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quinta-feira, 15 de março de 2012

Infecção Industrial



Foram os Throbbling Gristle, no final dos anos 70 do século passado, que cunharam o termo “Industrial” à nova música realizada por uma geração que gozava de novas formas de tecnologia para criar e difundir música. Estávamos na Era da Informação a poucas décadas da nossa Era Digital. O termo musical relacionava-se com a Revolução Industrial, em que a relação do "homem-músico" com as máquinas iria mudar tal como a partir do século XVIII a vida do Homem mudou para sempre com as primeiras máquinas a vapor.

Apontemos à Revolução Industrial a poluição e ruído, o consumismo frenético, o aumento da área produtiva dos serviços, a não-especialização da mão-de-obra barata versus hiper-especialização de tecnocratas, a urbanização / abandono dos campos, a miséria e explosão demográfica, o aumento da velocidade dos transportes, o capitalismo moderno, a difusão de ideias democráticas e sociais, o nacionalismo e a militarização, etc... Após o Punk e o Industrial - impossíveis de as separar porque partilham o mesmo momento histórico e modelos de produção - iremos encontrar mudanças na música: uso do ruído das máquinas e processos mecânicos (concretos), consumo excessivo facilitado com a oferta de auto-edição e edição independente, produção e disseminação através de tecnologia caseira (o gravador de k7, o estúdio caseiro, o “tape-trading”), aumento de artistas “não-músicos” (sem qualificações académicos ou formação), invenção de instrumentos e o uso de objectos como instrumentos (como o gira-discos), auto-gestão, fetichização por objectos de culto (edições limitadas), segmentação dos públicos (tribos urbanas, subculturas, elitismo), ritmos maquinais (techno), uso de multimédia e performance ao vivo, o sampling, a remix e o mash-up,...

Após a sua origem o “Industrial” vai ser encontrado em quase todos os aspectos da vida cultural. Pode ser encontrado no Hip Hop dos Public Enemy, no Dub de Techno Animal, e claro no Noise de Merzbow. Não seria descabido também dizer que o Industrial institucionalizou-se, pela forma Pop/ Rock – que pretendia destruir – nos milhares de discos vendidos de Ministry, Nine Inch Nails, Marilyn Manson e Rammstein. Pela pista de dança, como EBM, Gabba e Rave até ser transformada em música de carrinhos de choques – é especialmente grave esta facção de pimbas que chamam de Industrial ao Techno Gó-Gó…Pelos espectáculos circenses para massas fascinadas com a precursão de tachos e panelas, vassouras e latas do lixo. E por fim, as velhas bandas seminais ficaram “respeitáveis” e tocam nos dias de hoje em centros culturais de prestígio como Einstürzende Neubauten no Centro Cultural de Belém ou Throbbling Gristle (como X-TG) na Casa da música - aliás, até a razão deste artigo, os Sektor 304 também já tocaram lá.

Para além do que foi descrito nas linhas acima, para que serve o Industrial então? Qual o seu papel actual na música? Qual a sua relevância quando já sofreu mil metamorfoses e osmoses? Foi um movimento de vanguarda que está morto e agora é regurgitado em modelos mais limpos? Camuflou-se no seio do pós-modernismo? Ainda faz sentido vestir fatos de Nazis ou de Sovietes num concerto? Ou mostrar imagens de massacres étnicos ou vivissecção de animais? Terá o Industrial a missão politica de combater os Totalitarismos tal como o Black Metal tem como bandeira o Grande Cabrão ou os Straight-Edge o Veganismo e outros ismos?

Não sei nem creio que os Sektor 304 tenham as respostas para tal. De créditos firmados vão no seu quinto registo em disco, sendo já o segundo a ser lançado pela Malignant, editora norte-americana que é uma referência no pós-Industrial e outros “Darkismos”. A banda foi criada por João Filipe e André Coelho – grande ilustrador que tem participado nas antologias da Chili Com Carne – e passaram a quarteto neste novo disco, Subliminal Actions, com a inclusão de Henriques Fernandes e Gustavo Costa - um Gorbachev na música portuguesa! O som da banda tem sido comparado à génese do Industrial pelo facto de terem contrariado a tendência generalizada de fazer música de forma electrónica e digital. Os Sektor 304 perceberam que existe vida para além dos computadores e foram à raiz analógica desse som inaudível, violento e barbárico dos primeiros tempos de SPK ou Laibach. Podemos ouvir milhares de discos de Noise e Industrial nos dias de hoje mas são poucos os discos que nos marcam porque tal como 90% da produção musical nos dias de hoje, o digital prevalece e apaga os registos orgânicos da gravação – e não é por James Plotkin ter masterizado o disco que há muito tempo não se notava a diferença electro-acústica entre os Sektor 304 e os seus “concorrentes industrialitas” (ou de outros géneros musicais). Não há sinal digital que consiga ultrapassar uma amplificação de uma chapa de metal encontrada na rua a ser torturada com uma serra ou uma lima.

Sektor 304 é um monstro parido do universo de H.P. Lovecraft com a sordidez do desastre de Fukushima. As patadas desta besta sonora vêm do tribalismo rítmico de África – aliás, tudo (música ou não) vêm de lá! Esta associação e influência africana era assumida pelos primeiros músicos de Industrial, ao contrário das novas gerações embasbacadas pelos uniformes dos regimes totalitarismos ou o látex S/M que acham que a música Industrial é “branca”. Há de agradecer aos Sektor 304 nem que seja só por nos recordarem isto, desde 2009 aquando do álbum Soul Cleasing.

A juntar à violência física da besta, ainda somos obrigados a visitar as dimensões fatais de um outro mundo através do psicadelismo dos baixos e dos “noises” tão em voga dos dias de hoje. Há um momento alto no disco para quem não suporta apenas “psico-barulheira” – admito que o disco é longo e pesado - é o tema By the throat, verdadeira festa polirítmica com quatro registos vocais em discussão – em que o gutural Death (cortesia do vocalista dos Genocide) e o vampirizado Black ganham a batalha e são uma lufada de ar fresco para quem está habituado a ouvir o Industrial como algo cristalizado.

Não consigo deixar de relacionar a música Industrial com o que Alan Moore escreveu no prefácio de V for Vendetta, livro publicado no final dos anos 80 mas escrito pelo autor britânico nos inícios dessa década. Escrevia ele que achava as premissas do argumento dessa BD eram ingénuas – fruto da sua jovem idade – como pensar que seria necessário um Inverno Nuclear para que o Fascismo se pudesse instalar. A música Industrial em 1976 alertava do perigo do Fascismo disfarçado de Big Brother no futuro. Trinta anos depois este estilo de música espelha-se de uma forma deformada. Realmente o Fascismo já se instalou, invés de estender “fachos” temos bandeiras (de eventos desportivos, casamentos reais ou visitas do Porco-Mor Católico) nas janelas e varandas, vivemos reprimidos pelo Estado e grandes empresas (em que a vigilância é feita por nós próprios cidadãos censores e bufos), somos alienados por uma cultura hedonista, uma economia poluente em plena colisão entre a sofisticação técnica e a degradação humana. Se o Industrial ou os Sektor 304 têm alguma raison d’être em 2012 é porque simbolizam um “retro-futuro” ou um “Futuro Primitivo” (se me permitirem a “publicidade” a uma antologia de BD organizada por este vosso escriba e que André Coelho também participou) situada entre as maravilhas do mundo digital e o entulho dos excedentes… industriais.

