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segunda-feira, 13 de julho de 2009
A PEGADA PERDIDA
A pegada perdida, o rastro ausente,
a chama estremecida, o lume à frente,
o caminho envolvido na neblina,
o cavalo vendado em sua crina.
Destinos a volver e resolver,
como traços na selva, troças brutas
impostas como pistas a rastrear.
Das janelas, os olhos pendem, longos,
no fundo perquirir, dias e noites
perdidos nesta selva de procelas.
Ah, que amargas Penélopes, aquelas
que aguardaram sagazes navegantes.
E tudo era tão ido, era tão antes,
que as mãos, já ressecadas e amarelas,
não mais podem colher o fruto sido.
O sido. Quero vê-lo do meu lado,
como um cachorro fiel e bem nutrido.
Reynaldo Valinho Alvarez
A Faca Pelo Fio
Poemas Reunidos
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Reynaldo Valinho Alvarez
PÓRTICO
Da janela, na chuva, alguém procura
achar sua alma irmã na noite escura.
Na tuba enferrujada, desafina
o músico esquecido numa esquina.
O incêndio esconde o palco todo em fumo
e o mágico, aturdido, perde o rumo.
Entre gavião e pombo, uma vidraça
frustra o golpe mortal e se estilhaça.
As ondas que se quebram contra o dique
refluem sobre si e vão a pique.
Se a parábola volta, é que, na certa,
não a colheu a mente astuta e alerta.
A carta, na garrafa que se alaga,
o mar a lê, a leva, lava e apaga.
O canto do poeta é coisa vã
se o sol canta por si, toda manhã.
Reynaldo Valinho Alvarez
in A Faca Pelo Fio
Poemas Reunidos
(1931-Rio de Janeiro)
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