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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

O Subtraído à Vista / That Which is Subtracted from Sight [ESGOTADO / SOLD OUT]




O Subtraído à vista é o livro de estreia para as massas do músico e artista visual Filipe Felizardo, composto por prosa, banda desenhada e recortes de investigação patafísica.

É um livro que estuda a natureza das imagens visuais e as presunções da percepção - do ponto de vista particular de um homem cego, uma criança albina presa numa caverna com uma avestruz, e uma colecção de outros animais cujo olhar nos ensina algo sobre o que não se vê.

O livro inclui a participação de Carlos Gaspar (ilustrações) no primeiro capítulo.
 Edição bilingue com legendas em inglês.

Comprising prose, comics and entries of pataphysical investigation, That which is Subtracted from Sightthis first book of Filipe Felizardo studies the nature of visual images and the presumptions of perception - from the exquisite points of view of a blind man, an albino child stuck in a cave with an ostrich, and a collection of other animals whose sight teaches us something about what is not seen.

The book includes English subtitles.


500 ex.; 72p. 21x27cm p/b / ISBN: 978-989-8363-37-4

Este é o segundo livro publicado no âmbito do concurso Toma lá 500 paus e faz uma BD! embora não seja um trabalho vencedor, é sem dúvida merecedor de publicação.

ESGOTADO
ainda se podem encontrar exemplares na BdMania, Livraria do Simão (Escadinhas de S. Cristovão, Lx), Tasca Mastai, Matéria Prima, Mundo Fantasma, Stet, LAC, Linha de Sombra, FNAC, Bertrand, Le Bal des Ardents e Utopia.

Historial:

Lançamento com exposição de originais na El Pep no dia 8 de Agosto 2015 e Festa no Damas ...

exemplos de páginas:


Feedback: 

formes assez radicales de composition hybride entre photographies, textes typographiés et bandes dessinées, expériences qui mériteraient un meilleur traitement et une meilleure destinée que ce.
The artwork in O Subtraido A Vista was very appealing, too - quite a stark publication, definitely suited to black and white. A truly beautiful and somewhat strange book!
pStan (Pumf) by email

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Memória colectiva de Geraldes Lino, falecido a 19 de Fevereiro 2019


GL no lançamento d'AcontorcionistA em 2012

Figura querida de muitos nós, autores de BD e editores de fanzines, eis um "corta-e-cola" de testemunhos de pessoas que o conheceram.

Ainda me lembro das tertúlias no estádio, houve uma que cheguei cedo 'tava lá ele, sentei e passado um bocado aparece aquele punk, que não me lembro o nome, de calças justas de leopardo, casaco de cabedal bafo a vinho e ar de quem não dorme muito a muito tempo, sentou ao pé de nós e os Geraldes a olhar para mim com um ar meio sem saber o que dizer, senti-o se um desconforto no ar para longitude dos dois personagens, mas logo se começou a desbloquear quando uns livros começa a mostrar e a partilhar conversa sobre bd. Uma pessoa muito fixe, sabia fazer críticas positivas e ajudar a motivar, a mim ajudou me na altura. - Lucas Almeida

Primeiras noites a viver em Lisboa, em 2002, e sai com uma turminha fora do vulgar, eu, o Geraldes, Pepedelrey, Ana Ribeiro e mais alguém que não me recordo. Final da noite decidimos descer até ao Incognito, pensei, vai ser impossível - muitos gajos e só uma mulher, vamos ser barrados. O porteiro "Dartagan" reconheceu o Lino, nem quis saber quantos éramos e quem éramos, entrem, entrem... "Ó Lino, queres o quê?" (acho que ele pediu um vodka limão). O "Dartagnan" tinha feito BD no passado e claro que conhecia o Lino. Noites mais tarde, situação similar mas desta vez no Lux. O porteiro reconheceu-o não sei porquê... Talvez porque o Lino conhecia o dono do Lux, o Manuel Reis. Quando o Lino deixou de sair à noite, voltei a ser barrado às portas das discos... - Marcos Farrajota

É quase insólito pensar que o desaparecimento de um homem que não conhecia profundamente, me emociona. Mas ler o que escrevem sobre o Geraldes Lino neste momento, a forma como o recordam, reforça a imagem que sempre tive dele. De uma figura (de perfil singular - aquele nariz!!) que circulava elegantemente por entre todas as bancas, as feiras ou festivais, sempre com a mesma curiosidade, com a mesma gentileza, com a mesma humildade. Reconhecia os autores e os seus trabalhos, divulgava-os, independentemente do que fossem, se comerciais ou alternativos, e essa atenção, esse cuidado sempre me comoveu. Esse olhar "fraterno" e transversal era o que para mim distinguia o Geraldes Lino da amálgama de editores e curiosos. Recordo-me das suas palavras de incentivo quando leu o STABAT MATER ou o MANUELINÚTIL, que ele meticulosamente chamava de "fanzines" porque "livro de banda desenhada é outra coisa!", de me perguntar quando sairia o próximo, de me incentivar a não para! De uma conversa à mesa da Tertúlia, sobre o seu trabalho no aeroporto, e da sua paixão pela Banda Desenhada! E daquele nariz... - Patrícia Guimarães

O entusiasmo e generosidade do Geraldes Lino por pessoas e por BD extravasavam os limites do que era esperado. Lembrava-se sempre - O Francisco, eu publiquei uma BD do Francisco no Jornal Universitário - como se eu me fosse esquecer de coisas dessas, ainda para mais pagas. 
Não era só a tertúlia, mas o apoio que dava a pessoas que davam os primeiros passos na BD, que se destacava no Geraldes Lino. Fazem mesmo muita falta pessoas assim - generosas, abertas, que fazem pontes. Um activista e um pacifista da BD. - Francisco Sousa Lobo

