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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Ao lado...

O novo álbum de Rudolfo (Ruru Comix + Cafetra Records + Monster Jinx; 2012) tem um título homónimo ao seu criador mas parece muito pouco Rudolfo tal como o conhecíamos. É um disco caótico de direcções e intenções que só mostra que o Rudolfo foi apanhado pelo seu próprio avatar e que mostra que não sabe o que fazer com uma carreira que não chega a ser como as das "boy bands" - estas são intensas, fantasiosas e curtas porque rapidamante os ídolos passam de moda mas também porque os rapazes crescem, mudam de voz e sofrem outras dores do crescimento. Rudolfo não sendo um "star" vive com a mortalidade normal do povão, criou uma imagem mítica mas esta agora mostra o barro nos pés do mundano. Desonrientado resta a Rudolfo gozar com os otakus, hipsters e outros monstros (em Subitamente ou Balas Perdidas) mas não pode ser "profundo" sem cair na demagogia Pop (Contagem descrescente ou União) nem frequentar música "out" seja na vertente electrónica seja Rock - com ou sem amigos como Ricardo Martins e os Cafetras - porque não se dedicou a tempo inteiro a trabalhar em música como fazem os músicos "à séria". O Rudolfo perdeu a sua espontaneidade "teenager" onde qualquer merda que fizesse teria piada, é neste disco visivelmente um puto desonrientado. Talvez tenha mesmo de fazer como as "boy bands" e parar para depois regressar à grande e à francesa daqui uns anos para gozar com a sua geração de Peter Pans todos fodidos. R.I.P. / Rudolfo in Peace. Claro que um regresso de um Rudolfo não irá significar estádios cheios de gajas cheias de tusa, frustração e crise da meia-idade...

Mais um disco homónimo... os Surveillance (auto-edição; 2012) que é um duo - ela bateria, ele baixo, ambos cantam - de Rock que soa a algures dos anos 90 mas que a minha RAM recusa-se a dar nomes por lerdice pura - Belly? Breeders? Nã!!! Algo mais obscuro de alguma forma... Girls Against Boys? Soa também a Beehoover mas creio que isso é por causa pelo uso dos mesmos instrumentos e aquele ruído lixado da guitarra-baixo. Parece faltar tecnicismo para convencer e acredito que ao vivo deva ter mais energia para nos dar - pena que o concerto deles na Laica tenha sido cancelado pois gostaria de os ter visto! A gravação de tão ruídosa que é merecia ter sido materializada em K7 embora a embalagem do CD seja super-cool! É de estar atento a desenvolvimentos destes duo-putos...

Por falar em duos... Throes + The Shine são dois duos num projecto Rockduro (Lovers & Lollypops; 2012) em que se mistura Kuduro (The Shine) com Rock (Throes), ideia excelente num país cinzento que sempre teve problemas em lidar com África. É excelente ver projectos destes sairem por aí em mestiçagem cultural e sonora, para onde aliás o Futuro sempre rumou - neo-nazis, nacionalistas e outros estúpidos vão aprender História, sff. O único senão deste projecto é que ele é um projecto comercial que junta aquele hedoísmo parvo do Rock com a primitivismo intelectual do Kuduro, quando justamente o mundo o que menos precisa é de mais diversão monga. Nada mais fixe que soltar a franga mas ser um saco de chavões com nova roupagem não me interessa assim tanto. É só "dança, curte, etc..." com uma curiosa instrumentação - e é tudo. Infelizmente, nem todos podem ser Ghunaganghs...

Os E.A.K. já cá andam há alguns anos - ainda me lembro da primeira edição de autor em 2003 - mas pelos vistos estrearam-se em formato álbum oficial com Muzeak (Major Label Industries + Raging Planet ; 2011) - é na verdade o segundo álbum. Definem o seu som como "musclecore" mas o que temos mesmo é Metalcore, género contemporêneo de fusão de Metal com Hardcore que têm sobretudo os defeitos do Hardcore, ou seja, há milhares de bandas assim, com berros pseudo-desesperantes e riffs já ouvidos. As letras em inglês são de uma pobreza extrema - talvez o mais extremo da banda esteja aqui - cheio de chavões de quem está chateado com o mundo: a violência, a estupidez, a falta de amor, a futilidade dos media, etc... Curiosamente se tanto criticam o mundo de plástico então porque a fotografia promocional da banda parece uma parada da Casa dos Segredos? E estranhamente o único momento sonoro de interesse no álbum é o final de Sunday Afternoon Freak Show Cabaret um tema que parece criticar a xungaria dos "reality shows". Os opostos atraem-se muito fácilmente...

Outra estreia é Besta com Ajoelha-te perante a Besta (Raging Planet; 2012) que apresenta-se como Crust - mas os elementos da banda acho que tomam banho e só um é que tem um cão rafeiro. é barulho, barulho, barulho como bem falta às bandas portuguesas de Metal, sem letras no disco para se perceber o que se grunha por aqui, só nos podemos levar pela imaginação que os títulos sugirem: Pai das mentiras, Misantropo, Já foi tudo dito, Finantropia absurda ou O céptico, o crente e o bode... Um bocado linear, faltando loucura para ilustrar o século XXI... Podia ser ainda mais fodido? Eu acho que sim afinal o Scum já foi há mais de 25 anos, né?

