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quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Segunda vida?


Lembram-se do X-JAZZ? Duvido muito mas para dizer que a BD do André Coelho que editámos há alguns anos teve uma segunda vida com a edição do CD (e virtual) de A Schist Story, pela JACC

O problema é que não sabemos nada disto até recebermos hoje exemplares de uma edição de 2022 sem muitas explicações ou coisa que o valha. Nem sabemos o que fazer com isto por isso vamos oferecer a quem comprar outros livros nossos... 

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

ACEDIA de ANDRÉ COELHO - últimos 20 exemplares



Acedia é um livro de André Coelho e na realidade o seu verdadeiro primeiro livro a solo - os outros livros foram colaborações como, por exemplo, o caso de Terminal Tower com Manuel João Neto...

Acedia é um romance gráfico que foi o vencedor do concurso Toma lá 500 paus e faz uma BD de 2015 e juntou-se, na altura, a uma série de livros da Chili Com Carne que resultam dos resultados desse concurso onde vamos encontrar O Cuidado dos Pássaros / The Care of Birds (vencedor de 2013) de Francisco Sousa LoboAskar, O General de Dileydi Florez e O Subtraído à Vista de Filipe Felizardo.

Um livro que consegue estabelecer um equilíbrio entre experimentação e tradição na banda desenhada estabelecendo um paradoxo entre a sua energia criativa com o ambiente mórbido da narrativa. Especulamos que a personagem do livro seja um alter-ego do autor e que alguns episódios sejam autobiográficos mas na essência estamos no domínio da ficção - ou da auto-ficção?

Sinopse: Um homem, Daniel, sofre de distorções na sua percepção visual devido a um corpo estranho alojado algures na cavidade ocular. Apesar da insistência das notificações hospitalares para dar início aos seus tratamentos, ele vê-se confrontado com a hipótese das suas alucinações estarem a proporcionar-lhe uma fuga para uma nova percepção da realidade. Daniel terá que optar entre encarar a sua doença como um sinal evidente da sua mortalidade ou como uma intensificação da vida.


Eis algumas páginas da obra:


104p. (muito) preto e branco 18x24,5cm, 500 exemplares

O concurso 500 paus tem o apoio IPDJ e de todos os associados da Chili Com Carne.

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à venda na loja em linha da Chili Com Carne e nas lojas BdMania, Mundo Fantasma, ZDB, Linha de Sombra, Tigre de Papel, Utopia, Snob, Tinta nos Nervos, Rastilho e Tortuga. E nunca na FNAC...

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Historial 

Lançado no dia 6 de Outubro 2016 no Lounge Lisboa com actuações dos Smell & Quim e Rasalasad vs shhh... 
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entrevista ao autor e editor na revista Umbigo 
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 apresentação no North Dissonant Voices 2017 no Black Mamba 
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André Coelho nasceu em 1984 em Vila Nova de Gaia, onde reside. Tem vindo a desenvolver o seu trabalho como ilustrador no âmbito do Rock, Punk, Metal e música experimental, criando capas de discos, merchandising e cartazes.

Paralelamente faz edições de pouco ou nenhum sucesso através da Latrina do Chifrudo, editora que mantém com Sara Gomes, na qual edita fanzines e discos. Tem vindo a trabalhar regularmente com a Witchcraft Hardware e com a Malignant Records. Entre várias bandas que fez parte destacam-se os Sektor 304 e Profan. Têm participado nas várias antologias da Chili Com Carne com desenho, BD e textos e em exposições pelo Reino Unido, Finlândia, Suécia, EUA, Espanha, Itália, Portugal e Brasil.

A sua estreia monográfica foi com Terminal Tower, em 2014, em parceria com Manuel João Neto. Neste mesmo ano, os originais do livro foram mostrados no Festival de BD de Beja, Amplifest (Porto) e no Treviso Comics Fest.

Bibliografia: SWR Chronicles (SWR; 2014), Terminal Tower c/ Manuel João Neto (Chili Com Carne; 2014), Sepultura dos Pais c/ David Soares (Kingpin; 2014) e Evan Parker - X Jazz (c/ prefácio de Rui Eduardo Paes, Chili Com Carne + Thisco; 2015) Colectivos: MASSIVE (Chili Com Carne; 2010), Destruição (Chili Com Carne; 2010), Subsídios para MMMNNNRRRG #1 (MMMNNNRRRG, 2010), Futuro Primitivo (Chili Com Carne; 2011), É de noite que faço as perguntas c/ David Soares et al. (Saída de Emergência, 2011), Inverno (Mesinha de Cabeceira #23, Chili Com Carne; 2012), Antibothis, vol.4 (Chili Com Carne + Thisco; 2012), "a" maiúsculo com círculo à volta c/ Rui Eduardo Paes et al (Chili Com Carne + Thisco; 2013), Zona de Desconforto (Chili Com Carne; 2014), PostApokalyps (AltCom, Suécia; 2014), Quadradinhos : Looks in Portuguese Comics (Treviso Comics Fest + MiMiSol + Chili Com Carne, Itália; 2014) e Altar Mutante #3 (Espanha, 2015).


Feedback:

Livro curto, Acédia é o primeiro trabalho de longo fôlego a solo de André Coelho que se apresenta como uma narrativa coerente, e não colecção de desenhos ou improviso em torno de um tema. Novela concentrada, negra, lacónica, a escrita de Coelho espelha-se em todos os elementos que compõem a narrativa e é necessário ler a sua forma e superfície para libertar os seus significados. Tal qual o tema proposto, há uma realidade que nos é apresentada mas cujo desvendamento se associa à percepção do leitor e poderá mesmo ser intransmissível. 