Lembrar o Lino é simples: o gajo faz parte do meu crescimento desde os meus 11 anos. Lembro-me de tudo (a cena do Incógnito de que o Marcos fala, também) das cenas que vivemos em festivais, exposições, debates, salões, por cá e lá por fora, das festas no 25 de Arroios e no 4° andar do Areeiro, jantaradas, tertúlias e... Uma vida do caraças! Das tareias que me dava para corrigir o meu horrível português, as cenas que desenhava nas toalhas e guardanapos e que lhe oferecia. Aquele memorável momento de estar em Angoulême e um gajo qualquer, daqueles autores franceses famosos, entre duas cervejas me perguntar: és português? Conheces o Geraldes Lino? Daqueles dias em que ia ao aeroporto encontrar-me com o Lino e perceber o carinho que o pessoal que ali trabalhava dizia: o Geraldes dos bonecos. Eh pá são milhões de memórias. Mas as melhores levo-as comigo. - Pepedelrey


Pitchu, Lino e Manel, na ZDB, a jogarem o Jogo da Glória da Cru no Zalão de Danda Besenhada (2000). Foto: Pepedelrey

Eu gostava muito do Lino, como toda a gente. ele chamava-me por graça "o poeta" e ria-se muito com os meus disparates. não sendo eu propriamente uma pessoa intima dele, nem pouco mais ou menos, apanhava-o nas cenas de BD e tínhamos conversas divertidas. O Lino era uma pessoa de uma generosidade enorme além de ser um enorme coleccionador e conhecedor de fanzines e banda desenhada. - Rafael Dionísio

Geraldes Lino. Duas décadas de amizade. Longas conversas telefónicas. Efusivos encontros em eventos de banda desenhada. Sempre, sempre, sempre generoso. E transversal às mais diferentes gerações, incansável em colocar em contacto os mais diferentes elementos. E, curiosamente, sempre surpreso, quando a vida lhe retribuía a mesma generosidade. Na verdade, o Geraldes não tocou somente a vida dos autores (tivessem ou não participado em zines) mas também muitos outros elementos, ligados direta ou indiretamente à BD. Num dos últimos encontros que tivemos, expliquei-lhe como tinha surgido o meu atual site. A crítica e a divulgação que eu fazia no blogue bedê e no portal BDesenhada.com (com o qual o Geraldes chegou a colaborar) tinham findado em 2007. Em junho de 2013, por problemas de saúde, o Geraldes deixou de organizar a Tertúlia BD de Lisboa. E dois meses depois, surgia o Bandas Desenhadas. Expliquei ao Geraldes que, após a sua decisão, eu tinha optado por dar por terminada a minha "licença sabática", para "cumprir com a minha parte", como lhe disse. Fui brindado com aquele sorriso do qual já tenho saudades e um sentido abraço. E haverá centenas (senão milhares) de outras pessoas que terão histórias semelhantes, em que uma palavra ou um gesto do Geraldes os motivou a fazer algo. É um caso único. E devemos-lhe todos muito. - Nuno Pereira de Sousa (também chamado de enanenes pelo Geraldes).

Algumas coisas fixes sobre o Lino, que não devemos esquecer: 
- ele coleccionava desenhos das toalhas de mesa, que nós nem dávamos valor; 
- ele quer que digamos O fanzine, não A fanzine (e ele também me deu uma lição de francês à custa disso!) 
- o Lino adorava viajar! Cheguei a encontrá-lo em Beja, no Porto e até no EriceiraBD! 
- O Lino foi o melhor professor: no sentido em que a paixão que ele tinha pela BD, pelo meio, pelas personagens e pelo Desenho, foi notavelmente parte do que o tornou uma grande influência para tanta gente que hoje, em redes sociais, relatou o impacto que a figura dele teve no seu trabalho e na vida. 
 Até sempre, Geraldes Lino! - Mosi


Jogo de bola em 1994, na Amadora, com o Lino como árbitro da partida...

Em 1999 fiz o workshop do Marcos Farrajota na Bedeteca de Lisboa. Tinha 13 anos e só sabia que gostava de banda desenhada - não sabia que não percebia nada, especialmente de que podia auto-publicar banda desenhada ou o que quer que fosse. Este Julho da minha vida fez com que imprimisse uns 5 exemplares do Uaite on Bléque na impressora de algum familiar, pronto para mostrar aos colegas na reentrée do 8º ano - foi devidamente desprezado pela turma toda, claro. Poesia imberbe, umas fotos manhosas, sei lá mais o quê. Mas mais rápido que um relâmpago, há um senhor que telefona para minha casa a perguntar por mim, e quantas páginas tinha o zine, como tinha sido impresso, o meu nome, a tiragem, e um sem fim de detalhes que eu desconhecia ter que saber, no fundo da minha puberdade editorial. 
Acrescia-se ao inquérito um convite para participar numas tertúlias ('numas quê?') de banda desenhada às quintas feiras, nas quais eu não podia participar porque enfim, não tinha autonomia para tal. A voz dele era peculiar. ~(Justiça poética, talvez, para o homem que passou a vida a coleccionar o peculiar em Portugal.) Conheci o Geraldes uns tempos depois, pois acho que lhe fui vender o meu zine em mão num festival da Amadora. Sei que fiquei impressionado com a voracidade com que se tornou dono do meu A4 borbulhento (e sem banda desenhada, se bem me lembro). Caramba - fez-me sentir importante! Pergunto-me se não terá sido fulcral para o resto da minha vida ter tido contacto e receber uns cordiais mas incitantes 'parabéns' pelo meu primeiro zine (uma bosta, se ainda não se percebeu que era), da parte de um simpático desconhecido, ao que parecia, bastante entendido na matéria. Claro que foi fulcral... Obrigado, Geraldes Lino. À sua. À tua! A esta dívida-dúvida que vai ficar para sempre de não saber se estávamos em termos de 2ª ou 3ª pessoa, eu e o Geraldes, sem dúvida singular! - Filipe Felizardo