Bernardo Devlin tem um novo álbum mas enquanto não o oiço ficou-me pelo anterior Ágio (Sinal 26 / Nau; 2008) que tem uma capa prateada deluxe que o scanner não apanha. Mas o facto da luz do scanner transformar a capa num negro néon talvez resume melhor o que é este disco na realidade, um "Pop de câmara" na linha dos álbuns de Scott Walker dos anos 90 para cá. Ao que parece as letras envocam os anos 70 de Lisboa à procura da modernidade que não chegou (é o que se lê na nota de imprensa do disco) mas por mim tudo isso passa ao lado, apenas parece música de cortar os pulsos numa noite em que tudo corre mal - o dealer enganou-nos, a gaja mandou-nos à merda, os amigos ficaram em casa a ver TV, os bares e discotecas fecharam / não te deixam entrar e sozinho um gajo anda por aí a meter nojo e/ou a passar-se. A música é um misto de electrónica e instrumentação eléctrico, ambos lentas e intimistas como qualquer produção portuguesa que se preze, que mostra o bom compositor que é Devlin - este é o quarto álbum, só conheci o terceiro. É o melhor álbum deste lote e deixa-nos a pensar que se toda a Pop fosse assim... Obrigado ao REP pela oferta deste disco.

O Tombo Primeiro (Raging Planet; 2012) da Tertúlia dos Assassinos é uma espécie de marco histórico na edição fonográfica portuguesa. Se em Portugal houve muitos discos de recitais de textos ou "spoken-word", é muito raro encontrar material deste editado desde os meados dos anos 80. Recentemente tem havido um regresso à oralidade da poesia ou de textos, seja com os Poetry Slams, episódios de combate social ou com uma atitude editorial definida como a excelente Mia Soave. A Tertúlia reúne cinco criadores a trabalhar neste campo, que por minha ignorância da sua existência (ou pelo menos regularidade pública de actividade) admira logo pela quantidade e qualidade dos intervenientes. Querendo fazer da literatura perigosa outra vez (uma utopia revivalista na realidade), estamos bem longe de Ary dos Santos, Manuel Alegre ou Mário Viegas (as origens "spoken-word" de Portugal?) para não dizer que estamos antes em campo oposto porque o que temos nesta Tertúlia é sátira (bocagiana?) de Charles Sangnoir, misantropia (Aires Ferreira o recitador tecnicamente mais impressionante!), esoterismo (Gilberto Lascariz), solipsismo (Melusine de Mattos) e ensaio com David Soares num poderoso, glorioso e (o mais) longo texto. O disco vêm acompanhado de um livro com a reprodução dos textos recitados (ou é o contrário?), gesto redundante depois da interessante gravação áudio. E infelizmente, o livro como objecto é terrível: em design (teen-goth?), paginação (esta malta gótica nunca viu os livros da &etc?), impressão e acabamentos. Espera-se com alguma ânsia por um "segundo tombo", tal como um ouvinte espera um novo capítulo do seu programa de rádio favorito...

Por fim, ufa!, David Soares volta com Charles Sangnoir para fazerem um horripilante CD intitulado Os Anormais : Necropsia de um Cosmos Olisiponense (Raging Planet; 2012). Soares explora o tema da "anormalidade" encarnando o papel de cicerone assustador e que é bem acompanhado por Sangnoir que faz uma banda sonora ambiental minimalista bastante eficiente - aliás, é ele que faz a parte musical da Tertúlia também? Tira-se o chapéu para ambos casos se se confirmar... Dois defeitos apenas, a monotonia na recitação do texto e falta de riqueza gráfica do CD. Deficientes em Lisboa daria pano para mangas para se fazer um livro com desenhos ou reproduções de material documental e gráfico a que Soares se baseou - quem sabe até seria uma boa desculpa para ele voltar a fazer alguns dos seus desenhos grotescos que não vemos há uma década. Seja como for, é um disco para se ouvir com muita atenção!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Eu não quero ver o Porto a arder!


Foi um fim-de-semana brutal no Porto a da Feira do Jeco... Ainda estou a recuperar da cidade que têm mais arte por metro quadrado e a melhor música do país - bastou o concerto de HHY & The Macumbas na noite de Sábado para perceber isso.  Finalmente  consegui ouvir / ler as edições que trouxe de lá depois de tanta animação e festa como se pode ver pelas fotos tiradas pelo Ghuna X. Só o Jeco é que não entrou...

Para uma feira tão pequena teve até muitas novidades editoriais, alguns lançamentos ou pelo menos resumiu bem a cena independente do momento com especial enfoque no Norte, claro. Começamos pelos mais velhos, já lá vão quatro números da «revista de poesia» Piolho (Ed. Mortas + Black Sun; Mai'10-Mar'11) que na realidade é um fanzine fotocopiado A5 que ou sofre de falta de modéstia ou não quer criar ruído de comunicação à população (quantos sabem o que é um fanzine?). É uma reacção à ausência de publicações que publiquem poesia - género literário desdenhado pelo mercado - em que assume o papel da falência da Poesia sem pejo ao publicar num formato económico. Atitude lógica, o contrário seria o "zero" ou o "fim". Não sendo eu fã de Poesia é-me difícil considerar sobre os trabalhos publicados mas uma coisa é certa, sente-se energia por aqui!

