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terça-feira, 29 de setembro de 2009
FANTASMAS
Lívidos fantasmas deslizam nas horas perdidas
Chegam à minha alma
E como sombras da noite
Levantam os meus ímpetos mortos
Desatando as ligaduras do tempo.
O luar da madrugada fria cai no meu rosto
E ilumina com branda amargura
O meu espírito que espera a hora insolúvel.
Os caminhos cobrem-se de homens que dormem na morte
E cresce no meu coração um desejo incontido
Para uma união mais forte, mais intensa e mais perfeita.
A minha pupila é banhada pela enorme lágrima
Que umedecerá o solo castigado.
A lágrima que levará ternura às existências sofridas,
A lágrima que se mudará em sangue,
Que levantará a vida morta do universo!
Nova York, 1944
Adalgisa NeryIn
in: Cantos da Angústia
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Com a inquietação de toda a vida que se aproxima
Desce também sobre mim o destino implacável como a noite
Colhendo tudo de surpresa, chegando de cima.
O vento joga no meu rosto as sombras das vozes passadas,
Os ruídos eternos, o eco dos inextinguíveis silêncios
Nascidos das confissões estancadas.
Vazios e inúteis como as vigílias sem cansaço
São meus pedidos de auxilio para uma germinação estranha de ímpetos
Que correm para mim, semeados no espaço.
Meus sentidos se prolongam na agonia da tarde
Procurando encontrar na treva da noite
O fim misterioso e sem alarde.
Minha existência é o ultimo pensamento no estertor do suicida
Que abraça a morte
Esperançoso de vida.
Adalgisa Nery
In: Mundos Oscilantes
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
'Metamorfose'
No combate entre o gelo e o fogo
A vida universal desdobra-se em ciclos
No espaço de mil séculos.
Tomamos consciência do cósmico,
Tentamos ligações com o espírito há muito abatido
E a alma afunda em dimensões pulverizadas.
Dá-se a recuperação das espécies rejeitadas,
O achado do perdido não procurado.
Do implacável e do flamejante
O universo não está terminado.
Há mutações silenciosas em cada instante que soçobra
E que só percebemos da metamorfose de mil em mil séculos.
Somos casulos pendurados nas folhas de árvores sem nome,
Casulos à espera da metamorfose cíclica do tempo.
Adalgisa Nery
In 'Erosão'
1974
sábado, 7 de junho de 2008
"Razões Conjugadas"
Da tristeza, tempo nascido do sonho,
Formaram-se o vento, as águas mansas,
A escuridão úmida sob o sol,
A neve amortalhando as distâncias,
O pranto confuso,
O silêncio compacto, tão pesado.
No caminho já pisado por mil pés
Há relva à procura da luz imaculada.
Tão relva quanto tão estrela
Ambas em tristeza confirmadas
Como o pranto tão confuso, tão chorado,
O silêncio tão compacto, tão pesado.
Ações do corpo conjugadas
Às canções que permanecem ocultas
À voz alegre dos rios,
Ao vôo das asas alumbradas.
Cárceres de sonhos e temores,
Desejos de morte sobre mortes,
No pranto tão confuso, tão chorado,
No silêncio tão compacto, tão pesado.
Adalgisa Nery
in "Erosão"
domingo, 5 de agosto de 2007
'POEMA AO FAROL DA ILHA RASA'
O aviso da vida
Passa a noite inteira dentro do meu quarto
Piscando o olho.
Diz que vigia o meu sono
Lá da escuridão dos mares
E que me pajeia até o sol chegar.
Por isso grita em cores
Sobre meu corpo adormecido ou
Dividindo em compassos coloridos
As minhas longas insônias.
Branco
Vermelho
Branco
Vermelho
O farol é como a vida
Nunca me disse: Verde.
Adalgisa Nery
Photo 'Farol da Ilha Rasa-Rio de Janeiro-BR
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