Conheci o Geraldes Lino em 1994, quando eu preparava uma dissertação de licenciatura sobre fanzines ('os' fanzines, como ele gostava de lembrar...). Mantivemos algum contacto esporádico por esses tempos e, de forma mais regular, a partir de meados da década seguinte. Como tantos outros ilustradores e autores de BD, tive o prazer de colaborar nalgumas publicações organizadas por ele e de receber uma homenagem na célebre tertúlia do Parque Meyer. Naturalmente curioso, e com uma amplitude de gosto notável, o Lino era aceite em muitos círculos e por gente de todas as idades, que se esquecia facilmente de que ele já ia mais adiantado na vida... Estivemos juntos em diversas ocasiões. Recordo a mais recente, quando pude conhecer, por seu intermédio e do Marcos Farrajota, um dos meus desenhadores preferidos da revista
Visão. E, ainda há poucos meses, trocámos e-mails sobre um outro autor, obscuro e retirado... Não cheguei a saber se os contactos que lhe passei deram fruto, mas parecia evidente que a sua curiosidade se mantinha aguçada... É com surpresa que recebemos a notícia da sua morte, tal a jovialidade que irradiava. Salvé, Grande Lino, e que a memória perdure! - Daniel Lopes 

O Geraldes Lino foi a primeira pessoa que conheci que ligava aos fanzines e não era da minha geração! Conheci-o numa feira no Goethe Institut, nos idos dos anos 90 e fiquei logo impressionada com a militância na cena. Convidou-me logo para a tertúlia, como convidava toda a gente, porque para além de coleccionador e divulgador ele tinha uma enorme vontade de reunir as pessoas à volta daquilo que mais gostava. Em todas as feiras em que o encontrei ao longo dos anos, vi como acompanhava o trabalho de toda a gente, sempre com o mesmo entusiasmo. E muito para além do entusiasmo, o mais importante para mim é o respeito que ele tinha pelo trabalho de cada artista, mesmo dos mais novos, ao ponto de achar que aquilo valia a pena ser guardado. Uma vez contei-lhe que tinha feito uns fanzines de BD com uma turma do 8ºano e ele não descansou enquanto não me comprou esses zines. Devem haver coisas na sua colecção que já nem o próprio autor tem e que são documentos importantes de uma prática artística que consiste basicamente em tirar fotocópias aos trabalhos e agrafá-las. E sim, é por causa do Lino que nunca mais disse "uma fanzine"! Até sempre... - Ana Menezes

Conheci o Lino pouquíssimo tempo depois de publicar a minha primeira BD, uma coisa manhosa, num fanzine de amigos mais manhoso ainda, com uma estética em que nada combinava com nada. Ouvia já falar dele, e imaginava assim, uma figura pública, com aquela arrogância das pessoas importantes. Uma noite fui ao lançamento de uma Bíblia do Tiago Gomes, e passava-se numa discoteca qualquer. A certa altura vejo o meu ex, que tinha saído por um bocado, entrar com o Lino, os dois de braços dados, como se conhecessem há anos. O Lino vira-se para mim, e grita entusiasmado "Tu és a Rechena, eu li a tua BD!" Depois disso fomos para Beja juntos, fomos para encontros obscuros de zines em Almada. As Tertúlias do Estádio. As Tertúlias dos bons Garfos. Dos Cinéfilos Bedéfilos. Uma vez tirou dinheiro do bolso e disse, toma lá 20 paus vai lá fazer o teu fanzine. Eu que passei a vida toda à margem, com ele encontrei uma família que permanece até hoje. - Andreia Rechena

É quase sempre fácil falar dos que partem com a voz do consenso. No caso de Geraldes Lino, não há nada de forçado nisso, porque o consenso existia mesmo e tinha a sua origem num gesto constante que, para mim, e suponho que para muita gente, caracterizava a pessoa que o praticava: o gesto da curiosidade, absoluta, generosa e genuína. Lino gostava de banda desenhada, sim, e muito, mas esse gostar não se mostrava daquele modo elegíaco e cristalizado que tantas vezes atravessa o meio. Gostar de banda desenhada não lhe encerrava as referências ou as preferências naquilo que já conhecia há muito, e que era muito, também, levando-o, antes, à procura constante do que de novo se ia fazendo. Feiras de fanzines, encontros de pequenos ou minúsculos editores, exposições nos sítios mais improváveis, em todos esses sítios se encontrava Geraldes Lino. E não era apenas a vontade de ampliar uma colecção cada vez maior, não, era vontade genuína de acompanhar o que se fazia de novo. Não consigo lembrar-me onde conheci Geraldes Lino, porque a minha memória me diz que o fui vendo sempre nestes espaços. Se calhar, foi na Fábrica da Cultura, no tempo do FIBDA, mas também pode ter sido numa daquelas feiras de fanzines que se faziam em Cacilhas, nem vou contar há quantos anos... Pouco importa, na verdade. Com ele aprendi muito, soube de edições antigas e de autores que desconhecia, e discuti umas quantas vezes. E era bom discutir com Geraldes Lino, porque ele o fazia com vontade de debater, sem aquela amargura que às vezes serve para não ouvir o outro lado. Não terá havido um autor de banda desenhada a surgir em Portugal, publicando numa editora consagrada, num jornal ou numa publicação fanzinesca de tiragem minúscula e imperceptível que tenha escapado ao interesse de Lino e será impossível transformar em qualquer valor quantificável o quanto lhe deve a banda desenhada portuguesa, sob tantos aspectos. Pela minha parte, sem acreditar que se passe alguma coisa depois do inevitável momento final que a todos nos toca e tocará, não deixo de imaginar Geraldes Lino num qualquer além a descobrir fanzines onde ninguém suspeitaria da sua existência. E a corrigir-lhes as gralhas e os erros gramaticais com o seu rigor de sempre. - Sara Figueiredo Costa

