A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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sábado, 19 de setembro de 2009

Barcos é que somos



A teu lado viajo.
Contigo navego.
Remos são as palavras
que te digo e escrevo.


Ancoras de ternura
com elas compomos
e mastros de espuma.


Barcos é que somos.


Albano Martins
in: 'Complementos de lugar'
Antologia Poética

Legenda




Ao Aureliano Lima


Tarde
regressam
as manhãs
ou seu
imprevisto azul.

Cedo
se colhe
o cintilante
e frágil
perfume das laranjas.


Albano Martins
in 'Paralelo ao vento'


Há um instante em que a memória é estreita
para conter o mar, o sal, os navios,
a penumbra branca das gaivotas.

Um instante de nudez perfeita.


Albano Martins
in 'Em tempo e memória'
(Portugal 1930)

terça-feira, 8 de abril de 2008

"Poema para habitar"



A casa desabitada que nós somos
pede que a venham habitar,
que lhe abram as portas e as janelas
e deixem passear o vento pelos corredores.
Que lhe limpem
os vidros da alma
e ponham a flutuar as cortinas do sangue
– até que uma aurora simples nos visite
com o seu corpo de sol desgrenhado e quente.
Até
que uma flor de incêndio rompa
o solo das lágrimas carbonizadas e férteis.
Até que as palavras de pedra que arrancamos da língua
sejam aproveitadas para apedrejarmos a morte.


Albano Martins
Foto:
Parque Henrique Lages RJ-BR-