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domingo, 15 de janeiro de 2023

manual prático de uso da CCC (6/6) : projectos

Desenhos de André Ruivo in CapitãoCriCa Ilustrada (2005)
Sendo uma associação sem fins lucrativos e perfeitamente legalizada, a Chili Com Carne de dois em dois anos elege uma nova Direcção que põe em marcha os planos que são apresentados na Assembleia Geral - ou seja segundo a vontade dos associados que se apresentam nesta reunião.

Geralmente a Chili Com Carne publica projectos de novos autores mas sobretudo de trabalhos que desafiam a modorra literária e artística. Procuramos a hibridação de estilos e talvez por isso que dá prioridade a livros colectivos como aliás está tão bem registado desde 2001 com o seminal Mutate & Survive, passando pelo extremamente bem-sucedido MASSIVE (2010), pelo "omnívoro" Futuro Primitivo, e ainda em projectos especiais como a digressão europeia Boring Europa ou a antologia All watched over by machines of loving grace. O que não impede de publicar livros "a solo" de autores que temos muito orgulho como Nunsky, Rafael Dionísio, Marcos Farrajota, Francisco Sousa Lobo, Rui Eduardo Paes, Mariana Pita, Gonçalo Duarte, Amanda Baeza, André Coelho, Tiago Baptista, Rudolfo, Tiago da Bernarda, Rodolfo Mariano, Ana Margarida Matos, Rui Moura, Hetamoé ou Ivo Puiupo.

Não sendo a Chili Com Carne uma editora profissional ou comercial, como é óbvio não nadamos em dinheiro mas quando fazemos livros é porque queremos e inventamos formas de financiar o projecto! Dependemos das quotas dos associados, subsídios do estado mitra e das vendas, tudo isto permite ir trabalhando com algum desafogo mesmo que implique sacrifícios pessoais para fazer livros - tirando a gráfica, raramente os autores, designers, tradutores e editores são remunerados nos projectos. 

Tentamos fazer parcerias com outros editores para amortizar custos de impressão, armazenagem e partilhar know-how tal como já fizemos com A BatalhaBicicleta, Clube do Inferno, Faca Monstro, Lovers & Lollypops, MMMNNNRRRG, Mundo Fantasma, O Panda Gordo, Rotten // Fresh, Ruru Comix, Shhhpuma, The Inspector Cheese Adventures, Thisco, You Are Not Stealing Records e a nível internacional com os festivais Alt Com (Suécia) e Crack (Itália), a antologia Kus! (Letónia) e o colectivo Stripburger (Eslovénia).

Actualmente a Direcção é oficialmente composta por Alexandra Saldanha, Inês Louro, Marcos Farrajota, Matilde Basto e Tomás Ribeiro, havendo mais seis elementos da Associação que funcionam como consultores nas decisões da Direcção.

Gostamos de ser desafiados no entanto nem vale a pena tentar se não tiverem capacidade de autocrítica, perceber em que mundo é que estão (dica da semana, leiam o jornal A Batalha!) e se não conhecerem bem o nosso catálogo, não vale a pena tentar meter o seu trabalho à força. Já agora, se encontrarem o nosso nome em directórios de editoras (o que permite pessoas enviarem propostas ridículas sem verem para onde estão a enviar), façam um favor, tentem apagar o nosso nome, não queremos ser massacrados por desesperados!

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

brouhaha para suomi ver

 


Uma PUB para a revista finlandesa de BD Kuti especial BD portuguesa!  Desenho da Alexandra Saldanha vinda do seu Mesinha de Cabeceira. E sim! De vez em quando somos elogiados!

E talvez por isso que Portugal é o país convidado para o Festival de BD de Helsínquia em que acontecem três coisas: 

1) há uma exposição de BD, intitulada de Passiflora / Passionflower : 16 Portuguese Contemporary Comic Book Artists no centro cultural Stoa; 

2) com os artistas que vão participar no Kuti, nomeadamente André Ruivo, Ana Maçã, Daniel Lima, Ema Gaspar, Amanda Baeza, Hetamoé, R. Paião Oliveira, Sara Boiça, Pedro Burgos, Ana Biscaia, Alexandra Saldanha, Tiago Manuel, Rudolfo, Cátia Serrão, Rodolfo Mariano e Rui Moura;

3) e Hetamoé e Rudolfo lá irão para conversas e vendas de edições.

Kiitos!



PS: 

depois do festival virá um carregamento de Kutis para distribuir em Portugal, estejam atentos!

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Vai ficar uma brasa... que vai ser preciso beber cerveja!! (esgotou a cerveja e acabou a brasa!)


30 anos é muita idade para um fanzine!!

Suspeitamos até que possamos ficar xéxés. No entanto o Mesinha de Cabeceira sabe o que faz - é a vantagem dos mutantes. Criado por Marcos Farrajota e Pedro Brito em 1992, já foi de tudo, fotocópia barata, perzines de Farrajota, serigrafia, alto, baixo, agrafado, brochado, grosso, fininho, graphzine, antologia e muitos trabalhos a solo, indo desde o infame norte-americano Mike Diana até ao cometa Nunsky

Desde o ano passado que este título lembrou-se de voltar às bases, publicando monográficos de novos talentos, projectando-os prá praça pública. Foi o que aconteceu com André Ferreira e Alexandra Saldanha. Agora, de uma assentada só, e aproveitando a sobrevivente e sexta edição da Raia, lançámos dois títulos. 

