As Memórias da Grande Guerra (1919), de Jaime Cortesão -- obra-prima absoluta pela densidade poética que empresta ao testemunho vivido e sofrido, e pelo altíssimo valor literário. Oficial-médico voluntário na Flandres, tomou parte na sangrenta Batalha do Lys (na qual viria, aliás, a perder os apontamentos para estas memórias, reconstituídas com recurso a cartas e às reminiscência desta experiência-limite). Relato impressionante e inesquecível, apesar de alegremente desconhecido da maior parte dos leitores portugueses, o centenário que se avizinha é um bom pretexto para a reedição; embora não devêssemos necessitar de efemérides para ler, fruir e cultivar o que de melhor a nossa literatura tem.
«Direi apenas o que vi e ouvi. Sofri demais para poder mentir.»