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Os livros de André Coelho lêem-se como murros no estômago, e este não é excepção. Obra a solo, o poder narrativo de Coelho não é diluído pelos argumentos de outros autores. O murro é mais forte. O carácter duro do grafismo, entre o experimental e o clássico, com um traço ao mesmo tempo rude e elegante, misturando estéticas, recorrendo à mistura de iconografias entre imagética técnica e desenho Intergalatic Robot 

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recomendado pela Vice Portugal 

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Nomeado para Melhor Publicação Nacional e Desenho nos Troféus Central Comics 2017


quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Acedia / last 20 copies



Acedia it's the new graphic novel by André Coelho actually his true first solo book - Terminal Tower was a collaboration with Manuel João Neto... This book manages to strike a balance between experimentation and tradition in the "comics" field by establishing a paradox between the creative energy and the morbid atmosphere of the narrative. It can be speculated that the main character is an alter ego of the author or that some episodes should be autobiographical... but let's establish that we are in the realm of selffiction.

Acedia is this year the winner project of a graphic novel contest - Toma lá 500 paus e faz uma BD - promoted by Chili Com Carne. Other titles resulting from this contest includes The Care of Birds (2013 winner) by Francisco Sousa Lobo to be published in Spain next year, Askar, O General by Dileydi Florez and That which is Subtracted from Sight by Filipe Felizardo.





Sinopsis: 
Due to a strange body housed somewhere in his eye socket, Daniel suffers from perceptual deformations. Although the insistance on the urgency of medical treatments, he becomes confronted with the chance given by these hallucinations to escape towards a new perception of reality. Daniel will have to choose between facing his illness as a sign of his own mortality or accept it as life intensifier. 




Some pages:


104p., black and white, 18x24,5cm, 500 copies

Contest supported by IPDJ and all Chili Com Carne members.

Buy at Chili Com Carne online storeFatbottom Books (Barcelona), Neurotitan (Berlin), Quimby's (Chicago), Floating World (Portland), Le Mont-en-L'air (Paris)...


History 

Released October 2016 at Lounge Lisboa with live-acts of Smell & Quim and Rasalasad vs shhh... 
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André Coelho (b.1984, Portugal) is an Oporto based illustrator and comic book author. For 10 years he has developed fanzines, short stories and four graphic novels to date, as well as posters, record covers, merchandising and other graphics for different music scenes. This includes Amplifest, SWR Barroselas Metalfest, Lovers & Lollypops, Witchcraft Hardware and the American Industrial label Malignant Records, among many others. 

In 2016 he was awarded with the first prize of “Toma lá 500 Paus” comic book competition and was part of the Amadora Comics Festival 2014 award winning anthology Zona de Desconforto. His work ranges from traditional drawing or painting techniques and mediums to collage and digital manipulation. 

Besides Portugal, his work has been exhibited in several countries such as Brazil, Sweden, United Kingdom, United States of America, Italy or Spain.

Selected English bibliography: SWR Chronicles (SWR; 2014), Terminal Tower w/ Manuel João Neto (Chili Com Carne; 2014), Evan Parker - X Jazz (c/ prefácio de Rui Eduardo Paes, Chili Com Carne + Thisco; 2015) Colective books: MASSIVE (Chili Com Carne; 2010), Destruição (Chili Com Carne; 2010), Futuro Primitivo (Chili Com Carne; 2011), Inverno (Mesinha de Cabeceira #23, Chili Com Carne; 2012), Antibothis, vol.4 (Chili Com Carne + Thisco; 2012), PostApokalyps (AltCom, Suécia; 2014), Quadradinhos : Looks in Portuguese Comics (Treviso Comics Fest + MiMiSol + Chili Com Carne, Itália; 2014).



Feedback

I’ve always liked his art, and this was no exception, in a darkly hallucinatory story of sex and mental states.

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

BDlite


Alexandra Saldanha, André Coelho, António Jorge Gonçalves, Filipe Abranches, José Smith Vargas, Maria João Worm, Miguel Rocha e Miguel Santos (que irá participar na Massa Crítica!) são os autores que vão estar representados na exposição Flexágono no Fólio, em Óbidos.

Por cá, uma leitura dramática por Ana Água do Xeique PHDA de Marko Turunen na Loja de Bicicleta de Carnide, AMANHÃ, às 19h, no âmbito da Noite da Literatura Europeia:


Kiitos Instituto Iberoamericano da Finlândia!

terça-feira, 20 de junho de 2023

Histórias das poderosas Canetas


A Chili Com Carne volta a colaborar com o projecto Story Tellers, desta vez com a sua "residência" no Le Monde Diplomatique (ed. portuguesa) e a secção Será a caneta mais poderosa do que a espada? Trata-se de uma selecção de respostas dadas por oito (nove!) artistas à pergunta que se repete desde Janeiro de 2019 sempre com respostas inesperadas!

Lendo QR codes no Parque Silva Porto, em Benfica, poderão recuperar a estreia desta secção com Francisco Sousa Lobo - quase uma introdução para o seu novo livro Cartas Inglesas -, seguido de André Coelho com Manuel João Neto, Amanda Baeza, Hetamoé, Ana Biscaia, André Lemos, a artista convidada Cátia Serrão e o misterioso 40 Ladrões que fez recentemente um Mesinha de Cabeceira.