E não poderiam ser mais diferentes entre eles.




O número 31 é do jovem Marco Gomes (Hamburgo; 1995) que começa uma série de BD, Cerveja Depressão, com uma história intitulada Das Schwarze Lock (trad.: O Buraco Negro). Cerveja Depressão é um mergulho nas fantasias perversas e depressões que andam de mão em mão com o fundo de cada garrafa, copo ou lata (para os menos refinados) do qual tanto usufruímos para nos adormecer da realidade por uns breves momentos, mas que nos atira para um vazio sem fim. Das Schwarze Loch é uma aventura num mundo embriagado criado na sua própria mente onde é obrigado a enfrentar dos seus mais profundos medos. O ritmo é alucinante e faz de Marco um potencial autor a conquistar os mercados do mundo. 

Força, meu!

O número 32 é o regresso maroto de André Ruivo (Lisboa; 1977) à Chili Com Carne (lembram-se do Mystery Park?) e ao Mesinha de Cabeceira onde colaborou entre 2003 e 2005. Hot é também é um regresso do Mesinha ao formato graphzine, apesar de uma mini-BD aqui metida! Este molho de desenhos cheios de rabiosques, pilinhas e maminhas prova que o sexo em 2022 pode ainda a ser divertido e amoroso. Chuac!




Entretanto a Tinta nos Nervos disse sobre o HOT: explorando o modo como os corpos e os sexos (todos e tantos) podem ser tão lúdicos como o Lego. Apenas para vacinados! E a cores!  E a Sara Figueiredo Costa no Livros para atravessar a semana escreveu: A edição #32 do Mesinha de Cabeceira, publicação polimorfa que já foi fanzine fotocopiado na velha escola e encadernação com lombada, de autoria individual ou colectiva, é assinada por André Ruivo. Hot é um livrinho onde a nudez, a intimidade e o sexo se mostram em linhas claras e cores saturadas, sempre com um olhar terno, atento aos pequenos gestos da comunicação e do toque. Um homem e uma mulher compõem o par que entra nesta dança do desejo, ambos munidos de um corpo que se revela sem vergonhas e de uma vontade de chegar ao outro que implica diálogo e negociação com vista ao prazer. Como sempre, as imagens e as pequenas narrativas que se vão estruturando nascem de desenhos falsamente simples, uma linha que define a forma e manchas de cor que lhe dão contraste, textura e movimento, guardando-se em cada composição um manancial de sentidos, pequenos pormenores sobre o modo como nos relacionamos, como pensamos, como podemos perder-nos em tantos “ses” e “porquês”, como o humor é também uma partilha. Por entre a nudez explícita e o sexo sem cortinas para disfarçá-lo, Hot é um livro delicado e muito perspicaz sobre o desejo e as suas esquinas e também sobre como nos encontramos a nós mesmos/as quando nos perdemos num corpo alheio. 

E o Bandas Desenhadas sobre a "cerveja": Com um ritmo desenfreado, quase como se fosse um sucedâneo de Tex Avery, Marco apresenta-nos uma imaginativa e divertida viagem, revelando um autor que merece toda a nossa atenção... 

E a "pankaria" do Ninho de Rattus, secção da Loud! escreveu: destaque para Das Schwarze Loch, (...) de Marco Gomes (também conhecido no universo punk como guitarrista dos Manferior). (...) este livro com pinta de zine leva-nos a um delírio etílico que mergulha em fantasias e depressões e que se afastam da realidade nas fantásticas ilustrações de Marco Gomes.

................


AMBOS ESGOTARAM mas ainda pode ser que encontrem algum deles na Tigre de Papel, Kingpin Books, Tinta nos Nervos, Alquimia, ZDB, Snob, STET, BdMania, Universal Tongue e Linha de Sombra.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Arte e Pandemia em três livros ilustrados

 


Arte e pandemia em três livros ilustrados: Hoje Não, Vírus e Diário de uma Quarentena

Conversa com a participação dos autores Ana Margarida Matos, André Ruivo e Nuno Saraiva e moderação de Gabriel Martins. 

Hoje, às 18h30 na Tigre de Papel. 

Neste encontro reunimos os autores de três livros ilustrados, cada um no seu estilo pessoal, marcantes tanto pela qualidade artística como pela forma como relatam as transformações vividas durante a pandemia. Para a moderação desta conversa convidámos Gabriel Martins, que escreve sobre e para banda desenhada.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Algumas pessoas depois ::: últimos 3 exemplares!