Esta música “industrial” dos Sektor 304 simboliza (mais uma vez) o acidente que está para vir. Se o Apocalipse ainda não apareceu pelo menos já compôs a sua banda sonora. Então, que raios faz esta pérola na periferia da Europa onde ninguém lhes liga? Os gajos deviam era meter-se a caminho de Moscovo num tractor quitado a puxar um atrelado com a a banda em cima a tocar “non-stop”. Esta digressão Porto/ Moscovo devia-se chamar “Born Again Chernobyl” e anunciaria o Apocalipse, sendo a banda os seus Anjos bíblicos anunciadores – sugere-se o uso de Homens-Salsichas disfarçados à Gwar na dianteira do tractor! But I digress…

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Sector paralelo



Sektor 304 : Communiphones (New Approach; 2014)

O Estado português quer combater a economia paralela quando é esta que faz mexer o planeta com as coisas boas que há na vida ou que pelo menos nos fazem sentir bem (esmolas, "benefits", putas, drogas, armas, jogos, etc...) sem mexer nas finanças dos ricos (essas muito mais paralelas que um gajo de uma oficina ou de um café) e oferecendo automóveis de luxo para quem pedir facturas de pintelhos - carros de luxo!? isto sim é que me parece uma economia paralela! O que isto tem haver com este CD de Sektor 304? Nada! É só porque este disco não me bateu e não sei o que dizer dele...
É um disco "paralelo" ao que a banda tem feito, isso sim dá para perceber. Os Sektor 304 começaram por ser um duo (o João Pais Filipe e o Camarada Coelho) e passado uns discos passaram a quarteto (com a inclusão de Henrique Fernandes e Gustavo Costa) mas neste disco temos uma gravação de 2012 na onda de "dark ambient" feito só por Coelho e Costa (soa mal escrito assim, parece nome de uma funerária) mas assinaram na mesma como Sektor 304. O som nada tem haver com aquele Industrial Tribal caraterístico da banda e se eu fosse burro diria que estava a ser enganado - ou achar que o Zamia Lehmanni - Songs Of Byzantine Flowers não faz parte da discografia dos SPK (e o mesmo para o Metal Machine Music no caso do Lou Reed), ou seja, que uma banda não se pode expressar de outra forma que não seja pela tabelinha de convenções criadas por si quando era sete ou nove anos mais nova.
Para quem quiser levar com um ferro na tola neste CD não terão essa sorte, muito pelo contrário, é mais para estar a planar no sofá pensando em comboios suburbanos e o cinzento do quotidiano. Ou então se a cabeça estiver mais para lá do que para cá pode ser a banda sonora do Terminal Tower (publicidade não intencionada) porque passa por terras pós-apocalipticas com os restos mortais de civilização. Como ainda tive oportunidade de ir para o sofá ouvir com atenção não estou muito sensibilizado para isto. Uma oportunidade perdida? [Não sabe / não responde]

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Sector separado



Dissecting Table / Sektor 304 : Utopia / Decay (Malignant; 2014)

Desta vez é mesmo um split-LP, ao contrário do LP com Le Syndicat. Japonoca cota de um lado, jovens portugueses do outro. Assumidamente diferentes em todos os sentidos.
O japonês oferece um caleidoscópio de glitches flipantes longe dos tempos mórbidos do início da sua carreira, primórdios esses que bem devem ter influenciado os Sektor 304. E realmente é aqui, na cena Dark da coisa que a velha questão portuguesa volta a estas resenhas ou seja a incapacidade dos portugueses de mexerem a anca. É claro que os Sektor não estão interessados nisso, eles querem é ser má-onda e sincopados mas quando estamos em contacto com um LP que tem trabalhos de duas nacionalidades, e apesar do trabalho de um artista não pode ser metido em gavetas que possam ser catalogados de ser de X país (um verdadeiro artista não têm pátria!), a verdade é que se sente aqui a diferença entre um trabalho "estrangeiro" e um "nacional".
A "nossa" tendência é para a "decadência" (o título da parte de Sektor não engana, tal como o título da parte estrangeira também não) e para a melancolia, nunca para a "velocidade" ou para a alegria... O que os Sektor fazem, fazem-no muito bem e não é à toa que estão na Malignant, uma editora norte-americana de referência do Dark / Industrial mas o ganho deste LP para mim é Dissecting Table a trazer uma loucura psicadélica que tanto tem de Noise como de Groove, de Punk como de Free ou de Industrial como de Techno... como se o caos urbano mítico de Tóquio entrasse pelo gira-discos com um "kick" de açucar, MDMA e Energy Drinks manhosas. Para o contraponto ficam os Sektor 304 a fazer algumas das melhores malhas dentro do género mas que podem significar o fim da linha - depois disto, onde mais poderão ir!? Os quatro temas parecem ser uma única faixa de ressaca que nos diz se curtes tanto o Japão porque não vais pra lá lamber o chão de Fukushima? Agora pensa...

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

2006 é que foi!

O que aconteceu em 2006? Alguns dos melhores álbuns foram feitos nesse ano, ou melhor, foram editados os álbuns de maior ruptura Pop/Rock em Portugal... Dúvidas? O Ex-Peão (mega-bomba!), Buraka Som Sistema (finalmente o reencontro africano), Nigga Poison (grandes malhetes!), FlorCaveira (na fase Panque Roque do Senhor, antes das banhadas cantautorais posteriores) e ainda no outro lado do cérebro ainda houve a excelente estreia de Most People Are Trained to be Bored e o visceral Limb Shop dos Mèchanosphère. Neste saco de 2006 (e para o lado esquerdo) ponham ainda os Jazz Iguanas, sff.
Banda de "falso Jazz", que de alguma forma vai fazer contacto com os Lounge Lizards, formado por membros de Mão Morta e que editaram um álbum homónimo pela Cobra nesse mesmo Ano do Senhor de Dois Mil e Seis. Apoia-se em Electrónica que não passa por batidas xunguitas mas antes por pequenas abstrações com cheiro a Jazz, Prog e qualquer coisa que tenha sintetizadores avariados. São 14 erros informáticos a serem suportados por um Jazz tradicionalmente parvinho mas que resulta em mais de meia-hora de falso wallpaper e de falso chill out, tipo prenda-envenenada. Uma verdadeira surpresa vinda da máquina do tempo!