Já é chavão que "a revolução não ser passada na televisão" - o que não é bem verdade, vide a "Primavera dos Países Árabes" - mas se dependermos de publicações como a EVUSP (Las Cucarachas) que no segundo número (Jan'11) é o mais certo que "Revolução vai passar nas revistas de novas tendências" de tão "clean" e "design" que é. Este zine é todo ele "esquerda" - contra o Capitalismo selvagem, contra a alienação,... - mas é tão "fashion" a nível de aspecto gráfico e sonoro - ah! sim, é acompanhado por um CD de "spoken-work" e poesia musicada - que acaba por nada trazer de novo para qualquer mente sabida. No fundo, tal como milhares de bandas de Death Metal ou de Hip Hop, é mais um grito de revolta mas que nada altera o estado das coisas. E eles próprios sabem o que está mal quando Chullage (muito à Saul Williams) diz/ escreve «não só pensamos com computadores, também pensamos como computadores». Exacto, esta "Expansão Violenta de Um Sentimento ou Paixão" precisa de carne, ossos, nervos, vómito, tudo ao natural sem corantes e conservantes, PVC, PC e mp3. No fundo, sendo este colectivo capaz de se esforçar para um objectivo comum - uma publicação que junta ilustração, poesia/literatura e som, e dentro do género (qual?) com pernas para andar - deveria era partir cabeça de como se parte o sistema. Invés de poesia revolucionária preferia saber se é possível arranjar um advogado que conseguisse acabar com os outdoors nas ruas, por exemplo. Ou que fizessem um workshop com putos para danificar cartazes publicitários. Isso sim seria um soco na besta capitalista!

O Rey fez o melhor vídeo de Hip Hop de sempre... mas também o álbum que mais me desiludiu... A sua estreia com Sua Alteza o Vagabundo (ed. de autor; 2011) é um álbum de Hip Hop igual a cem álbuns de Hip Hop Tuga (percebo agora o que o Ex-Peão queria dizer com isso). Talvez algumas frases sejam mais fortes mas o "blá-blá-blá" autofágico e paranoíco é de sempre - pergunto, mas quem são os gajos xungas da cena? porque têm eles tanta importância para estarem sempre a ser denunciados mas sem nomes explícitos? -, uma faixa com vozinha de ir ao cu R'n'B, uma falta de coragem em sair do normalizado beat (já para não falar das orquestrações dramáticas xungas ou a guitarra acústica "sensível"),... Inexplicável! Um tipo que faz o vídeo mais antagónico aos clichés do Hip Hop acaba por não conseguir sair da caixa. Só há "bring da noize" em Rua, verdadeiro hino ao graffiti, que chega às formas sonoras mais contemporâneas, que dá o power e o groove que as palavras de Rey precisam. Correm rumores sobre a participação do Rey com o Ghuna X talvez aí finalmente teremos algo "dread" à séria tal como o Ghuna conseguiu traduzir a M7 em algo decente. Já agora, ela e a Capicua, são as Sygyzy, dupla feminina que participam neste disco, e tal como Rey, apesar das letras cortantes não conseguem fugir às palas do Hip Hop convencional. Parece que há muito que o Hip Hop falha como linguagem plástica, o que não é de admirar, nascida quase ao mesmo tempo do Punk e do Industrial, ambas há muito que se tornaram caricaturas de si mesmo (Eminem, Rammstein ou Green Day). Viva o Breakcore!

E por falar nisso... o Rudolfo têm novo álbum! Só os panilas ainda não compraram esta joia de 8(hate)bit nacional, intitulado Vampiro do Gueto que apresenta um Rudolfo que já não tem 17 anos a dizer xixi cócó mas um rapazola a mudar a voz e a escrever letras semiópticas. A estupidez da juventude continua mas está em metamorfose, as borbulhas desapareceram mas nada indica que vai sair daqui uma borboleta. As letras parecem mais Dark (Teen Angst?) e correm o risco de ficarem "intelectuais", o que não é um problema mas o Rudolfo já não é Rudolfo. Já é o Rudeman ou o Rudolfão. A mudança ainda não é total porque ainda há aqui muitas músicas muito parvas, divertidas, "nerds" e porcas como Poder Lunar, que fala da série de anime Sailor Moon. Todos irão desejar que o Rudolfo fosse conservado em formol e que não crescesse mas infelizmente não é o que vai acontecer. Seria fixe ele arranjar um puto, em jeito de franchising, que fizesse de Rudolfo-de-há-um-ano para continuarmos a ter acesso a esse Rudolfo que já não existe - se os Devo fizeram isso porque não pode fazer o Rudolfo? Os valores de produção sonora elevaram - está mais clean, sem dúvida - enquanto os da embalagem mantêm-se grandes como sempre - quase pensamos que estamos a comprar um single em vinilo no primeiro contacto com o objecto.

Vale a pena ouvir este puto que já 'tá na universidade! Até porque isso não o impede de ser um hiper-activo na cena underground, quer na música quer na bd. Ainda há poucas semanas lançou o primeiro número do zine Lodaçal (Rurucomix). Iniciativa de se louvar que pretende ser uma antologia trimestral de bd. Em 36 páginas A5 reúne um misto de autores novos (Natália Andrade, Maré Odomo), novos mas activos (o próprio Rudolfo, Afonso Ferreira, Tiago Araújo), uns velhotes (Marco Mendes, Christina Casnellie,...) e o Ricardo Martins que não sei em que saco colocá-lo - porque raramente saí trabalho dele cá para fora, e que aqui participa com uma bd toda bem feitinha e isso tudo. É uma mistura estranha mas que mostra um panorama diversificado de estilos e de vontades. Estaremos perante um "great comix zine revival" com iniciativas tão sincopadas como alguns títulos do ínicio de milénio? Espero bem que sim! Próximo número já está programado para Junho!