romance de Rafael Dionísio
!
capa e desenhos de André Ruivo
design de João Cunha / Ecletricks
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204 p. 21 x 14,5 cm, capa a cores
ISBN: 978-989-8363-09-1
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11º volume da Colecção CCC
!
à venda no sítio da CCC, Fábrica Features, ZDB e Matéria Prima.
versão e-book aqui
!
sinopse:
trata-se de uma história sobre a perda, sobre a psicologia profunda das personagens, sobre o ciúme, a perda afectiva, a perda do controle emocional. Retrata no seu modo de narrar diferente o começo e a derrocada psíquica de um indivíduo. É também a história de um triângulo amoroso e de um homem que tentar resistir a afundar-se. Pelo meio vão ter lugar alguns acontecimentos imprevisíveis, desde salvamentos de pessoas até festas em casa do carismático (e perigoso?) padrinho. A narrativa desenrola-se irreversivelmente para um ponto de não-retorno.
!
historial: lançado no dia 20 de Março 2011 na Sociedade Guilherme Cossoul ...
!!
feedback : O que es­creve é um hí­brido de ro­mance e po­e­sia (chama-lhe «anti-romance») em que as con­ven­ções de gé­nero são cons­ci­ente e in­ten­ci­o­nal­mente des­res­pei­ta­das. Se bem que deixe in­tacto, e até ex­plore até ao li­mite das pos­si­bi­li­da­des, um fa­tor que al­guma li­te­ra­tura por­tu­guesa pa­rece ter es­que­cido: a nar­ra­tiva. O Dionísio conta mesmo his­tó­rias. O Dionísio CONTA. Rui Eduardo Paes

quinta-feira, 6 de junho de 2019

ccc@tinta.nos.nervos






Lisboa, dez anos depois da loja CHILI, volta a ser civilizada!

Uma loja digna de uma capital europeia, apenas com qualidade e sem lixo! 


Dia 6 de Junho inaugura e apesar de não podermos lá visitar o espaço as nossas edições representarão-nos!

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Luta continua... prolongada até 24 de Fevereiro


Inaugurou em Setembro do ano passado na Casa da Cerca uma exposição de Ilustração, organizada por Jorge Silva, intitulada A luta continua! 140 anos de Ilustração Portuguesa com trabalhos de Alice Geirinhas, André Ruivo, Dorindo Carvalho, Ferreira da Silva, Henrique Manuel, Henrique Ruivo, João Abel Manta, João da Câmara Leme, João Fazenda, João Fonte Santa, João Pedroso, José Vilhena, Manuel Macedo, Manuel Paula, Manuel Ribeiro de Pavia, Oficina Arara, Pedro Cabral, Pedro Zamith, Rogério Ribeiro, Sílvia Rodrigues, Stuart de Carvalhais, Tiago Manuel, Tom e Tóssan.

A Ilustração parece ser arte amável, mais dada à metáfora e à erudição, e montra recatada do talento gráfico do artista, sem gritar ou conspirar na rua. O trabalho duro parece sobrar para os parentes de mau feitio congénito, como o cartune e a caricatura. E no entanto, ao longo dos tempos, muita revolução, muita luta, mesmo surda ou cínica, contra ismos e tiranos, se forjou também na ilustração de livros, cartazes e jornais, militante de causas e sonhos. (…) Esta mostra sintética passeia-se por 140 anos deste pedaço das artes visuais portuguesas (…) - Jorge Silva

Edições nossas estarão lá à venda, aproveitem, algumas são raridades...

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Mystery Park ::: ESGOTADO




Mystery Park, de André Ruivo é o 14º volume da Colecção CCC, edição em parceria com The Inspector Cheese Adventures e com o apoio do Instituto Português de Juventude e Desporto.
ISBN: 978-989-8363-14-5
96p. p/b 16x23cm, capa preta sobre cartolina Pop pistachio 240gr.
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ESGOTADO talvez ainda apanhem exemplares à venda na Matéria PrimaFábrica FeaturesMundo Fantasma, Staalplaat (Berlim), La Central (Espanha), McNally Jackson (EUA), Orbital Comics (Inglaterra), Neurotitan (Berlim), Rastilho, Objectos Misturados (Viana de Castelo), STET e LAC (Lagos).
...
sobre o livro: pianistas bêbados, patinadores, cães e donos, pássaros, carros, leitores de jornais, polícias-crianças, chá, guitarristas, peixes, rádio a pilhas, fumadores, táxis, mergulhadores, fotógrafos, walkman, robots, índios, gémeos, gatos, namorados, casais, bichos de estimação, semáforos, sem-abrigo, detectives.

Historial: 
lançamento no dia 1 de Abril 2012 nas seguintes coordenadas de GPS: +38° 41' 46.11", -9° 12' 13.04" (Pavilhão Tailandês, Jardim Vasco da Gama em Belém, Lisboa) ...

Feedback: 
(...) personagens desproporcionadas e pelas linhas mirabolantes do contorno, carateriza-se também por um singular gesto de humor e ironia. Mystery Park, que reúne esquissos e desenhos produzidos pelo autor durante o ano de 2006, em Londres (...) são marca de um longo período de trabalho do autor, mas o traço define-lhe um estilo próprio. Este é um livro com histórias alucinadas em imagens e figuras do quotidiano: ora temos carros aerodinâmicos conduzidos por senhores engravatados e homens com múltiplos chapéus replicados, ora temos músicos, crianças-polícias, patinadores, todos com mãos disformes, muitos com semblantes carrancudos e geometricamente narigudos. Gatos e cães e pássaros, detetives e robôs e outras figuras do nosso imaginário partilham páginas com pianistas amargurados e alguns subliminares e provocantes jogos de palavras. Simples, divertido e muito inteligente, Mystery Park é um bom exemplo da qualidade da ilustração que se faz no nosso país e também uma boa oportunidade para introduzir um público mais juvenil a este tipo de desenho menos convencional. 
...
Sublinhemos a ideia de “passeio”, e atente-se à forma como quase todas estas personagens, viaturas ou outras criaturas parecem ser captadas a meio de um qualquer movimento, acção, como se interessasse transmitir acima de tudo algo que apenas vislumbramos mas se distende num tempo impossível de capturar. Talvez seja parte do mistério anunciado no título.