As BDs vão estar disponíveis a partir do dia 21 de Junho até o dia 21 de Setembro.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Terminal Tower - ESGOTADO / edição colombiana lançada este ano...




I define Inner Space as an imaginary realm in which on the one hand the outer world of reality, and on the other the inner world of the mind meet and merge. Now, in the landscapes of the surrealist painters, for example, one sees the regions of Inner Space; and increasingly I believe that we will encounter in film and literature scenes which are neither solely realistic nor fantastic. In a sense, it will be a movement in the interzone between both spheres. J.G. Ballard

Com este 16º volume da Colecção CCC dá-se uma transformação na própria colecção. Se entremeávamos um livro de literatura por um gráfico logo a seguir, durante 14 anos, com quase sempre com os livros do Rafael Dionísio e quase sempre com as antologias de BD, a natureza da obra deste novo livro Terminal Tower de André Coelho e Manuel João Neto, deixa de fazer sentido a nossa lógica editorial ou até a distinção dos formatos dos livros literários dos gráficos.

Terminal Tower teve um processo criativo entre o artista e o escritor fora da lógica da banda desenhada - em que há um argumento para ser adaptado para desenho em sequência. Assim sendo, as ideias do livro foram sendo construídas em simultâneo pelos dois autores, tendo como premissa a de um homem isolado numa torre em estado de alerta.

Partindo dessa torre, Coelho foi criando alguns desenhos que despoletaram ideias narrativas e que potenciaram outros desenhos que por sua vez geriam as indefinições das narrativas que rodeiam esse contexto, numa espiral criativa.

A ideia central do livro é o delírio engatilhado pela paranóia, sem que se perceba se o despertar dos mecanismos da torre é real ou se existe apenas na cabeça do homem isolado na torre, pois nada parece funcionar, tudo parece uma ruína do futuro em que se cruzam referências decadentes aos universos de Enki Bilal, J.G. Ballard (1930-2009) e da música Industrial - não tivessem os dois autores ligados a esse tipo de música através do projecto Sektor 304.

Historial: lançado no dia 31 de Maio no Festival Internacional de BD de Beja 2014 com exposição dos originais ... seguido de outras exposições na El Pep / Imaviz Underground (Julho), Treviso Comics Fest (Setembro) e Amplifest (Outubro) ... nomeado para Prémio Adamastor de Ficção Fantástica em Banda Desenhada ... Sugestão de "leitura-a-três" (?) pelo jornal I ... edição colombiana pela Vestigio ... entrevista na revista colombiana Blast ... 

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Feedback:

(...) Depois da bomba, os estropiados – depois da expilação nuclear, os mutantes. A monstruosidade é uma sátira cruel à diversidade, uma fantochada feita de ruído. Não tem beleza. Não tem significado. A não ser a beleza do aleatório e o significado que decidimos impor. Criar relevo é inventar significados: vivemos numa realidade imaginada, mas as ficções que criamos não são mentiras, são exofenótipos – não se pode ser humano sem uma torre, mas aceitar a torre é aceitar o monstro. Aceitar o apocalipse. Nada é mais fácil.
David Soares / Splaft!
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(...) a NASA tinha inventado o super-negro. (...)  é a BD que está a ir mais longe na busca de um super-negro psicológico, virtual… (...) Logo ao olhar para a capa somos chupados para o seu negrume, que se vai adensando ao longo das primeiras páginas. Percebemos de imediato que estamos num cenário bélico, pré ou pós-apocalíptico…
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Neste livro experimental os códigos da BD são levados a um extremo próximo da abstracção. Não é simpático para o leitor, pois deixa quase tudo em aberto e descarrega nele imagens fortíssimas e acutilantes. (...) Um dos traços da maturidade do género é a amplitude de um campo de expressão que vai do pueril intencional ao questionar dos limites, zona de fronteira onde este Terminal Tower tão bem se insere, mais próximo de uma sequência pictórica do que da narrativa linear. Lendo-o, ou sendo mais preciso, construindo mentalmente uma possibilidade ficcional a partir da iconografia, ressoava-me na mente o ruído elegante do noise industrial (...) Mais do que uma história, este livro é uma experiência do tipo mancha de Rorschach. Vê-se o que se espera, mas também se vê o que se sente no íntimo. E sublinho: contém ilustrações de tirar o fôlego, que se destacam no absoluto preto e branco mate do papel impressão mas se vistas no tamanho real e media original ainda são mais deslumbrantes.
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As receitas de químicos e materiais, numa profusão de termos técnicos específicos, (...) em que uma suposta linguagem o mais objectiva possível, sendo apresentada num contexto totalmente deslocado e acompanhado pela materialidade das imagens e em relações texto-imagem inesperadas, atinge uma dimensão poética tumultuosa, que obriga o leitor a tentar coordenar elos vários, nenhum dos quais possivelmente o correcto, mas cujo objectivo é mais atingido pelo movimento de tentativa do que por uma conclusão conquistada.
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Um livro para pensar, esta deveria ser a referência de todas as publicações, mas nem sempre é assim. Com Terminal Tower é verdade.
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 O convívio de variadas técnicas como fotografia, colagem e sobreposição com o meio desenhado não parecem em nada deslocadas ou em choque, e denotam maturidade na manipulação do meio comunicativo, culminando no forte impacto da maioria das páginas, necessário para suster uma narrativa tão pausada e por vezes quase como que um telegrama, mas a meu ver muito adequada. Andre6 / Wook
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Terminal Tower es una joya The Watcher and the Tower



ISBN: 987-989-8363-27-5
144p. p/b + cores, 16,5x23cm
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talvez encontrem ainda exemplares na Mundo Fantasma, Matéria Prima, BdMania, New Approach Records, Utopia, Bertrand e Linha de Sombra.