Conheci o Geraldes Lino em 2008 na minha primeira visita ao Festival de Beja. Estávamos na sua quarta edição e penso que descobri a sua existência porque um dos convidados era o Dave Mackean. A maior surpresa do festival acabaria por se tornar o Geraldes Lino. O Lino estava sempre pronto a falar connosco e a dar a conhecer não só a BD como esta pequena comunidade de leitores. A partir dele conheci a famosa tertúlia de BD de Lisboa e nela muitas outras pessoas com quem ainda hoje mantenho contacto. Vi projectos nascerem naquelas mesas e, também graças a ele, descobri esse mundo fantástico dos fanzines. O Lino era um daquelas pessoas inesquecíveis, duvido que alguém que tenha travado conhecimento com ele, por mais breve que tenha sido, o tenha esquecido. Foi um dia triste, vou ter saudades dele e das suas conversas não só sobre BD, mas sobre a língua portuguesa também. Porque se é para escrever é para escrever bem. Um grande abraço Lino e, sinceramente, obrigado - Gabriel Martins


GL com Tiago da Bernarda, Maio 2018

Quando alguém morre o que fazemos com o contacto que temos guardado no telefone? Já não serve. Podemos terá estúpida tentação de ligar mas sabemos que não está lá ninguém. 
«GLino» «Eliminar contacto – Este contacto será eliminado». Para sempre. 
Já não vai tocar como acontecia às vezes, era o Lino a ligar, uma pergunta, uma combinação, a energia de sempre a organizar mil coisas. Cruzávamo-nos muito aqui no bairro, conhecia-lhe os hábitos. Se via o velho Micra estacionado na minha praceta já sabia que o encontrava na casa de cópias do Carlos, onde facilmente improvisava umas micro-tertúlias fanzinescas. Acarinhado pelos meus filhos, que conheceu desde que nasceram, era figura do nosso quotidiano familiar: «Pai, encontrei o teu amigo Geraldes Lino». 
 Adeus, amigo Lino! - João Chambel

domingo, 4 de novembro de 2018

Relatório 2017 é no Portuguese Small Press Yearbook 2018 (finalmente!)

foto do ZineFestPt 2017
Relatório sobre Fanzines e Edição Independente 2017 foi publicado no Portuguese Small Press Yearbook como aconteceu há dois anos atrás. Era para ter saído no fanzine Mariano #3 mas que se atrasou bastante. O João Carola fez umas belas ilustrações para acompanhar o texto.
E entretanto para a edição deste ano, fui convidado para editar o dito cujo, complementando com um texto sobre a BD portuguesa e os seus pecados de ignorância. O Rudolfo fez uma revolução no Design do PSPY e recuperei uma BD perdida do artista Paulo Mendes que conclui a edição - uma provocação necessária...
Foram convidados uma série de autores de BD para contarem sobre as suas experiências sobre edição independente - em BD. Participam Bruno Borges, Ema Gaspar, Mao, Filipe Felizardo, Francisco Sousa Lobo e Xavier Almeida.
Já está disponível aqui e no stand na BD Porcalhota (ex-BD Amadora)...

domingo, 17 de setembro de 2017

ccc@feira.do.livro.do.porto.2017


A Chili Com Carne está presente na Feira do Livro do Porto.

Este ano não estamos com a Matéria Prima como tem acontecido nos últimos anos mas a dividir um stand com a gentil Blau, uma livraria e editora de arquitectura. Uma parceria improvável mas que irá permitir uma maior exposição das nossas edições neste importante evento cultural desta amada cidade!

até 17 de Setembro encontrarão os nossos livros com promoções / livros do dia, etc... - no stand número 15 e ainda haverá sessões de autógrafos nas traseiras do stand, sempre às 18h. Eis os autores que estarão presentes:


Dia 2: RUDOLFO






dia 9: TIAGO MANUEL (com Max Tilmann, Mariette Tossel e Marcos Trindade)






segunda-feira, 22 de maio de 2017

O Presidente Drógado apresenta Quatro Dramas de Faca e Alguidar



Este Sábado que passou, finalmente saiu um disco - um vinilo 12" gravado de um só lado - que marca não só o regresso da saudosa Imprensa Canalha como o do Presidente Drógado a edições decentes, isto para quem tem feito uma carreira fonográfica de CD-Rs pobrezitos (excepção prá edição da Burning Desire). Escrevi "edições decentes"? Meus caros, esta edição é a razão porque se compra discos em vinilo.
'Tá Top! É bem capaz de ser a melhor edição em vinilo em Portugal nesta década ou milénio, já não digo melhor edição fonográfica porque ninguém até hoje bateu as edições da Matarroa desenhadas pelo designer Chemega. Capa em serigrafia, textos explicativos da enorme saga de três anos que demorou para sair o disco - o problema principal, é que com a moda do vinilo, as fábricas de discos estão a ignorar os pedidos de editoras mais pequenas.
Baseado num caderno antigo do século XIX descoberto pelo João Bragança (Succedâneo) que contava uma estória de drama e crime, foi dado o mote para uma pequena recolha im-popular de "murder ballads" em que o Drógado é perito. As gravações vão de 2008 a 2015 e inclui excelentes participações de Patrícia Filipe (com quem partilham o projecto Come-se a Pele), Filipe Felizardo e Rita Braga - que várias vezes apareceu marciana em concertos e gravações do Drógado.
Advertência aos fãs agarrados: as músicas do Drógado neste disco são "dark" e mais trágicas que cómicas, o que poderá fazer algum choque a quem espera apanhar letras irónicas sobre o consumo de estupefacientes ou os clichés da vida contida de Rock'n'Roll deste Lou Reed de Linda-A-Velha. Há um tom de seriedade que casa com o grafismo do disco em perfeição. O simples facto de se colocar o disco na aparelhagem e ouví-lo à medida que se consulta os textos percebe-se que estamos num mundo Pop em estado de "slow food", há que apreciar isto com calma e gosto. Há o espectro "trash" que paira no disco, claro, afinal falamos de baladas populares e que até são descobertas literalmente no lixo mas é daquele "trash" que foi transformado em luxuo e será guardado para sempre nas prateleiras dos doze polegadas...
Parabéns Zé!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

4º Concurso interno de Banda Desenhada da Chili Com Carne § 16 trabalhos recebidos!

