Mostrar mensagens com a etiqueta Mário Branquinho. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Mário Branquinho. Mostrar todas as mensagens

domingo, 20 de novembro de 2016

Olhar o tempo...

Eu não Quero o Presente, Quero a Realidade

Vive, dizes, no presente, 
Vive só no presente. 

Mas eu não quero o presente, quero a realidade; 
Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede. 

O que é o presente? 
É uma cousa relativa ao passado e ao futuro. 
É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem. 
Eu quero só a realidade, as cousas sem presente. 

Não quero incluir o tempo no meu esquema. 
Não quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar nelas 
                         como cousas. 

Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes. 

Eu nem por reais as devia tratar. 
Eu não as devia tratar por nada. 

Eu devia vê-las, apenas vê-las; 
Vê-las até não poder pensar nelas, 
Vê-las sem tempo, nem espaço, 
Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê. 
É esta a ciência de ver, que não é nenhuma. 

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
 
Fotografia de Mário Branquinho, via FB

segunda-feira, 20 de junho de 2016

leituras breves, mas profundas... Vida

...

é a vida, vulnerável, tremulamente riscada e tenazmente arriscada na vontade de a compreender e manter firme, nesse hirto virtuoso, assaz curioso, a dar ares de poderoso. Entre-o-pode-e-não-pode, o tem-te e não-caias, raia a imensidão incerta, no trémulo pontão e serena escuridão, que não deixa perceber se é para andar, se é para ficar, para cair ou erguer. E assim, por entre os pingos da chuva, rompemos e permanecemos na caminhada alada. Umas tantas vezes no fio da navalha, por onde calha, a suster portes, a pedir sortes, e fracos ou fortes, gemendo e rogando, andando, tentando não cair até ao fim de um caminho encurtado.

Do livro, ESTRANHOS DIAS À JANELA, EXCERTO DO CONTO "VULNERABILIDADES", de Mário Jorge 
Branquinho

Pintura sobre acrílico, autor desconhecido, "A àrvore da Vida"

terça-feira, 16 de junho de 2015

"janela de emoções"

Rapariga à janela, Dali, 1926
Daqui de onde vemos e sentimos, de onde subtilmente fugimos a compromissos, acobardamos impulsos e debitamos conceitos e esquemas imperfeitos, só para ver no que dá. Daqui de onde vemos, destas janelas escancaradas, ansiamos caminhadas, desenhamos novos mundos, na esperança de romper na banalidade dos dias.

Excerto do conto Janela de Emoções, do livrode Mário Jorge Branquinho, ESTRANHOS DIAS À JANELA