Outra novidade do Jeco, uma recuperação de baú industrial, cortesia chifruda, de um split'CD-R de Derrame Sanguíneo e Sektor 304 cujas primeiras 50 cópias contem um fanzine de 20 paginas com textos de André Coelho e Gustavo Costa, assim como artwork exclusivo de Coelho e uma capa serigrafada nas Oficinas Arara. «Derrame Sanguíneo foi um projecto de Gustavo Costa (infame baterista de diversos projectos como Motornoise, Most People Have Been Trained To Be Bored or Lost Gorbachves) e Iur, um visionário / doido devoto ao Industrial. As faixas apresentadas neste projecto são as únicas gravações deste projecto e são um bom exemplo do Industrial feito em Portugal durante o final dos anos 90 e inícios do século XXI. Industrial do virar do século, repleto de vocalizações ásperas, palavras duras e batidas programadas odiosas.
A segunda metade deste split pertence a Sektor 304, um projecto bem mais recente que apresenta aqui 3 faixas exclusivas dos seus inícios, incluindo uma remistura da única gravação de Intonarumori, a banda imediatamente anterior a Sektor que continha nas suas fileiras membros como Tshueda (ex-Hospital Psiquiátrico) e J.A. (Wolfskin, Karnnos). Sucata, batidas tribais e ruído.» Press-realease dixit. E diz muito bem, ao ouvir estas peças do passado vamos mesmo de máquina do tempo para sons de "junk" a sério, imaginário Dark, sem tampões nos ouvidos... nada a declarar! Já agora podiam reeditar as gravações de Hospital Psiquiátrico que também merecem uma edição tão ilustre como esta!

Por fim, saiu mais um baralho de cartas de Ricardo Castro, Monstruário, continuando a adaptação de Maldoror. As minhas dúvidas persistem em relação ao projecto e à obra literária. O que posso dizer é que gostei mais deste baralho porque o desenho é mais desenho orgánico e menos "design". Acho que está muito melhor...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Fãs de zines



Lusitania Enxebre (Latrina do Chifrudo, 2ª ed.; Mai'10)

Simplesmente Rudolfo #1 (Ruru Comix; Mai'10)


Dois fanzines do Porto dedicadas à música «e não só». O primeiro título é uma reedição em formato A5 de um fanzine editado em 2008 cheia de podridão Black Metal e Satânica extremamente bem desenhada e ilustrada pela torre humana que é André Coelho. Não é tão bom como o Sanabra Enxebre lançado um ano mais tarde porque é mais limitado na sua forma, ou seja, não tem artigos profundos como Sanabra ficando-se pelas entrevistas a bandas e resenhas a discos.. Ainda assim, está aqui bom material gráfico em último caso!

O segundo título é orgão oficial do Rudolfo, esse grande artista do myspace e do CD-R pirata! Iconoclasta por natureza, toda a cultura Pop (Pimba, Punk, Electrónica, ...) é usada por Rudolfo para explorar os clichés das relações entre o fã e a Estrela Teen, colocando em papel informações úteis e/ou ficcionadas das suas actividades, cartas de fãs (cartas? são e-mails, carago!), arte de amigos (como de um tal Tiago Franco) e até material rejeitado (como uma primeira bd de Rudolfo para a Destruição, que sacanita!). Imaginem uma revista tipo Bravo especial Morangos com Açucar com meia de bling-bling e outra meia de cócó... dá nisto! Para quando o Clube de Fãs do Rudolfo com direito a mershandising oficial tipo tatuagem temporária? Avisem-me quando isso acontecer!!!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Bacalhau qu' aragu


Rudolfo : Grandes Êxitos (auto-edição, 2008) ; Vídeojogos são para falhados (Rudepuke; 2009)

Portugal atrasado como sempre demorou a ter o seu "trash" mas ei-lo no seu rigor myspace: Feia Medronho, Vizir (os Enapá 2000 do Grindcore!), Darko Phallu, MC Satanánás e o Rudolfo... Na essência são pessoal do Metal (uns mais, outros menos) que juntaram o Anús do Metal à tecnologia digital barata para fazer humor escatológico de baixo nível mas que ainda assim conseguem pelo menos dar uma "bufada de ar fresco" à mediocridade que o Pop/ Rock/ Hardcore/ Techno/ Metal português se encontra. O "melting-pot" de referências é enorme passando do Techno da Rave para malta do tunning à iconografia kitsch do Black Metal, dos jogos 8-Bit ao Nosso Pimba, do excesso de pornografia (bizarra ou não) ao "bling bling" do Hip Hop. As referências artísticas são o humor anal e Free Grindcore dos Anal Cunt, o minimalismo e revivalismo do "tão-mau-que-é-bom" inserido pelo Electroclash neste milénio, e por fim, a realização do poder que a a língua "local" pode ter versus o Inglês para carreiristas falhados - o exemplo poderá ser os demoníacos Brujeria?

O Rudolfo, para além de fazer zines de bd (já aqui referidos), é um performer e músico desta vaga "Nu Trash Z", ou como ele prefere "True Jungle Disco Trash" (como mete na contracapa do seu álbum, sendo os "t" desenhados como cruxificos invertidos), que já editou duas demos e um álbum - este último com festa de lançamento programada para 13 de Fevereiro nos Maus Hábitos (Porto).