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Exemplos de páginas:

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Formas de Pensar a Banda Desenhada: Autores Portugueses Premiados


Apesar de não curtirmos prémios de BD temos de admitir que o sítio em linha Bandas Desenhadas na sua modéstia soube este ano estar bem sobretudo por este vídeo em que os vencedores dizem mais coisas do que todas as conversas de Bejas e Amadoras juntas. LIKE!

segunda-feira, 16 de maio de 2022

TORRE TERMINAL


 

Apesar de censurado pela FNAC no ano de 2014 - como o tempo passa - eis que a colombiana Vestigio editou agora o Terminal Tower de Manuel João Neto e André Coelho, com uma "portada" linda! De resto, em 2019 esta editora já nos tinha feito a versão castelhana do W.C. de Marriette Tosel - originalmente publicada pela nossa defunta editora irmã MMMNNNRRRG.

Gracias!

Released in 2015, Terminal Tower by Manuel João Neto e André Coelho just came out in Columbia by Vestigio, a cool publisher that already published W.C. by Marriette Tosel (of our dead sister label MMMNNNRRRG) in the past. What's the next title to publish in Colombia?

domingo, 15 de maio de 2022

TERMINAL TOWER / sold out / Colombian edition out now!




I define Inner Space as an imaginary realm in which on the one hand the outer world of reality, and on the other the inner world of the mind meet and merge. Now, in the landscapes of the surrealist painters, for example, one sees the regions of Inner Space; and increasingly I believe that we will encounter in film and literature scenes which are neither solely realistic nor fantastic. In a sense, it will be a movement in the interzone between both spheres. J.G. Ballard


A transformation occurs on the CCC Collection with the release of its 16th volume. If during 14 years we intercalated a literature book with a graphic one (usually with Rafael Dionísio's books and the comics anthologies), this editorial logic or even the distinction between those two formats is now overrun by the intrinsic nature of Terminal Tower by André Coelho and Manuel João Neto.

Terminal Tower's creative process between artist and writer is positioned outsite the traditional comic book logic, in which there is a script to be adapted to sequential drawings. In this case, having the premiss of a man seculded in a tower in a state of alert, the book was developed simultaneously by both authors.

With the tower as a starting point, Coelho developed some drawings from which narrative ideas were taken and potentiated new illustrations which in their turn ran the all the narrative indefinitions forming a creative spiral.

The book's central theme is a delirium triggered by paranoia, without making clear if the engage of the tower's mechanisms is real or if it lies in the mind of the isolated man, since nothing seems to work in this ruin of the future. It can be traced references to the derelict worlds of Enki Bilal, J.G. Ballard (1930-2009) and Industrial music – it's not by mere chance that both authors also colaborate in Sektor 304 project.

Released at the Comics Festival of Beja with an exhibition of the originals on the 31st May 2014 ... exhibition at El Pep Gallery (July) and in September at Treviso Comics Fest and October at Amplifest (Oporto) ... Colombian edition by Vestigio ...

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ISBN: 987-989-8363-27-5
144p. b/w + colour, 16,5x23cm
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maybe you still can find some copies @ Sarvilevyt (Finland), La Central (Spain), Neurotitan (Berlin), Quimby's (Chicago), Dead Head (Edinburgh), Praxis (Berlin)...
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Some pages:

Publicado en 2014, supone una muestra del cómic más experimental. Y tengo que decir que me hea impresionado mucho. Se trata de una obra fundamentalmente gráfica, donde el argumento queda sepultado y debidamente encriptado. Es un tópico posapocalíptico, pero eso es lo de menos: lo que abruma es el despliegue expresionista, el uso de la mancha y el blanco y negro, por momentos cercanos al Frank Miller más avanzado, por momentos inmersos en la abstracción pura. La técnica mixta enriquece el resultado final al incluir imágenes fotográficas, además de toques de color en algunas páginas. En la primera mitad del libro no existen personajes humanos: se trata de una naturaleza muerta, paisaje dibujado con trazos rabiosos y planos fotográficos, cuya paz muerta sólo es perturbada por una bandada de cuervos. A partir del capítulo tres aparecen humanos, dibujados con estilos variados, algunos quizá demasiado convencionales —sobre todo las figuras dibujadas a lápiz—, porque chirrían en un conjunto tan radical, pero tienen que aparecer para que el diálogo dé paso a un final hermoso y terrible. Terminal Tower es una joya 

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

E o disco do ano é


Turba (New Approach) de Metadevice.

Já perdi a conta das edições de Metamachine, projecto que aparece no meio da pandemia covid, ainda mais porque apanhei uma edição especial deste disco que inclui um CD-R limitado, Atomization, no meio de tanto luxo editorial: capas e posters e capas e posters e capas e posters, dentro uns dos outros e não sei o quê que a dada altura já nem sei voltar a montar a edição como estava. Queixas? Não, o sentido estético é tão exigente como a música, deixando de haver diferença entre André Coelho músico e desenhador. 

