Regresso devagar ouvindo a chuva no janelão preferido
adensa agora
e traz consigo a certeza de que o verão não vai voltar atrás
(penso comigo)
guardo os despojos da praia e da saudade
fazendas ao ar
ao que resta nas nesgas de sol
Cá dentro, o meu canto chama por mim
hei-de esquecer que tenho lá fora um pouco de jardim
e a chuva continua
ritmada persistente
e nessas gotas tresmalhadas
há-de haver
tem de haver
lágrimas minhas
um pouco envergonhadas
Obrigada, amiga, por ir regressando...
Pinturas de David Hockney