sábado, 14 de abril de 2018

ccc@RAIA.2


É o regresso do grande mercado de edições independentes de Portugal! 
Outra vez nos Anjos 70 nos dias 14 e 15 de Abril

Vai ser bombástico tal como foi a primeira edição. 
E como tal preparamos algumas surpresas para o público da RAIA, a saber:


Convidámos o francês J.M.Bertoyas nascido em 1969 numa região de florestas e ruínas radioactivas. Podemos dizer, com algum excesso discursivo, que o autor descobriu, para barrar o horror deste mundo, uma forma simples e económica para se exprimir (ou fugir, se preferirem): a banda desenhada. Sendo a sua obra caótica, agradável e muito esfumaçada. Cof cof  Publicou em vários editores independentes de referência como L'Association, Les Requins Marteaux e Le Dernier Cri, para além do seu fanzine Kobe que já perdemos a conta da numeração. Actualmente trabalha com as edições Adverse e Arbitraire e tem cara de quem curte Mudhoney.



A nossa editorial irmã mais nova, a MMMNNNRRRG irá repetir a acção SOS Break Dance, ou seja, o autor André Ruivo estará no dia 14 de Abril, às 17h a assinar e a desenhar algo (tudo menos retratos!) a pedido do público sobre exemplares manuseados do livro Break Dance. Por um preço abaixo do PVP e um desenho feito ali na hora, de certeza que ninguém se sentirá mal em levar um livro em que se topa uma sujidade de uma etiqueta posta pelos animais da FNAC (por exemplo).



Por fim, não teremos nenhuma novidade editorial para apresentar mas está fresquinho este livro do Riccardo Balli / DJ Balli. Lançado internacionalmente em Berlim, prevê-se lançamentos oficiais em Lisboa e Porto lá para Julho. Até lá tem tempo para o ler! Frankenstein, or the 8 Bit Prometheus : micro-literature, hyper-mashup, Sonic Belligeranza records 17th anniversary é tudo e isto e muito mais. Duzentos anos depois de ter sido publicado o livro Frankenstein de Mary Shelley, o MIDIeval Balli pega neste clássico da literatura transumanista para o remisturar, transformando numa brumosa metáfora sobre o monstro sónico que é a cultura electrónica pós-rave. É dos livros mais bizarros e bonitos da Chili Com Carne, em parte devido ao design e ilustrações de Rudolfo, aquele que foi da realeza na BD portuguesa mas que preferiu partir mesas de mármore ao som chiptune dos BLEEEEEEP Bizkit. Break stuff!

domingo, 18 de junho de 2017

A última semana no C39


Até dia  18 de Junho, podem encontrá-los no pavilhão C39 da Feira do Livro de Lisboa, sob o nome PvK editions.STET.Serrote.MNRG, situado na zona laranja, à direita de quem sobe o Parque Eduardo VII. 

Nesta semana final cheia de soluços, para além dos "livros do dia" e afins, eis que:


No dia 17, Sábado, às 19h, uma sessão de autógrafos ao lado do stand com David Campos, autor de Kassumai, livro sobre a sua estadia na Guiné-Bissau  - título que está prestes a esgotar...




No dia 18, Domingo, às 17h temos o ilustrador e autor de cinema de animação André Ruivo que deverá despachar as últimas cópias de Mystery Park, bem como o Breakdance - livro que todos quando o pegam perguntam se o exemplar nas mãos é um "original" (!)

domingo, 5 de junho de 2016

Feira do Livro




5 de Junho 2016
fotos: André Ruivo

ccc@feira.do.livro.de.lisboa.2016


REP, Dionísio, Dileydi sentados e Joana e Farrajota de pé

Foi assim o ano passado... será melhor desta vez? Dia 5 de Junho, entre as 17h e as 19hAndré Ruivo, Marcos Farrajota, Rafael Dionísio e Rui Eduardo Paes vão fazer uma sessão de autógrafos na Feira do Livro de Lisboa, no stand da Europress (B11) que representa os nossos livros e os da MMMNNNRRRG.

terça-feira, 7 de julho de 2015

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

fotos da Aktion #40 - levaram mais desenhos do André Ruivo do que outros artistas!










Fotos do Take it or Leave it durante e depois do evento... Mais de 200 imagens para serem arrancadas pelo público - público esse que preferiu as do André Ruivo / Mystery Park!

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Afinal os norte-americanos não são quadrados...



A Lili Carré gostou do Mystery Park e comprou-o no Festival de Helsínquia deste ano - em que por acaso nem fomos mas tinhamos representação para lá nos caixotes infinitos de material na banca do Kuti Kuti. Ela gostou tanto do trabalho do André Ruivo que o convidou para o festival Eye Works onde foi mostrado com sucesso o filme O Dilúvio!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Vai uma revisão da edição independente de 2012?