A primeira demo Grandes Êxitos tem 15 minutos e 45 segundos, ironicamente para o título que têm só ultrapassa em 45 segundos para os 15 minutos de fama previstos pelo Andy Warhol, e já cá está o que é a entidade Rudolfo: música feita com máquinas de jogos assumindo um lo-fi-tech, Breakcore e Noise, gozo aos clichés da cultura popular (Sou do Guetto é um Hip Hop débil que dá mais "respect" que os "Hip Hopers" 'tugas que andam por aí armados em vítimas), vozes parvas (de quem foi abandonado pelos pais aos desenhos animados da TV), uma serie de parvoíces Xixi i Cócó (literalmente) que poderão agradar fãs de Big Dumb Face ou ainda Faxedhead, embora não tenha assim tanta relação como isso - lembrou-me não sei porquê...

Aliás este imaginário de Rudolfo é acentuado no Vídeojogos (...) em que as suas obsessões com Pokemon e Vídeojogos (o que torna o humor sobre estes objectos um bocado hermético para quem nunca jogou Playstation), nacional-cançonetismo, pornografia com piscadela a Otto Von Shirach (Mexe esse cu) e Black Metal surgem mais apuradas (e mais bem gravadas?), fazendo deste ser de 18 anos um verdadeiro Saul do Digital Hardcore.

O Vídeojogos (...) existe em versão "deluxe" que inclui o álbum própriamente dito, um mini-cd "bootleg" com toda a discografia em mp3 (as duas demos mais o álbum) e um póster colorido. A embalagem e produção são super-cuidadas, Deluxe Trash? Cuida-se bem o Saúl!

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Negative Dad #1

Nathan Williams, Matt Barrajas e Rudolfo
Set'13; Weed Demon Inc.

Eis um fruto da Aldeia Global quando os "nerds" se encontram. Um gajo norte-americano de uma banda "indie" chamada Wavves conheceu o português Rudolfo, e fizeram uma BD em conjunto. Williams escreveu com ajuda de um tal Barrajas (não sabemos quem é mas tudo bem) e Rudolfo passou nove meses a desenhar o primeiro número desta saga de ficção científica. É uma espécie de Alien Nation (ou NM puxando a brasa à minha moino-sardinha) meets Quarteto Fantástico à Kirby, em que mutantes vivem num mundo como o nosso, com as mesmas coisas de sempre, os cromos são os renegados e os betos reinam na realidade alienada das escolas secundárias dos EUA.
Graças ao formato quase-A4 e os desenhos lambidões parece mais uma BD europeia drogada dos anos 70 do que um comix indie norte-americano. O que têm bastante piada como híbrido cultural. Alguma da narração é bastante pesada e enganadora, parte por excesso de desenho detalhado de Rudolfo (isso é que foi bulir!) e outra parte pela inexperência dos argumentistas nas técnicas da BD. Paradoxalmente os momentos narrativos mais fluídos são nas partes ligadas a umas alucinações (!) que as personagens têm a dada altura. Também a estética "jogos de computador" funcionam de uma forma "errada", ou antes, maquinal. Se o Rudolfo acha que isso faz parte do seu estilo gráfico, acho que deveria aplicar isso aos seus trabalhos a solo e não este que é em parceria. Mas seria injusto não dizer que os desenhos não estão fixes, muito pelo contrário. Os problemas surgem nas estruturas de páginas e vinhetas, cujo peso dos desenhos tornam ainda mais difíceis de leitura.
Seja como for, isto é um começo de uma história e deixa alguma excitação no ar ou pura e simplesmente "weird shit"... Queremos mais! Man, vamos ter de esperar mais nove meses para o próximo número?

quarta-feira, 18 de julho de 2012

New kids on the block (rescaldo laico 1)

Se houve algo de incrível na última Feira Laica foi a quantidade de novidades editoriais que foram lançadas, algumas de artistas que nunca se esforçaram no mundo da edição independente, outros que já não faziam nada há algum tempo e claro os novos autores a apresentarem-se ao mundo. Começamos por aqui, então.

Na realidade já tinha sido lançado na última edição do Comunicar:Design - e andei para escrever sobre a meses à espera de uma ocasião... Deathgrind é um zine A5 que compila desenhos e BDs de Zé Burnay. Já com trabalho espalhado aqui e acolá, este novo autor parece-me uma nova esperança na estagnada BD portuguesa. Para já largou as influências mais óbvias em grande parte pela mudança do material de desenho - a linha dos trabalhos deste zine é finíssima - e sobretudo por explorar as maravilhas do mundo da narração. Nessa deambulação volta à vulgaridade porque chafurdar no mundo Pop só se pode ir parar a lugares-comuns mesmo quando entram em peso Satanismos light, drogas de todo o tipo, Blues cheios de crime e toda a mítica "Americana". É provável que este zine venha a ser um marco de transição de Burnay-autor-de-BD, para já é uma publicação a solo divertida cheia de energia mas o melhor está para vir. Estejam muito atentos!

Não tão "kid" como isso mas até parece, David Campos, avançou (mas não apareceu na Laica para montar a sua mesa) com um novo título Landing of the Mothership #1 que é uma nova série de BD (apesar de ainda não ter concluído as outras) com um novo selo editorial, Bábamúpeace - é de esquecer a Paracetamol, pelos vistos.
16 páginas A5 apenas de fotocópias manhosas, quase parece um zine dos anos 90 de tão pouco cuidado gráfico, temos dentro delas uma BD de auto-ficção que envolve primatas e "roswellitas" mas como a BD é tão curta - são apenas 8 páginas -  não se chega a perceber nada nem mesmo a envolvermo-nos com isto. Terá alguma piada esta treta? Pode ser que sim mas não sabemos - curiosamente é exactamente a mesma resposta que se pode dar à pergunta "existem OVNIs?"
Boy, um bocado mais de consequência, se faz favor!

Ninguém pára este mambo! O sexto número do Lodaçal Comix (Ruru Comix) até saiu antes da Laica, com mais ou menos a pandilha de sempre - há sem malta nova a fazer algo, como o Rui Ricardo que fez uma atraente capa vintage / pulp. E há uma descoberta bastante boa chamada André Pereira que impressiona pelo virtuosismo gráfico e narrativo, e que confunde coordenadas - as influências dele são os franceses psicadélicos da Metal Hurlant ou hispánicos manhosos da Cimoc ou é mesmo xungaria indie sci-fi norte-americana? Já lá iremos...
Aaron $hunga faz uma homenagem ao falecido Moebius, Afonso Ferreira avança prá conclusão do alucinante Lovehole, e o Rudolfo continua apaixonado em auto-biografia tola... É o Lodaçal.

E o Rudolfo não pára, não só instiga autores a produzir como ele próprio produz e prepara uma série, o Magical Otaku. Bom na realidade o borbulhento "nerd" (um otaku na cultura japonesa) já há muito que tem aparecido em episódios espalhados em zines do Rudolfo. A diferença entre esses episódios e este novo, é que o novo ao contrário dos outros atira-se a uma humanidade que antes não havia. Os episódios anteriores eram apenas escárnio a miúdos doentes e viviados em toda uma cultura Pop repugnante - toda a cultura Pop é repugnante diga-se, daí o fascínio que nos exerce.
Neste novo episódio algo acontece - que não poderei contar caso contrário não compram os zines - que poderá significar uma mudança no trabalho do Rudolfo, algo mais equilibrado, fora das parvoíces escatológicas e das ainda mais parvas BDs autobiográficas (sero)positivas "Rudolfo in love".
A completar a edição algum material bónus como mais um massacre do Musclechoo e uma foto do primeiro cosplay do autor (um mimo!).

A grande surpresa da Laica deste ano foi o zine Enjôo de Invocação (Robô Independente) de André Pereira. Como todos os outros zines, não foge à regra A5 mas com capas coloridas para todos os gostos.
Compila a produção de BD do autor que aparece de forma extraordinária com um grafismo apurado e e uma narrativa consistente. Como já tinha referido mais acima - sobre a BD publicada no Lodaçal e aqui repetida - não percebo se o autor gosta de Eduardo Risso ou Druillet ou algum norte-americano da Image que não me lembra o nome. Entretanto lembrei-me também do Al Columbia e do Jorge Coelho... Bom parece haver uma ligação entre as BDs O Demiurgo e Cigarros que espero que venha a ser mais desenvolvida... Pá, é impressão minha ou este zine tem um ISBN? O pessoal passa-se...

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Zines é no Porto!

Trouxe alguns zines da última edição da Feira de Publicação Independente, onde havia dezenas de novidades de zines fazendo do Porto de novo um pólo de zines e edição independente como já não acontecia há alguns anos. O único "mal" é que a maioria dos zines que vi eram de ilustração e design, que sinceramente não tenho paciência. Chamem-me de cromo mas o que gosto mesmo é de ler. Talvez seja um problema português, a falta de cultura visual, que cria comportamentos ora de desconfiança ora de euforia sobre "graphzines" e afins... Como só havia uns quantos zines de bd ou de texto fico por estes "lugares comuns", apesar de serem novidades:


Eis o primeiro número do Buraco que junta uma redacção de Lisboa e do Porto num objectivo de ser uma publicação de oposição política em bd, em que encontramos trabalhos de Bruno Borges, André Lemos, Carlos Pinheiro, Marco Mendes, Nuno Sousa, Miguel Carneiro e uns misteriosos pseudónimos. Dizem que "batemos no fundo e ainda escavámos um buraco" mas acabam por "bater no ceguinho" para quem já se habituou a ver os trabalhos destes autores em outras produções independentes, não havendo neles grandes diferenças temáticas ou na forma de os tratar. O caso mais flagrante é o de Marco Mendes que aparece com as suas mesmas tiras de sempre - é provável que elas sejam inéditas em papel mas para quem visita o seu blog parece que estamos a ver / ler outra vez o mesmo material, ad eternum...
Para uma publicação de "sátira" (?) política parece bastante púdico, talvez os autores tenham pena dos políticos... afinal eles também são seres humanos, snif, snif...

buracoeditorial@gmail.com

Tiago Araújo voltou com mais um zine seu cheio de alucinações sobre a existência e "raison d'étre", Metamorfis. Passou a escrever à mãozinha - coisa que irritava noutras bds suas - os seus textos esotéricos que nos ensinam o sentido da vida apesar de o autor ter só uns 20 anitos... merda! Não soa a muito convicente o que acabei de escrever... talvez seja isso que acontece com a sua bd também. 
Puto, mexe-te! Só há sentido para a vida se deres-te ao trabalho de a viver. Só há reflexão depois da acção... caso contrário é só melodrama português, fatal como o seu fadinho... Vai esmagar um carro contra uma esquadra de bófias, queimar algum outdoor ou algo útil do tipo! Ou ouvir o "Sean Paul Satre", o rei do Dancehall Existencialista, caga no escritor francês, boy! Como diz essa grande fonte de sabedoria, Matti Nykänen, "life is the best time you have!". 

Em compensação, o Rudolfo é só testosterona e acção xunga assumida para "skaters from hell" ou para quem viveu jogos de computador, "shokushu goukan" (porno japonês com violações por tentáculos), RPGs e toda uma alienação cultural dos últimos 20 anos. Falo de 666 Hardware, um micro-épico trash curtido com o Rudolfo a lamber o desenho para nos impressionar. É uma estupidez pegada numa edição bem cuidada. Pedidos práqui. Imagens em velocidade excessiva (mais que a bd):


Mas o melhor do Porto, aliás, do Rudolfo é mesmo o seu zine Lodaçal Comix, que vai agora no terceiro número. Um excelente trabalho que merece todos os elogios possíveis. Não sei se o título "lodaçal" apareceu para retratar a "cena da bd portuguesa" e a falta de expectativas que esta área comporta a nível social, económico, profissional e artístico.
Mas se todos os autores fossem empreendedores e abertos como o jovem Rudolfo, a cena seria um "continente" invés dos típicos nomes de projectos dos portugueses que insistem em "meter água" (literalmente) nas suas identidades: BaleiAzul, Polvo, pedranocharco, etc... Mas aqui falamos do oposto simétrico, com o Lodaçal meteu malta nova e "velha", feminina e masculina, nacional e estrangeira, numa produção de qualidade e com regularidade - o projecto apresenta-se trimestral e ainda não saiu um número atrasado! Junta bds de recortes autobiográficos com umas de alucinações grotescas, um bocado de surrealismo post-pop emperfeitamente sintonia com as correntes "underground" da bd mundial.
Só os idiotas do costume não irão perceber que se está a fazer História por aqui. O número quatro vai sair na próxima Feira Laica com um número "fora de série". Razões justificadas para quem gosta de bd ir a correr prá Laica! Entretanto, quem quiser gastar o subsídio de Natal que o faça aqui invés de ir gastar em pizzas (piças?)...

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Filipe Felizardo + (Rudolfo * Molly) - à vista = El Pep até 21 de Agosto

Até 21 de AGOSTO na El Pep está patente uma mostra de originais de dois novos autores nacionais de BD bastante diferentes - a música seria o seu único elo de ligação mas até nisso são equidistantes os seus trabalhos. O que lhes une, foram os lançamentos do segundo número da Molly de Rudolfo e O Subtraído da Vista, livro de estreia de Filipe Felizardo. Venham conhecer estes autores e publicações que ficam entre o mundano do dia-a-dia e a cosmogonia, estão convidados e não serão lambidos!




Filipe Felizardo (Lisboa, 1985) é músico e artista visual. Dedicou-se a instalações ópticas e investigações patafísicas ao longo de uma residência prolongada na Galeria Zé dos Bois, de 2009 a 2013, o que culminou no livro de cópia única O Olho Ôco, um trabalho de pesquisa pessoal sobre as presunções da percepção. Está neste momento a preparar o seu próximo disco, Volume IV - The Invading Past and other Dissolutions a sair na editora suiça three:four records, e uma nova publicação em banda desenhada, sobre pedras e sombras, resultado da residência Contra o Dia no Moinho da Fonte Santa.

Na exposição: Os trabalhos expostos são originais de Filipe Felizardo que pertencem ao corpo do livro O Subtraído à Vista. Com esta pequena mostra pretende-se mostrar como o livro que agora é editado pela Chili Com Carne surgiu de diversos retalhos e explorações, tanto de texto como de desenho. O miolo foi trabalhado intermitentemente ao longo de 9 meses, tempo durante o qual a técnica mudou de maneira acentuada - daí que se mostrem as primeiras e últimas versões das páginas iniciais. Sem grandes aventuras no medium da BD, este trabalho serviu para arrumar ideias e uma metafísica muito pessoal.

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Rudolfo é um mestre de todos os ofícios e mais algum. Faz bonecos desde sempre, mas foi em 2007, quando tinha 16 anos, que começou a editar os seus fanzines de BD que entretanto se viram misturados com toda a sua raiva emocional através dos seus discos carregados de Hate Beat e concertos cheios de espasmos, caos, fritaria e bastante rabetice... Do seu pequeno percurso hiperactivo contam-se uma série de fanzines próprios (ninguém quer saber de fanzines!), participação em várias antologias de BD da Chili Com Carne ou oriundas de outros países/continentes, ilustrações para aqui e para acolá (fez imenso lixo para a Vice) e também alguns discos em formato CD-R/MP3. No entanto, os seus feitos mais importantes podem ser reduzidos a uma lista: a criação e morte da antologia de BD trimestral e internacional Lodaçal Comix, entre 2011 e 2013 através do selo Ruru Comix; ter sido a primeira e talvez a única pessoa a ser expulsa do Milhões de Festa; ter criado o bootleg mais másculo de sempre daquele rato amarelo que dá choques (Musclechoo); e, mais recentemente, do seu trabalho contínuo a ilustrar Negative Dad, uma BD escrita pelo Nathan Williams (Wavves) e o seu amigo, Matt Barajas (Heavy Hawaii). Ah, também tem andado a fazer bimestralmente a sua nova revista de bd, Molly!

Na exposição: Molly é uma antologia de autor, uma revista de banda-desenhada que faz lembrar os bons anos 90 onde títulos como Eightball (de Daniel Clowes) ou Dirty Plotte (de Julie Docet) reinavam supremos. Mas esses anos já lá vão, e Molly é um reflexo da contemporaneidade e do universo de Rudolfo. Estarão expostos originais do segundo número que explora ainda mais a psique do autor e das suas obsessões, com a ocasional dose de escatologia, claro.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Mega Mega White thing!


Mega Rude (Ruru Comix; Fev'10)
A festa de lançamento do CD, Vídeojogos são para falhados, do Rudolfo correu bem - Ghuna X é bem potente ao vivo, Rudolfo é super-divertido e hiper-activo, e o unDJ MMMNNNRRRG parece que se safou... Tão hiper-activo que ainda lançou um novo zine de bd A5, capa a cores e poster A5 muito bem-impressos que parece alto luxo comparando com os seus outros zines. Também a primeira vez que publica uma estória auto-conclusiva de 8 páginas apenas - mas muito pouco conclusiva a nível de conteúdo, embora ele dê cabo do Fernando Pessoa sabe-se lá porquê - puto, o Nandinho é boa gente, boa leitura e tudo mais... Qual é a tua? Bom... Como o Rude ainda está naquela fase de que se topa influências e dizia que a capa estava muito colada ao James Kochalka, só para irritá-lo digo que não... mas lembra o Tom Hart!
Por fim, enquanto esperava pelo "soundcheck" ou o "checksound" (nunca percebi qual das expressões é que é) do Guna e do Wolfo, pude ver o livro de esboços do Rude (foto de cima!) onde estava grande parte da seu trabalho recente (bd's, cartazes e capa dos discos). Fiquei deveras impressionado, não com o trabalho em si porque já o conhecia, mas da forma limpa como o livro se encontrava. Os desenhos de Rudolfo são imaculados e limpinhos, sem cagadelas ou correcções, como é que é possível?
Este zine pode ser adquirido aqui

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Breakcore comix... finalmente!

Alto e pára o baile! (2007), Jungle Comix #1 (2009), Vomitcore #1 (2008)
Rudolfo Comix

Tem sido uma batalha por o Destruição de pé (como se pode por uma destruição de pé, seja como for?) e felizmente topei um puto ranhoso que gostava de Otto Von Schirach e Breakcore e também que desenhava - pelo menos cartazes. Fiz-lhe um convite pessoal via myspace (eis algo finalmente positivo na porra do myspace!) e Rudolfo (é o nome do bicho) surge como uma caixinha de surpresas quando enviou o seu trabalho para o apartado da CCC, em que o envelope despejou lixo mental a rodos: desde cromos da bola "black metalizados" (ver lá para baixo), desenhos inéditos que não foram para o caixote do lixo porque ele lembrou-se de os enviar no envelope, um póster em stencil e três zines mal-paridos de esperma de boi e óvulos de macaca velha. As bd's e desenhos do Rudolfo são ordinários, cheios de ritmo & sangue, palavrão e piada seca, feitos de desenhos Pop de quem comeu muito Pokemons e vomitou Digimons dentro do pacote daquelas batatas fritas com sabor a chouriço. Mas ei! os desenhos dele são tão respeitáveis como são os do Evan Dorkin ou Jeffrey Brown. O puto sabe o que desenha!
Diz ele sempre com orgulho no meio de mil e uma tretas que nasceu em 1991 e faz bd, zines e música desde 2006. Se for verdade já pode morrer em paz porque fez-me vir ao quebrar a modorra do apartado nesta época do digital-em-que-já-não-existe-mais-matéria-para-a-cultura. Soa a pedófilia rasca mas posso assegurar que nenhum ser vivo foi abusado na escrita desta resenha. É tudo ficção e drama... Cuidado com ele!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Rude


Lodaçal Comix #4
Lodaçal Comix Hors-serie #1
Musclechoo #1
(Ruru Comix; Dez'11)

O Rudolfo além de ter um concerto do tipo "Mike Patton sem orçamento" nos Maus Hábitos (porque raios os concertos dele só correm bem lá?) ainda lançou 3 zines novos! Uma máquina este puto! O Lodaçal Comix é uma antologia internacional de portugueses, americanos e japoneses que fazem um retarto bastante fiel à produção de bd mundial, havendo espaço para uma geração pós-Fort Thunder e pós-autobiografia - como o Aaron $hunga, recentemente publicado em Portugal pela MMMNNNNRRRG. Como o zine sai trimestralmente perde-se o norte ao que está a contecer aqui - isto para quem se desabituou a ler publicações regulares e/ou de continuação. O futuro passa por aqui. A energia transborda de forma que até se fez um número especial!
Musclechoo é uma bosta desenhada pelo Rudolfo nos transportes públicos e horas vagas (como ele pode dizer que as têm?) mas é uma bosta fresquinha que cheira mesmo mal. Pela espontaneidade e liberdade do traço resulta melhor que outras parvoíces do Rudolfo, como o 666 Hardware, bd esta que coincide ideias e conteúdo como em Musclechoo. Esta bd trás o Rudeboy aos grafismos dos seus velhos zines... Entra o Marco Paulo: «eu tenho dois Rudolfos / não sei do qual gosto mais / um é atinadinho / o outro é javardoco (...)»

A CCC ainda tem alguns números antigos do Lodaçal Comix. Se foi parvinho em não ter seguido o Lodaçal do início, eis uma oportunidade única. Pedidos para ccc@chilicomcarne.com