São discos que tratam deste mundo que acaba com um soluço e não com uma explosão, dada a impotência de todos contra uma máquina fora de controlo mas que nos controla e dirige. O alerta vai para a desmaterialização do ambiente humano para um digital zombie. E se a música soa a contínuos electrochoques com títulos colocados por um gajo inteligente e observador não significa que tenha conteúdo político - é uma questão debatida, o ruído per se é político? Para libertar as dúvidas venham as vozes de Rui Almeida sacando as literaturas ambientais de Nathaniel West e Thomas Pynchon, moldam um retrato de 2021 e a nossa paradoxal miséria humana - voltem Situacionistas, estão perdoados.

Por fim, destaque ainda para duas produções portuguesas deste ano, a saber Chroma (Nau) do lisboeta Bernardo Devlin a acrescentar mais desnorte existencial e Ata Saturna (Lovers & Lollypops) dos Conferência Inferno que apesar de ainda serem uns Suicide e New Order mitrados, tem potencial para algo mais.

quinta-feira, 24 de junho de 2021

Música feia (batota)

Houve uma bela de uma Feia e levei alguma música para casa. 

A começar pelos amigos da Clean Feed, onde apanhei uma pérola no meio dos seus 700 discos editados em 20 anos que comemoram este ano - caramba! - a saber: Xabregas 10 (2016) dos L.U.M.E. Sabe-se lá quando vamos encontrar outros CP Unit mas até lá, um gajo mais vale ir pelo seguro. Neste caso é que além de ser apenas o segundo registo que existe desta fantástica Big Band, é o registo ao vivo do Jazz em Agosto de 2014 e que tem uma história divertida. No ano anterior a essa edição, o "nosso" Rui Eduardo Paes mandou uma boca à organização do festival pela pouca participação de músicos nacionais - isto até poderia soar a bacoco caso na altura, não existissem realmente boas propostas portuguesas dignas de subirem ao palco dos jardins da Gulbenkian. O director Rui Neves no ano seguinte, para equilibrar as quotas nacionais não vai de modos, programa os L.U.M.E. o que dava logo 16 músicos 'tugas! Piada à parte, tenho pena não ter assistido a este tornado de sopros e metais super-bem orquestrados que tanto parecem incontrolados como programados - como se o Carl Stalling tivesse vivo e a expelir anfetaminas por todos os poros do seu corpo -, acompanhado de samplers Pop/ Rock (um que vai ao primeiro de Death Grips!) e glitches digitais. Uma prova viva de que se pode usar o passado com roupagens novas sem parecer ser um número de nostalgia barata. Entretanto correu o belo rumor que os L.U.M.E. vão voltar a gravar este ano. Viva!!!

Seguindo prá mesa da Rotten\\Fresh já estava lá acessível a k7 If i was simple in the mind, everything would be fine de Phoebe. Eis um disco incrível, na linha dos Experimental Audio Research, todo ele Komische e Illbient - fala-se por todo lado em shoegaze mas é pura ignorância de quem faz "copy/ paste" de uma pomposa nota de imprensa igualmente ignorante. O que poderia ser um dos grandes discos do ano infelizmente mete tudo a perder (e não, não falo da capa merdosa) porque se ouve por uns meros segundos uns grunhos a gritarem pelo Benfica numa faixa. Nada contra o Benfica, quero que se foda juntamente com todos os outros clubes de futebol, mas justamente porque não percebo porque um músico investe tanto a criar um imaginário para justamente trazer-nos a realidade da maior boçalidade portuguesa. Não faz sentido, ou então temos de nos conformar com o facto de vivemos num país nada sofisticado e sem escapatória que nem na música encontramos refúgio. Triste.

De frente à Rotten 'tava um rapaz israelita (acontece, ninguém simpático escolhe onde nasce) a vender húmus e uma k7. Deu aquela tanga que a k7 era música dele a preparar o pitéu. Se o DJ Balli já fez noise com skates e pasta porque não com húmus? 

Lá comprei a comidinha bem boa e a k7 The Hummus of Reverbs do projecto dele intitulado Hummus International. É uma actuação ao vivo no Desterro em Março deste ano numa onda pós-industrial Ambient que pode ser mil e uma coisas feita por mil e um putos da Electrónica em 1981 ou 1991 ou até 2001... Não deixa de ser fixe de ouvir, não é fritaria monótona nem Harsh Noise. Ouve-se bem enquanto se come pizza, por exemplo. A k7 como tinha um lado virgem lembrei-me de gravar um disco burguês de Einstürzende Neubauten.