A quarta edição do concurso 500 paus recebeu 16 propostas de livros de BD a maior recepção de trabalhos desde a criação deste concurso interno. 

Destes foram aceites 13 trabalhos que o Júri está a avaliar e que anunciará o vencedor no dia 14 de FEVEREIRO de 2017



 A Associação Chili Com Carne lançou a ideia de um concurso para fazer um livro em Banda Desenhada para matar a modorra na cena portuguesa, tendo sido publicados já vários livros como Askar o General de Dileydi Florez e O Subtraído à vista de Filipe Felizardo, trabalhos que participaram no concurso. Em Outubro de 2015 saiu a primeira obra vencedora (do primeiro concurso, de 2013) ou seja, The Care of Birds / O Cuidado dos Pássaros de Francisco Sousa Lobo, que terá uma edição espanhola em 2017.

O último resultado deste concurso foi lançado no dia 6 de Outubro de 2016, ou seja o romance gráfico Acedia de André Coelho, obra vencedora do concurso do ano passado.


Cá estamos de novo à espera de novas aventuras editoriais!






Instruções (não muito complicadas):
Para quem? 
Para Sócios da CCC com as quotas em dia - não é sócio? então é clicar neste LINK.

O prémio é monetário? 
É sim! 500 paus! 500 Euros!
Para além de que o trabalho será publicado!
E, para a próxima edição, o vencedor é convidado a fazer o cartaz e a integrar o júri!

Quem decide o vencedor?
Uma parte da actual Direcção da Associação Chili Com Carne, o vencedor da edição passada e alguns associados, a saber: André Coelho, Filipe Felizardo, Hetamoé, Marcos Farrajota e Ondina Pires.
O Júri reserva-se o direito de não atribuir o prémio caso não encontre qualidade nos trabalhos propostos.

Datas?
5 de Fevereiro 2017 é a entrega dos projectos!
14 de Fevereiro 2017 é anunciado o vencedor!
O livro é publicado em 2018!?

 Regras de apresentação dos trabalhos
- O livro não tem limite de páginas e de formato mas porque desejamos inseri-lo nas nossas colecções já existentes - Colecção CCC, QCDA, LowCCCost, THISCOvery CCChannel - o projecto terá mais hipóteses de ganhar se for apresentado num formato das colecções.
- Preferimos o preto e branco mas a cor não está totalmente afastada!
- Envio do seguinte material:
a) texto de apresentação do(s) autor(es),
b) sinopse do projecto
c) planeamento por fases (com datas)
d) envio de 20% do total da BD, sendo que o mínimo serão 4 páginas seguidas e acabadas e 16 planeadas.
- Todos estes elementos devem ser entregues em PDF, em serviço de descarga em linha (sendspace ou wetransfer) cujo endereço deve ser enviado para o e-mail ccc@chilicomcarne.com

Que projecto pode ser apresentado? 
- Uma BD longa de um autor ou com parceiros
- Um livro com várias BDs do mesmo autor (desde que tenham uma ligação estética ou de conteúdo)
- Uma antologia de vários autores com um tema comum

Boa sorte!
CCC
Este projecto têm o apoio do IPDJ

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Mucomorphia #1


Se tivesse de fazer as listas dos melhores do ano, este primeiro número do zine de Filipe Felizardo merecia estar no Top 3 de Melhores Fanzines de BD ao lado do Outro Mundo Ultra Tumba de Rudolfo Mariano e A Day de Mariana Pita... Com a ligeira vantagem de que editorialmente Mucomorphia é um desafio como poucos nos dias de hoje. Tal como o Gato Mariano (raios, o Mariano #1 devia estar também nesse Top 5 e o catano!) também eu não faço listas de zines no final de ano...
Pretende-se serializado, tiragem ilimitada (yes! é d'omem!!!) e é uma publicação smörgåsbord do output desta área de criação de Felizardo, não esquecendo que ele é mais conhecido por músico mas também como artista plástico e fotógrafo. Nestas páginas também está incluído a construção do seu próximo romance gráfico, A Conference of Stones and Things Previous. Muito mais solto do que em O Subtraído à Vista não deixa de estar também muito mais rigoroso no plano técnico. De resto tal como na música e outras áreas de intervenção de Felizardo, há processos de pesquisa que se vão metamorfoseando num plano cosmogónico que nem toda a gente está a fim de lá entrar. Azar! Título a acompanhar esperando o seu editor cartas à antiga [R. dos Douradores, 202, 5ºD, 1100-208 Lisboa] para uma secção de leitores (ó que belo gesto anacrónico que desejo que corra bem!) e encomendas à séc. XXI [ardo.zilef@gmail.com].

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Limbos


Acho que foi na semana passada que li que houve um romance escrito por um computador que quase ganhou um prémio literário no Japão. Em Viana do Castelo os Vircator já são essa realidade criativa, quatro marmanjos programam algoritmos Post-Metal tão certeiros que enchem tanto o CD de riffs certinhos e batidas certinhas que já não cabe originalidade nenhuma. O texto do computador nipónico seria melhor? Não sei... mas pelo menos a capa do disco auto-editado At the Void's Edge é dentro de um género pictórico Pop sci-fi das melhores coisas feitas neste país. Os desenhos - há mais um dentro do digipack - são assinados por Hanna Baer (o site é velhinho não faz jus a este "artwork") e é por ela que escrevi sobre o disco...


