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sexta-feira, novembro 03, 2023

Figuras do apito (6)... Francisco Guerra: O primeiro luso a apitar um jogo das competições europeias

Nem sempre apreciada e elogiada (sobretudo internamente) a arbitragem portuguesa agrega a si inúmeros capítulos marcantes. Presenças em campeonatos do Mundo ou da Europa, aparições em dezenas de jogos importantes a nível de competições europeias, etc., marcam a história da arbitragem em Portugal. Vem isto a propósito da efeméride de hoje, a qual alude ao primeiro árbitro luso a apitar um jogo internacional de clubes no âmbito das provas da UEFA. Francisco Guerra, o seu nome. Nascido a 4 de setembro de 1917 este juiz filiado na Associação de Futebol do Porto fez história na temporada de 1958/59, ao ser nomeado para apitar a primeira mão do encontro entre os suíços do Young Boys e os alemães do Karl-Marx Stadt a contar para os quartos-de-final da prova rainha da UEFA, a então denominada Taça dos Clubes Campeões Europeus, e que terminou empatado a duas bolas. Foi auxiliado pelos também portugueses Clemente Henriques e Abel da Costa, tornando-se esta na primeira equipa de arbitragem 100 por cento lusa a apitar um jogo oficial das então jovens competições europeias. Francisco Guerra foi um dos maiores nomes da arbitragem nacional dos anos 50 e 60, tendo no seu currículo duas presenças na final da Taça de Portugal, mais concretamente na final de 1957 (Benfica - Sporting da Covilhã) e de 1965 (Vitória de Setúbal - Benfica). Faleceu em novembro de 1986.


sexta-feira, dezembro 23, 2016

Histórias do Planeta da Bola (18)... Terá sido o Palmeiras o primeiro campeão mundial de clubes?


Palmeiras ergue a Copa Rio de 1951
A recente polémica instalada em torno do número de títulos de campeão nacional alcançados pelo Sporting (18 ou 22) abre-nos hoje a porta para outro facto histórico que durante anos levantou - e continua a levantar - algumas dúvidas sobre a sua autenticidade e, por consequência, importância. Referimo-nos ao título conquistado pelo Palmeiras na Copa Rio Internacional de 1951, que é olhado hoje, com 65 anos de distância, como a primeira ocasião em que foi atribuído a um clube o estatuto de campeão mundial. É no entanto um facto encarado por muitos historiadores desportivos e/ou simples curiosos do fenómeno futebolístico com profunda insignificância, desprovido de veracidade, e como tal sem qualquer tipo de fundamento para sequer constar no Grande Atlas do Futebol planetário. Pelo contrário, outros sustentam que este longínquo torneio realizado em solo brasileiro foi o molde, a inspiração, do atual Campeonato do Mundo de Clubes organizado sob a batuta da FIFA, e que os contornos intencionais desse torneio oficializam o Palmeiras como o primeiro campeão mundial de clubes da história. Não existe, portanto, consenso para este facto histórico que hoje vamos recordar, e que só pela polémica instalada em seu redor merece, sem dúvida, ser retratado com algum detalhe nas vitrinas do Museu Virtual do Futebol.

A Copa Rio
Após uma derrota dolorosa é costume os jogadores, treinadores, dirigentes ou adeptos de uma equipa desejarem que o próximo jogo se realize o mais rápido possível no sentido de esquecer um capítulo sombrio ocorrido no presente. Terá sido este o pensamento dos dirigentes da Confederação Brasileira de Desportos (CBD) quando em 1951 idealizaram aquele que inicialmente foi batizado de Torneio Mundial dos Campeões. 
Por estes dias o Brasil ainda lutava para esquecer o pesadelo vivido um ano antes, quando o Uruguai roubou, em pleno Estádio do Maracanã, o título mundial aos anfitriões do maior evento chancelado pela FIFA. 
No sentido de limpar as lágrimas do provo brasileiro, a CBD projetou um outro torneio de dimensão planetária capaz de apagar as tristes memórias do Maracanazo de 1950. Um evento que agregasse a si alguns dos maiores clubes do Mundo de então, assim terão idealizado os dirigentes federativos. A ideia agradou de pronto aos membros da FIFA, tendo Ottorino Barassi, o braço direito do então presidente do organismo que tutela o futebol a nível global, Jules Rimet, dado o seu apoio para que o projeto fosse avante. 

O time do Vasco da Gama que na sua cidade falhou o assalto à conquista da Copa Rio
Há, no entanto, uma nota importante a reter nesta história: a FIFA apoiou e autorização a realização do torneio mas não chamou a si a organização do mesmo, atribuindo essa responsabilidade à CBD. Por outras palavras, na época a FIFA não oficializou como seu este Torneio Mundial dos Campeões, facto que só por si gerou ao longo das décadas seguintes muitos pontos de interrogação sobre a veracidade da designação do Palmeiras como o primeiro campeão mundial de clubes da História. Mas voltando aos contornos desta nossa viagem ao passado, com o aval da FIFA dado, a CBD tratou de convidar alguns dos gigantes do futebol internacional de então, na sua esmagadora maioria campeões dos seus respetivos países. Uma das exceções foi o Real Madrid, que mesmo não sendo o detentor do título espanhol de 50/51 recebeu o convite para participar, algo que acabaria por não acontecer devido a incompatibilidades de ordem financeira. Tal como hoje, já naquela época o colosso espanhol exigia elevados cachets para desfilar o seu emblema fosse em que parte do planeta fosse! Também o campeão italiano de 50/51, o Milan, recusou o convite que recebeu para viajar para a América do Sul, dando prioridade à Taça Latina que nesse ano se disputava precisamente em solo italiano. Com a nega dos merengues e dos rossoneri o Torneio Mundial dos Campeões foi integrado pelos vencedores dos dois principais campeonatos estaduais do Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo, no caso, e respetivamente, o Vasco da Gama e o Palmeiras, aos quais se juntaram os campeões do Uruguai (Nacional), de França (Nice), da Áustria (FK Austria de Viena), de Portugal (Sporting), a Juventus (escolhida para substituir o Milan) e ainda o vencedor da Taça da Jugoslávia da época (Estrela Vermelha). 
A equipa da Juventus que participou na Copa Rio... ou terá sido o primeiro
Mundial de clubes?
Os oito clubes foram divididos em dois grupos de quatro equipas cada, sendo que o Grupo A (integrado pelo Vasco da Gama, Sporting, Austria de Viena e Nacional) teve como cenário a Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro, tendo o palco da competição sido instalado no majestoso Estádio do Maracanã, o tal que no ano anterior amparou as lágrimas de mais de 200.000 brasileiros na sequência da trágica derrota da sua seleção diante do Uruguai. Em São Paulo, no Estádio do Pacaembu, realizaram-se os encontros do Grupo B (composto por Palmeiras, Estrela Vermelha, Nice e Juventus). A bola começou a rolar no dia 30 de junho, sendo que no Pacaembu o campeão paulista realizou uma segunda parte verdadeiramente demolidora diante do Nice, performance traduzida num expressivo score de 3-0, com golos de Aquiles, De León e Richard. Na outra partida, ocorrida no dia seguinte no mesmo local, a Juve sentiu algumas dificuldades para bater por 3-2 o Estrela Vermelha, tendo valido aos transalpinos a tarde inspirada da sua então estrela-mor, o atacante Giampiero Boniperti, autor de dois golos. O campeão italiano repetiu a dose dois mais tarde diante do Nice, sendo que desta feita o golo do triunfo (3-2) surgiu à passagem do minuto 70, por intermédio de Ermes Muccinelli. Com esta vitória a Juventus selava a qualificação para as meias-finais, já que de acordo com os regulamentos do torneio os dois primeiros de cada grupo avançavam para a fase de eliminação direta. No dia 5, e contra todas as expectativas o Palmeiras sentiu grandes dificuldades para bater o Estrela Vermelha por 2-1. O internacional jugoslavo Ognjanov colocou os europeus em vantagem. A perder, o Verdão teve então de puxar dos seus galões e ainda na primeira parte Aquiles empatou, para na etapa complementar Liminha consolidar a reviravolta e garantir a qualificação da sua equipa para as meias-finais. 

Giampiero Boniperti
Faltava saber em que lugar os paulistas iriam terminar esta primeira fase, e talvez por isso o Pacaembu tenha registado uma afluência massiva de torcedores para assistir ao embate da última jornada da fase de grupos ante a poderosa Juve. Na realidade, assistiu-se a uma verdadeira avalanche italiana em direção à baliza paulista. 4-0 a favor dos italianos, o resultado final de uma partida onde brilhou a grande altura Giampiero Boniperti, que voltou a fazer o gosto ao pé em duas ocasiões. Ele que ainda hoje é um dos grandes nomes da história da Vecchia Signora, com mais de 400 jogos disputados com a equipa de Turim ao longo de 10 épocas e quase duas centenas de golos apontados (178 para sermos mais precisos). Boniperti que, refira-se a título de curiosidade, depois de abandonar os relvados enquanto futebolista foi durante largos anos dirigente da Juve, sendo hoje presidente honorário do clube. Foi ainda nos finais dos anos 90 eurodeputado eleito pelas listas da Forza Italia, o partido de Silvio Berlusconi. Com este expressivo triunfo a Juventus conquistava o topo do grupo, e iria medir forças com o segundo colocado do Grupo B, o Austria de Viena, ao passo que o Palmeiras iria enfrentar os conterrâneos do Vasco da Gama, vencedores de uma chave que tinha um Sporting que vivia ainda sob a aura gloriosa dos Cinco Violinos, ou Quatro Violinos, neste caso, porque a temível lança do mais famoso quinteto do futebol português, Fernando Peyroteo, havia-se retirado dois anos antes, restando Jesus Correia, Vasques, Albano e Travassos. A estes juntavam-se outros nomes de peso, casos de Mário Wilson, João Martins, Juca, Canário, Patalino e Ben David. Patalino e Ben David?  
A equipa do Sporting que alinhou diante do Vasco da Gama no Maracanã.
Na fila de baixo,ao centro estava o "convidado" Ben David, entre os Violinos
Jesus Correia, Vasques, Travassos e Albano
Mas estes dois astros dos futebol português dos anos 40 e 50 não pertenciam aos quadros do Sporting, dirão, e com razão, os leitores mais atentos à história do belo jogo. Ambos os jogadores integraram a comitiva leonina que rumou ao Rio de Janeiro na condição de convidados, assim como Serafim, então jogador do Belenenses, que aceitou o convite para vestir de verde nos três jogos que os leões disputaram na meca do futebol brasileiro, o Maracanã. Treinados pelo inglês Randolph Galloway o Sporting partia como um dos mais sérios candidatos à vitória nesta Copa, mas na prática as coisas não correram de feição aquele que era então o grande emblema do futebol lusitano. Aliás, e em jeito de curiosidade, refira-se que em 1951 o Sporting havia vencido o primeiro de uma série de quatro títulos de campeão nacional consecutivos, que haveriam de dar ao clube de Alvalade o primeiro tetra da história do futebol português. Mas no Rio o prestígio do Sporting não se vislumbrou, e logo na estreia os leões sofreram uma das derrotas mais pesadas da prova às mãos do Vasco da Gama. 5-1, numa partida em que atuaram cinco homens que no ano anterior tinham vertido lágrimas naquele mesmo relvado do templo do Maracanã. Friaça, Eli, Maneca, Danilo e Barbosa, cinco jogadores que haviam sido vergados à mestria do Uruguai na final do Mundial de 1950, mas que desta vez saíram com motivos para sorrir do tapete verde sagrado da Cidade Maravilhosa. O tento de honra dos portugueses saiu dos pés de Patalino, um dos três jogadores convidados, e que na altura defendia as cores do seu querido Elvas. No outro encontro desta 1ª jornada o Austria de Viena esmagava por 4-0 o Nacional de Montevideu. 