E por falar de Most People Are Trained to be Bored (projecto de Gustavo Costa) eis que ele volta aos álbuns com Radialstereometric (Sonoscopia; 2012). É um disco mais radical que a estreia, e radical não significa ser mais barulhento, muito pelo contrário, a exploração sonora (que já se pode falar como género per se) atravessa por mais espaço/tempo, mais minúcia e menos ritmo, ambientes mais detalhados e claro uma dor de cabeça a meio, ou melhor, uma dor de ouvidos, pelos 8 minutos de feedback / som branco ou lá o que é do último tema, que dá título ao álbum. Por causa dos oito minutos desse tema nunca mais deverei ouvir o disco... Hum... afinal sempre é mais barulhento ou extremo que outro? Não sabe / não responde.
Entretanto Gustavo com mais "dois monstros brancos" (e agora todos fazem parte de Sektor 304 mas já lá iremos) são os Radial Chao Opera que lançaram o segundo disco Dve Két (Sonoscopia; 2012), que engana à primeira audição, pensa-se em Most People (...) nem que seja pelas embalagens partilharem um formato comum. Mas pouco a pouco as diferenças emergem, RCO pretende ser uma recolha de música do mundo falsa, provavelmente situada numa praia cheia de lixo entre o Bali e o Mali. Talvez soa melhor do que a esta reles descrição... Sim é música do mundo mas para o Xamã fazer o Upload Sagrado e não para o ritual de acasalamento entre os jovens da tribo, claro!

Eis a surpresa deste ano: os portugueses Sektor 304 e o projecto francês Le Syndicat juntaram-se para fazer o LP Geometry Of Chromonium Skin (Rotorelief; 2013). Antes demais não é um "split-album" na tentativa da banda nova (os Sektor) ganhar público com o velhinho (Syndicat), ou vice-versa, como acontece com muitos discos chatos que andam por aí. É antes um disco de fusão de ideias entre dois projectos de música Industrial em que perdem as suas identidades para criarem uma obra. Se Sektor 304 tem vindo a criar uma discografia de qualidade em que mostra que a recuperação do estilo Industrial não passa por meros revivalismos, este é mais um exemplo do que se pode fazer algo excitante sem se cristalizar. É um disco que o corpo não vai ser moído pelas batidas tribais da chapa metálica e berbequim na caveira. A cabeça é que vai andar à roda pela viagem nos labiríntos sonoros que nos oferecem dentro de cada das cinco faixas. Exemplar!!! Resta dizer que a encarnação dos Sektor neste disco inclui os actuais quatro elementos e duas vozes, uma masculina e uma feminina. Para heresia maior, como é um LP podemos meter em rotações mais rápidas e o disco ganha um groove porreiro! E por favor, oiçam isto em vinil, o som ganha espaço e profundidade que não se consegue em digital!

O mesmo acontece com o disco de estreia de Surya Exp Duo, Trigunam (Lovers & Lollipops; 2012) para que o psicadelismo nos invada. Pela capa já perceberam que a viagem é para os anos 70 e para a Alemanha do Rock, e apesar de estéticamente tudo nos transportar para algo que já foi feito - que geralmente é o meu ponto de raiva contra os discos que são réplicas de outros passados - há algo de vivo e estranho neste ao ponto de não ficar irritado com ele. Muito pelo contrário gosto de o ouvir. Talvez seja porque nunca ouvi Tangerine Dream ou Amon Düül assim tanto como isso. Ou Ravi Shankar e outras freaquices que a costeleta de Punk besta proibia. Nada como ficar velhote para ganhar o terceiro ouvido - mas não o de Sterlac! Meu, até pela capa retro-horrível tenho simpatia!

Por fim, Joana Sá tem um novo disco, outra vez pela Shhpuma, um álbum a solo intitulado de Elogio da Desordem / In praise of disorder. Um trabalho magnífico de piano semi-preparado e outros instrumentos todos tocados por Sá, em que peca pela inclusão de textos de Gonçalo M. Tavares (ei! M ponto de quê?) recitados por Rosinda Costa que não adiantam em nada e soam a teatro da sarjeta e da depressão, e ainda pela performance das sirenes (Satie já foi, please!) que são estridentes, irritantes e kitsch. Estas duas manchas transformam a intensidade do trabalho numa paródia à Spike Jones que se fosse a intenção tudo bem, o humor nunca fez mal a ninguém, mas não sendo o caso, é apenas rídiculo e anacrónico. Por falar nisso, se este ano existe uma embalagem para CD que seja triste, então é esta! De quatro anos para cá apareceu em Portugal uma moda saloia pelos "livros de artistas",  das "edições limitadas" e do uso de métodos antigos e manuais de impressão (serigrafia, tipografia, gravura, etc...) e quem os produz julga que só pelo facto de se usar estas técnicas isso já justifica a qualidade da obra, o valor do trabalho ou do objecto. Infelizmente a maior parte da produção destes produtos gráficos são nulos (a grande excepção são os livros do André Lemos!) e a embalagem deste disco é mais uma monumental enrabanço dos "objectos únicos e manuais". Sinceramente era preferivel ter uma capa "clean" e industrial das produções Clean Feed / Shhpuma que esta bagunça produzida pel'O Homem do Saco... mas... e daí? Qual é mesmo o título deste CD?

Bom acho que vou ouvir umas batidas xunguitas que já chega de tanto toing toing toing toing toing toing!

quinta-feira, 20 de março de 2014

Negócios simples



A Tree of Signs : Saturn (Chaosphere + Raging Planet; 2014)
Sektor 304 : Engage... Forwards (New Approach; 2014)

Há realmente algo de desonesto nas bandas de Rock que gerem o seu nome de banda como se fosse uma empresa. Pouco importa se o vocalista bazou e voltou, continua a ser Iron Maiden com ou sem o pilas do Bruce. Continua a ser Sepultura mesmo que sobre praí um brasileiro na banda, etc... Acho que o único exemplo de integridade que conheço até é um exemplo português: Jorge Ferraz mudava o nome da banda sempre que um elemento saía, daí que tenhamos primeiro os Santa Maria, Gasolina em teu Ventre para depois passar a ser God Spirou e depois para Muad'Dib Off Distortion, Fatimah X, etc...
A verdade é que se ouve melhorias entre o meia-leca de LP de estreia dos A Tree of Signs e este novo single em que a vocalista mudou mantendo-se apenas os gajos feios de barbas que cuidam da bateria e guitarra. É estranho isto? É machismo? Não, é apenas... Rock'n'Roll bizzzzness! Avanti! Eis uma peça de colecção, um single com três temas tão retro como só o século XXI permite - mas ao menos não é Garage ou Blues - ir ao tempo setenteiro do Hard & Heavy, até porque está muito na moda na cena Metal. Temos uma banda mais coesa e groovie que na encarnação anterior mas ainda falta muito para soltar a franga. É preciso dar tempo, coisa que ninguém parece ter a julgar pelas ejeculações editoriais. Belo desenho de capa mesmo que "sobre-capitalizado" e especialmente bom o último tema do disco, Red Lune III, um instrumental de droneira tosca que rende ritualizações no sofá.
Quanto aos Sektor 304, a banda tem engordado as suas fileiras com mais membros - é um quarteto desde o segundo álbum "oficial" - e com isso tem alargado as veias dos primeiros registos que entravam em campos dogmáticos do Noise e do infinito sincopado ritmo tribal. Nestes dois temas do single recém-editado, sente-se aproximação a Metal Industrial que já o tema By the Throat (do tal segundo álbum "oficial") deixava adivinhar. Engage... Forwards parece ser um manifesto do que Sektor 304 pensa do que significa Industrial em 2014 - embora quase todos os seus discos sejam isso, manifestos para o futuro do Industrial. O lado B é uma regravação do tema Voodoo Machine (do Soul Cleansing) agora com os quatro elementos (na altura foi apenas com os dois elementos fundadores) e com uma atitude mais "live" da coisa. Um dos melhores projectos de música urbana portuguesa especialmente porque ninguém pode levar o Rock a sério nos dias que correm... Ainda assim, vale a pena rectificar que os Sektor nem estão nesse terreno pantanoso!