Limbo de Filipe Felizardo e Margarida Garcia foi editado em k7 (a melhor música nos dias de hoje é editada em k7 sabe-se-lá-porquê) pela suiça Dead Vox (a melhor música portuguesa nos dias de hoje é lançada lá fora sabe-se-lá-porquê). Guitarra e baixo definem esse espaço escatológico chamado de "limbo" onde vão parar os inocentes que não foram baptizados - este sítio foi entretanto "cancelado" pelo "Papa Rato" em 2007. O duo em forma de improvisação eléctrica consegue dimensionar esse mito religioso com feedback controlado, Blues estragado e sujidade sonora. Lento e físico, o trabalho é etéreo ou infernal? Qual o valor maniqueísta do Limbo? Aqui é bom...



O Metal está morto, enterrado e cheira mal. Se parecer um exagero pelo menos pode-se dizer que se tornou conservador e vive de revivalismos e reanimações estranhas - há sempre excepções como os Spektr. Que eu saiba já há metaleiros que se parecem com os garageiros, afirmam só ouvir Metal até 1990 e tal, depois disso não interessa o que vem para a frente. Talvez para acarinhar esses velhos (de idade e cabeça) o mercado deste género musical confirma o "Simon says" sobre a "retromania da Pop" e o Metal actualmente faz recombinações de estilos e sub-géneros antigos sem puxar a carroça prá frente. Quanto mais para trás melhor e quanto mais tradicional mais suor fraternal oferece - "como deveria ser" diz a publicidade de uma das edições que aqui escrevo.
Este limbo existencial é bem visível nas duas recentes edições da Chaosphere, uma reedita Vast dos Disaffected e outra lança o novo disco dos Extreme Unction, 20 anos depois do primeiro álbum. Reactivados, se calhar, com um sonho daquilo que não fizeram quando gravaram o seu único disco, os Extreme Unction repetem o que os Disaffected fizeram também em 2012, passados 17 anos depois do único álbum - Vast - lançaram um disco novo pela alemã Massacre. Ambos casos, por muito que os discos estejam muito bem produzidos, a verdade é que as bandas construíram máquinas do tempo ao ponto de não desvirtuarem as origens dos projectos. O problema é que a sujidade e a selvajaria de quando se é puto cheio de sangue nas guelras foram sugadas por essa mesma máquina. The Last Sacrament é Doom / Death balançando-se entre o "minimal headbanging" dos My Dying Bride e o "groove" de Malevolent Creation. Tal como os Vircator está lá tudo perfeitinho mas não bate. Falta o desempenho descontraído da juventude. E quando se envelhece mal num género de sub-cultura juvenil, a coisa fica azeda...
O mesmo aconteceu aos Disaffected quando voltaram com Rebirth. Em 1995 estrearam-se com Vast, uma obra-prima Death-Prog. Com guturais omnipresentes, é uma viagem hermética que ombreia os grandes deste sub-género: Meshuggah, os seminais Atheist (os inesperados bongos de Dead in my dreams não enganam a influência), Cynic (ambos partilham uma cena cósmica setenteira) ou Theory in Practice. Ganhou esse estatuto e passados estes anos todos continua intocável. Até ao nível visual! A capa faz ainda sentido em 2016 mesmo "em miniatura"... no pequeno formato de um CD. Isto em LP é que era! É raro tudo correr bem com um disco português, este é dos casos completamente harmonioso. Até a nova versão comemorativa está bem feita, a Chaosphere não brinca em serviço, incluindo na edição mais uma versão de Slayer e brincadeiras gráficas, uma delas é o CD que salta como um "pop-up" ao abrir-se o Digipack - o designer Chemega fez igual com os Crewcial há uns bons anos atrás. E ainda são incluídos os temas de uma demo-tape de 1994 para quem sofre de obsessão anal de coleccionismo. Zeus! As editoras escolhiam mesmo quem contratavam ouvindo esta podridão!? Outros tempos, sem dúvida, bem representados por esta edição que é uma cápsula do tempo que deveria estar em casa de qualquer um. Metaleiro ou não, sofredor de síndroma de Peter Pan ou não.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Filipe Felizardo + (Rudolfo * Molly) - à vista = El Pep até 21 de Agosto

Até 21 de AGOSTO na El Pep está patente uma mostra de originais de dois novos autores nacionais de BD bastante diferentes - a música seria o seu único elo de ligação mas até nisso são equidistantes os seus trabalhos. O que lhes une, foram os lançamentos do segundo número da Molly de Rudolfo e O Subtraído da Vista, livro de estreia de Filipe Felizardo. Venham conhecer estes autores e publicações que ficam entre o mundano do dia-a-dia e a cosmogonia, estão convidados e não serão lambidos!




Filipe Felizardo (Lisboa, 1985) é músico e artista visual. Dedicou-se a instalações ópticas e investigações patafísicas ao longo de uma residência prolongada na Galeria Zé dos Bois, de 2009 a 2013, o que culminou no livro de cópia única O Olho Ôco, um trabalho de pesquisa pessoal sobre as presunções da percepção. Está neste momento a preparar o seu próximo disco, Volume IV - The Invading Past and other Dissolutions a sair na editora suiça three:four records, e uma nova publicação em banda desenhada, sobre pedras e sombras, resultado da residência Contra o Dia no Moinho da Fonte Santa.

Na exposição: Os trabalhos expostos são originais de Filipe Felizardo que pertencem ao corpo do livro O Subtraído à Vista. Com esta pequena mostra pretende-se mostrar como o livro que agora é editado pela Chili Com Carne surgiu de diversos retalhos e explorações, tanto de texto como de desenho. O miolo foi trabalhado intermitentemente ao longo de 9 meses, tempo durante o qual a técnica mudou de maneira acentuada - daí que se mostrem as primeiras e últimas versões das páginas iniciais. Sem grandes aventuras no medium da BD, este trabalho serviu para arrumar ideias e uma metafísica muito pessoal.

