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terça-feira, 29 de maio de 2012

Eu quero que o Fado se Foda! (mas os portugueses são tímidos!)

Como escrevi recentemente os portugueses gostam de - ouvir não sei mas tocar é mais do que certo -géneros lentos e calmos seja qual for o ramo da música. Seguem mais uns exemplos das minhas acusações, estes vindos da parceria da Raging Planet e da Raising Legends, editoras que apostam num catálogo de Rock centrado na ideia de bandas que se reconheça o "profissionismo", ou seja, bandas que tocam "bem", que trabalhem, que dêem concertos, que tenham um som bem produzido (pagando um produtor ou algum cromo estrangeiro para "masterizar") e sobretudo que se embalem bem (em capas, fotos de promoção, vídeos, etc...), ou seja, falo de todo o paradigma do Rock português pós-Blind Zero. Todo este profissionalismo das bandas é uma mais-valia pras editoras? Quando a maior parte da produção nos dias de hoje é baseada em cut/paste e pro-tools? O investimento das bandas e das editoras é realmente recuperado nesta ronha do "sr. profissional"? Fico admirado se o for. Quererá isto dizer que existe uma economia local para o Rock "made in Portugal"?
Mas estas perguntas que ficam por responder nada me impedem de achar que as bandas sofrem falta de originalidade, têm um sentido de oportunismo bacoco e sobretudo falta-lhes energia ou então não a sabem dirigir. Qual delas passa do primeiro disco? Por aqui é só estreias:

Moe's Implosion estreia-se com Light Pollution (2011) mas enganaram-se no título, eles queriam mesmo dizer era "Heavy Pollution" porque ainda se deve deixar uma grande pegada ecológica para gravar um disco! Queriam ser um cruzamento entre At the Drive In ou Mars Volta mas soam a Supertramp com Incubus. Têm montes de ideias, mudanças de géneros musicais ao longo de disco, e até tocam vários instrumentos mas é visivel a falta de sentido mesmo que se disfarce com a tal "gravação e produção profissional". Cantam em inglês sem que se perceba o que querem da vida mas como dizem em Space Fado: «Please don't try to understand me, 'cause I can't do it myself. If I don't know who I am, I have to talk to someone else». Talvez estejam a acabar a universidade e desistam de tocar quando souberem o que são...

Os Amarionette são outros que também se enganaram no título Num dia mau consegue ver-se para sempre (2012)...  queriam dizer "Consegue-se ver sempre o mau num dia". Prometem psicadelismo e até começam bem com sons bizarros e o Charles Sangnoir a recitar Almada Negreiros. Pena que o Modernismo se fique por aqui para continuar num choradilho de banalidades post-rock/ post-metal (tanto faz) que só piora quando a vozinha Pop estilo "menina krida" entra a recitar poesia (em português) de fugir a sete pés - agora percebo porque as bandas portuguesas preferem cantar em inglês... Mesmo com vocoder e cadência à Tool consegue-se perceber o que se diz para ficar enojado. O nosso associado João Ortega faz parte do grupo, e não me lembro de mais nada a dizer sobre este disco...

Katabatic com Heavy Water merece o prémio de "embalagem de CD mais sexy 2012" graças a uma impressão prateada em cartolina preta mas ficamos por aqui em relação a elogios até porque quem vê capas não vê corações ou lá o que é... Ainda não percebi porque se chama esta música de Post Metal - e nem me refiro à banda mas ao género que se instituíu - quando de Metal nada tem. De "post" eram bom que todas estas bandas do género fossem ouvir Slint para saber o que pode ser "post" em... 1989. Também seria bom ouvir o velho & defunto Jimi Hendrix, já agora... Pelo menos estes aqui não abrem a boca para dizerem disparates embora elaborem uns coros como se estivessem num estádio de futebol: oooooh ooooooooooh. Música para betos surfistas? Who cares!?

O melhor fica para o fim... que são os Sinistro (2012), constituídos por alguns cromos da cena metaleira - mas que se querem anónimos para já, para não apanharem com comparações inúteis aos outros projectos que estão ligados. Só era escusado aparecerem com capuzes como os sunn0))) para estarem na "Drone-moda". A nitidez do som aparenta simplicidade de execução ou de composição, e é verdade que não fogem à fórmula Post Metal, ou seja para quem não sabe: guitarras planantes seguidas de explosões sónicas, músicas com durações de 4 a 10 minutos, intros com sons "concretos" (ou barulhinhos que não se enquadram no som geral da banda) de um ou dois minutos, etc... No entanto os Sinistro conseguem ter mais variadade de ambientes que o normal ao ponto de haver guitarras Heavy xunguitas à mistura, algum Stoner e muitas piscadelas ao Prog banda sonora de Giallo (tipo Goblin). Não são uma lufada de ar fresco da música pesada como se tem escrito por aí, são apenas superiores à mediocridade, o que não quer dizer tanto assim sobretudo quando só metade do álbum é que consegue fazer esse feito. A seguir esta banda para ver se conseguem fazer mais que "metade de um bom" álbum de estreia.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Zines a pontapé!