Viseu é a "Bible Belt" portuguesa, ou melhor, a "Rotunda da Bíblia" e como reacção a esse limbo (a)cultural eis que saiu o primeiro volume de Viseu Demo Tapes (Zip-A-Dee-Doo-Dah Discos) que mostra bem as oportunidades perdidas e tensões de uma geração. O Viseu Demo Tapes é um bandcamp "anarquivista" de todo gato-sapato de banda que pare por esta cidade do Cavaquistão, sendo lançadas algumas reedições em k7s e agora este duplo-CD onde sem pejo vai tudo numa caldeirada sonora "roskof " (são demo-tapes, senhor, são demo-tapes) de vários géneros musicais embora domine o Punk & Hardcore, o Metal à la Metallica, Industrial(-in-process), algum Indie, Grunge (ahahah) e algumas peças sem definição como os Lucretia Divina, talvez o projecto mais conhecido da cidade. Centrada nessas demos mal-gravadas porque, dizem as notas no CD escritas por Ricardo Ramos (dos Dirty Coal Train), nunca houve um estúdio de ensaios e de gravação até meados de 2000 (o município preferiu gastar os fundos europeus em rotundas muito provavelmente) e por isso o que ficou, foram gravações de concertos, ensaios e algumas demos em 4 pistas. Creio que as músicas aqui presentes serão todas dos anos 90, talvez à excepção dos Bastardos do Cardeal dos anos 80 - um problema deste feliz anarquivismo, é a falta de mais informações do quer que for - e mostra que a raiva era enorme naquela cidade de "Onda Laranja" (Bastardos dixit). As bandas cospem temas contra padrecos com "verga morta" (The Mob), babam-se por sexo invocando Ninfomaníacas locais (uma fantasia comum dos rapazes frustrados dessa época na falta de miúdas sexualmente emancipadas), humor cócó-xixi (Alta-Mente), o alcoolismo e drogaria (Capitão Veneno). Tudo isto num som mais ou menos feio, amador, DIY, cru e "lo-fi" que nos dias de hoje choca muito menos do que se fosse na altura, mais, até realça um lado selvagem e perigoso desta geração de bandas - basta ver a grande desilusão que foi na altura a gravação do disco / CD (profissional) dos Lucretia Divina. De referir ainda, prós cromos da BD, que está aqui incluída uma música dedicada ao Espião Acácio - BD de Relvas (1954-2017) - pelos Major Alvega ripando os Art of Noise.

Claiana é capaz de ser, infelizmente, o segredo mais bem guardado do Porto e de Portugal. Festa garantida de um "afropop" e que já vi comprovada quer nos 10 anos da MMMNNNRRRG quer em festa de Carnaval num baile de bombeiros no centro do "Morto.". Talvez esteja na cidade errada, o "Morto." nunca foi muito cosmopolita para a música africana e pergunto se este projecto teria mais hipóteses de crescer em Lisboa. Seja como for, o que interessa aqui é que a Favela Discos, em 2019 - bem sei, que venho atrasado - fez o excelente trabalho de compilar as suas músicas neste volume 1 com uma capa (e poster!) de João Alves
Não me lembro se vi Claiana a actuar só com uma pessoa - isto é, o cabo-verdiano Gui Lee a solo - mas há muitos anos que é acompanhado por Luís Figueiredo, um gajo com pinta de metaleiro arrependido que dá conta das máquinas - e da guitarra? Não há créditos de guitarras dele no disco,... fuck, a memória é realmente traiçoeira! Mas há guitarras! Credo que confusão! Eis a união inesperada de um cabo-verdiano em Portugal que canta de forma invulgar (a técnica dele é o nome do projecto, claiana) com um português do Norte que bomba zouk lo-fi anacrónico, como se tivessem chegado em fitas magnéticas dos anos 80. Atenção que a composição é do Lee - toca baixo e sintetizadores. Mas mais atenção é que só há 200 unidades deste CD. Ah pois!

Batota, este CD foi sacado na Necromancia e não na Feia! Batota este Crossfade frenquencies dos Sensor também não é um disco "sincero"! Cóf cóf cóf, eu explico, calma, trata-se de um Frankenstein sonoro, fruto de colagens e edições de várias gravações da banda ao longo deste tempo curto de existência mas longo de registos. Como é mesmo aquela frase mesmo!? O todo é maior do que a simples soma das suas partes? Aqui aplica-se sem dúvida a julgar pela audição penosa dos tais outros registos da banda. Este disco foi montado usa os melhores trechos dos tais registos ou jams do grupo, criando um grande disco com uma dinâmica e continuum que deixaria os snobs do jazz embasbacados e o pessoal do post-rock mijados. As naturais excrescências foram limpas como se faz no Photoshop para a pele da modelo ficar divinal. Quanto à ideia de falsificação de estúdio por mim, não faço juízos senão não havia Beatles ou Ministry ou os pujantes "álbuns ao vivo" dos Kiss e Type O Negative, em que estes gravaram em estúdio sobre o barulho do público. Já para não falar da boa linha de baixo tocada por um músico de estúdio gravada à revelia dos Talking Heads no seu LP de estreia. A pós-verdade já vem de longe, amigos. Outra vez: grande disco!

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

graphzine PUNK COMIX cd / ESGOTADO

Quem adivinhou que este desenho era da "desaparecida" Júcifer?

Se a Música sempre foi registrada em objectos circulares, das primeiras máquinas mecânicas às rodas das k7s. A Reciclagem artística e a ecológica seguem o mesmo princípio geométrico.

300 rodelas áudio, 13 artistas gráficos, impressão luxuosa risográfica

Esta edição é no fim de contas um CD que acompanhou um lote de exemplares do livro-duplo Corta-E-Cola / Punk Comix (Chili Com Carne + Thisco; 2017) de Afonso Cortez e Marcos Farrajota, sobre a história do Punk em Portugal.

Foram tirados 1000 exemplares do livro e 1000 cópias do disco, no entanto só 700 dos CDs é que entraram nos livros. Cerca de 300 exemplares do livro foram para as grandes cadeias livreiras… recusando trabalho de escravo para esses monstros ou satisfazermos consumidores preguiçosos, não foram enfiados discos nesses exemplares.