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Rudolfo é um mestre de todos os ofícios e mais algum. Faz bonecos desde sempre, mas foi em 2007, quando tinha 16 anos, que começou a editar os seus fanzines de BD que entretanto se viram misturados com toda a sua raiva emocional através dos seus discos carregados de Hate Beat e concertos cheios de espasmos, caos, fritaria e bastante rabetice... Do seu pequeno percurso hiperactivo contam-se uma série de fanzines próprios (ninguém quer saber de fanzines!), participação em várias antologias de BD da Chili Com Carne ou oriundas de outros países/continentes, ilustrações para aqui e para acolá (fez imenso lixo para a Vice) e também alguns discos em formato CD-R/MP3. No entanto, os seus feitos mais importantes podem ser reduzidos a uma lista: a criação e morte da antologia de BD trimestral e internacional Lodaçal Comix, entre 2011 e 2013 através do selo Ruru Comix; ter sido a primeira e talvez a única pessoa a ser expulsa do Milhões de Festa; ter criado o bootleg mais másculo de sempre daquele rato amarelo que dá choques (Musclechoo); e, mais recentemente, do seu trabalho contínuo a ilustrar Negative Dad, uma BD escrita pelo Nathan Williams (Wavves) e o seu amigo, Matt Barajas (Heavy Hawaii). Ah, também tem andado a fazer bimestralmente a sua nova revista de bd, Molly!

Na exposição: Molly é uma antologia de autor, uma revista de banda-desenhada que faz lembrar os bons anos 90 onde títulos como Eightball (de Daniel Clowes) ou Dirty Plotte (de Julie Docet) reinavam supremos. Mas esses anos já lá vão, e Molly é um reflexo da contemporaneidade e do universo de Rudolfo. Estarão expostos originais do segundo número que explora ainda mais a psique do autor e das suas obsessões, com a ocasional dose de escatologia, claro.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Ressaca à vista

Quem nos escreveu isto durante a DJ battle depois arrependeu-se e até nos veio pedir desculpa... Mas eis algo sintomático do século XXI, o estado permanente de excesso, seja em informação digital da treta, seja na comida e ida imediata ao ginásio, seja em bpm's na pista de dança. Tenham calma, deixem os DJs brincarem um bocado, relaxem, a vida é para ser gozada e não para ser consumida!
Quanto à inauguração da exposição eis fotos em edicoeselpep.blogspot.pt/2015/08/filipe-felizardo-rudolfo_9.html

sábado, 8 de agosto de 2015

ÚLTIMA HORA: Farrajota vs Felizardo @ Damas


Marcos Farrajota e Filipe Felizardo vão fazer uma batalha de unDJ só com vinil -mesmo à pró, meu! - no Damas após o lançamento de O Subtraído à Vista na El Pep, numa festa má-onda... Mas primeiro há concertos freaks organizados pela Nariz Entupido. Apareçam!

quinta-feira, 18 de junho de 2015

QCDI #3000 : DAMAS : 18 JUNHO c/ Filipe Felizardo e unDJ MMMNNNRRRG


Esta QUINTA-FEIRA, dia 18, a partir das 22h, irá acontecer o primeiro lançamento de um livro de BD no espaço Damas (Graça, Lx): QCDI #3000!!!

É o terceiro volume de uma série de livros de BD que publica as excitantes propostas de novas gerações de autores nacionais e que desta vez materializa uma parceria diabólica entre a Associação Chili Com Carne e o Clube do Inferno!!! 


André Pereira, Astromanta, Hetamoé e Mao são os quatro autores deste número sub-intitulado Fear of a Capitalist Planet com quatro histórias que operam em diferentes matizes, entre o fantástico, o político e o onírico. Dragões, polícias e pizzas deformadas fazem parte da iconografia deste projecto que continua a ideia do Clube do Inferno de que vivemos depois da catástrofe. O colectivo coloca-se de fora, no futuro, na realidade paralela, para obter tangentes que se querem alienígenas mas não alienantes.

Filipe Felizardo foi o músico convidado para criar o ambiente apropriado para as narrativas pós-apocalípticas que o QCDI #3000 nos oferece. Guitarrista de música exploratória tem discos pelas muito recomendáveis editoras Shhpuma, Wasser Bassin e Three:Four (da Suiça). Espera-se pura aridez amplificada! 

Por fim unDJ MMMNNNRRRG conclue uma noite com Tangos finlandeses, Drones e Hip Hop, que são as músicas favoritas do Grande Cabrão.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

ccc@mercado.de.música.independente


O Mercado da Música Independente vai realizar-se nos próximos dias 25 e 26 de Abril, em Lisboa, no Picadeiro Real do Antigo Colégio dos Nobres, parte do complexo do Museu de História Natural. 

O Mercado da Música Independente pretende não apenas facilitar a comunicação entre o público e algumas das mais importantes editoras nacionais, mas também promover a troca de experiências entre os vários agentes independentes desta indústria. E até, através da editora internacional convidada, a Drag City, facilitar a troca de conhecimentos e experiência com quem opera num mercado mais global.

O espaço do Mercado estará aberto ao público das 11 às 20 horas no Sábado, dia 25 e das 12 ás 18 horas, no domingo dia 26. Além das editoras, o espaço contará com a presença de bancas igualmente independentes de bebidas e comida. A entrada nos três dias do evento é inteiramente livre.