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O Atlas do Nada (Mosca; Dez'10) de João Ortega
Cleópatra #5 (Façam Fanzines Cuspam Martelos; Dez'10) de Tiago Baptista
Intro Espectro (Jun'10) de Tiago Araújo

Parece que os zines de bd voltaram - claro, já não existe outra vez nada! Logo os autores tem de pôr cá para fora a produção, até porque já perceberam que mostrar desenhos na 'net é uma grande treta! E assim, sem mais nem menos, têm aparecido produções, algumas com uma visão de work-in-progress, outras como uma experiência única. Claro que todas estas conclusões poderão estar erradas, as "work-in-progress" poderão deixadas cair (espero que não!) como as "auto-conclusivas" poderão ter alguma continuação.
O Atlas é um "one-shot" impresso em A4 mas dobrado na vertical sobre um tipo que vive isolado numa estação espacial. É miserável a sua condição pois é um excelente cartógrafo do Universo. Lembra uma bd de Filippo Scozzari, de um tipo da metereologia que vivia isolado num satélite para relatar as observações do tempo mas ao menos chagava a cabeça aos tipos que ouviam as suas observações metereológicas ao ponto de os levar ao suícidio. É muito dramático este Atlas...
O número cinco do Cleópatra é pela primeira vez um número especial: "Oh meu Deus! É o fim do cinema!". Truffaut, Manoel de Oliveira, Tarkovsky e Bergman acompanham Zé Cabeludo a verem as últimas bostas que Holywood produziu. Os diálogos desses filmes são reproduzidos enquanto os realizadores e Cabeludo se questionam porque raios estão a ver aqueles filmes. Há um ambiente Daniel Clowes nisto tudo - não é de admirar esta comparação porque parece assumida quando, na secção de resenhas, o Tiago Baptista escreve sobre um livro de Clowes. Indignado com o monopólio da distribuição cultural no país - o Tiago vive em Leiria, creio, ou pelo menos vai-se movimentando pelas Caldas da Rainha, Leiria e Lisboa - fez este zine onde não esconde a fúria no editorial e nas bd's. Também há racionalidade quando escreve: «devemos envolver-nos uns nos outros». A verdade é que a ilusão da Democracia deu a sensação que agora podemos ver / ouvir o que quisermos mas a máquina capitalista têm assimilado qualquer hipótese da produção de autor chegar às pessoas. Os Cineclubes nos tempos do fascismo ofereciam mais e melhor do que a Lusomundo nos dias da democracia. A questão é como revivar os Cineclubes ou qualquer iniciativa cultural independente que ofereça às populações locais um programa sem ser a cultura-pipoca. A luta continua, claro está! E é eterna, percebeu agora o Tiago?
O último título é um estranho híbrido de Emocore de segunda geração e personagens antropomorfizadas (tipo Sokal ou a série Blacksad) feito de páginas de vinhetas únicas e poesia da sarjeta teenager. Negro, solipsista e escatológico soft, passa-me tudo ao lado mas o texto parece-me que seja importante para o seu autor. Defeito máximo é a legendagem a computador! Esta bd é um tipo de trabalho que ao ser tão pessoal e introspectiva que ao ser legendada de forma mecánica perde o sentido. À la pata é que é!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Potencial em triplicado

Apesar da crise no sector da bd - em que a CCC e poucos mais resistem depois das euforias institucionais (1996/2002) e comerciais (2002-04) - creio que o pior era observar que na cena dos zines não apareciam autores para renovar o organismo. As euforias registadas tiveram base nessas publicações e enquanto houve muitos bons fanzines aguentaram-se nessa altura (Succedâneo, Na verdade tenho 60 anos, Gambuzine, Durty Cat, Zundap...). Entretanto desapareceram, alguns ficaram ar de pseudo-profissionalização (Mesinha de Cabeceira,...), os graphzines sobresairam (Imprensa Canalha, Opuntia Books),... A acrescentar ao rol de desgraças, a Bedeteca de Lisboa nunca mais lançou a colecção Lx Comics, e as dezenas de alunos inscritos em escolas de bd não sabem o que é auto-edição...
só recentemente é que tem aparecido indícios de uma nova geração de autores dispostos a usar as fotocópias baratas como forma de promoção do seu trabalho (como o Rudolfo) ou nestes três casos a apresentar como forma de desenvolverem um trabalho maior:

