quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Amadores!

Os recentes feitos do desporto português não podem deixar de nos espantar. A trajectória da equipa de râguebi, em particular, de que o PC tem dado aqui conta, é bem o espelho da Nação. Um punhado de gente que paga, literalmente, para jogar, que consegue uma prestação notável e um apuramento para o qual apenas parecem destinadas as poderosas equipas profissionias. Com uma dose maior ou menor de sacrifício --mas sempre com sacrifício-- o mesmo se passa nas outras modalidades que ultimamente se têm vindo a destacar na paisagem desportiva portuguesa. Foi também digna de registo a participação da selecção portuguesa de basquete.
Tudo isto é Intrigante.
Os nossos atletas batem-se desde há anos taco a taco com atletas de outros países, cujas condições de trabalho não podemos ter sequer a veleidade de comparar com as nossas. Individualmente, Portugal lá faz o brilharete ocasional, se bem que o desporto português no seu conjunto tenha uma dimensão insiginificante.
Não espanta a capacidade dos atletas portugueses. Não somos anatomicamente diferentes dos outros povos, temos duas pernas, dois braços, etc e tal, e sobretudo temos uma cabeça, presumivelmente com o mesmo volume craneano, massa encefálica idêntica e as circunvoluções todas no sítio. O facto de ganharmos um medalha ou outra e de, volta não volta, nos quedarmos por lugares importantes nos diversos campeonatos das diversas modalidades não pode pois, nesta perspectiva, surpreender. Os atletas portugueses fazem o que o seu impulso competitivo os conduz a fazer: competem e algumas vezes ganham.
O que surpreende francamente é que os responsáveis políticos, autores das políticas seguidas pelo país, designadamente da política desportiva e os zeladores do seu cumprimento pactuem com o clima de amadorismo e adoptem uma inaceitável postura de elogio desse estatuto que, na prática, apenas quer dizer uma coisa: vergonhosa passividade. Supreende, como escrevi aqui há pouco, a atitude do Secretário de Estado da Juventude e Desporto ao criticar os apelos dos brilhantes atletas portugueses que concorreram no Japão, como já tinha surpreendido o discurso do Presidente da República quando exaltou o apuramento da selecção de râguebi porque se tratava de uma equipa amadora. Os atletas não escolhem o "amadorismo". Não têm é outra alternantiva. E se revindicam melhores condições de trabalho logo há quem lhes puxe as orelhas.
Os responsáveis dizem implicitamente que assim está bem...
As contrapartidas que a comunidade dá aos atletas que representam o nosso país são miseráveis. Mas, todos se revêem nos seus feitos. Nomeadamente os políticos. E todos se julgam no direito de reivindicar uma parte das suas vitórias. Nomeadamente os políticos.
Estaria na altura de os portugueses pararem um pouco para pensar o que estão a exigir dos seus atletas e o que lhes estão a dar em contrapartida.
Diria mesmo que estaria na altura dos portugueses pararem um pouco para pensar no que estão a exigir uns aos outros e o que estão a dar em troca...
Profissionalizem-se!!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Hino ou vitória? Vitória!

Sou um adepto do Rugby e orgulho-me pelo facto de estarmos no mundial, pelo facto de o MVP da nossa estreia ser português, do ensaio, da transformação e da penalidade. Orgulho-me da presença massiva do público. Acho que fomos prejudicados e que é bom lembrar que apesar das regras de arbitragem estarem a anos-luz das do futebol, o jogo também é feito por homens (concretamente não vi nenhum fora de jogo na jogada do segundo ensaio e o último ensaio da Escócia foi precedido de falta por uma placagem sem bola). Emocionei-me como qualquer outro na hora do Hino porque essa hora representou todo o orgulho atrás referido.

Acho, no entanto, que comparar esse momento ao vivido pelos profissionais do futebol é injusto por algumas razões:

1 – No caso do mundial de Rugby estamos a falar de um momento único até à data. Tal como será um momento único o jogo com a Nova Zelândia.