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Sector vivo



Sektor 304 : Live Reaction (New Approach; 2014)

É o primeiro disco ao vivo dos portuenses Sektor 304 já que não se pode considerar Transmissions como tal apesar de ser uma gravação de uma improvisação. Este é aquele clássico de banda Rock com o público a bater palmas sabe-se lá porquê depois de ter sido agredido com barulhos "industriais", chapas, lixo e plásticos amplificados, "power-electronics", baterias, contrabaixo e gritos metaleiros. Gravado no formato de quarteto, onde encontramos o Camarada André Coelho (co-autor do livro Terminal Tower), percebe-se que alguns temas são do ciclo de eventos Sonores mas não há mais referências  para saber concretamente quais os espectáculos que foram captados - quer dizer, se fosse cromo, fazia-me de "e-stalker" e procurava na 'net todos os concertos da banda (que nunca foram muitos, creio) entre 2010 e 2012 (a única referência dada no CD) e tentava adivinhar a coisa. Como é óbvio sou fã da banda mas também tenho mais do que fazer... e desconfio que o objectivo não foi marcar um momento anal mas antes fazer um disco que soe ao vivo no sentido de ser mais espontâneo ("rock"?) e menos "cavernoso", tanto que há uma falsificação assumida na forma como as faixas são coladas entre elas para parecer de que se trata de um documento único. Com mais temas do Soul Cleansing do que o Subliminal Actions também há espaço para "acções sem título" (improvisações) e o som está menos pica-miolos do que nos discos de estúdio, claro que quem "esteve lá" deve ter perdido mais algumas células auditivas - olha, que não fossem estúpidos e ficassem em casa à espera que este disco saísse!
E já agora, o CD também vale pela fotografia de Teresa Ribeiro que mostra finalmente a banda percebendo-se que são pelo menos três gajos com rabos-de-cavalo a foderem o palco...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Meter uma lança em África

Sektor 304 : Soul Cleasing (Malignant; 2009)

2009 pode ter sido um ano em que a música que consumi for quase exclusivamente nacional - o que não quer dizer que foi propriamente mau - mas o mais engraçado foi graças ao projecto semi-falhado Destruição ter descoberto o Rudolfo e o André Coelho, gajos do Porto que desenham pra caramba e que têm pancada para música extrema, em quer as músicas e desenhos (e bd's já agora!) que executam são caricaturais (no primeiro caso) e negras no segundo caso.
Para quem não percebeu, a metade dos Sektor 304 é o Coelho, que entretanto participou no MASSIVE e que assina a capa deste álbum de estreia (no sentido clássico, uma vez que houve CD-R's anteriores) editado pela norte-americana Malignant, perita em Darkismos neo-industriais. E é o que temos na mão, um disco brutal de Industrial "à antiga", para quem gosta dos primeiros dois discos de SPK, ou seja, temos aqui muito Noise misturado com batidas tribais (africanas? influência dos desenhos da embalagem dos disco?) feitas de instrumentos de restos urbanos o que os coloca fora da estática sonora e física "zero" do digital - embora também usem material digital nas músicas.
Sente-se o poder do "berbequim e da placa de zinco" num contínuo apocalíptico que só peca por não ter outras abordagens para além da revisão mítica das bandas seminais do género. O que não é necessáriamente verdade quando escutamos a faixa The Beast em que entra Hhy e dá uma nova dimensão (Dub) à coisa, lembrando os caminhos de Scorn. Lição aprendida, ela terá efeitos na última faixa do disco (Final Transmission) e também no futuro do grupo. Até lá é um grande disco de Industrial, de meter inveja a muitos meninos que andam por aí...

terça-feira, 19 de abril de 2011

Eu não quero ver o Porto a arder!


Foi um fim-de-semana brutal no Porto a da Feira do Jeco... Ainda estou a recuperar da cidade que têm mais arte por metro quadrado e a melhor música do país - bastou o concerto de HHY & The Macumbas na noite de Sábado para perceber isso.  Finalmente  consegui ouvir / ler as edições que trouxe de lá depois de tanta animação e festa como se pode ver pelas fotos tiradas pelo Ghuna X. Só o Jeco é que não entrou...

Para uma feira tão pequena teve até muitas novidades editoriais, alguns lançamentos ou pelo menos resumiu bem a cena independente do momento com especial enfoque no Norte, claro. Começamos pelos mais velhos, já lá vão quatro números da «revista de poesia» Piolho (Ed. Mortas + Black Sun; Mai'10-Mar'11) que na realidade é um fanzine fotocopiado A5 que ou sofre de falta de modéstia ou não quer criar ruído de comunicação à população (quantos sabem o que é um fanzine?). É uma reacção à ausência de publicações que publiquem poesia - género literário desdenhado pelo mercado - em que assume o papel da falência da Poesia sem pejo ao publicar num formato económico. Atitude lógica, o contrário seria o "zero" ou o "fim". Não sendo eu fã de Poesia é-me difícil considerar sobre os trabalhos publicados mas uma coisa é certa, sente-se energia por aqui!

Já é chavão que "a revolução não ser passada na televisão" - o que não é bem verdade, vide a "Primavera dos Países Árabes" - mas se dependermos de publicações como a EVUSP (Las Cucarachas) que no segundo número (Jan'11) é o mais certo que "Revolução vai passar nas revistas de novas tendências" de tão "clean" e "design" que é. Este zine é todo ele "esquerda" - contra o Capitalismo selvagem, contra a alienação,... - mas é tão "fashion" a nível de aspecto gráfico e sonoro - ah! sim, é acompanhado por um CD de "spoken-work" e poesia musicada - que acaba por nada trazer de novo para qualquer mente sabida. No fundo, tal como milhares de bandas de Death Metal ou de Hip Hop, é mais um grito de revolta mas que nada altera o estado das coisas. E eles próprios sabem o que está mal quando Chullage (muito à Saul Williams) diz/ escreve «não só pensamos com computadores, também pensamos como computadores». Exacto, esta "Expansão Violenta de Um Sentimento ou Paixão" precisa de carne, ossos, nervos, vómito, tudo ao natural sem corantes e conservantes, PVC, PC e mp3. No fundo, sendo este colectivo capaz de se esforçar para um objectivo comum - uma publicação que junta ilustração, poesia/literatura e som, e dentro do género (qual?) com pernas para andar - deveria era partir cabeça de como se parte o sistema. Invés de poesia revolucionária preferia saber se é possível arranjar um advogado que conseguisse acabar com os outdoors nas ruas, por exemplo. Ou que fizessem um workshop com putos para danificar cartazes publicitários. Isso sim seria um soco na besta capitalista!

