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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

microleituras

A história descarnada de Felicidade, a pobre alma simples, pura e ingénua, uma criada-de-servir, uma sopeira, cujo trajecto humílimo pela existência nos é contado pelo criador da Bovary, veio-me logo à memória Homer Clapp, a personagem do comovente poema de Egar Lee Masters. Felicidade, tal como Homer é um desses bobos da vida, alguém que transita do berço ao túmulo, à espera -- ou desesperando -- que a vida lhe seja compassíva. No meio de todo este desengano, Flaubert, esse perverso desalmado -- consegue arrancar-nos algumas gargalhadas. Uma Alma Simples é um dos Trois Contes, publicados em 1877.

incipit: «Durante meio século as donas de casa de Pont-l'Evêque invejaram à senhora Aubain a sua criada Felicidade.»

ficha
Autor: Gustave Flaubert
título: Uma Alma Simples
tradução: Avelar Nobre
colecção: «Mosaico -- Pequena Antologia de Obras-Primas»
editora: Fomento de Publicações
local: Lisboa
ano: s.d.
impressão: Soc. Industrial Gráfica, Lisboa
capa: Bernardo Marques
págs.: 47

sábado, 11 de janeiro de 2014

só papel

imagem daqui
«Em relação a Flaubert nunca nada durou muito tempo. Morreu há pouco mais de um século e tudo o que deixou foi papel. Papel, ideias, frases, metáforas, prosa estruturada que se transforma em som. Isto é precisamente o que ele teria querido; só os seus admiradores é que sentimentalmente se queixam.»

Julian Barnes, O Papagaio de Flaubert (1984)
tradução: Ana Maria Amador


sábado, 28 de dezembro de 2013

estátua: a de cima, a permanente, a sem estilo

«Vou começar pela estátua: a de cima, a permanente, a sem estilo, a que chora lágrimas de cobre, a que lega à posteridade a imagem circunspecta de um homem com um laço desajeitado, colete quadrado, calças largas como sacos, bigode em desalinho. Flaubert não corresponde ao olhar. Olha fixamente para Sul, da place des Carmes em direcção à Catedral, por sobre a cidade que desprezou, e que, por sua vez, o ignorou largamente. A cabeça está a uma altura proibitiva: só os pombos podem ver a extensão total da calvície do escritor.»

Juçian Barnes, O Papagaio de Flaubert (1984)
tradução: Ana Maria Amador