Esta sobra de discos inspirou-nos a criar um graphzine com 13 desenhadores a ilustrarem as músicas que por sua vez foram baseadas na BD da forma mais abrangente possível: sobre autores (Vilhena, Johnny Ryan), personagens (Mandrake, Corto Maltese), séries (O Filme da Minha Vida) ou livros (V de Vingança, Caminhando Com Samuel). Alguns temas são mais óbvios que outros mas o resultado é uma rica mistura de sons que vão desde o recital musicado ao Crust mais barulhento.

Impresso a duas cores em Risografia - via Mundo Fantasma - participam neste graphzine com BDs, desenhos e ilustrações vários autores "punkis" assim assim, que já foram ou ainda serão ou nem por isso Mauro Coelho, Ana Louro, Neno Costa, Ana CaspãoNunskyRui MouraJosé Smith VargasXavier AlmeidaMarcos FarrajotaRudolfoVicente Nunes e André Coelho. E Jucifer na capa.

Edição Chili Com Carne + Zerowork Records
Agradecimentos a José Feitor e Thisco.





Lançado no Festival de BD de Angoulême 2019.

Ainda pode ser que encontrem esta raridade na Mundo Fantasma, Glam-O-Rama, RastilhoBlack Mamba e Kazoo.


FEEDBACK 

 Cada música tem direito a uma ilustração ou banda desenhada, sendo as dedicadas à BD aquelas que constituem a maioria das páginas da obra (...) que evocam autores, personagens, séries e livros de banda desenhada, dos menos aos mais mainstream. Este pot-pourri gráfico tem uma existência passível de apreciação para além da mera bula que acompanha o disco compacto, desde o piscar de olho ao Popeye fálico e ao vampiresco Batman até ao Homem-Aranha punk (quiça retirado do aranhaverso) e às diferentes fases do acto sexual (não necessariamente cinemática).
Je l’offrirai à ma maman (je ne connais pas d’autre vieille dame).
Putan Club, Presidente Drogado com banda Suporte and FDPDC are my favorites! Unfortunately Putan Club isn't portuguese. Putan club is really great. Presidente Drogado's noisy guitar is so cool. It reminds me Sonic Youth or Blixa Bargeld in Nick Cave in 80's. FDPDC sounds like death metal!

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Os Homens Não Se Querem Bonitos



Homem Faca #1 é um fanzine de Guimarães com data de Dezembro de 2019 que até parece que vem substituir a hibernação do Surto. Não é só a geografia do berço nacional (fuuuuck that!) e formato A4 que partilham mas sobretudo a tomada de consciência que poesia, fotografia, desenho e banda desenhada podem e devem partilhar destinos editoriais em conjunto, por muito que isso meta nojo aos poetitas e "bedófilos". A diferença em relação ao Surto é que o Homem Faca é mais testosterona (e androstenodiona?), irrita por esse excesso e pelas páginas pixelizadas da inexperiência da "não-edição". 
O trabalho que mais se destaca é a versão em BD do excelente tema White Jazz de Metadevice, é curioso mas não imaginei aquelas imagens quando ouvia a música e letra mas mais fiel do que isto não poderá ser porque tem em comum a mesma autoria, o Manuel João Neto e o André Coelho. Mas vá, é preciso que este Homem Faca ande em frente para não parecer uma versão violenta do Fazedor de Letras... 

Não sei se sou eu que sou um nabo a procurar na 'net ou se não há mesmo nenhuma página oficial do projecto por isso digo-vos onde se compra, ou seja na Snob, a única livraria que leva a edição independente à séria!

sábado, 4 de abril de 2020

Assim não vale...

Lo Corona shit deu cabo da edição física da Loud! deste mês - ainda bem, meu, a capa são os Nightwish, credo, que azeite!! - mas há PDF grátis aqui. E pá, se está na 'net então meto aqui as minhas resenhas críticas, que se lixe! Ah! Tem pontuação de 0 a 10 porque os metaleiros obrigam a tal!



Antes de Stealing Orchestra houve Hardware, banda de Metal Industrial por um puto sozinho num quarto nortenho. Estávamos em 1994 com um João Mascarenhas metaleiro e com visões cibernéticas a fazer esta “demo-tape” agora reeditada passados 26 anos. Imaginem Nitzer Ebb mais da electro-metalada. Como podem imaginar, os tempos eram outros, a tecnologia idem idem aspas aspas, e claro a divulgação ou impacto que isto teve ficou-se provavelmente por apenas uma entrevista no Headless’zine (uma das dezenas de fanzines de Metal que existiam na altura). Ouvir isto é um misto de duplo sentimentalismo, por um lado a parte naïf do projecto, a sua simplicidade de meios de produção, espécie de “Fear Factory sem orçamento”, e por outro, pela nostalgia de ouvir este género que já se institucionalizou-se à bimbo Rammstein ou à “emo-chato“ tipo o gajo das “unhas de nove polegadas”. Ouvir este CD não ofende nada nem envergonha ninguém. Para quem acompanhou a carreira de Mascarenhas reconhece já aqui o seu humor como se pode aperceber pelo título da última faixa Adolf Hitler Talks About The Universe. O humor cáustico que em 2002 até deixou os Holocausto Canibal cheios de cagunfa das remixes de Stealing para Sublime Massacre Corpóreo6,66666(E)