O Rey fez o melhor vídeo de Hip Hop de sempre... mas também o álbum que mais me desiludiu... A sua estreia com Sua Alteza o Vagabundo (ed. de autor; 2011) é um álbum de Hip Hop igual a cem álbuns de Hip Hop Tuga (percebo agora o que o Ex-Peão queria dizer com isso). Talvez algumas frases sejam mais fortes mas o "blá-blá-blá" autofágico e paranoíco é de sempre - pergunto, mas quem são os gajos xungas da cena? porque têm eles tanta importância para estarem sempre a ser denunciados mas sem nomes explícitos? -, uma faixa com vozinha de ir ao cu R'n'B, uma falta de coragem em sair do normalizado beat (já para não falar das orquestrações dramáticas xungas ou a guitarra acústica "sensível"),... Inexplicável! Um tipo que faz o vídeo mais antagónico aos clichés do Hip Hop acaba por não conseguir sair da caixa. Só há "bring da noize" em Rua, verdadeiro hino ao graffiti, que chega às formas sonoras mais contemporâneas, que dá o power e o groove que as palavras de Rey precisam. Correm rumores sobre a participação do Rey com o Ghuna X talvez aí finalmente teremos algo "dread" à séria tal como o Ghuna conseguiu traduzir a M7 em algo decente. Já agora, ela e a Capicua, são as Sygyzy, dupla feminina que participam neste disco, e tal como Rey, apesar das letras cortantes não conseguem fugir às palas do Hip Hop convencional. Parece que há muito que o Hip Hop falha como linguagem plástica, o que não é de admirar, nascida quase ao mesmo tempo do Punk e do Industrial, ambas há muito que se tornaram caricaturas de si mesmo (Eminem, Rammstein ou Green Day). Viva o Breakcore!

E por falar nisso... o Rudolfo têm novo álbum! Só os panilas ainda não compraram esta joia de 8(hate)bit nacional, intitulado Vampiro do Gueto que apresenta um Rudolfo que já não tem 17 anos a dizer xixi cócó mas um rapazola a mudar a voz e a escrever letras semiópticas. A estupidez da juventude continua mas está em metamorfose, as borbulhas desapareceram mas nada indica que vai sair daqui uma borboleta. As letras parecem mais Dark (Teen Angst?) e correm o risco de ficarem "intelectuais", o que não é um problema mas o Rudolfo já não é Rudolfo. Já é o Rudeman ou o Rudolfão. A mudança ainda não é total porque ainda há aqui muitas músicas muito parvas, divertidas, "nerds" e porcas como Poder Lunar, que fala da série de anime Sailor Moon. Todos irão desejar que o Rudolfo fosse conservado em formol e que não crescesse mas infelizmente não é o que vai acontecer. Seria fixe ele arranjar um puto, em jeito de franchising, que fizesse de Rudolfo-de-há-um-ano para continuarmos a ter acesso a esse Rudolfo que já não existe - se os Devo fizeram isso porque não pode fazer o Rudolfo? Os valores de produção sonora elevaram - está mais clean, sem dúvida - enquanto os da embalagem mantêm-se grandes como sempre - quase pensamos que estamos a comprar um single em vinilo no primeiro contacto com o objecto.

Vale a pena ouvir este puto que já 'tá na universidade! Até porque isso não o impede de ser um hiper-activo na cena underground, quer na música quer na bd. Ainda há poucas semanas lançou o primeiro número do zine Lodaçal (Rurucomix). Iniciativa de se louvar que pretende ser uma antologia trimestral de bd. Em 36 páginas A5 reúne um misto de autores novos (Natália Andrade, Maré Odomo), novos mas activos (o próprio Rudolfo, Afonso Ferreira, Tiago Araújo), uns velhotes (Marco Mendes, Christina Casnellie,...) e o Ricardo Martins que não sei em que saco colocá-lo - porque raramente saí trabalho dele cá para fora, e que aqui participa com uma bd toda bem feitinha e isso tudo. É uma mistura estranha mas que mostra um panorama diversificado de estilos e de vontades. Estaremos perante um "great comix zine revival" com iniciativas tão sincopadas como alguns títulos do ínicio de milénio? Espero bem que sim! Próximo número já está programado para Junho!

Outra novidade do Jeco, uma recuperação de baú industrial, cortesia chifruda, de um split'CD-R de Derrame Sanguíneo e Sektor 304 cujas primeiras 50 cópias contem um fanzine de 20 paginas com textos de André Coelho e Gustavo Costa, assim como artwork exclusivo de Coelho e uma capa serigrafada nas Oficinas Arara. «Derrame Sanguíneo foi um projecto de Gustavo Costa (infame baterista de diversos projectos como Motornoise, Most People Have Been Trained To Be Bored or Lost Gorbachves) e Iur, um visionário / doido devoto ao Industrial. As faixas apresentadas neste projecto são as únicas gravações deste projecto e são um bom exemplo do Industrial feito em Portugal durante o final dos anos 90 e inícios do século XXI. Industrial do virar do século, repleto de vocalizações ásperas, palavras duras e batidas programadas odiosas.
A segunda metade deste split pertence a Sektor 304, um projecto bem mais recente que apresenta aqui 3 faixas exclusivas dos seus inícios, incluindo uma remistura da única gravação de Intonarumori, a banda imediatamente anterior a Sektor que continha nas suas fileiras membros como Tshueda (ex-Hospital Psiquiátrico) e J.A. (Wolfskin, Karnnos). Sucata, batidas tribais e ruído.» Press-realease dixit. E diz muito bem, ao ouvir estas peças do passado vamos mesmo de máquina do tempo para sons de "junk" a sério, imaginário Dark, sem tampões nos ouvidos... nada a declarar! Já agora podiam reeditar as gravações de Hospital Psiquiátrico que também merecem uma edição tão ilustre como esta!

Por fim, saiu mais um baralho de cartas de Ricardo Castro, Monstruário, continuando a adaptação de Maldoror. As minhas dúvidas persistem em relação ao projecto e à obra literária. O que posso dizer é que gostei mais deste baralho porque o desenho é mais desenho orgánico e menos "design". Acho que está muito melhor...

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Fezesbook


Apesar da bíblia fatalista (redundância, qualquer texto sagrado é fatalista) Retromania de Simon Reynolds insistir na impossibilidade de novas revoluções na música e que assistimos a mera combinações e fusões de estilos de música devido à enorme mediateca que o século XX e XXI criou. Pode ser até verdade mas talvez fosse altura de assumir o "mutant dancefloor" (cito DJ Balli) como o denominador comum e/ou unificador que pode trazer à baila projectos tão diferentes em coordenadas geográficas, estéticas, sonoras e logísticas como Putan Club, Sly & Familly Drone, The Ex com Getachew Mekuria, Golden Teacher, Älforjs, 10 000 Russos, Albatre, Kufuki, Bernardo Devlin, HHY & Macumbas, Sektor 304 / Le Syndicat (o disco), Jazz Iguanas, DJ V/A, Lace Bows...
Ontem apareceu mais um grupo para meter neste saco de incongruências, apareceu é como quem diz, vi eu ontem um concerto dos noruegueses Ich Bin N!ntendo - e que vão tocar nos próximo 3 dias pelo país, Milhões incluído. Imaginem uns putos a lembrar The Fall mas com a segurança técnica de quem veio do Free/Noise/Improv, ou seja, fazem um post-punk tão certeiro mesmo quando passaram o tempo inteiro a improvisar... Vê-los a tocar é o "must", cheios de trejeitos do Rock mas com a energia necessária para não deixar ninguém indiferente - o baixo deles é letal! Em disco parece mais histérico e rápido do que ao vivo mas admito que ainda não tive tempo para respirar e pensar muito no assunto. Ah! falo de Lykke lançado pela portuguesa Shhpuma. Mas ide aos concertos primeiro... depois falamos.

