Um espírito escreve uma carta, despedindo-se da rapariga com quem se encontrara, e que lhe lembrara uma outra que beijara no bosque de Turó del Mig (que suponho fique para os lados de Barcelona) -- com o pormenor de que esta, quando o espectro-narrador redige a missiva, «deve[ria] ser já avó.»
Início: «Poderia ter feito de ti um fantasma, mas eu amava a tua realidade.»
um parágrafo: «Vejo-me obrigado a dizer-te adeus... Se te houvesse convertido num fantasma, talvez um dia qualquer nos encontrássemos juntos para além do satélite artificial que os americanos querem atirar para o espaço: seríamos como dois lençóis flutuando entre a terra e a lua; talvez uma noite qualquer provocássemos um eclipse.»
Fèlix Cucurull, «Carta de despedida», tradução de Manuel de Seabra ["Antologia do Conto Moderno"], Coimbra, Atlântida, 1959, pp. 81-85.