terei repetição do meu contorno,
ou se já erguida a mão se esboça o torno
onde serei refeito. Amplo conselho
talvez disseque meu findar-se morno,
e o Artífice me aguarde, ileso e velho,
pondo-me paternal sobre o joelho
à espera do devido e exato forno.
Depois, Pai tão maior, de amor ferido,
de um barro tão mais rubro há de engendrar-me
para dar-me feliz ao chão do olvido.
Mas sempre num espelho irei achar-me
noutro chão, noutra vida, em barro ou vidro
onde me outorguem tempo de sonhar-me.
Walmir Ayala — Poemas
“in” Poesia Revisada