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

ACEDIA de ANDRÉ COELHO - últimos 20 exemplares



Acedia é um livro de André Coelho e na realidade o seu verdadeiro primeiro livro a solo - os outros livros foram colaborações como, por exemplo, o caso de Terminal Tower com Manuel João Neto...

Acedia é um romance gráfico que foi o vencedor do concurso Toma lá 500 paus e faz uma BD de 2015 e juntou-se, na altura, a uma série de livros da Chili Com Carne que resultam dos resultados desse concurso onde vamos encontrar O Cuidado dos Pássaros / The Care of Birds (vencedor de 2013) de Francisco Sousa LoboAskar, O General de Dileydi Florez e O Subtraído à Vista de Filipe Felizardo.

Um livro que consegue estabelecer um equilíbrio entre experimentação e tradição na banda desenhada estabelecendo um paradoxo entre a sua energia criativa com o ambiente mórbido da narrativa. Especulamos que a personagem do livro seja um alter-ego do autor e que alguns episódios sejam autobiográficos mas na essência estamos no domínio da ficção - ou da auto-ficção?

Sinopse: Um homem, Daniel, sofre de distorções na sua percepção visual devido a um corpo estranho alojado algures na cavidade ocular. Apesar da insistência das notificações hospitalares para dar início aos seus tratamentos, ele vê-se confrontado com a hipótese das suas alucinações estarem a proporcionar-lhe uma fuga para uma nova percepção da realidade. Daniel terá que optar entre encarar a sua doença como um sinal evidente da sua mortalidade ou como uma intensificação da vida.


Eis algumas páginas da obra:


104p. (muito) preto e branco 18x24,5cm, 500 exemplares

O concurso 500 paus tem o apoio IPDJ e de todos os associados da Chili Com Carne.

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à venda na loja em linha da Chili Com Carne e nas lojas BdMania, Mundo Fantasma, ZDB, Linha de Sombra, Tigre de Papel, Utopia, Snob, Tinta nos Nervos, Rastilho e Tortuga. E nunca na FNAC...

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Historial 

Lançado no dia 6 de Outubro 2016 no Lounge Lisboa com actuações dos Smell & Quim e Rasalasad vs shhh... 
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entrevista ao autor e editor na revista Umbigo 
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 apresentação no North Dissonant Voices 2017 no Black Mamba 
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André Coelho nasceu em 1984 em Vila Nova de Gaia, onde reside. Tem vindo a desenvolver o seu trabalho como ilustrador no âmbito do Rock, Punk, Metal e música experimental, criando capas de discos, merchandising e cartazes.

Paralelamente faz edições de pouco ou nenhum sucesso através da Latrina do Chifrudo, editora que mantém com Sara Gomes, na qual edita fanzines e discos. Tem vindo a trabalhar regularmente com a Witchcraft Hardware e com a Malignant Records. Entre várias bandas que fez parte destacam-se os Sektor 304 e Profan. Têm participado nas várias antologias da Chili Com Carne com desenho, BD e textos e em exposições pelo Reino Unido, Finlândia, Suécia, EUA, Espanha, Itália, Portugal e Brasil.

A sua estreia monográfica foi com Terminal Tower, em 2014, em parceria com Manuel João Neto. Neste mesmo ano, os originais do livro foram mostrados no Festival de BD de Beja, Amplifest (Porto) e no Treviso Comics Fest.

Bibliografia: SWR Chronicles (SWR; 2014), Terminal Tower c/ Manuel João Neto (Chili Com Carne; 2014), Sepultura dos Pais c/ David Soares (Kingpin; 2014) e Evan Parker - X Jazz (c/ prefácio de Rui Eduardo Paes, Chili Com Carne + Thisco; 2015) Colectivos: MASSIVE (Chili Com Carne; 2010), Destruição (Chili Com Carne; 2010), Subsídios para MMMNNNRRRG #1 (MMMNNNRRRG, 2010), Futuro Primitivo (Chili Com Carne; 2011), É de noite que faço as perguntas c/ David Soares et al. (Saída de Emergência, 2011), Inverno (Mesinha de Cabeceira #23, Chili Com Carne; 2012), Antibothis, vol.4 (Chili Com Carne + Thisco; 2012), "a" maiúsculo com círculo à volta c/ Rui Eduardo Paes et al (Chili Com Carne + Thisco; 2013), Zona de Desconforto (Chili Com Carne; 2014), PostApokalyps (AltCom, Suécia; 2014), Quadradinhos : Looks in Portuguese Comics (Treviso Comics Fest + MiMiSol + Chili Com Carne, Itália; 2014) e Altar Mutante #3 (Espanha, 2015).


Feedback:

Livro curto, Acédia é o primeiro trabalho de longo fôlego a solo de André Coelho que se apresenta como uma narrativa coerente, e não colecção de desenhos ou improviso em torno de um tema. Novela concentrada, negra, lacónica, a escrita de Coelho espelha-se em todos os elementos que compõem a narrativa e é necessário ler a sua forma e superfície para libertar os seus significados. Tal qual o tema proposto, há uma realidade que nos é apresentada mas cujo desvendamento se associa à percepção do leitor e poderá mesmo ser intransmissível. 

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Os livros de André Coelho lêem-se como murros no estômago, e este não é excepção. Obra a solo, o poder narrativo de Coelho não é diluído pelos argumentos de outros autores. O murro é mais forte. O carácter duro do grafismo, entre o experimental e o clássico, com um traço ao mesmo tempo rude e elegante, misturando estéticas, recorrendo à mistura de iconografias entre imagética técnica e desenho Intergalatic Robot 

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recomendado pela Vice Portugal 

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Nomeado para Melhor Publicação Nacional e Desenho nos Troféus Central Comics 2017


terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Carcaças do Metal



Delírios (2009) é um split-CD de Crystalline Darkness e Pestilência editado pela War Arts, uma editora portuguesa de Black Metal. Para quem acha que o Black é Cradle of Filth (o antigo que ainda era de endurance) esquece-se que existe mais de 50 sombras de pretos neste sub-género musical. Por exemplo, os "black metaleiros" preferem chamar ao seu lado lunar de "avantgarde" que é que ambas bandas praticam. Ambas querem escrever o poema espera - bandas? Aí está, a figura de misantropo que é alimentada pelo Black, oferece a oportunidade de se cagar para bandas e ser um só gajo (muito chateado) a fazer o seu projecto do principio ao fim... Ou ainda convida um amigo lá prá cave para tocar a bateria porque ninguém pode ser multi-instrumentista e tocar bem todos os instrumentos, né? Mais estranho de ser um True Black Metal é pensar que são estes tipos que usam mais artefactos teatrais para fazer espectáculo ao vivo e é o que acontece aqui, estamos num "happening" de dano psicológico que só nos resta assistir. Talvez por isso que metam algures na embalagem do CD a divertida inscrição "total fucking apathy". Aja paciência para estes jovens...