Depois de lançar o livro de “mash-up” literário Frankenstein, or the 8-bit Prometheus (Chili Com Carne + Thisco; 2018), Balli foi aprofundar sonicamente os conceitos da sua obra, promovendo até sessões espíritas através de Gameboys, como poucos puderam presenciar na Tasca Mastai (Lisboa) e na Galeria Municipal do Porto. Invocando o espírito de Giovanni Aldini (1762-1834), sobrinho de Galvini (ao qual Balli já dedicou um disco de Grind-Gabba, ver Loud! #214), que também andava a reanimar cadáveres usando electricidade, este cientista inspirou o Frankenstein de Mary Shelley. Agora em CD, numa embalagem algo infantil, eis as sessões espíritas gravadas para usufruto para todos os crentes e outras alminhas. Soa a um “spoken-word” impecável - não há uma ponta de sotaque italiano pasmem-se! - sonorizado por uma sofisticada banda sonora de videojogos. Ouvir esta gravação nestes tempos de excesso de informação é um desafio intelectual tramado, não fosse também o texto uma híper-ficção sobre um monstro sonoro capaz de engolir toda a música do mundo, mesmo a mais vil e criminosa como o Trap e os Super-Tramp, num mega-mix omnívoro dirigido pelo Shitmat. Este recital obriga-nos a alguma concentração. E vale a pena perder tempo com isto? Sim, o ambiente mórbido funde-se com o sofisticado sentido de humor, emergindo um terceiro olho leitor de códigos de barras. Sim, acontece a Alquimia, vulgo, a Imaginação, o mais raro dos elementos no século XXI. 7


Há poucos músicos portugueses que sejam assertivos como André Coelho, co-fundador dos saudosos Sektor 304 – aquela besta Industrial de destruição total. Esta seria até a forma mais básica de apresentar Metadevice: é S304 mas só com Coelho e algumas participações externas pontuais, mas sobretudo sem as batidas poliritmicas e sincopadas de João Pais Filipe. Tudo é feito por ele até a excelente embalagem, cabeça, tronco e membros. Neste homúnculo sonoro não há aqui piadolas e nem fingimentos estéticos como 99% produção musical portuguesa – o que não impediu no passado de Coelho ter feito projectos iconoclastas ou provocantes. Muito menos, não há aqui queixumes de pagar o pão na mesa (como o hilariante editorial da última Loud! [OLHA CENSURARAM ESTA PARTE NA REVISTA!!]) ou achar que se faz Arte sem suor, sangue e lágrimas. Para quem dificilmente encontrava “up-grades” ao Industrial primordial, da chapa de aço amplificada, do power electronics másculo, do noise sem ser drone fácil e em geral a um corroído Illbient, eis um “regresso” após seis anos após o fim de S304 [(cinco se pensarmos no último registo dos Mécanosphère) quatro com as actuações ao vivo de Sinter]. Alguns vocais disparam erudição literária como textos de Ezra Pound ou Thomas Pynchon - nada de números cripto-circenses “crowley-anus” e outros “senhores dos anais” – criando uma desorientação propícia para 2020. Aliás, a desorientação mundana e existencial é o tema de eleição de Coelho seja na música seja na BD – basta ler Acedia (Chili Com Carne; 2015). Destaque para dois temas assinaláveis, Magnetoesthetics e White Jazz. Obrigatório! 9

Já agora uma boa entrevista a André Coelho AQUI.

terça-feira, 16 de abril de 2019

The 15th Rebellion of the Steel Warriors / ESGOTADO


Para quem pensava que isto não ia acontecer... eis finalmente o DVD sobre a 15ª edição (e comemorativa) do SWR - Barroselas MetalFest. O DVD é um documentário produzido pela Lula Gigante e a acompanhar a caixa está um zine de BD de Marcos Farrajota com um especial Não 'tavas lá?! - uma série de tiras de BD sobre crítica a concertos, publicadas no passado em revistas como a Rocksound, Underworld : Entulho Informativo e vários fanzines. 

Para este DVD, foram feitas 24 páginas de reportagem sobre a 15ª edição do Festival de Metal mais extremo em Portugal e que acaba por ser o festival (de grande envergadura) mais simpático que há por aí. Bem merece ir para o seu 16º ano que acontece esta semana entre 24 e 27 de Abril. Capa e design por André Coelho
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Feedback:

está-me cá a parecer que se fores a Barroselas outra vez te limpam o sebo... 
Rui Eduardo Paes 
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 Tirando as blasfémias (se Deus existir mesmo ou te arrependes ou estás frito) Curti bué o Não 'Tavas Lá que acabei de ler 
T. Cavaco 
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sabes bem o que é sentir-te infinitamente só. 
Filipe Felizardo 
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Excelente! Há lá pormenores deliciosos. E o forte daquela BD, na minha opinião, é o excelente sentido de narrativa que tens, precisamente porque dás sentido e relevância a pormenores que facilmente passariam despercebidos de um qualquer assistente às 5 noites e dias do SWR. Mas quando é que o gajo fala das bandas?!?!... ah ah ahha hh ahah ahaha hhaahh 
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Ainda existe Candlemass? Porquê? … everything that I could say pales in comparison to this question. Gostei muito da urban legend/ fantasia sexual, das universitárias violadas pelos colegas/ homens do lixo, e da imagem de um gajo com uma Bíblia na mão a ver concertos de Metal.