalie Portman é fã da obra, que se tornou uma espécie de “bíblia” para muitos veganos, e decidiu adaptá-la para a telona com dinheiro do próprio bolso.

Além de produtora-executiva, a atriz é a narradora do filme, que estreou no último dia 15 [junho de 2018] nos EUA e está sendo considerado como “excelente” pela crítica especializada, e desde já forte candidato ao Oscar de 2019. “Não é uma simples defesa do veganismo, e deixa as pessoas querendo saber mais sobre o assunto e, sobretudo, mais sobre as carnes que comem”, escreveu Ben Kenigsberg, do The New York Times.

Veja o trailer, em inglês.




Fonte: Glamurama 

Foto: Divulgação

Vídeo: IFC Films


NOTAS DA NATUREZA EM FORMA:

1. E outros documentários importantes sobre o veganismo estão sendo lançados de um ano para cá. Leia também:



2. E assista agora, on-line, na íntegra e gratuitamente, dois importantes docs:

Terráqueos (Earthlings, 2005)

Cachorros debaixo d'água


Em fevereiro de 2012, o fotógrafo norte-americano Seth Casteel publicou uma série de fotos mostrando cães mergulhando em piscinas. Elas se tornaram uma sensação na internet, alcançando 100 milhões de pessoas em menos de 24 horas, o que resultou no livro Underwater Dogs ("Cachorros debaixo d'água", em tradução livre), que se tornou um dos livros de fotografias mais vendidos de todos os tempos. 

Tudo começou em 2007, quando Casteel decidiu fotografar voluntariamente animais de rua para ajudá-los a encontrar um lar amoroso. O resultado foram inúmeras adoções. Continuando com seu trabalho voluntário, ele iniciava uma nova carreira de fotógrafo de animais. 

Hoje, Casteel viaja o mundo com seu trabalho. A campanha sem fins lucrativos One Picture Saves a Life ("Uma fotografia salva uma vida", em tradução livre), criada por ele, incentiva protetores animais de todo o mundo a melhorar a imagem do resgate e adoção por meio da fotografia positiva. 

A cadela resgatada de Seth Casteel se chama Baby Nala. 






Seth Casteel e Baby Nala



Confira mais fotos aquáticas aqui.

Informações e fotos: Seth Casteel 


Clarice e Ulisses

Clarice e Ulisses imortalizados pela escultura de Edgar Duvivier 
e pelo clique de Luis Teixeira Mendes 


Por Paulo Furstenau*

“Aí está ele, o mar, o mais ininteligível das existências não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos.” Assim a escritora Clarice Lispector inicia sua crônica As Águas do Mundo, publicada no Jornal do Brasil como As Águas do Mar, em 13 de outubro de 1973, e depois no livro A Descoberta do Mundo, uma antologia dos textos de sua coluna semanal naquele periódico.

Foi esse trecho que o fotógrafo Luis Teixeira Mendes usou para legendar o registro que fez da estátua de Clarice e seu cão, Ulisses, que fica no Leme, bairro carioca onde a escritora viveu por 12 anos. E a representação em bronze dos dois evoca um complemento mental às palavras da escritora: “Aqui está também o cachorro, o mais fiel amigo dos humanos”. Ulisses, imortalizado na escultura de Edgar Duvivier junto com sua tutora poeta, foi o terceiro (após Dilermando e Jack) e último cão de Clarice Lispector. 

“Sou um pouco malcriado, não obedeço sempre, gosto de fazer o que eu quero, faço xixi na sala de Clarice.” Eis como Ulisses se apresenta no livro infantil Quase de Verdade, todo narrado por ele. Segundo o cachorro, que tinha “pelo castanho cor de guaraná e olhos dourados”, ele ficava latindo para Clarice, e ela, como entendia o significado de seus latidos, escrevia o que ele lhe contava.

Clarice e Ulisses em Quase de Verdade (Editora Rocco Jovens Leitores), 
nos traços da ilustradora Mariana Massarani 


No livro, ele conta suas aventuras no “enorme quintal de uma senhora chamada Oniria”, onde esteve hospedado. Na vida real, Ulisses, “um pouco neurótico”, como Clarice o descrevia devido a seu temperamento bagunceiro, cometia excessos como beber refrigerante e uísque, além de roubar bitucas de cigarros dos cinzeiros. Péssimo para a saúde de qualquer ser vivo, mas sua tutora, embora relaxasse na educação do bicho, tinha consciência sobre certos hábitos cruéis contra cachorros, conforme Ulisses atesta, também em Quase de Verdade: “Minha dona não quis cortar meu rabo porque acha que cortar seria contra a natureza”. E é isso mesmo. Hoje, cortar cauda ou orelha de cachorros é não só contra a natureza do animal, como também crime de maus-tratos.

Os hábitos mundanos e inapropriados para os cães mantidos por Ulisses - que gostava de fazer o que queria, como ele mesmo disse - lhe renderam até uma menção especial no jornal satírico O Pasquim. Em 1974, os repórteres da publicação entrevistaram Clarice na presença do peludo e acabaram escrevendo sobre ele também, descrevendo-o como um “bicho muito louco”.

Mas Ulisses não era um pouco neurótico nem muito louco. Ele era um cachorro, curioso e arteiro (e maravilhoso) como todos os cães. Clarice Lispector lhe disse certa vez: “Quanta inveja tenho de você, Ulisses, porque você só fica sendo”.



A Clarice e o Ulisses de verdade (Foto: Acervo Instituto Moreira Salles) 



*Paulo Furstenau é jornalista voluntário da Associação Natureza em Forma