Já a banda Nuklear Goat e a sua estreia Genocidal Storm (2012) pela mesma editora vem da tradição do punk necrófilo, bateria sempre a abrir e tudo o mais "in your face". É música agressiva para cristãos bem comportados e já que falo nisso, as letras tem todos os clichés para ofender os adoradores do porco nazareno desde berrarem o número famoso "666" à referência "porco cristão", o que é sempre uma mais-valia e nunca é tarde demais para relembrar mesmo que haja mais de 666 discos de Black a dizerem o mesmo - alguém está a contá-los? O 666º disco será o melhor deles todos? Eis uma pergunta teórica que alguém deveria responder! Mais vai ler The Rainbow (1915) de D.H. Lawrence (1885-1930) que é muito mais herético mas o disco tem pedalada e é fixe para chatear os vizinhos!



Mais irritante é Vaee Solis em estreia com Adversarial Light (Signal Rex; 2015) porque a vocalista Sophia faz os vocais mais tenebrosos algumas vez feitos na Lusitânia (não acredito que escrevi isto!). Há quem diga que ela soa que está a morrer e temos de tomar isso como um elogio se esta malta faz música com sabor metalizado. Entretanto saiu agora mesmo à coisa de uma hora, um "disco" (em linha apenas?) de remisturas que é melhor que o original porque a parte instrumental foge ao estilo batido Doom/Sludge da banda. Entre as misturas estão cromos pesados como AtilA e o André Coelho (dos extintos Sektor 304 e vencedor dos 500 paus!). Relembro que ainda temos promos deste disco para quem comprar livros nossos "satânicos" ou q.b.


Nagual (Shhpuma; 2015) pode até ser um título pretensioso mas é um disco que muito punk e metaleiro alguma vez conseguiram fazer. Os Albatre mostram que o Jazz mais ardente não precisa de ser "música aleatória" (usando palavras de um amigo meu) a disparar contra tudo e todos, na maior parte das vezes sem os músicos ouvirem os seus parceiros - bem vale a pena ler o graphzine Evan Parker - X Jazz. O trio luso-alemão residente em Roterdão têm uma direcção rítmica bem definida para que o Alto Saxofone possa berrar à vontade e para que tudo soe a uma bomba detonada. Este segundo disco é um LP que permite a capa do Travassos (fundador da editora e designer da Cleanfeed) finalmente tenha o impacto visual que já merecia - para quando um livro com as suas ilustrações?

domingo, 15 de maio de 2022

TERMINAL TOWER / sold out / Colombian edition out now!




I define Inner Space as an imaginary realm in which on the one hand the outer world of reality, and on the other the inner world of the mind meet and merge. Now, in the landscapes of the surrealist painters, for example, one sees the regions of Inner Space; and increasingly I believe that we will encounter in film and literature scenes which are neither solely realistic nor fantastic. In a sense, it will be a movement in the interzone between both spheres. J.G. Ballard


A transformation occurs on the CCC Collection with the release of its 16th volume. If during 14 years we intercalated a literature book with a graphic one (usually with Rafael Dionísio's books and the comics anthologies), this editorial logic or even the distinction between those two formats is now overrun by the intrinsic nature of Terminal Tower by André Coelho and Manuel João Neto.

Terminal Tower's creative process between artist and writer is positioned outsite the traditional comic book logic, in which there is a script to be adapted to sequential drawings. In this case, having the premiss of a man seculded in a tower in a state of alert, the book was developed simultaneously by both authors.

With the tower as a starting point, Coelho developed some drawings from which narrative ideas were taken and potentiated new illustrations which in their turn ran the all the narrative indefinitions forming a creative spiral.

The book's central theme is a delirium triggered by paranoia, without making clear if the engage of the tower's mechanisms is real or if it lies in the mind of the isolated man, since nothing seems to work in this ruin of the future. It can be traced references to the derelict worlds of Enki Bilal, J.G. Ballard (1930-2009) and Industrial music – it's not by mere chance that both authors also colaborate in Sektor 304 project.

Released at the Comics Festival of Beja with an exhibition of the originals on the 31st May 2014 ... exhibition at El Pep Gallery (July) and in September at Treviso Comics Fest and October at Amplifest (Oporto) ... Colombian edition by Vestigio ...

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ISBN: 987-989-8363-27-5
144p. b/w + colour, 16,5x23cm
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maybe you still can find some copies @ Sarvilevyt (Finland), La Central (Spain), Neurotitan (Berlin), Quimby's (Chicago), Dead Head (Edinburgh), Praxis (Berlin)...
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Some pages:

Publicado en 2014, supone una muestra del cómic más experimental. Y tengo que decir que me hea impresionado mucho. Se trata de una obra fundamentalmente gráfica, donde el argumento queda sepultado y debidamente encriptado. Es un tópico posapocalíptico, pero eso es lo de menos: lo que abruma es el despliegue expresionista, el uso de la mancha y el blanco y negro, por momentos cercanos al Frank Miller más avanzado, por momentos inmersos en la abstracción pura. La técnica mixta enriquece el resultado final al incluir imágenes fotográficas, además de toques de color en algunas páginas. En la primera mitad del libro no existen personajes humanos: se trata de una naturaleza muerta, paisaje dibujado con trazos rabiosos y planos fotográficos, cuya paz muerta sólo es perturbada por una bandada de cuervos. A partir del capítulo tres aparecen humanos, dibujados con estilos variados, algunos quizá demasiado convencionales —sobre todo las figuras dibujadas a lápiz—, porque chirrían en un conjunto tan radical, pero tienen que aparecer para que el diálogo dé paso a un final hermoso y terrible. Terminal Tower es una joya 

sábado, 14 de abril de 2018

Paelha


A Lovers & Lollypops anda pela k7 e pelo "jazz"... Depois da recente k7 de Julius Gabriel eis outra, Paisiel, que junta o alemão saxofonista com o baterista português João Pais Filipe (ex-Sektor 304, Macumbas e mil outros projectos) numa invenção sonora que poderia ser descrita como tribal caucasiano para sunset urbano. Além do nome do projecto ser nitidamente tribal - lembram-se quando as papelarias ou pastelarias chamavam-se "Xandré" porque os filhos dos donos chamavam-se "Xana" e "André"? - este disco é mesmo necessário para quem vive numa Europa Fortaleza parva que precisa de inventar um novo folclore para deixarmos de ser fachos. É música que mete a nós, branquelas feiotes, nus à volta da fogueira (elas com "strap-ons") a dançar e beber vinho verde de pressão para que tenhamos descargas sexuais e convulsões dionisíacas. O objectivo é deixar de ser um robot engravatado e/ou tatuado a comprar merda na Amazon (e no processo destruindo a floresta homónima). 
Paisiel poderá ser a solução para este mundo que precisa de expelir a xenofobia, digo com convicção porque Filipe é o mestre ritualista que impõe a cadência e ordem rítmica necessária para que Gabriel ofereça paletas de sons para criar êxtase, sobretudo quando já ninguém fica realmente dopado com álcool e drogas - já ouviram falar em narco-resistência? - nem a música de dança nos tira da realidade. Fuck u blazée babies! Dancem, dancem ao som de Paisiel!!! E ao cheiro de marshmallows queimados!