O passado

2012 é, pelos vistos, o ano de “nostalgia” ou recuperação do passado, situação inédita na edição independente quase sempre mais interessada em mostrar trabalho novo e seguir em frente... São gestos muito simples mas interessantes de assistir. A El Pep reeditou várias BDs de Fernando Relvas, figura singular na BD moderna portuguesa, publicadas originalmente no jornal Se7e nos anos 80. Sangue violeta e outros contos é um acto de recuperação patrimonial da BD portuguesa que por si só reveste-se de enorme importância. Muitos especialistas da área da BD queixam-se que a BD é uma arte que não tem memória e percepção da sua própria história, situação que para ser contornada passa (também) pela republicação de material antigo. Tal como em 1998 foi a Associação do Salão de BD do Porto que recuperou o L123 (seguido de Cevadilha Speed), eis outra estrutura “amadora” como a El Pep a fazer o papel que as instituições públicas ou as casas comerciais deixaram de o fazer, colmatando (de forma aleatória, ligeira e incompleta) o final do programa de reedição de BDs perdidas em periódicos como a Bedeteca de Lisboa fez de 1997 a 1999 com os sete volumes da Colecção Bedeteca (co-edição com a BaleiAzul). Felizmente o esforço da El Pep já ganhou algum respeito institucional ao receber o “Prémio Clássicos da BD” na BD Amadora.

Comemorou-se os 20 anos de existência dos fanzines Cru e Mesinha de Cabeceira (MdC). Estas comemorações tiveram pesos e medidas diferentes mas em comum trouxeram novos números de cada título. O Cru teve como último número o 13 – saltou o 12 não se sabe bem porquê – em 1999! Em 2012 volta com o número 34 e uma festa algures num bar do Porto. Alguém, uma vez disse-me que as bandas Punk e Hardcore são como as baratas porque podem estar inactivas 10 anos ou mais mas depois voltam sempre! Acho que se pode incluir o Cru nesta metáfora… Resta acrescentar que o Cru disponibilizou na plataforma em linha issuu.com os números antigos dos tempos gloriosos da fotocópia (ver http://issuu.com/esgar).

O MdC só esteve inactivo entre 1997 e 2000, 2006 e 2009 e em 2011. Este ano voltou com dois números, o 24 que saiu antes do 23. O primeiro a servir os propósitos do seu editor sobrevivente, e este vosso escriba, Marcos Farrajota, para publicar as suas BDs autobiográficas. O 23 tem como objectivo a celebração dos 20 anos de existência do zine, tendo compilado um pequeno (em formato) mas grosso (em nº de páginas) volume de BDs essencialmente narrativas e de autores portugueses. Era para ter sido um número de despedida do título com o editor fundador Pedro Brito nos comandos mas nada disso aconteceu… como é normal nos fanzines, é o “erro” que proporciona dinâmica e criatividade. De realçar a curiosa exposição patente na Estação Elevatória a Vapor dos Barbadinhos que faz uma retrospectiva do MdC mostrando originais, zines, maquetes desde 1992 até aos dias de hoje, possibilitando uma discussão sobre os meios de produção de BD e a influência das técnicas digitais nos últimos 20 anos - mas tal não aconteceu, os únicos comentadores interessantes da miserável cena bedéfila não comentaram absolutamente nada até à data de fecho da exposição. Se calhar os 20 anos do Mesinha não têm interesse para ninguém excepto para os seus próprios editores e autores...

A carismática revista norte-americana Journal of Artist Books (JAB) no seu número 32 dedicou as suas páginas aos livros de artistas portugueses. Sob a batuta de Catarina Cardoso, foram publicados vários artigos e estudos relacionados sobre o tema como a Po. Ex. ou a Alternativa Zero. O mais interessante é o ensaio de Pedro Moura que analisa os trabalhos de André Lemos / Opuntia Books, José Feitor / Imprensa Canalha, os heterónimos de Tiago Manuel, e algumas experiências de Jucifer e José Carlos Fernandes. Lançado em Lisboa, com a presença do editor Brad Freeman, foi constrangedor o ingénuo apelo de Isabel Baraona (artista que fez a capa e um suplemento no JAB) para um maior contacto ou intercâmbio entre artistas que façam livros, sendo que a artista afirmou não sabia que poderia haver tantos artistas a produzirem este tipo de objectos. Sempre desconfiei que o mundo dos livros de artistas era um mundo elitista (materiais caros, feitos por artistas profissionais, distribuição em galerias e o mundo institucional da Arte, dirigido para o mercado coleccionista) em oposição a dos zines que privilegia uma comunicação democrática pelos seus materiais baratos de impressão, amadorismo e/ ou sujidade gráfica, pelas regras quase dogmáticas de intercâmbio entre editores, alguma recusa em fazer lucro para não comprometer a criatividade e ausência de interesse comercial,… Afinal o que custa trocar meia dúzia de fotocópias por outras? Ambos interlocutores recebem em troca inesperadas mensagens artísticas, políticas, sociais, etc… Ora se um livro de artista tanto pode custar 250 euros como 10 euros, estará Baraona disposta em trocar um livro que vale 250 por um de 10 replicando os sistemas da mail-art ou dos zines? Eu duvido muito... Mas entretanto arranjou uma solução que poderá ter interese de futuro: a Portuguese Small Press Yearbook, uma plataforma online de divulgação de edição independente que poderá ajudar a ter uma visão mais alargada da produção portuguesa, embora o acervo para consulta pública destes objectos continue a ser na Bedeteca de Lisboa - que finalmente começou a catalogar alguns destes "estranhos objectos".




