A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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terça-feira, 17 de maio de 2011

O ESPELHO


Efêmero, não sei se neste espelho
terei repetição do meu contorno,
ou se já erguida a mão se esboça o torno
onde serei refeito. Amplo conselho

talvez disseque meu findar-se morno,
e o Artífice me aguarde, ileso e velho,
pondo-me paternal sobre o joelho
à espera do devido e exato forno.

Depois, Pai tão maior, de amor ferido,
de um barro tão mais rubro há de engendrar-me
para dar-me feliz ao chão do olvido.

Mas sempre num espelho irei achar-me
noutro chão, noutra vida, em barro ou vidro
onde me outorguem tempo de sonhar-me.


Walmir Ayala — Poemas
“in” Poesia Revisada