Verdão festeja um golo na final diante da Juve
Uruguaios que na ronda seguinte vingaram a derrota da estreia, ao aplicar um KO direto (vitória por 3-2) ao desolador Sporting que assim se despedia da possibilidade de lutar pelo título. Neste encontro brilhou mais uma vez o génio de Patalino, ele que aos dois minutos colocou os portugueses em vantagem no marcador, a qual seria no entanto sol de pouca dura, já que dez minutos volvidos Bernardes restabeleceu a vantagem. Pouco depois Jesus Correia recolocou os leões na frente, liderança que seria perdida após o intervalo, altura em que Ramires voltaria a colocar tudo de novo em pé de igualdade. O só seria desfeito a dois minutos do fim, quando Ambrois bateu o mítico Azevedo. A título de curiosidade diga-se que a capitanear a turma do Nacional estava o homem que um ano anos tinha recebido das mãos de Jules Rimet (então presidente da FIFA) o troféu de campeão mundial de seleções, de seu nome Obdulio Varela. 
De pé quente estava o Vasco da Gama, que brindou o Austria de Viena com a mesma receita que havia aplicado ao Sporting na jornada de estreia, ou seja, 5-1, resultado que garantia aos cariocas desde logo a presença na fase seguinte.  
A 7 de julho o Sporting despedia-se da Copa com mais um dissabor, desta feita diante do campeão austríaco, por 1-2. Adolf Huber apontou aos 83 minutos do encontro o golo da vitória dos vienenses, depois de Aurednik ter inaugurado o marcador ao minuto três e de Albano ter restabelecido a igualdade aos 46. Os leões saiam do Rio sem honra nem glória, ao passo que os austríacos carimbavam desta maneira o passaporte para as meias-finais. Isto, porque no outro encontro da terceira e última jornada da fase de grupos o Nacional caiu aos pés do Vasco da Gama por 2-1.

Palmeiras surpreendeu Vasco no duelo brasileiro

Imagem do duelo entre cariocas e paulistas
Pelo que havia feito até então e por jogar diante do seu público, o Vasco da Gama era olhado pela imprensa de então como o grande favorito a alcançar a final. Mas para isso teria de ultrapassar a dupla batalha diante dos conterrâneos do Palmeiras. E dupla porque de acordo com os regulamentos as meias finais seriam jogadas a duas mãos! No dia 12 de julho o Maracanã (lotado) acolheu então o primeiro duelo entre os rivais cariocas e paulistas, sendo que estes últimos para além de partirem como outsiders na bolsa das apostas debateram-se à última da hora com a ausência forçada do seu mítico guarda-redes Cattani, o qual seria substituído por Fábio Crippa. Mas, e como diz o ditado, um azar nunca vem só, e no decorrer do jogo o temível Aquiles é forçado a abandonar o relvado na sequência de um violento choque com o guardião vascaíno, Barbosa. Porém, o Palmeiras não baixou os braços e foi à luta. A atitude guerreira dos paulistas seria premiada com uma justa vitória por 2-1 (com os golos do Verdão a serem apontados por Richard e Liminha).
No mesmo dia, mas no Pacaembu de São Paulo, a Juventus empatava a três bolas com o Austria de Viena, sendo de sublinhar a estupenda exibição individual do dinamarquês ao serviço dos transalpinos Karl Aage Praest, autor de dois golos. Dois dias depois, no mesmo local, as duas equipas voltaram a encontrar-se para o tira-teimas. Depois de um nulo ao intervalo a Juve teve um início de segunda parte verdadeiramente demolidor, e a prova disso é que aos 14 minutos já vencia por 3-0 (dois golos de Muccinelli e um de Boniperti). O melhor que o Austria conseguiu fazer foi reduzir na reta final da partida, mas já sem fôlego para impedir que os italianos fossem os primeiros a carimbar o passaporte para a final do Maracanã.   
E neste templo da bola jogar-se-ia a segunda mão da outra meia final, com o Vasco a entrar em campo com a esperança de inverter o resultado negativo do primeiro encontro. Não conseguiu, porque o Palmeiras esteve simplesmente soberbo no plano defensivo, mantendo o nulo até final que lhe abriu as portas da final.

Vingança em tons de verde na génese do primeiro "título mundial" de clubes


Os dois capitães e o árbitro
antes da final
Sob a arbitragem do austríaco Franz Grill, Palmeiras e Juventus subiram ao relvado de um Maracanã que - mais uma vez - apresentava uma numerosa moldura humana para disputar a primeira mão da final (nota: à semelhança das meias finais também a final foi disputada a duas mãos). A Juve procurava confirmar o favoritismo, até porque na fase de grupos já havia atropelado o Verdão por quatro golos sem resposta. No entanto, esta era uma final, além de que no futebol não há dois jogos iguais. E o Palmeiras viria a confirmar esta teoria por intermédio de Rodrigues, que aos 20 minutos do primeiro tempo bateu Giovanni Viola e selou o triunfo dos brasileiros. Quatro dias mais tarde - a 22 de julho - as duas equipas voltaram a medir forças no derradeiro jogo da competição. A Juventus precisava de marcar dois golos - e não sofrer nenhum - para erguer o troféu diante um estádio repleto que esperava um fim bem mais alegre do que aquele que ali havia acontecido um ano antes por altura do Campeonato do Mundo da FIFA. O dinamarquês Praest ainda colocou o gigante Maracanã em sentido quando aos 17 minutos bateu Crippa pela primeira vez. O fantasma de 1950 voltava assim a pairar sobre o Maracanã. No entanto, e no início da segunda parte Rodrigues aproveita da melhor maneira uma defesa incompleta de Viola - que não segurou um remate de Lima - para fazer o empate. A Juve não esmoreceu, e aos 18 minutos o goleador Boniperti (que seria o melhor marcador do torneio) voltaria a colocar os transalpinos na frente, os quais precisavam agora de mais um golo para levantar o caneco. Esse golo da glória acabou por não acontecer, ou melhor, ele surgiu, mas para o lado do Palmeiras, na sequência de uma magistral jogada individual de Liminha que só parou no fundo da baliza de Viola. 2-2, o resultado final. Com o apito final do francês Gaby Tordjman a festa estalou por todo o Brasil. O Palmeiras era campeão... do Mundo. Sim, do Mundo, foi dessa forma que toda a imprensa da época rotulou os paulistas. Com este título o Brasil inteiro sentia, de certa forma, que o Maracanazo de 1950 não tinha passado de um mero acidente de percurso de uma nação que queria revelar aos olhos do Mundo como a potência que se viria a confirmar nos anos e décadas seguintes.

Copa Rio de 51 foi o molde do atual Mundial de clubes da FIFA

Gooooollllll de Liminha!
No dia seguinte ao da segunda mão da final, o Palmeiras regressou a São Paulo. À espera da comitiva do Verdão estava uma cidade em peso. A Copa Rio Internacional de 1951 resultou num verdadeiro êxito desportivo, facto que terá levado nos anos seguintes outros pensadores do futebol planetário a organizar torneios de âmbito internacional entre clubes de continentes diferentes. Foi o caso do Torneio de Paris, cuja primeira edição foi realizada em 1957 entre equipas de França, Espanha, Alemanha e Brasil, e que durante alguns anos foi considerado como uma das mais importantes e prestigiadas competições internacionais de clubes. Aliás, muitos dos seus vencedores intitulavam-se mesmo campeões do Mundo.  Em 1960, a UEFA e a CONMEBOL uniram-se na criação de uma outra competição, a Taça Intercontinental, disputada (até 2004) entre os campeões das duas maiores provas de ambas as confederações, sendo que o vencedor deste troféu era encarado como o campeão mundial de clubes. No entanto, em 2005 a FIFA decide chamar a si a responsabilidade de coroar o rei do globo no que a clubes concerne, e de lá para cá organiza no final de cada ano civil o Mundial de Clubes, prova que junta os campeões das cinco confederações do Mundo. E aqui, sim, a nosso ver, podemos rotular o vencedor do Mundial da FIFA como um autêntico campeão mundial, já que no mesmo torneio estão representados clubes de todo o Mundo, contrariamente ao que acontecia com a Taça Intercontinental, que só incluía clubes de duas confederações. 

Jornais titulam Palmeiras
campeão do Mundo!
Mas voltando à Copa Rio de 51 para dizer que para muitos dos adeptos do futebol a nível planetário este torneio não passou disso mesmo... de um mero torneio internacional. No entanto, o Palmeiras sempre viu neste um dos principais motivos de orgulho da sua longa e rica história, intitulando-se desde sempre como o primeiro campeão do Mundo de clubes. Na tentativa de ver reconhecido por parte da FIFA este título uma delegação do Palmeiras construiu já no novo milénio um dossier com a intenção de ser remetido à FIFA no sentido de a entidade máxima do futebol planetário oficializar a conquista de 1951, e desta forma reconhecer o emblema paulista como o primeiro campeão mundial da história. Na resposta, a FIFA, então presidida por Joseph Blatter, reconheceu a vitória do Palmeiras como "de âmbito mundial", embora descartando-se de atribuir um carimbo oficial à efeméride, isto é, tal como em 1951 o organismo não chamou a si a responsabilidade do torneio, e como tal não atribuiu cariz oficial (no âmbito da FIFA) a esta conquista, como, aliás, acontece em relação à Taça Intercontinental, prova somente oficializada pela UEFA e pela CONMEBOL. Apesar de tudo, Blatter e a FIFA emitiram um certificado ao Palmeiras reconhecendo este como o vencedor do primeiro torneio de clubes de âmbito planetário. Parecer confuso? Talvez. Perante isto a questão mantém-se: será justo, ou credível, classificar o Palmeiras como o primeiro campeão do Mundo de clubes? Uns continuarão a dizer que sim, outros asseguram que não. 
A equipa do Palmeiras que se sagrou campeã mundial de clubes em 1951... ou não...

quinta-feira, junho 09, 2016

Flashes Biográficos (10)... Anatoli Ilyin

Anatoli ILYIN (União Soviética): Na antecâmara do Campeonato da Europa de 2016 fazemos eco de uma figura que - talvez - para a esmagadora maioria dos (atuais) adeptos do Desporto Rei pouco, ou mesmo nada, diz, mas que na verdade é uma peça importante na história da competição mais importante da UEFA ao nível de seleções. Anatoli Ilyin de sua graça, sendo que um dos seus minutos de fama à escala internacional acabou por abrir as portas da realidade ao sonho de Henry Delauny. Bom, passemos à explicação deste enigma metafórico. Na primeira metade dos anos 50 do século passado o francês Henri Delauny, então secretário-geral da UEFA, propôs a criação de um campeonato que agregasse todas as nações europeias, uma ideia que no entanto, e inicialmente, não seria muito bem acolhida por muitos dos países integrantes do organismo que tutela o futebol do Velho Continente. Após muitas batalhas, e já depois do falecimento de Delauny, em 1955, a ideia ganha finalmente asas, e no Congresso da UEFA em 1957 é criada oficialmente a Taça da Europa das Nações, hoje denominado de Campeonato da Europa. 17 países abraçaram a nova competição, que teve o seu pontapé de saída um ano mais tarde, quando a 28 de setembro de 1958 a então União Soviética recebia no Estádio Luzhniki (Moscovo) a Hungria na primeira ronda a eliminar rumo às meias-finais, última fase esta que seria concentrada num só país. O sonho de Delauny era por fim realidade, o Campeonato da Europa estava em marcha. E quando estavam apenas decorridos quatro minutos desse (hoje) histórico desafio entre soviéticos e húngaros eis que Ilyin (que no terreno de jogo atuava como avançado) dispara o primeiro remate que teve como destino o fundo das redes magiares. Estava feito um golo... histórico. O primeiro golo da vida do Campeonato da Europa. Mais do que abrir caminho à vitória soviética nessa tarde, aquele golo desbravou o caminho até à consagração europeia da antiga União Soviética, o mesmo será dizer até à vitória final do primeiro Europeu da história, cujas meias-finais, ou fase final, como era encarada naquela altura, decorreram em França, precisamente o país que irá acolher o Euro 2016. Curiosamente, Anatoli Ilyin não fez parte do grupo que na noite de 10 de julho de 1960 foi coroado como Campeão da Europa no relvado do Parque dos Príncipes, em Paris. Nascido em Moscovo, a 27 de junho de 1931, Ilyin era um um homem talhado para os grandes momentos. Foi ele que em 1956 apontou o golo que deu a medalha de ouro à nação de leste nos Jogos Olímpicos de 1956, disputados em Melbourne. Dois mais tarde, na primeira aparição da União Soviética numa fase final de um Campeonato do Mundo, ele marcou o golo solitário no play off do Grupo 4 diante da Inglaterra que permitiu aos soviéticos avançarem para os quartos-de-final da competição. Ao lado de lendas como Lev Yashin, Igor Netto, ou Aleksei Paramonov, Anatoli Ilyin viveu a era dourada do futebol da antiga URSS no plano internacional. Defendeu a seleção do seu país em 31 ocasiões e apontou 16 golos. Curiosamente, a outra camisola que Ilyin vestiu com paixão e dedicação também era de cor encarnada, no caso a do Spartak de Moscovo, o clube do seu coração, o qual enquanto atleta defendeu em mais de duas centenas de ocasiões, tendo apontado 83 golos e vencido cinco ligas soviéticas e uma taça da antiga nação de leste. O homem que apontou o primeiro golo da história do Campeonato da Europa (nota: e não o irlandês Liam Tuohy, como durante muitos anos se pensou) faleceu a 10 de fevereiro deste ano de 2016.