O Fígado da República (parte I)
José Smith Vargas
ed. de autor; Out'10

Smith há muito que tem colaborado em projectos da Chili Com Carne (Mutate & Survive, CriCa) mas sempre com ilustração / colagens. Só nos últimos anos é que o seu interesse pela bd se manifestou publicamente com uma "bd Apupópapa" e a participação no Destruição saído em Agosto - embora a sua estória tenha sido feita em 2008.
Este Fígado é o seu mais recente trabalho - em progresso - em que mostra uma vertente clássica e eficiente da narração, longe dos desiquílibrios de Passeio ao Norte de Portugal (bd publicada na referida antologia Destruição). Ao que parece, não tendo lido o texto, adapta excertos de forma bastante livre Os Operários de Raul Brandão nas suas (apenas) 10 páginas A4.
A acção passa-se em 1918, no meio do turbilhão republicano e os seus paradoxos frente à classe operária, e relata a estória de uma comuna que se instala no Alentejo... E basicamente teremos esperar por mais nos próximos zines que venham a ser produzidos pelo autor. Desde já avisa-se que estamos longe das inocuidades dolorosas das adaptações literárias Antigo regime (José Garcês e afins) e do espírito social "light" de Lacas (Obrigado, patrão!). A seguir atentamente!
este título pode ser adquirido na Casa da Achada


Bhikkhú
David Campos e Nuno Marques
Paracetamol; Out'10

Foi lançado durante na F.E.I.A. - David Campos foi um dos co-organizadores e responsável pelo cartaz - e vemos uma melhoria de ambas as partes em relação ao Meteoro Imprevisível. Da dupla, os textos de Marques são mais vivenciais e por isso mais interessantes de ler versus à poluição dos textos do Meteoro.
Da parte de David, aparece as primeiras páginas do seu "work-in-progress" diário de viagem a Guiné-Bissau. O registo gráfico lembra automáticamente algo de Baudoin pelo liberdade do uso de píncel e tinta-da-china mas o desenho é outro, mais realista. O texto está reduzido a nível de tamanho da letra / legendagem mas a curiosidade já é muita em relação ao futuro. E claro, 6 páginas sabem a muito pouco!


Cosmonauta
João Ortega
Mosca; Out'10

Entretanto em mundos da fantasia onde há as improváveis influências de Manga urbanas de Tekkonkinkreet, alguma fashion "emo-gothic" e admiração por Stockhausen.
Ortega apresenta três projectos apresentados a editoras de bd rejeitados, um drama que poderia ser insuportável se não tivesse posto no papel para uma crítica pública. Há várias falhas ou excessos - em desenho, paginação e enquadramentos - que Ortega irá perceber isso com esta experiência editorial.
Irá perceber com o feedback do público, da minha parte "voto" na bd Ruído Nómada (apesar da horrível "font" do texto) e gosto graficamente as últimas três páginas d'Os traslúcidos.
É uma opinião, que apareçam mais...

Estes dois últimos zines podem ser adquiridos aqui

sábado, 6 de novembro de 2010

PEQUENO É BOM encontros sobre edição independente (7ª sessão)



O PEQUENO é bom! vai fazer um intervalo até à Primavera... e despede-se este ano com a América do Sul, não tivesse a Chili Com Carne um denominação dúbia de gastronomia latino-americana.
Assim, será uma oportunidade única de poder adquirir zines, comics, publicações vintage daquele continente e poder usufruir das novas produções do Brasil (para quem ainda ressaca Chiclete Com Banana), Peru, Argentina,...
Voltamos às CURTAS CHILENAS (2ª sessão) com uma mostra de uma série de curtas-metragens do Chile onde encontramos ficção, cinema de animação e documentário.
Aproveitando o espírito "revolucionário sud-america" conjugado com as comemorações da República para promover o lançamento de o Fígado da República, zine bd de José Smith Vargas - bem como ainda outros zines de David Campos (que recentemente fez a moldura do sítio da CCC) e João Ortega, com uma pequena análise à situação da banda desenhada portuguesa com a presença de alguns destes autores.
E ainda vamos projectar os 2 volumes do Drome Vídeo-zine.
...
Aproveitem o último PEQUENO deste ano!!!
a CASA DA ACHADA fica aqui - entrada livre!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

combate ibérico - facção lusitana

Primeiras páginas de bd's de Ana Ribeiro, Marcos Farrajota, João Ortega, Bruno Borges, Sílvia Rodrigues, André Lemos,... para o zine a editar pelo colectivo Cada Vez Peor, de Valência, no âmbito do projecto Spreading Chili Sauce around Boring Europa. Serão 24 páginas A5, 12 para autores portugueses e outras 12 para espanhóis, o tema é "combate"...