«[...] Em Robben Island, nos anos 70, os homens do ANC recitavam Shakespeare, e liam-no através de um exemplar das "Obras Completas" que pertencia a um dos militantes, Sonny Venkatrathnam. Venkatrathnam disfarçou a capa do livro, um capa dura, com ilustrações de divindades hindus, e disse que era um livro de textos sagrados. Com a espessura típica dos burocratas, os carcereiros nunca espreitaram para dentro das páginas. Na verdade, não se tratava de uma mentira. O livro era, para os encarcerados, um texto sagrado. [...]
Clara Ferreira Alves, «O grande Mandela», Expresso, 7.XII.2013