terça-feira, agosto 04, 2015

Histórias do Planeta da Bola (14)... A Taça Latina (parte III)

Cartoon do jornal francês L'Équipe, com
a caracterização das principais estrelas
dos candidatos à conquista
da Taça Latina de 1955
Após um ano de interregno (1954) a Taça Latina voltou em 1955 a integrar o calendário futebolístico dos emblemas do sul do Velho Continente. Paris foi pela segunda vez o palco escolhido para que as estrelas dos campeões de Espanha, Itália, e França, respetivamente, o Real Madrid, o Milan, e o Stade Reims, medissem forças. A estes juntou-se aquela que haveria de ser a equipa sensação desta sexta edição da competição, o Belenenses, conjunto que chegava à capital gaulesa como vice-campeão de Portugal. O campeão nacional luso da temporada 1954/55, o Benfica, ao invés de lutar pela Taça Latina preferiu viajar até ao Brasil para disputar o Torneio Charles Miller, dai o nome dos azuis do Restelo ter figurado num cartaz de autêntico luxo, desde logo marcado pela presença na Cidade de Luz de um conjunto de estrelas do planeta da bola, de verdadeiros magos do futebol, entre outros o italiano Cesare Maldini, os suecos Nils Liedholm, e Gunnar Nordhal, o uruguaio Juan Schiaffino, o francês Raymond Kopa, os espanhóis Gento, Rial e Miguel Muñoz, e o argentino Alfredo Di Stéfano, este último para muitos era já o melhor futebolista do Mundo de então, e é nessa qualidade que chega a Paris debaixo dos holofotes da fama. Porém, nenhuma dessas estrelas brilhou de uma forma tão cintilante quanto a do belenense Matateu, o homem que encantou os parisienses com as suas arrancadas felinas e serpenteantes adornadas com a beleza do seu fortíssimo pontapé canhão

A imagem de Matateu a sair em
do terreno como sobrolho aberto
em consequência da violência madrilena 
Matateu saiu do anonimato para se tornar no jogador sensação do torneio, no mais aplaudido e também no... mais castigado pela dureza dos adversários. Matateu e Belenenses assumiram o papel mais relevante desta edição, pese embora o clube português não tenha ido além do último lugar da classificação final. Ficaram no entanto duas excelentes exibições, tendo a primeira delas ocorrida a 22 de junho diante do poderoso Real Madrid, conjunto que encontrava o Belenenses pela sexta vez na história, sendo que as cinco anteriores haviam sido em caráter amistoso, com o saldo de duas vitórias para cada lado e um empate. E contra todas as previsões iniciais no Parque dos Princípes o Belenenses soltou-se, partiu para cima do poderoso conjunto merengue, atacando sempre com muito perigo a baliza de Alonso. Di Pace e Dimas dispararam mesmo uma bomba cada um deles ao poste da baliza dos campeões de Espanha, e a avalanche azul era de tal maneira intensa que em múltiplos períodos do jogo os belenenses chegaram a ter 10 homens plantados no meio campo madrileno! E o sufoco era maior sempre que Matateu pegava na bola. Um autêntico quebra-cabeças para a defesa dos madrilenos ao longo dos 90 minutos. Perante a impotência em parar as investidas do génio nascido em Moçambique os defensores do Real Madrid só encontaram uma maneira de travar o endiabrado Matateu: recorrendo à falta. Ou melhor, recorrendo a violentas entradas, sendo que numa delas Marquitos colocou o astro moçambicano fora de combate durante sete minutos no sentido deste receber assistência – abriu o sobrolho e teve de ser suturado naquele instante com quatro pontos – fora do retângulo de jogo. O Belenenses jogava e o Real Madrid sofria, mas tal tendência não se viria a verificar no marcador, já que aos 14 minutos Zarragá bateu o guardião José Pereira e fez o primeiro tento da noite. Já no segundo tempo, aos 60 minutos, Payá ampliou a vantagem para os campeões de Espanha, garantindo assim a passagem ao encontro decisivo. Um triunfo falso, injusto, o qual não traduziu o que se passou em campo, conforme traduziu no dia seguinte a imprensa gaulesa. Quanto a Matateu, foi elevado à categoria de herói, de grande estrela do jogo, de tal maneira que o jornal Le Figaro escrevia no dia seguinte que: “Os portugueses tiveram um grande jogador: Matateu, sólido de pernas e senhor de assombrosa agilidade”. Já a revista Miroir Sprint dizia que “Di Stéfano perdeu o sorriso devido ao negro Matateu”. A estrela argentina havia sido eclipsada pelo grande Matateu. 
 
Milan e Stade Reims lutam
pela presença na final
No outro duelo da meia-final houve a necessidade de se realizarem dois prolongamentos para apurar o outro finalista, sendo que ao minuto 148 o Stade Reims de Raymond Kopa e do mestre da tática Albert Batteux fez o 3-2 final com que afastou o Milan do jogo decisivo.
E na partida de apuramentos dos terceiros e quarto lugares o futebol harmonioso do Belenenses voltou a pairar sobre o relvado do Parque dos Princípes diante dos milanistas. Os portugueses jogaram melhor, dominaram, mas... era o Milan que marcava. Aos 16 minutos os italianos abrem o marcador, mas pouco depois o árbitro anula mal um golo aos belenenses, de nada valendo os protestos destes. Aliás, queixas em relação à arbitragem o Belenenses teve de sobra, sobretudo no jogo diante do Real Madrid, onde o juiz fez vista grossa à violência dos madrilenos sobre os lusos. Mas voltando à partida ante os italianos, aos 75 minutos estes aumentam a vantagem, mas volvidos apenas dois minutos aparece o génio de Matateu, que um pouco combalido devido às violentas entradas que havia sofrido na véspera realizou uma exibição um pouco mais contida em relação ao jogo com os espanhóis. Mesmo assim foi aplaudido entusiasticamente pelo público parisiense, sobretudo após o magistral passe que fez a Dimas para este reduzir a desvantagem. Porém, aos 83 minutos o Milan sentenciou o jogo com o 3-1 final, mais um resultado injusto para aquilo o que se verificou no relvado, onde os portugueses foram nitidamente melhores. O último lugar da classificação esteve longe de refletir o que os azuis do Restelo fizeram em campo, muito longe.
Capitães do Stade Reims e do Real Madrid
cumprimentam-se antes da final
No dia 26 de junho Real Madrid e Stade Reims subiram ao relvado da catedral do futebol francês para discutir o título. Héctor Rial seria a grande estrela da noite ao apontar os dois únicos golos do encontro – um em cada metade – a favor dos merengues que assim venciam a sua primeira Taça Latina. Este seria o primeiro encontro entre Real Madrid e Stade Reims no espaço de um ano, já que em 1956, naquele mesmo local, ambos os conjuntos voltariam a encontra-se numa final, desta feita na primeira edição da recém criada Taça dos Clubes Campeões Europeus (TCCE). Este seria na verdade o início de um reinado de sete anos consecutivos dos madrilenos na Europa do futebol, já que à Taça Latina de 1955 o clube presidido então por Don Santiago Bernabéu somou seis TCCE consecutivas até 1960! Foi obra!


Nomes e números:

Meias-finais

Recortes da imprensa a dar eco da epopeia do Belenenses e de Mateteu em Paris
Real Madrid (Espanha) – Belenenses (Portugal): 2-0
Stade Reims (França) – Milan (Itália): 3-2

Jogo de apuramentos dos 3º e 4º lugares

Milan (Itália) – Belenenses (Portugal): 3-1

Final

Real Madrid (Espanha) – Stade Reims (França): 2-0

Data: 26 de junho de 1955
Estádio: Parque dos Princípes, em Paris (França)
Árbitro: Joaquim Campos (Portugal)
Real Madrid: Juan Alonso, Joaquín Navarro, Joaquín Oliva, Ragel Lesmes, Miguel Muñóz, José María Zárraga, Luis Molowny, José Luis Pérez Payá, Alfredo Di Stéfano, Héctor Rial, e Francisco Gento. Treinador: José Villalonga.

Stade Reims: Paul Sinibaldi, Simon Zimny, Robert Jonquet, Raoul Giraudo, Armand Penverne, Robert Siatka, Michel Hidalgo, Léon Glovacki, Raymond Kopa, René Bliard, e Jean Templin. Treinador: AlbertBatteux.

Golos: 1-0 (Rial, aos 7m), 2-0 (Rial, aos 69m).
A equipa do Real Madrid que em 55 venceu a sua primeira Taça Latina

1956 e 1957: O eclipse da Taça Latina perante o brilho da recém-criada Taça dos Clubes Campeões Europeus

Na primeira meia-final o Milan bateu o Benfica...
A criação da Taça dos Campeões Europeus (TCE) por intermédio da UEFA na temporada de 1955/56 apressou a queda da Taça Latina. Os campeões nacionais do sul do Velho Continente depressa perceberam que a competição uefeira era bem mais atrativa e competitiva que a Taça Latina, uma prova restrita a quatro participantes, pouco competitiva, em contraposto com a TCE, um certame sonhado para todos os campeões nacionais da Europa, bem mais competitiva, como tal. O desinteresse pela Taça Latina verificou-se desde logo na edição de 1956, quando apenas dois dos quatro campeões nacionais dos países que integravam a competição criada em 1949 mostraram vontade em participar. Nice (França) e Athletic de Bilbao (Espanha) foram os dois campeões nacionais que aceitaram deslocar-se a Milão, a sede da sétima edição do certame. Quanto aos restantes envolvidos, o Benfica representou Portugal em substituição do campeão FC Porto que preferiu concentrar-se na competição da UEFA, ao passo que o Milan representou Itália, já que o campeão transalpino de 55/56, a Fiorentina, decidiu poupar forças para a TCE da época seguinte. 
 
... enquanto que na segunda os bascos do Athletic
despacharam os gauleses do Nice
No dia 29 de junho subiram ao relvado da Arena Civica as equipas do Benfica e do Milan, tendo o conjunto italiano sido muito superior ao português ao longo dos 90 minutos. Sob o olhar de 5000 espetadores o primeiro golo surgiu aos 18 minutos, por intermédio de Mariani, após cruzamento de Frignani. A cinco minutos do intervalo o uruguaio Pepe Schiaffino – campeão do Mundo em 1950 – ampliou a vantagem perante a apatia dos lisboetas. Mário Coluna ainda reduziu a desvantagem pouco depois do início do segundo tempo, mas aquela era uma tarde em que futebol ofensivo do Milan haveria de dar mais frutos. Schiaffino voltou a fazer o gosto ao pé aos 12 minutos, para cinco minutos volvidos Caiado dar uma nova esperança ao Benfica após bater pela segunda vez o guardião Buffon. À passagem da meia hora da etapa complementar Bagnoli fez o 4-2 final que apurou os transaplinos para o encontro decisivo. Na outra meia final o Athletic despachou o Nice por duas bolas a zero.
A franceses e portugueses não restou outra alternativa senão lutar pelo último lugar do pódio, tendo havido a necessidade de se jogar um prolongamento de 30 minutos, já que no final do tempo regulamentar o marcador indicava um teimoso empate a zero bolas. No tempo extra a sorte sorrido aos lisboetas que na sequência de golos de Cavém e José Águas levaram para casa o terceiro lugar. 
 
Fase da final de 1956 entre milanistas e bascos
A final, disputada a 3 de julho foi resolvida nos últimos 10 minutos de jogo, isto porque até então o resultado era de 1-1, sendo que Bagnoli deu vantagem ao Milan aos 21 minutos e Artexte empatou aos 50. Aos 80 Dal Monte desfez o empate, facto que galvanizou ainda mais os italianos que a dois minutos do fim deram a última machadada nas aspirações dos bascos na sequência de um golo de Schiaffino que selou o triunfo milanista. Cinco anos depois a Taça Latina estava de regresso a Itália.
No ano seguinte a prova teve a sua derradeira aparição no calendário internacional. E se Madrid teve a honra de abrir as cerimónias ao receber a primeira edição da Taça Latina em 1957 teve a missão de dizer adeus à competição. Para a despedida a capital espanhola recebeu os quatro campeões nacionais dos países que deram vida à Taça Latina, nomeadamente, o Real Madrid (Espanha), o Milan (Itália), o Benfica (Portugal), e o Saint-Étienne (França). A final jogou-se entre as duas equipas ibéricas, tendo um lance genial do... génio Alfredo Di Stéfano decidido a contenda a favor dos madrilenos, que juntavam a Taça Latina à TCE conquistada nesse ano de 1957. E assim caia o pano sobre uma competição que apesar de ter tido vida curta conheceu múltiplos momentos de magia futebolística.

Nomes e números (edição de 1956):

Meias-finais

Milan (Itália) – Benfica (Portugal): 4-2
Athletic Bilbao (Espanha) – Nice (França): 2-0

Jogo de atribuição dos 3º e 4º lugares

Benfica (Portugal) – Nice (França): 2-1

Final

Milan (Itália) – Athletic Bilbao (Espanha): 3-1

Data: 3 de julho de 1956
Estádio: Arena Civica, em Milão (Itália)
Árbitro: Maurice Guigue (França)

Milan: Lorenzo Buffon, Eros Fassetta, Francesco Zagatti, Nils Liedholm, Cesare Maldini, Luigi Radice, Amos Mariani, Osvaldo Bagnoli, Giorgio Dal Monte, Juan Alberto Schiaffino, e Amleto Frignani. Treinador: Héctor Puricelli.

Athletic Bilbao: Carmelo Cedrún, José Orúe, Trapeo, Mauri Ugartemendia, Jesús Garay, José María Maguregui, José Artetxe, Felix Markaida, Eneko Arieta, Ignacio Uribe, e Piru Gaínza. Treinador: Ferdinand Daucík.

Golos: 1-0 (Bagnoli, ao 21m), 1-1 (Artexte, aos 50m), 2-1 (Dal Monte, aos 80m), 3-1 (Schiaffino, aos 88m).
O onze do Milan que venceu o Athletic de Bilbao na final de 1956

Nomes e números (edição de 1957):

Meias-finais

Benfica (Portugal) – Saint-Étienne (França): 1-0
Real Madrid (Espanha) – Milan (Itália): 5-1

Jogo de atribuição dos 3º e 4º lugares

Milan (Itália) – Saint-Étienne (França): 4-3
Final

Real Madrid (Espanha) – Benfica (Portugal): 1-0

Data: 23 de junho de 1957
Estádio: Santiago Bernabéu, em Madrid (Espanha)
Árbitro: Marcel Lequesne (França)

Real Madrid: Juan Alonso, Manuel Torres, Marquitos, Rafael Lesmes, Miguel Muñóz, Antonio Ruiz Cervilla, Joseito, Raymond Kopa, Alfredo Di Stéfano, Héctor Rial, e Francisco Gento. Treinador: José Villalonga.

Benfica: José Bastos, Francisco Calado, Manuel Francisco Serra, Ângelo, Zézinho, Alfredo, Francisco Palmeiro, Mário Coluna, José Águas, Salvador Martins, e Domiciano Cavém. Treinador: Otto Glória.

Golo: 1-0 (Di Stéfano, aos 50m).
Real Madrid posa para a eternidade com a última Taça Latina da história