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Super Interessante

Special Interests #9

Fanzine finlandês dedicado ao Noise, Industrial, Power Electronics e afins. Neste número (do ano passado) é entrevistado André Coelho por causa da sua banda Sektor 304 e desenha a capa e assina mais uns desenhos no interior - curiosamnete já num estilo próximo do recente Terminal Tower - se me perdoarem a publicidade descarada! Também é entrevistado o grande mestre-não-te-merecemos-nem-daqui-a-mil-anos Foetus! Só por estes dois já valeria a pena ter um exemplar deste zine tão "nicho de mercado" (como os tecnocratas gostam de chamar a estas coisas) até porque as entrevistas permitem perceber os processos de composição dos músicos - ou não-músicos, como alguns preferem ser reconhecidos.
Mas ainda mais interessante, nesta publicação tão tão tão específica de um género musical, é a própria preocupação do editor e dos colaboradores em discutirem o que se pode fazer ainda com música Noise? Numa secção abrem um "fórum" para discutirem quais os limites, o que é excesso, o que ainda é provocador, excitante, relevante ou nada disso... Verdadeiro food for brain para quem não tem paciência para ler as resenhas críticas a centenas de discos e k7s que saem todos os dias pelo mundo inteiro.
Kiitos Coelho! E não, o fanzine está redigido em inglês!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Terminal Tower - ESGOTADO / edição colombiana lançada este ano...




I define Inner Space as an imaginary realm in which on the one hand the outer world of reality, and on the other the inner world of the mind meet and merge. Now, in the landscapes of the surrealist painters, for example, one sees the regions of Inner Space; and increasingly I believe that we will encounter in film and literature scenes which are neither solely realistic nor fantastic. In a sense, it will be a movement in the interzone between both spheres. J.G. Ballard

Com este 16º volume da Colecção CCC dá-se uma transformação na própria colecção. Se entremeávamos um livro de literatura por um gráfico logo a seguir, durante 14 anos, com quase sempre com os livros do Rafael Dionísio e quase sempre com as antologias de BD, a natureza da obra deste novo livro Terminal Tower de André Coelho e Manuel João Neto, deixa de fazer sentido a nossa lógica editorial ou até a distinção dos formatos dos livros literários dos gráficos.

Terminal Tower teve um processo criativo entre o artista e o escritor fora da lógica da banda desenhada - em que há um argumento para ser adaptado para desenho em sequência. Assim sendo, as ideias do livro foram sendo construídas em simultâneo pelos dois autores, tendo como premissa a de um homem isolado numa torre em estado de alerta.

Partindo dessa torre, Coelho foi criando alguns desenhos que despoletaram ideias narrativas e que potenciaram outros desenhos que por sua vez geriam as indefinições das narrativas que rodeiam esse contexto, numa espiral criativa.

A ideia central do livro é o delírio engatilhado pela paranóia, sem que se perceba se o despertar dos mecanismos da torre é real ou se existe apenas na cabeça do homem isolado na torre, pois nada parece funcionar, tudo parece uma ruína do futuro em que se cruzam referências decadentes aos universos de Enki Bilal, J.G. Ballard (1930-2009) e da música Industrial - não tivessem os dois autores ligados a esse tipo de música através do projecto Sektor 304.

Historial: lançado no dia 31 de Maio no Festival Internacional de BD de Beja 2014 com exposição dos originais ... seguido de outras exposições na El Pep / Imaviz Underground (Julho), Treviso Comics Fest (Setembro) e Amplifest (Outubro) ... nomeado para Prémio Adamastor de Ficção Fantástica em Banda Desenhada ... Sugestão de "leitura-a-três" (?) pelo jornal I ... edição colombiana pela Vestigio ... entrevista na revista colombiana Blast ... 

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Feedback:

(...) Depois da bomba, os estropiados – depois da expilação nuclear, os mutantes. A monstruosidade é uma sátira cruel à diversidade, uma fantochada feita de ruído. Não tem beleza. Não tem significado. A não ser a beleza do aleatório e o significado que decidimos impor. Criar relevo é inventar significados: vivemos numa realidade imaginada, mas as ficções que criamos não são mentiras, são exofenótipos – não se pode ser humano sem uma torre, mas aceitar a torre é aceitar o monstro. Aceitar o apocalipse. Nada é mais fácil.
David Soares / Splaft!
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(...) a NASA tinha inventado o super-negro. (...)  é a BD que está a ir mais longe na busca de um super-negro psicológico, virtual… (...) Logo ao olhar para a capa somos chupados para o seu negrume, que se vai adensando ao longo das primeiras páginas. Percebemos de imediato que estamos num cenário bélico, pré ou pós-apocalíptico…
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Neste livro experimental os códigos da BD são levados a um extremo próximo da abstracção. Não é simpático para o leitor, pois deixa quase tudo em aberto e descarrega nele imagens fortíssimas e acutilantes. (...) Um dos traços da maturidade do género é a amplitude de um campo de expressão que vai do pueril intencional ao questionar dos limites, zona de fronteira onde este Terminal Tower tão bem se insere, mais próximo de uma sequência pictórica do que da narrativa linear. Lendo-o, ou sendo mais preciso, construindo mentalmente uma possibilidade ficcional a partir da iconografia, ressoava-me na mente o ruído elegante do noise industrial (...) Mais do que uma história, este livro é uma experiência do tipo mancha de Rorschach. Vê-se o que se espera, mas também se vê o que se sente no íntimo. E sublinho: contém ilustrações de tirar o fôlego, que se destacam no absoluto preto e branco mate do papel impressão mas se vistas no tamanho real e media original ainda são mais deslumbrantes.
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As receitas de químicos e materiais, numa profusão de termos técnicos específicos, (...) em que uma suposta linguagem o mais objectiva possível, sendo apresentada num contexto totalmente deslocado e acompanhado pela materialidade das imagens e em relações texto-imagem inesperadas, atinge uma dimensão poética tumultuosa, que obriga o leitor a tentar coordenar elos vários, nenhum dos quais possivelmente o correcto, mas cujo objectivo é mais atingido pelo movimento de tentativa do que por uma conclusão conquistada.
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Um livro para pensar, esta deveria ser a referência de todas as publicações, mas nem sempre é assim. Com Terminal Tower é verdade.
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 O convívio de variadas técnicas como fotografia, colagem e sobreposição com o meio desenhado não parecem em nada deslocadas ou em choque, e denotam maturidade na manipulação do meio comunicativo, culminando no forte impacto da maioria das páginas, necessário para suster uma narrativa tão pausada e por vezes quase como que um telegrama, mas a meu ver muito adequada. Andre6 / Wook
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Terminal Tower es una joya The Watcher and the Tower



ISBN: 987-989-8363-27-5
144p. p/b + cores, 16,5x23cm
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talvez encontrem ainda exemplares na Mundo Fantasma, Matéria Prima, BdMania, New Approach Records, Utopia, Bertrand e Linha de Sombra.


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Exemplos de páginas: