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sábado, 8 de fevereiro de 2025

Construção, Pato Inglês, caralhos tratam-nos como conas, Shoppings, gatinho, Max Aub, + Indie e xenofobia,...



TERCEIRO número da revista 

PENTÂNGULO
uma co-edição Ar.Co. e Chili Com Carne


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128p. (16 a cores) 16,5x23cm, capa a cores, design de Rudolfo

A Pentângulo é uma publicação que confere visibilidade ao trabalho de novos autores cuja formação tenha sido feita no curso de Ilustração e Banda Desenhada do Ar.Co. Sem hierarquias, nomes consagrados e estreantes, alunos, ex-alunos e professores misturam as suas imagens e palavras numa saudável promiscuidade.

Neste terceiro colaboram Ana Dias, Anna Bouza, Beatriz Alves, Catarina Ramos, Cecília Silveira, Cláudia Pinhão, David Pulido, Diogo Candeias, Francisco Monteiro,  Francisco Sousa LoboInês Cóias, João Ernesto, Luis Sequeira, Marcos Farrajota (com texto sobre a edição independente portuguesa 2019), Mariana Vale, Rebeca Reis, Rodolfo Mariano, Rosa Francisco, Sara Baptista, Sara Boiça, Sara Tanganho, Tiago Albuquerque, Tiago Baptista e Vasco Ruivo
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Edição com o apoio do IPDJ e na distribuição: BdManiaKingpin Books, Linha de SombraMundo FantasmaSnob e Tinta nos Nervos.

E claro, está à venda na nossa loja em linha e na Tigre de Papel, Utopia, Matéria Prima, ZDB, Alquimia (Cascais)... E na Libraria Paz (Galiza)

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Historial

Primeiro lançamento virtual covid 19 via youtube, a 20 de Abril 2020, cortesia da Tinta nos Nervoscom participações de Daniel Lima, Cecília Silveira, Rosa Francisco e Ana Dias moderados por Pedro Moura, e ainda com testemunhos de Francisco Sousa Lobo e Tiago Baptista 
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 apareceu na TV naqueles concursos parvos, o concorrente não acertou no nome da revista, coitadinho
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Exemplos de páginas:

Sara Boiça

David Pulido

Rodolfo Mariano

Rosa Francisco

Sara Tanganho

Tiago Baptista

Dos jovens autores que apenas aqui publicam a sua primeira banda desenhada ou que apenas as fizeram circular em publicações similares (números anteriores da Pentângulo, publicações colectivas com colegas, zines próprios, etc.), apresentam-se vários autores, com vários níveis de domínio, beleza e substância narrativa. Destacaria Rosa Francisco, pelo arrojo gráfico e cromático, Sara Boiça, melhorando cada vez mais o seu cruzamento entre a ilustração poética e as narrativas feéricas e semanticamente abertas (muito próximas de uma constelação muito própria de referências, de Aidan Koch a Lee JungHyoun), Anna Bouza, por uma complexa e eficaz mistura de poesia visual, desenho caligramático e elipses visuais criando uma bela peça gráfica, e Ana Dias, por parecer prometer uma visão sarcástica e mordaz sobre os desequilibrados comportamentos consumistas dos nossos dias.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Nódoa Negra com estudo académico agora que faltam 20 exemplares para esgotar!!


Projecto vencedor da edição de 2018 do concurso interno, Toma lá 500 paus e faz uma BD (2018), a antologia Nódoa Negra reúne as participações de doze autoras: Bárbara Lopes, Cecília Silveira, Dileydi FlorezHetamoé, Inês Caria, Inês Cóias, Marta Monteiro, Mosi, Patrícia Guimarães, Sara Figueiredo Costa, Sílvia Rodrigues e Susa Monteiro.

No nosso imaginário a Dor pertence ao campo físico, neste pensamento associamos sempre o nosso corpo a um estado de dor físico e facilmente nós esquecemos que existem vários níveis de dor, entre eles, a dor emocional/ psicológica, que por sua vez, ocupa o mesmo peso que a dor sentida fisicamente. Assim, partindo da vontade de trabalhar a plasticidade da temática da dor e de querer perceber os vários entendimentos ao seu respeito, foram convidadas onze artistas e uma escritora, que partilham a paixão pelo desenho, a banda desenhada e a ilustração, para que através do seu olhar e desenho/ escrita, reflectissem sobre a dor. Ao longo da antologia, será perceptível que cada artista tento tido como ponto de partida a temática geral da dor, escolheu desenvolver graficamente uma dor específica: do parto, do confronto com o outro, dor menstrual, de amar, da solidão, de esconder a dor, da ausência, do luto, do crescimento, de alma...

NN

Curiosamente e historicamente esta poderá ser a primeira antologia de autoras coordenado exclusivamente por autoras. Isto é, apesar de alguns números especiais de revistas, fanzines ou livros de "BDs no feminino" que apareceram nos anos 90 (G.A.S.P. ou Azul BD3) e no novo milénio (Quadrado #3 / 3ª série, Allgirl'zine e QCDA #2000) estas publicações não foram organizadas pelas próprias autoras como acontece no presente projecto vencedor.

NN

19º volume da Colecção CCC. 138p. p/b, 16x23cm, capa a cores, edição brochada. Coordenação, design e capa por Dileydi Florez. Contra-capa: Marta Monteiro. Projecto apoiado pelo IPDJ
In Portuguese with English translation. 

NN

Historial: 
lançamento no dia 18 de Outubro 2018 na ZDB com exposição de originais e apresentação por Catarina Cardoso (Portuguese Small Press Yearbook

Apresentação na BD Amadora 2018 dia 10 de Novembro, com presença de algumas das autoras seguido de sessão de autógrafos
 
 
artigo de Pedro Moura na Mundo Crítico com BD sobre o livro por Dileydi Florez 

exposição no Festival de BD de Beja de 29 Maio a 16 Junho 2019 



NN

O livro está disponível na loja em linha da Chili Com Carne e na Tigre de Papel, Linha de Sombra, BdMania, Tasca Mastai, Matéria Prima, Utopia, ZDB, Mundo Fantasma, Kingpin BooksStetSnob, Livraria do Simão (Escadinhas de S. Cristóvão), A Vida Portuguesa, Tinta nos Nervos, InsurgentesTortuga e Fábrica Features.
BUY @ Le Mont-en-L'air (Paris), Neurotitan (Berlin), Quimby's (Chicago), Ugra Press (Brazil) and Libraria Paz (Galiza)

NN

Feedback:

um livro-barómetro no feminino sobre a dor
Amanda Ribeiro in P3 / Público

O título é duro (...)
João Morales in Time Out (Lisboa)

ontem li o Nódoa Negra. é tão bonito que até dói, meu. a história da Patrícia Guimarães é incrível. parabéns! 
Francisco C. (por e-mail)

São testemunhos no feminino, são força, são ruído, são rasgos de agitação num panorama - ainda - pouco dado a movimentos bruscos. A primeira antologia totalmente construída por autoras em Portugal é muito mais do que uma afirmação, é a casa de uma intimidade que fende tabus e nos mostra que a existência inevitavelmente dói.
Tiago Neto in Vogue Portugal

Um livro sobre dores que desenham e escrevem num mais difíceis exercícios...
Inês Fonseca Santos in Todas as Palavras (RTP)

Tive conhecimento desta edição enquanto folheava um dos últimos números da Vogue. Como a recepção do livro na imprensa também passava pelo P3, Time Out e por um programa de TV apresentado por uma das tipas do Câmara Clara, tudo indicava que se tratava de mais um livro do ano. São só autoras a fazer este livro e ao que parece esta ideia surgiu da Dileydi Florez, que há uns anos tinha desenhado o Askar, o General, em tempos em que a associação Chili Com Carne estava imbuída por um espírito de masculinidade militar. Mas isso foi lá atrás, agora a associação pugna diariamente pelos direitos dos mais fragilizados pela ideologia dominante no tardo-capitalismo: entre essas figuras encontra-se a mulher. A premissa para o livro é interessante e tem um importante significado político: não há espaço na edição de banda desenhada para mulheres, por isso é preciso arregaçar as mangas e pôr mãos à obra. Quando estamos à espera que a bd da organizadora deste volume seja, então, um grande manifesto feminista, eis que termina com dois enormes paradoxos: primeiro, ao escrever que se alguém tiver uma vida mais consciente está a dar um passo para sofrer menos, Florez parece estar a preparar uma sólida carreira como autora de manuais de auto-ajuda; segundo, a bd termina com o salvamento da mulher frágil pelo seu príncipe encantado, desvirtuando a ideia da autonomia feminina. No entanto levanta um problema importante que será transversal a todo o livro: o corpo e a sua vulnerabilidade. (...) Mas o sofrimento também se revela de outras formas e é aqui que o livro se transcende (...) é também o sufoco provocado pelo assédio doméstico que acompanha o crescimento da futura «dona-de-casa» - eufemismo para «escrava da família patriarcal», se puxar do meu jargão a transbordar de ideologia. É este o tema dos «Bons costumes», de Sílvia Rodrigues. A Nódoa negra beneficia ainda de uma multiplicidade de linguagens gráficas, destacando-se a manga da Hetamoé e a arte bruta da Inez Caria (...) há ainda a contribuição da Susa Monteiro, que me parece estar cheia de referências eruditas à arte contemporânea, ou então mostra apenas a tristeza profunda de um tenista que não consegue jogar ténis contra um cavalo. A fechar o livro, a Patrícia Guimarães colabora com a melhor bd do volume, não só porque ataca o importantíssimo tema da apatia provocada pela rotina quotidiana, como estiliza a narrativa num daqueles puzzles de deslizar peças, como que a dizer que a efemeridade da arrumação é mera ilusão e que o próprio caos é só mais um episódio da organização da vidinha. Mas a vida é só pathos? Não: a Cecília Silveira diz que também há espaço para minetes e para fisting com luvas de boxe, como que a lembrar que o sexo falocêntrico é também uma forma de violência e de exercício de poder sobre o corpo feminino.
Russo in A Batalha

(...) o muito interessante Nódoa Negra.
Jornal de Letras

NN




Bibliografia das autoras na Chili Com Carne: 
MASSIVE (2009) c/ Marta Monteiro
Destruição ou BDs sobre como foi horrível viver entre 2001 e 2010 (2010) c/ Sílvia Rodrigues
Boring Europa (2011) c/ Sílvia Rodrigues
Futuro Primitivo (2011) c/ Inês Cóias, Sílvia Rodrigues e Susa Monteiro
Mesinha de Cabeceira #23 : Inverno (2012) c/ Sílvia Rodrigues
QCDA #2000 (2014) c/ Hetamoé e Sílvia Rodrigues
- Askar, o General (2015) de Dileydi Florez
Malmö Kebab Party (2015) c/ Hetamoé
QCDI #3000 (2015) c/ Hetamoé
Maga : Colecção de ensaios sobre Banda Desenhada e afins (2015) c/ Hetamoé
Lisboa é very very Typical (2015) c/ Dileydi Florez
- Anarco-Queer? Queercore! (2016) de Rui Eduardo Paes, c/ Hetamoé
- Pentângulo #1 (2018) c/ Cecília Silveira e Dileydi Florez

sábado, 3 de junho de 2023

Amazonas do Avant-guarde Russo, plágio, arte degenerada, churrascão Tupinamba, Heavy Metal, nada fixe,...

ESGOTADO!

Ainda poderão encontrar exemplares na BdMania, Kingpin BooksLinha de Sombra, Matéria PrimaMundo Fantasma e Tasca Mastailojas estas, que estão a apoiar este projecto. Mas também poderão encontrar na Tigre de Papel, Snob, ZDBYou to YouXYZ Livraria do Simão (Escadinhas de s. Cristóvão, Lx),...

capa de Daniel Lima

PENTÂNGULO é uma publicação anual que mostra resultados de uma parceria entre a Escola Ar.Co e a Associação Chili Com Carne, que aqui unem os seus esforços criando um novo projecto editorial.

Este tem como objectivo conferir visibilidade ao trabalho de novos autores cuja formação tenha sido feita no curso de Ilustração e Banda Desenhada do Ar.Co. Numa relação saudável de partilha entre nomes consagrados e estreantes, a iniciativa conta com a participação de alunos, ex-alunos e professores.

O Departamento de Ilustração/BD do Ar.Co tem vindo a por em prática um modelo pedagógico que privilegia as aplicações específicas da ilustração e banda desenhada em relação ao mercado editorial, tendo para o efeito realizado parcerias com várias entidades ao longo dos seus 18 anos de existência. A Chili Com Carne - e a sua "irmã" MMMNNNRRRG - foi um dos parceiros com quem o departamento colaborou, como o atestam as publicações Brincar com as palavras, Jogar com as imagens, em 2002, e mais recentemente O Andar de Cima de Francisco Sousa Lobo, álbum realizado no âmbito do Ano Europeu do Cérebro, em 2014.

É na sequência destas colaborações que estas duas associações se juntam novamente, para afirmarem os seus lugares próprios na produção de banda desenhada nacional.

Neste primeiro número colaboram Amanda Baeza, Anna Bouza da Costa, Cecília Silveira, Carolina Moreira, Daniel Lima (capa), Dileydi Florez, Francisco Sousa Lobo, Gonçalo Duarte, Igor Baptista, João Carola, João Silva, Luana Saldanha, Martina Manyà, Mathieu Fleury, Pedro Moura (como argumentista e crítico), Rafael Santos, Rodolfo Mariano, Sara Boiça, Simão Simões, Stephane Galtier, colectivo Triciclo e Vasco Ruivo.

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Exemplos de páginas:
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Historial: Lançamento oficial no dia 27 de Fevereiro de 2018, na Ar.Co, com presença especial de Francisco Sousa Lobo que lança também o seu livro Master Song, 65º volume da colecção mini kuš! (da Letónia) ... nomeado para Melhor Fanzine na BD Amadora 2018 (???) ... nomeado para Prémio de BD Alternativa no Festival de BD de Angoulême 2019 ... Ilustrações de Dileydi Florez seleccionadas para BIG - 2ª Bienal de Ilustração de Guimarães 2019 ...

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Feedback  o que me bateu mais foi a bd da Cecília [Silveira] Churrascão tupinamba tá foda sim! o Rodolfo Mariano não desenha bds, na verdade o que ele faz é abrir portais cósmicos para outras dimensões, gosto bastante do imaginário que construiu e da ideia de a morte ter andado com o tempo ao colo. Também curti especialmente da parte do João Carola sobre abstraccionismo, e acho a primeira página do Nada fixe [da Luana Saldanha] muito muito fixe. A segunda também 'tá fixe mas a primeira 'tá demais. não sei quem é o João Silva mas granda maluco, faz me lembrar algumas bds portuguesas que lia em fanzines nos anos 90... será? e claro as duas ultimas bds [de Stephane Galtier e Francisco Sousa Lobo] estão um mimo. David Campos (por email)

(...) Neste primeiro gesto, o tema foram as mulheres artistas dos vários movimentos das vanguardas estéticas do início do século XX, sobretudo russas. Mas haverá igualmente oportunidade para envolver ainda, como é o caso, os professores ou antigos alunos, que poderão ir conquistando maior ou menor espaço na paisagem editorial destes campos. Com efeito, encontrarão aqui trabalhos de autores como Rodolfo Mariano, Cecília Silveira (com uma peça a um só tempo divertidíssima e politicamente forte), Vasco Ruivo, Dileydi Florez (uma peça visualmente soberba), (...) e Igor Baptista, cujos nomes têm já lugar nos circuitos de fanzines ou da edição independente, e conhecidos dos leitores mais atentos. Francisco Sousa Lobo, antigo aluno, dispensará apresentações, dada a sua fortíssima presença e produção na "cena" nacional. (...). Procurem! Pedro Moura in Ler BD

Esta BD do João Silva no Pentângulo é um luxo! sensacional André Ruivo (por e-mail)

A malta que faz banda desenhada é claramente o lumpenproletariado da literatura portuguesa: não têm consciência de classe e pouco contribuem para fazer mexer a economia (uns são académicos, outros são funcionários públicos; uns recebem o certificado de artista oficial do regime, outros andam à procura de chapas de zinco para o seu projecto musical pós-industrial; uns fazem zines e alimentam-se a médias no Banco, outros banqueteiam-se alarvemente à quinta-feira no Cais do Sodré), prescindiram do seu potencial revolucionário para transformar a sociedade (preferem ir a mais uma feira de edições independentes do que picar o ponto em mais uma manif pela habitação), são indisciplinados (há dois anos que anda a ser prometido um livro de bd sobre a anarqueirada do 18 de Janeiro e nem vê-lo) e, claro, são desprezados por marxistas. 
Talvez por ter sido guetificada e marginalizada pelo mercado editorial em Portugal, forçada a pedinchar por um cantinho nas livrarias e nas feiras do livro generalistas, a banda desenhada é o género literário mais vivo cá no burgo. Alguns leitores atentos poderão dizer: «Companheiro Russo, que tens a dizer sobre as ilustrações que têm saído na _______ (completar com o título de qualquer revista medíocre de poesia)? Ou aquela banda desenhada que saiu no aborrecido, porém vanguardista, Le Monde Diplomatique versão tuga? E estás a esquecer-te das participações nos jornais de grande tiragem?» Compas, tudo isso são adornos e adereços que servem para enriquecer a palavra pobre, arrastando a banda desenhada para uma condição subserviente, retirando-lhe a sua legitimidade enquanto género literário autónomo. Como se os mortos-vivos quisessem comer a carne aos vivos, arrastandoos para a sua condição cadavérica. 
A edição deste primeiro Pentângulo mostra que a vitalidade de um género literário passa pela sua renovação, por dar espaço à publicação da malta nova. Mas não se trata de editar os novos só porque são novos, mas principalmente porque têm um olhar sobre o mundo que é deste tempo. Isso percebe-se logo pelas bds do João Carola sobre a desconstrução estética do supermatismo e construtivismo russos ou as do Simão Simões e da Amanda Baeza que exploram a imagética do informe. Desta antologia saiu também o desdobrável «faça você mesmo o seu ditador», do Mathieu Fleury (...) Ah, e ainda levam com um bónus em forma de bd do Francisco Sousa Lobo! Quem diria que seriam os déclassés a abanar a chafarica provinciana dos literatos? Russo in A Batalha

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Lançamento Virtual Tinta nos Nervos do Pentângulo # 3

O Covid-19 apanhou o lançamento físico da revista Pentângulo #3 na Tinta nos Nervos, projectado para 21 de Março... Mas como há 'net a rodos decidiu-se lançar virtualmente esta publicação da Ar.Co e Chili Com Carne.

participam numa matinal conversa os professores e alunos 
Daniel Lima, Cecília Silveira, Rosa Francisco e Ana Dias 
moderados por Pedro Moura,
e ainda com testemunhos de 
Francisco Sousa Lobo e Tiago Baptista.




Muito obrigado ao Pedro Moura e à Tinta nos Nervos!

terça-feira, 17 de setembro de 2019

"We can expect an extraordinary variety of genre and apparent eclecticism, but with an underlying conformity of sentiment and vision" (Tim Parks)

Outro texto que ficou perdido no tempo, viva as férias para recuperar e finalizar o artigo mas de resto como já sabem, as antigas resenhas que eram publicadas aqui foram prá A Batalha...
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Vive-se uma estranha confusão por aí, sobre o facto de "girl power" significar "feminismo". Se estamos perante alarvidades como as Spice Girls ou a Capicua ou em mulheres políticas que dizem barbaridades como a Joana Amaral Dias (ela que vá para a Índia com as suas propostas de transportes públicos com espaços exclusivos para mulheres) então estamos em modo de Neo-liberalismo tosco, que produz grandes porcas como a Margaret Thatcher (Rest In Pain!), Theresa May ou Christine Lagarde! Já temos o badalhoco do Trump neste triste mundo, não precisamos de versões femininas da mesma bosta. Na sociedade portuguesa, que nunca foi de grandes lutas sociais desde que o "Cavaquistão" se instalou, vê-se agora muitas mulheres dondocas armadas em grandes sistas e preocupadas com o status quo do seu género. Isto cheira-me a preguiça e a ignorância. Gostaria de as ver nas corajosas manifs dos queers, ou contra a tourada ou contra a empresa Monsanto, por exemplo, e não apenas em manifs de mulheres.

E há algumas que fazem isso! Elas vão a essas manifs para levar porrada cega e cobarde dos bófias-cães-de-guarda. As outras, as que ficam em casa no "Fezesbook" e só saem quando se fala de "direitos das mulheres" são um novo fascismo populista P.C. (nem os comunas terão nisto culpa, pobres diabos) que de imaginativo nada trás - só castra (ui!). Felizmente existem órgãos de comunicação com pés e cabeça, como a revista galega Revirada, que esteve presente na Zine'R'Us no Festival Feminista de Lisboa no ano passado. Mais bonita em linha do que fisicamente, mostra que em Espanha há sempre malta que junta esforços e mete-se em aventuras reais e impressas. Seja para discutir a violência ("e se as feministas usassem a força?" é o tema do #2) ou sobre identidades (#3) ou ainda sobre o desporto Roller Derby, há aqui informação para as portuguesas se informarem, afinal de contas os textos são redigidos em galego, castelhano e português. Outra surpresa dessa feira foram As Bruxas de Blergh, pela Sapata Press, com aspecto trashy e de fanzine "corta-e-cola", pretendem meter medo à antiga, quando uma mulher mais "prá frentex" era logo considerada ser uma bruxa. Já que têm a fama que tirem o proveito! Assim, estas Bruxas dão ferramentas para fazer "voodoo" sobre os políticos fachos do Brasil. Trump entra como extra, claro... Espero que resulte!

Falando da Sapata, eis um projecto que só uma estrangeira poderia fazer no país em que todos vivem como ratinhos bem-comportados - e ratinhas! A Cecília Silveira começou um projecto para inverter a sub-representação de mulheres e dissidentes de género nos espaços de produção de banda desenhada, e a secundarização destxs na história. Publicando projectos de cunho biográfico/ político e/ ou experimental através da perspectiva de autorxs de diferentes origens e backgrounds. É isso aí! Em pouco tempo já editou uma meia-dúzia de zines muito bem produzidos - ou devemos chamar "chapbooks" ou "plaquettes"? - de autoras brasileiras e portuguesas, como o Lado Bê de Aline Lemos, Coração Partido de Ellie IrineuSensui de Dois Vês e Fundo do Nada de Ana Caspão (que participou na Visita de Estudo ao Milhões).

A primeira coisa quando pego nestes zines é pensar se haverá uma forma feminina de desenhar, ou de escrever, enfim de fazer BD? Claro que Anke Feuchtenberger ou Julie Doucet ou Jucifer escrevem / desenham de forma diferente do resto dos idiotas da BD comercial-mercenária mas também o fazem, os masculinos Atak, Chester Brown ou André Lemos - ou o queer Sam Wallman, já agora. São artistas e não macacos-de-imitação. Justamente por isso chateia-me ver que Irineu ao querer contar uma lamechice use desenhos e legendagens que poderiam ser de uma série comercialóide qualquer; que a Aline Lemos apesar do texto muito pertinente seja mais uma "Angeli", ou seja, a sua representação caricatural do íntimo vira para algo genérico como uma vulgar tira humorística - que continua a ser uma marca da BD brasileira - sendo queer ou straight!; e, que Ana Caspão desenhe como estivesse a fazer super-heróis ou séries de Sword & Sorcery. Talvez neste último caso, se desculpe a figuração porque Caspão faz uma BD onírica dentro de um universo "fantástico". Aliás, ela parece ser a única pessoa em Portugal que sabe desenhar este género de coisas com estilo e pujança, está pronta para ir prós "comics-books" dos gringos, se ela bem quiser. A legendagem topa-se que está deslocada do desenho e cria frieza, como é que alguém que consegue levar o leitor para tão longe numa metáfora sobre a vida (da autora? de todos nós que crescemos?) e depois deita tudo a perder com letras mecânicas, cartuxos de textos de "marca branca", onomatopeias e balões de BD vulgares? Ana, caga nas convenções da BD, (re)inventa tu outras para o teu trabalho! É um belo livrinho seja como for mas o mais belo deles todos é o da Dois Vês, talvez inspirado no filme Ama-San de Cláudia Varejão, sobre a rotina do trabalho e a respectiva anestesia alcoólica de uma mergulhadora. É um "loop" sobre o delírio que a vida pode ser, num estilo gráfico super-elegante cheio de texturas. Belo, merece uma imagem grande neste "post", tomem:


terça-feira, 13 de agosto de 2019

Satélite Zines

Ah! Agosto e a escrita em dia! Muitos zines de 2016! Esquecidos nitidamente numa caixa. Olhando para eles, ainda vale a pensa escrever algo? Veremos bem que sim. Sobretudo fico a pensar o que aconteceu a este pessoal... Vamos lá rápido, rápido que estou atrasado!

Deixo "as damas" pró fim porque são mais interessantes apesar deste Planeta Satélite (Dez'17) de Ricardo Baptista, não ser nada de desprezar, muito antes pelo contrário. O autor que ainda não percebi quem é (já nos cruzámos?) e o que quer fazer porque por um lado faz esta BD bem esgalhada de aventura / fantasia com um grafismo fixe como por outro tem lançado umas BDs de humor tótó e essa é a que tem tido mais visibilidade pública. Lembra o que o Zé Burnay fazia quando andava na faculdade, o que quer dizer qualidade (até rima), ou seja, boa narração com desenhos abonecados. E depois? O que acontece depois? Aconteceu alguma coisa? Acho que vamos ter de lhe perguntar para o endereço planetasatelite @ gmail . com (se o email ainda estiver activo).

Na onda BD ainda, Doctor Borrows (2016) de Bárbara Lopes é uma crítica simples e divertida à psicologia e a sua inocuidade. Lembro-me que peguei neste zine numa feira qualquer porque era o único de BD que a Bárbara tinha. Mais tarde apareceu na antologia Nódoa Negra. Isso já foi há um ano, não há mais nada entretanto? Zeus!


O meu admirável mundo novo (2016?) de Miss Inês é um livrinho quadrado de ilustração com texto do tipo manual de como viver. É uma caixinha de surpresas apesar da sua simplicidade e mensagem positiva. Giro! Sei que fez um desenho, como eu, para o single dos dUASsEMIcOLCHEIASiNVERTIDAS e nem sei como o seu livro veio-me parar à mãos, para dizer a verdade...

Um, Dois (2018) de Anna B. Costa é um simples espelho narrativo com ilustrações com pinguins. Desengana-se quem pensa que está perante um graphzine parvalhão. A autora participou antes no primeiro Pentângulo. Outra para perguntar o que andas a fazer: a.b.costa @ outlook . com


Mais pérolas esquecidas, mais monografias de duas colaboradoras da Nódoa Negra: MANUELinútil (Façam Fanzines Cuspam Martelos; 2016) de Patrícia Guimarães e Go (Dor de Cotovelo; 2016) de Cecília Silveira. Sei que é tarde para falar nestes títulos até porque os colectivos que os publicaram já desapareceram mas são duas pequenas grandes obras dos últimos anos, que deixam uma nostalgia e desorientação, porque raios não apareceram mais obras com esta força nos últimos três anos? Go é uma metáfora sobre o trauma de refugiados e da emigração é contado com simplicidade mas de forma pungente, onde a simplicidade de uma BD curta mostra que vale mais que uma "novela gráfica" de 200 páginas. E o mesmo acontece no segundo livro de Patrícia, com mais páginas é certo, BD assanhada de pós-feminismo e de uma violência deselegante (a lembrar o Janus), não embelezada ou glamourisada, o contrário daquela que costuma aparecer nas BDs de rapazes idiotas (e infelizmente, nos dias de hoje também de gajas parvas). É difícil soltar um riso nesta BD, é preciso ter algum tempo para tal, são assim os melhores trabalhos em qualquer área criativa...

Creio que através da Sapata Press seja possível arranjar o Go.

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Fábio Zimbres em Portugal até 6 de Junho




Esse cara aí, é nem mais nem menos mas o grande FÁBIO ZIMBRES!

Artista Gráfico único no Brasil e mais outro pedaço do Mundo bem grande, editor omnisciente (era ele o responsável pela revista ANIMAL : FEIO, FORTE, FORMAL!), autor de BD desigual e pessoa incrível e légau!

Para quem tem olhos - ou seja, quem comprou o Sírio - já sabe que o próximo volume da colecção RUBI é Música para Antropomorfos, um trabalho sinergético com a banda Mechanics.

Atenção que 300 exemplares apenas vai ter a oferta do CD Music for Antropomorphics dos Mechanics, editado em parceria com a Zerowork Records!!

E então? O homem tem o seguinte plano de actividades:

- 16 de MAIO - presença do autor na noite Ocupa Sapata no Braço de Prata, boa hipótese de apanhar a edição quentinha!
- 18 de MAIO - presença na Feira de Autorxs na Arco, olha se as 300 cópias não vão à vida!
- 21 de MAIO - feitura da serigrafia com a Oficina Loba
- 29 de MAIO - palestra e workshop na Escola Ar.co.
- 31 de MAIO - 2 de JUNHO presença no Festival de BD de Beja.
- 1 de JUNHO é dia oficial do lançamento com conversa com o autor, citando Sonic Youth, às 15h30.
- 6 de JUNHO - autógrafos Fábio Zimbres na Feira do Livro de Lisboa, stand B41, às 18h CANCELADO devido a problemas familiares o autor teve de voltar mais cedo que o previsto, no entanto deixou SETE livros com desenhos / autógrafos que serão vendidos EXCLUSIVAMENTE neste dia 6 de Junho.

De resto, em Beja foi assim (fotos de Cecília Silveira):







segunda-feira, 13 de maio de 2019

Sapata Diplomatique


Como tem acontecido, de dois em dois meses desde Janeiro, eis na edição deste mês a participação de Cecília Silveira no Le Monde Diplomatique com uma banda desenhada segundo a seguinte premissa: Será a caneta mais poderosa do que a espada? Nestes tempos assanhados, desafiamos autores de Banda Desenhada a reagirem a esta pergunta. Nos próximos meses, a edição portuguesa do Le Monde Diplomatique vai publicar as suas respostas...

NOTA: infelizmente houve um erro feito no arranjo gráfico do jornal que deixou um detalhe da BD anterior sobrepor-se no trabalho de Silveira, mutilando uma parte importante do seu texto. No próximo número deste periódico, a BD será republicada em condições e sem interferência assustadora sino-nortenha!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

ccc@angouleme.2019


Chili Com Carne with nice selection of the best books from Portugal are going to Angoulême Comics Festival / Nouveau Monde venue (well, it's a giant tent as you should know).

See you there, friends!

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Francisco Sousa Lobo @ Arte Capital + DN


Duas boas entrevistas a Francisco Sousa Lobo, uma no sítio Arte Capital, sob a batuta de Liz Vahia e Cecília Silveira... E outra no Diário de Notícias.


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Os 500 paus de 2017 - DOR / Nódoa Negra



Os cinco membros do Juri desta edição do concurso interno da CCC, Toma lá 500 paus e faz uma BD já decidiram sobre o projecto vencedor!

O projecto vencedor é Dor, uma antologia de BD com as participações de doze autoras: Bárbara Lopes, Cecília Silveira, Dileydi Florez, Hetamoé, Inês Caria, Inês Cóias, Marta Monteiro, Mosi, Patrícia Guimarães, Sara Figueiredo Costa, Sílvia Rodrigues e Susa Monteiro. Será um livro de 104 páginas a sair neste primeiro semestre de 2018 na Colecção CCC.

Segundo a sinopse do projecto de Dileydi Florez, coordenadora do projecto:
No nosso imaginário a Dor pertence ao campo físico, neste pensamento associamos sempre o nosso corpo a um estado de dor físico e facilmente nós esquecemos que existem vários níveis de dor, entre eles, a dor emocional/ psicológica, que por sua vez, ocupa o mesmo peso que a dor sentida fisicamente. 

Assim, partindo da vontade de trabalhar a plasticidade da temática da dor e de querer perceber os vários entendimentos ao seu respeito, foram convidadas 10 artistas e 1 escritora, que partilham a paixão pelo desenho, a banda desenhada e a ilustração, para que através do seu olhar e desenho/ escrita, reflectissem sobre a dor. 

Ao longo da antologia, será perceptível que cada artista tento tido como ponto de partida a temática geral da dor, escolheu desenvolver graficamente uma dor específica: do parto, do confronto com o outro, dor menstrual, de amar, da solidão, de esconder a dor, da ausência, do luto, do crescimento, de alma...

Foram entregues apenas seis propostas, a mais pequena participação de sempre desde que começamos a promover este concurso em 2013, apesar de ter sido a maior ao nível de quantidade de participantes (31 autores) - como seria óbvio uma vez que este ano pedimos para serem entregues propostas de antologias de BD.

Das seis propostas, só três foram aceites a concurso porque a malta em 2018 não sabe o que significa "antologia". Eis um momento pedagógico em menos de um minuto: Antologia 1. colecção escolhida de trechos em prosa e/ ou verso do mesmo ou de diferentes autores; selecta 2. estudo das flores 3. colecção de flores; florilégio [in Infopédia]

Das três propostas, todas elas eram potenciais vencedoras da edição deste concurso, tendo vencido a Dor por maioria de um Júri... bastante dividido mas Dor no geral pareceu-nos bem coordenado e bem pensada enquanto uma antologia que possa ser interessante para todos, com histórias autobiográficas e outras com uma poética mais subjectiva.

Também pesou o facto de ser livro de autoras de BD, que têm menos visibilidade no mercado nacional para discussão politica, emocional e social em Banda Desenhada. Esta antologia apesar de ter uma estrutura temática comum não cairá na repetição de uma única narrativa. Será uma bela colecção de flores, sem dúvida, como aliás acontece sempre nas outras antologias da Chili Com Carne.

Curiosamente e historicamente esta poderá ser a primeira antologia de autoras coordenado exclusivamente por autoras. Isto é, apesar de alguns números especiais de revistas, fanzines ou livros de "BDs no feminino" que apareceram nos anos 90 (G.A.S.P. ou Azul BD3) e no novo milénio (Quadrado #3 / 3ª sérieAllgirl'zine e QCDA #2000) estas publicações não foram organizadas pelas próprias autoras como acontece no presente projecto vencedor.

Ficam aqui algumas páginas:

A Associação Chili Com Carne agradece a todos os sócios que participaram nesta iniciativa, em especial aos que pagaram a sua quota anual e permitiram o prémio monetário - há mais de dois anos que as quotas anuais dos sócios tem como objectivo financiar o concurso "Toma lá 500 paus!" invés de serem apenas um mero "investimento" para o consumo das nossas publicações.

Esta iniciativa tem o apoio do IPDJ e relembramos que graças a este concurso foram já publicados quatro livros, a saber: O Cuidado dos Pássaros / The Care of Birds (vencedor de 2013) de Francisco Sousa Lobo, Askar, O General de Dileydi FlorezO Subtraído à Vista de Filipe Felizardo e Acedia (vencedor de 2015) de André Coelho.

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Sobre as autoras: Há autoras (re)conhecidas como a Marta Monteiro ou a Susa Monteiro, há a jornalista Sara Figueiredo Costa que a lemos no Expresso ou na Blimunda, há autoras que estão a começar e outras que andam cá há algum tempo mas afastadas do olho público... Dada a grande quantidade de autoras neste de Dor não iremos agora aborrecer os leitores com biografias e links. Esperem para quando sair o livro! Até lá podemos constatar que a maioria delas já participaram em vários livros nossos. Nas antologias MASSIVE (2009), Destruição ou BDs sobre como foi horrível viver entre 2001 e 2010 (2010), Boring Europa (2011), Futuro Primitivo (2011), Mesinha de Cabeceira #23 : Inverno (2012), QCDA #2000 (2014), Malmö Kebab Party (2015), QCDI #3000 (2015), Maga : Colecção de ensaios sobre Banda Desenhada e afins (2015), Lisboa é very very Typical (2015) e na recente revista com a Escola Ar.Co., Pentângulo, cujo primeiro número sairá a 27 de Fevereiro. A Hetamoé também participou com ilustrações no livro Anarco-Queer? Queercore! (2016) de Rui Eduardo Paes; e a solo temos Askar, o General (2015) de Dileydi Florez.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

(...) o Marcos Farrajota, que me ajuda muito (e que é o punk mais generoso e mais carinhoso que eu já conheci) (...)

cartaz em Lisboa que apareceu na mesma altura do Corta-E-Cola / Punk Comix

Já perdi a conta dos documentários sobre o Punk português que foram feitos nos últimos anos. Agora foi mais um feito pela RTP e Antena 3 - Uma espécie de Punk - que é o melhor de todos apenas porque além de ser o mais curto (consegue dizer o mesmo que outros em menos tempo!) tem mais qualidade de produção e melhores imagens de arquivo. De resto, é o mesmo chorrilho de banalidades já escritas e conhecidas que vão de 1978 até 1990.

Passar dos 90 é que já têm todos medo!

Agradecem-me no final dos créditos e ao Afonso Cortez - talvez porque viram no(s) nosso(s) livro(s) A Verdade. Mas pouco adiantou, o Punk para esta malta, que anda a snifar o cuzinho do Punk para fazer guito, é só a "Música". Ora, a música é o que menos interessa, até porque 99% dela era e é uma valente merda.

Aqui vai um excerto do meu Punk Comix para ver se chegamos a algum lado: o punk tornou-se num movimento ligado à Anti-Globalização/Capitalismo, à defesa dos direitos animais, ao veganismo, femininismo e anti-racismo como relata Craig O’Hara em The Philosophy of PunkAté, um académico da BD conseguiu perceber que: Acima de tudo, fica a ideia de que a maior herança do punk é a cultura do do-it-yourself, aliando-se então uma das tendências mais marcantes da banda desenhada moderna portuguesa, a da emergência e formidável produção de fanzines, a essa prática particular que ocorreu de forma tão dramática e especial no punk.