O presente

Este ano, demos conta dos seguintes projectos de continuidade: O filme da minha vida (1 volume – António Gonçalves) pela Associação Ao Norte; Zona BD (2 volumes); É fartar Vilanagem! (1); Tertúlia BD’zine (12); BDJornal (1), Lodaçal Comix (3), Buraco (3) e um Efeméride (1).

As editoras que continuaram em actividade foram:
- Chili Com Carne com Mystery Park (livro de desenhos de André Ruivo), Inverno (Mesinha de Cabeceira #23, antologia de BD), O Hábito Faz O Monstro (de Lucas Almeida) e Love Hole (de Afonso Ferreira).
- El Pep – o já referido livro do Relvas e ainda Psicose de Miguel Costa Ferreira e João Sequeira;
- Firma: Circle Cycles Circuits de Dunja Jancovic;
- Oficina do Cego: Sarilhos (de André Lemos) e e o colectivo Faca Romba;
- Kinpin Books: O Baile de Nuno Duarte e Joana Afonso;
- MMMNNNNRRRRG: outro volume da série a AcontorcionistA, de Grupo Empíreo, Claim Against Fame (de Alexander Brener e Barbara Schurz), Mesinha de Cabeceira #24 (de vários artistas) e Inferno (de Marcel Ruijters);
- Polvo: Hän Solo de Lacas e Três Sombras de Cyril Pedrosa;
- Libri Impressi – o quarto e final volume da série Lance.

Regressaram às lides a Imprensa Canalha com Estátua Falsa, graphzine de Tiago Baptista e Sobrevida de Carlos Pinheiro e Nuno Sousa; a Mundo Fantasma com Diário Rasgado de Marco Mendes e a Montesinos com VSAdH/ EdWB/ IpAN (uDdPL) de Pedro Moura e do grego Ilan Manouach; os zines Kzine e Funzip do Grupo Entropia; Cleópatra de Tiago Baptista – este último sob o selo Façam Fanzines Cuspam Martelos lançou outros títulos – e ainda o artista João Fonte Santa editou o zine Crianças Grandes brincam com brinquedos grandes.

As novidades deste ano foram: Death Grind e Doom Mountain de Zé Burnay, Drei abhandlungen zur sexual theorie (Dildo Doodles) de Ana Menezes, Magical Otaku (um número) de Rudolfo, Leopardo Surdo pela Stepping Stone, Enjôo da Invocação e Innermath / Megafauna de João Machado e André Pereira pelo Robô Independente e Clube do Inferno, Prosjektet Ragnarok de Tiago Araújo, Landing of the mothership de David Campos e saíram vários graphzines, dois títulos do ilustrador Esgar Acelerado e outros de vários outros artistas. É ainda digno de referência o Nicotina’zine que se dedica à Poesia mas incluiu nas suas páginas ilustração e um BDs do sueco Lars Sjunnesson e de João Chambel.

Manteve-se uma actividade mais ou menos normal, sólida e com novidades e regressos. Diria que foi um ano desde já positivo sobretudo porque tem solidificado um regresso à BD por uma nova geração com muito talento e vontade de fazer – e melhor ainda com capacidade de fazer – são eles: Afonso Ferreira, André Pereira, Rudolfo e Zé Burnay, verdadeiros "Chavalos do aPOPcalipse" nesta nossa sociedade de Anorexia, Smart Shops, Holiganismo e Cancro.

Os eventos especializados foram: Feira Laica (duas edições), Feira de Publicação Independente (duas edições, em Abril e Maio no Porto), Feira de Edição Independente (Novembro no Porto) e a Feira do Livro de Poesia e BD (desde Outubro todos os sábados em Lisboa). Sendo ainda possível encontrar em eventos de BD (MAB Invicta, Festival de Beja e BD Amadora), cinema (Fantasporto, Cinanima), Música (Rescaldo, SWR, MIA, Xjazz, Poetry Slam Sul) e em faculdades de artes com iniciativas como a Comunicar:Design (Caldas da Rainha) e a Books made friends (ESAD/ Matosinhos). A moda do “livro de artista” gerou os eventos O que um livro pode (Lisboa) e Pa/per View (Porto). De realçar o fim da Feira Laica após 8 anos de importante actividade.

A nível internacional é de se referir imediatamente o livro a solo de André Lemos produzido pelo atelier francês de serigrafia Cotoreich, Woofer Takeover Jubilee. De resto a participação de autores em publicações estrangeiras parece ter aligeirado, embora as Ediciones Valientes tenham feito um especial El Temerário com ilustração portuguesa. No espanhol zine Kovra aparecem Ricardo Martins e Rudolfo, na antologia sueca do Festival Alt Com, No Borders, está Marcos Farrajota e André Lemos; para o zine francês Gestro Club participa David Campos. Apesar de tudo a presença portuguesa em vários eventos internacionais não diminuiu, especialmente com a Associação Chili Com Carne a servir de embaixada para a produção nacional, tendo material representado em Fanzines! Festival (Mediateca Marguerite Duras, Paris), Festival Crack (Roma), Angoulême Fuck Off (França), Edita (Espanha), Libros Mutantes (Madrid), Tenderete (duas edições, em Valência), Maravilloso Encontronazo de Autoedicíon (Madrid), Festival de BD de Helsínquia e C.A.T.A. (Timisoara, Roménia). Com exposições esteve no Not Tex Not Mex (Denton, EUA), na loja Floating World Comics (Portland, EUA), Alt Com (Malmö, Suécia) e loja Prego (Brasil).