A Chili Com Carne estará presente na pessoa do Filipe Felizardo, com as nossas edições relacionadas com música - ou de outras editoras amigas como a Thisco, MMMNNNRRRG, Marvellous Tone, entre outras...

terça-feira, 6 de maio de 2014

Zines com Alma (monokini rmx)

Perdoem-me o título mais xunga de sempre neste blogue mas é que estes zines foram adquiridos na Feira das Almas, onde na realidade onde se reúne mais pedaços de corpos femininos na cidade à procura do "monokini" mais anacrónico para ser o mais "hipster" possível... Alma? Pouca e a Façam Fanzines e Cuspam Martelos tentou colocar cultura no meio destes mil seios, tatuagens parvas do Bart Simpson, pernocas, rabiosques e afins, tudo em frenesi por roupa e acessórios. Chamava-se "Solideriedade Fanzinista" e reuniu algumas produções alternativas como os da malta do Clube do Inferno que aproveitaram para lançar novos títulos Mori de Hetamoe e Freak Scene #1 de André Pereira. O primeiro é uma BD a cores desta autora que duvido justamente à cor chamou-me à atenção. Ela já tinha feito alguns outros dois zines mas que admito que tinham um ar demasiado "nerd" mangaka que não me entrava. Mori mostra ninfetas e símbolos perdidos num texto "teeny boopy" que não me afectando acho sinceramente bonito num sentido formal e estético - a lembrar o aspecto degradado de Mutant Hanako de Makoto Aida. Pereira também tenta fazer um trabalho degradante e espontâneo, como se fosse uma espécie "do seu Musclechoo" mas não consegue ser trashy o suficiente. Se este é o seu "caixote do lixo" então irá mesmo longe a fazer BD algures neste planeta. Ainda assim sabe a pouco e fica-se à espera do número dois!
Não sei porque não atinei com o primeiro número do Preto no Branco (do Cuspam Martelos) mas estes dois novos números estão como qualquer zine colectivo urbano deveria ser: um bocado de tudo mas com interesse! BD, desenho, poesia, artigos sobre música (excelentes os textos sobre Crass e Swans, ainda é possível escrever sobre eles com novas perspectivas), tudo bem compactado em páginas A5 (muitas e cosidas à mão). Encontramos muitos conhecidos e habitués neste tipo de publicações como Ana Biscaia, Bruno Borges, André Pereira, Hetamoe mas também um regresso confirmado de Felipe Felizardo - afinal isto não era tanga - que promete estranhas cosmogonias de futuro. E ele passa por este zine? Espero que sim embora o texto de Tiago Baptista (no número dois) revele a fragilidade que um fanzine costuma ser e isso lembra que nunca mais saia um número deste ou qualquer outro título. Mas um fanzine, anti-corpo da edição, é um acto poético, ele aparece vindo do nada, só precisamos de esperar...

terça-feira, 25 de março de 2014

Ao acaso...

Random Pages (Zine Arcade; 2014) é um mini-zine inglês com um "remix" de várias páginas da produção de banda desenhada de Amanda Baeza que produz desde 2011. Em formato A6 várias páginas de Baeza são misturadas em novas sequências, excepto a mais velha, uma BD feita em lógica e estética de jogo de computador, "Tomás : Myth and Videogames", e que aqui se encontra também completa, ao contrário de todas as outras que se apresentam fragmentadas como Our Library, Nubes de Talco e das participações na antologia de BD do Panda GordoZona de Desconforto (a sair a 5 de Abril!). É um estranho objecto editorial este, por um lado não acrescenta nada de novo na possível releitura (remix?) das BDs de Baeza, por outro, serve como uma espécie de catálogo do seu trabalho, dando até a possibilidade de ver as páginas de Our Library a preto e branco (que foi uma das surpresas da exposição da autora no Festival Rescaldo / Trem Azul). Ao que parece a editora inglesa, a Zine Arcade, quer é divulgar o trabalho dos autores que gostam - até oferecem a bibliotecas que o peçam. Uma generosidade pouco britânica mas nada como o mundo dos fanzines para mudar as regras da cultura da mitragem inglesa.

Completamente oposto ao zine da Baeza está Purga de Heitor Joshua (7 números; Abr'13-Fev'14) de André Pacheco, com BD e desenho tradicionais deste autor, numa onda mista de realista com bonecada. O zine não tem quase nenhuma selecção e edição sobre os trabalhos a publicar, mesmo quando existem números dedicados só a BD (#1, 5 e 6) outros dedicados a um tipo de desenho (#3 e 4), a sensação é que é publicado "tudo ao molho e fé em Deus", fazendo destes zines uma duplicação total do trabalho metido no blogue do autor. Receber os 7 números de enchurrada ainda assim impressiona pela energia que eles transmitem mas infelizmente vai desiludindo por essa falta de coerência nos trabalhos e nas edições. Desconfio que Macedo será alguém a seguir na BD (mais convencional) no futuro de certeza, quando começar a orientar melhor o que quer fazer e sobretudo o que quer mostrar. Gostei mais do #1 porque era repleto de BD (falta-me a paciência para graphzines como já sabem) e mostrava um trabalho mais pessoal - ao contrário de outros de BD que são resultados para os concursos de "BD amadora" - e as melhores capas são do 4, 6 e 7 por serem mais orgánicas, isto porque como todos sabemos um zine é para ser à mão! Fuck DTP!

Para este fim-de-semana que passou, o Filipe Felizardo lançou um mini-zine na Feira Bastarda. Além da proeza de conseguir ter feito uma publicação de apenas 6 páginas, A Pérola! E o Olho! é das poucas BDs portuguesas em 2014 que é "leftfield" - enquanto esperamos por mais obras de Van Ayres, Baeza e pouco mais. Realmente é preciso não ser um autor de BD para se fazer alguma BD de jeito! Como sabem o autor é mais conhecido por ser (fantástico) músico, para além de algumas incursões em vídeo e desenho. Obrigado Filipe! Espero que o regresso à BD seja mais que esta miserável publicação!

sábado, 15 de março de 2014

INSCRIÇÕES PARA A FEIRA BASTARDA I (em Coimbra)

As inscrições para a primeira edição da Feira Bastarda são abertas e continuamos a recebê-las. Manifestem o vosso interesse para geral.prisma@gmail.com e falaremos de detalhes.

Eis a lista dos já confirmados: Associação Terapêutica do Ruído, Bode Sanctus, Buraco, Cérebro Morto, Chili Com Carne, Contos Sérios, Cortar à Faca, MMMNNNRRRG, Narcolepsia, Oficina do Cego, Prisma, Quebra Orelha,...