Mais do que isto ou é esquecido ou parece que se quer apagar de forma intencional.

Falar sobre os Punks que levaram porrada nas manifestações contra a McDonald ou contra as Touradas, isso já não serve para as narrativas bacocas destes documentários ou nas discussões que se possam ter sobre este movimento. Ignora-se que são os Punks que "okupam" as casas que o Estado ou os especuladores imobiliários que deixam ao abandono ou que lutam na rua contra a escumalha Nazi!

Pensar ou divulgar isto, parece proibitivo! Agora, passado estes anos todos, em que essa luta foi esquecida, ser Punk já é fixe desde que se esqueça as dores de quem combateu por algo que acreditava, algo correcto e para o bem da sociedade que ela própria ignora e despreza. Qual é que foi o intelectual ou artista dos últimos anos que levou na boca da polícia? Qual deles reclamou à séria da sua editora que o explora ou que explora outros? Não me lembro de ninguém, só de banalidades populistas como os feminismos à Capicua e aquela perua que queria transportes públicos só para mulheres - uma tia que nunca andou de autocarro, obviamente. Será por isso que não leio Peixotos, Tavares e quejandos? Hum...

Até dizer em público que se é Punk é porreiro. O título deste "post" é sacado de uma entrevista da autora de BD Cecília Silveira na Blimunda. A Cecília é amiga e sei que ela disse isto de uma forma coloquial e simpática numa conversa relaxada mas de repente é isto que sinto sobre "ser ou não ser punk". Tudo a gente é ou foi ou pode ser... Nada contra, a Liberdade do Punk permite-o, ao contrário que dizem os guardiões do "verdadeiro punk" - sabe-se lá se ainda existem ou que estejam preocupados com tal em 2017, no máximo acho que são coleccionadores de artefactos...

Sim, queria ser punk quando era "teenager", ter ar de galo de combate e meter nojo a toda sociedade que é mesmo nojenta. Redundante talvez, a crista veio tarde e durou pouco tempo. Ficaram outros valores que não foi na Universidade ou noutro lado "normal" que me ensinaram. Foram as "distros",  fanzines, as editoras e as pessoas dos meios underground que me mostraram como se pode fazer coisas com ética e sem cedências. Ser "punk" neste milénio é aderir às causas que O'Hara refere ou então se preferirem nem é preciso ser "nada" para se aderir a estas ideias porque elas são boas, simples, desejadas e virtuosas mas... mas... mas... Quando os cronistas-punheta do Público escreveram sobre os ataques a autocarros de turistas em Barcelona pelos moradores afirmando que estas praticaram actos de terrorismo (como se um morador fosse um bombista!), como contra-argumentou e muito bem o blogue L'Obéissance est morteDurante décadas, os ecologistas defenderam um modelo agrícola livre de pesticidas. Claro que foram acusados de “radicalismo” já que os pesticidas, desde que “adequados às normas impostas pelas entidades reguladoras”, eram considerados indispensáveis às boas práticas de uma “agricultura moderna” que se impunha nos países desenvolvidos e que promovera a substituição progressiva da figura retrógrada do agricultor por aquela hodierna do empresário agrícola (...). No entanto, em 2013, um estudo demonstrava que 92% dos cursos de água franceses estavam contaminados por pesticidas, devido às práticas da agricultura intensiva, apenas escapando à contaminação generalizada algumas zonas montanhosas e outras onde ainda predomina uma agricultura pouco intensiva, pouco consumidora de herbicidas, os maiores culpados da contaminação. (...) Também acusados de “extremistas” têm sido aqueles que, principalmente em França, se têm rebelado nas ruas contra a invasão publicitária do espaço público. Estes “radicais” têm limpado paredes inteiras do metro do marketing que enche o campo visual das nossas cidades, questionando assim a hegemonia (ideológica) que os industriais detêm hoje sobre o nosso quotidiano. Basicamente, defendem que a penetração da publicidade em todas as esferas da existência condiciona os nossos comportamentos e reduz a nossa liberdade, pelo que há que atacar esse monopólio da imagem que goza de toda a legalidade democrática. Será o seu ponto de vista insensato e perigoso para a comunidade? Ou, inversamente, não estará uma vez mais o extremismo precisamente do lado que os “radicais” combatem?

Quando se escreve, desenha, edita e publica-se o que se quer, tal não é divulgado nos "meios sociais" - quem inventou esta expressão caricata? Pior é quando estes "meios sociais" mais tarde ou mais cedo limpam as Culturas de milhares de pessoas - olhem o livro do Queercore na Time Out. Assim sendo, só se pode ser mesmo é "punk", quer se queira quer não. como tal só se pode mandá-los para o caralho!

Poderia-se "dar alvíssaras pelo agradecimento no documentário" mas eu prefiro é dar-lhes masé pissas pelo agradecimento porque não contribui em nada directamente para estar nos créditos. Não estive em contacto com ninguém da Antena 3 / RTP, não forneci nenhuma informação ou material para merecer lá o agradecimento. Serão remorsos de terem seguido o guião da parte do livro do Afonso Cortez? Porque são "punks" e agradecem por tudo e por nada!? Se não me tivessem dito que estava nos créditos não teria visto se quer o programa porque não vejo TV nem nenhum media tradicional. Mudem ou morram!