Por Portugal passaram vários autores estrangeiros com ligações a produção independente: ruGGGero (Itália) para realizar uma serigrafia com o atelier Mike Goes West, Kai Pfeiffer, Lars Henkel (ambos da Alemanha), Dominique Goblet, Olivier Deprez (ambos da Bélgica) no MAB, Dice Industries (Alemanha), Albert Foolmoon, Ar-Decó (ambos de França), Andrea Bruno (Itália), Dunja Jancovic (Croácia / EUA) na 20ª Feira Laica, Baudoin e Fabrice Neaud (ambos de França) na BD Amadora, a norte-americana residente na Europa Julliacks num evento promovido pelo espaço cultural Flausina; e na última Laica regressaram Dice Industries, Martin López Lam (Peru / Espanha) e Mattias Elftorp (Suécia) e estrearam-se o colectivo Tonto (Áustria), Zulo Azul (Espanha) e Marcel Ruijters (Holanda) que também estará no Porto para uma exposição na loja Mundo Fantasma no âmbito do livro Inferno lançado pela MMMNNNRRRG e a serigrafia pelo Mike Goes West.



O futuro

Têm-se discutido imenso na arena global sobre questões digitais dos livros, o que tem dado “megabytes” de discussão por todo o lado. O que se passa com os negócios do “visual e textual” é o mesmo que aconteceu com a música e a popularização da internet nos finais dos anos 90: assistimos à desmaterialização de objectos, ao aumento de capacidade de pesquisa e encontro de informação e de objectos, à multiplicação do espectro de gostos, escolhas e conhecimentos, à destruição dos elementos intermédios entre o produtor e o consumidor (editores, promotores, críticos), à participação activa na promoção e discussão de obras, ao financiamento de produção de obras pelos consumidores, à destruição de grandes estruturas físicas de divulgação cultural (cadeias de lojas), à hipótese de uma criação existir exclusivamente em digital e nunca ser editada em fisicamente, à hipótese de ficheiros serem multiplicados até ao infinito ou até ser gravados / impressos fisicamente com tecnologia caseira,… O que se tem passado nos últimos anos com o “livro” no meio da revolução digital são as reacções de macro-agentes em similar agonia como as editoras fonográficas nos últimos 15 anos: as guerras “amazónicas” e “googlinas” entre os virtuais e as lojas físicas e editores, o desfasamento das leis de direitos de autor perpetuadas por organizações anacrónicas como a nossa SPA, as discussões sobre o direito de empréstimos de ficheiros de “e-livros” nas bibliotecas públicas, os códigos de protecção DRM, etc…

Escrito assim até parece que o “mundo vai acabar” com esta revolução digital. É certo que há alguns tipos de livros que parecem ter um final certo no mundo físico. É o caso das enciclopédias e dicionários (que estão sempre actualizados algures na ‘net), os livros técnicos e científicos (também actualizados em digital e até com possibilidades de aplicações media que facilitem a compreensão para leigos), os periódicos e os “best sellers” pelo facto de serem produtos baratos (sendo que é indiferente para o consumidor que espécie de formato ou cópia que consegue arranjar desde que o leia o mais rápido possível enquanto é uma novidade)… Parece estranha esta combinação de “livros a desaparecer”, de um lado estão produtos eruditos e científicos e do outro produtos de consumo popular, “trashy” e “Pop” mas a questão digital passa por questões de formatos e não tanto pelos conteúdos. Daí que haja um grupo de livros que não terão uma desmaterialização (tão rápida?) como outros, é o caso dos livros de fotografia, design, arquitectura, desenho e… BD! Um exemplo mais simples de provar é que a pesquisa de referências visuais num livro não é feita da mesma forma como se procura uma palavra num texto (seja ele num ficheiro, num computador ou na internet) por mais se faça indexação. O formato de livro físico permite uma procura mais rápida e prática (manual) de uma imagem do que “folhear” num livro electrónico. O ecrã também não permite o mesmo usufruto das imagens – como acontece com os álbuns de arte que devido à sua dimensão conseguem transmitir uma maior força emotiva do que qualquer ecrã.

Talvez isto explique o interesse das grandes editoras pela BD nos últimos anos. Se por um lado deve-se ao facto da BD ter atingido uma idade madura de propostas de temas longe do simples entretenimento infanto-juvenil, creio que a outra parte passa pela necessidade de vivermos uma sociedade virada para a imagem, sendo necessário encontrar cada vez mais livros que sejam “visuais”. Em Portugal, este fenómeno pode-se verificar de uma forma mínima e recente com o interesse da Contraponto (uma editora fachada do grupo Bertrand) que editou o Persépolis de Marjane Satrapi e o Funhome de Alison Bechdel, livros aliás premiados e com sucesso de público há vários anos nos EUA, França, etc… Também é verdade que a BD servirá para alimentar as bolhas de investimento das grandes editoras que não poderão alimentar mais livros de Códigos Da Vinci, Vampiros, Anjos, Gatinhos e outras palermices. A BD está a ser a grande novidade editorial e que irá comer o bolo da produção nos próximos anos. Um sonho de muitos nós, amantes da BD, só que é pena é que as BDs que irão surgir serão tão fúteis como qualquer outro “best-seller” – basta consultar aquela parvalhona do cancro da mama editado pela Asa há dois anos atrás, por exemplo – nem todos podem ser profundos como o Joe Sacco ou como o Baudoin.

Entretanto, a defesa do formato físico do livro não vive do fascínio e da moda nostálgica que se assiste nos dias de hoje, do regresso às técnicas tradicionais de impressão (ou do livro de artista). Os pontos de defesa são conhecidos, os livros físicos (e especialmente impressos em serigrafia, gravura, tipografia, etc…) são mais tácteis, olfactivos, etc… ou seja mais sensoriais que os assépticos “tablets” e quejandos, para além de permitirem ter tamanhos e formatos extravagantes (inacreditavelmente minúsculos como o Pecaritchichi do João Bragança ou gigantescos como Sarilhos de André Lemos) condicionando as formas de leitura – algo que os “electrónicos” não podem fazer, ou se podem modificar a forma de leitura passa pela interactividade e pela navegação.

No caso da BD por ser intensamente visual e gráfica, a impressão e o design dos livros influenciam a leitura da obra, e por isso está neste grupo de livros difíceis de desaparecerem mesmo que os “webcomics” tenham começado a tornar-se um hábito de leitura e até de produção de qualidade como prova o actual “work-in-progress” Margem Sul de Pedro Brito, no sítio P3 do Público.

Encontramo-nos num ano em que muitos periódicos já acabaram ou anunciaram o final da sua versão física para entrarem exclusivamente na edição digital. Já se falam em “best sellers” digitais bem como histórias de fama e riqueza de autores publicados apenas em digital. Mas não podemos esquecer que a “literatura popular” pode ser lida tanto em edições “deluxe” como na mais reles reprodução fotocopiada / pirateada (como acontecia com o movimento “samizdat” nos tempos soviéticos da Rússia) porque são livros que vivem um momento de história/ histeria para serem esquecidos pouco depois. Há todo um grupo de “long runners” que parecem estar esquecidos nas eufóricas discussões sobre o “fim do livro”.

As quebras de vendas do mundo físico estão a forçar a uma redefinição das regras do mercado editorial, juntando à conjuntura económica de crise que se vive, têm-se assistido ao estreitar dos serviços criativos – cada vez menos e cada vez mais mal remunerados, serviços mais baratos de produzir, e consequentemente com menos qualidade... O que tem levado muitos artistas a procurarem na auto-edição ou a edição independente numa forma de preencher as suas necessidades artísticas e até económicas. Um exemplo, se vender uma ilustração a um jornal têm-se mostrado complicado e mal remunerado, alguns artistas perceberam que podem vender os seus desenhos em linha ou imprimirem múltiplos: serigrafias, gravuras, glicées, canecas, t-shirts, cuecas, e claro, livros ou zines em edições limitadas ou em sistema de “print on demand”. Também devido à crise económica, a compra de arte têm-se retraído e ao que parece os coleccionadores têm encontrado nos múltiplos (como os livros de artistas, cartazes, serigrafias) uma espécie de sucedâneo às peças artísticas originais (como telas). Toda esta combinação de factores tem mostrado um activismo sobre a publicação e o livro, fazendo surgir novos talentos ou regressar alguns velhos autores a trabalharem em objectos gráficos cada vez mais sofisticados e aliciantes, tal como aliás se pode verificar na 20ª Feira Laica (Jul’12) em que se sentia uma energia muito intensa no evento, nunca antes tão cheia de novidades e novos projectos editoriais – há quem diga que foi pelo facto de se ter quebrado com a tradicional residência na Bedeteca de Lisboa (que acontecia desde 2005) mas não acredito que tenha sido pela mudança do espaço físico apenas que aconteceu toda aquele entusiasmo que aliás, prolongou-se até à última e 21ª Feira Laica (Dez’12). Há um rejuvenescimento a acontecer na edição independente e na BD portuguesa em que a piada aos “Chavalos do aPOPcalipse” não é assim tão inconsequente como possam julgar à primeira…

Há luz neste anunciado apocalipse da revolução digital. O formato físico e a edição independente, combinados ou não, são opostos a todo este imediatismo tecnológico – mesmo que muitas vezes a produção de edições independentes venham de ânsias de publicação dos artistas e editores. Muitas vezes quando falo da MMMNNNRRRG costumo dizer que é uma editora "slow food", de livros que têm de ser degustados e não engolidos à alarve como a "fast food" que bem sabemos nos faz mal à saúde e destrói o planeta. Entre a McDonalds ou a Leya, entre a Nestlé e a Marvel, venha o Diabo e escolha.

Apesar da edição independente sofrer de um processo de promoção e comercialização lento e tortuoso, depois de se varrer o lixo, será ela a “vencedora da História”, como aliás sempre aconteceu no passado.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

ccc@C.A.T.A.


We are showing the animated films of Filipe Abranches and André Ruivo at the C.A.T.A. Festival in Timisoara, Romenia - and selling some books too...