2- No futebol não podemos ficar contentes com um empate após tanta necessidade de vencer

3- No Rugby podemos ficar contentes se não perdermos com a Nova Zelândia por algarismos superiores a 99 pontos e se conseguirmos uma placagem completa (já viram bem o corpo dos Neozelandeses?)

4- Para comparar o comparável era preciso ir buscar o hino na final do europeu pois esse será, eventualmente, o momento psicologicamente comparável no que diz respeito ao grau de emoção vivido pelos atletas.

5- Hoje espero uma vitória e não um hino cantado para papalvos verem

domingo, 9 de setembro de 2007

Já que as nossas camisolas eram as do Rugby

Portugal começa hoje a sua participação no mundial de Rugby. O Jogo não dá em canal aberto, por via de uma política de desporto que se baseia em sei lá o quê.

Também muito engraçado o facto de a Quebra-mar não ter qualquer camisola dos lobos à venda porque se esgotaram. Se calhar há mais pessoas a apoiar este evento do que alguém previa…

Já agora parabéns à CGD pelo excelente anúncio do empurrãozinho.

Venenos 31


Algo me diz que o senhor Scolari vai acabar como adjunto do senhor Couceiro na selecção de Sub-buteos...

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

O exercício do poder...

A reacção do Secretário de Estado do Desporto e Juventude Laurentino Dias aos apelos de Naide Gomes e Nelson Évora para que fosse criada uma pista de treino de inverno é verdadeiramente patética. Constitui mais uma peça deste puzzle intrigante que é a actuação deste governo no capítulo do desporto. Onde está bem acompanhado por toda a oposição...
O estranho puzzle parece feito de peças que sobraram de outros puzzles ou sobras de produção. Tudo metido no saco e servido como se fosse uma coisa coerente. E para as peças mais teimosas lá está a tesoura para as obrigar a encaixar.
Ao apelo simples destes atletas de excepção, verdadeiros heróis nesta terra de padrastos, Laurentino Dias responde de forma impertinente e arrogante.
Mas, não se admirem se um dia destes o virem numa qualquer tribuna a reclamar -- de forma subtilmente implícita com a sua presença-- o mérito das vitórias destes atletas. Chama-se exercício do poder.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Ainda o jogo com o Belenenses

1- O Sporting devia proteger o Liedson, insurgindo-se contra a useira teoria de que ele é um jogador “espertalhão”. Já estamos cansados de ser preciso sei lá o quê para que marquem as faltas que fazem contra ele.
2- Que a opinião publicada não se dá bem com a estabilidade já se sabia. Que para isso não olha a meios não é novidade. Não precisam de tentar acabar com o PB esta época. Ele é o pontapé para a frente, o sistema rígido e sei lá mais o quê. Hoje há novos meios de informação, como este, onde as opiniões se vão formando para além dos fazedores de opinião de meia tigela.
3- Parabéns ao PB pela questão dos atrasos. Ao Sporting resta exigir que haja critério (o que não é tão pouco assim).
4- O Derlei jogou mal (sei lá em que terço, foi mesmo na área, não foi?) o João Moutinho anda a precisar de aprender a livrar-se dos adversários. Parece que nos novos jogadores a questão é quem tem lugar, o que é bom. Mas PB tem que considerar a hipótese de tirar alguém do passado se tal for necessário para voltarmos a ter um nº 7 em campo.
5- É sabido que estou com PB. É sabido que odeio que se assobie a equipa durante o jogo. Para mim isso dá-me liberdade para dizer que não percebo o que faz o João Moutinho nas grandes penalidades. Também quer dizer que gostei de se estar a apoiar a equipa antes do jogo, mas é preciso que de futuro esse apoio seja ainda mais parecido com o demonstrado após o golo
6- É reconfortante este sentimento de que a equipa se está a fazer até porque o PB não costuma dormir em cima de louros de pouco significado. Há muito trabalho pela frente
7- O Sporting tem que lutar pela passagem na LC. Não se pode manter o discurso dos coitadinhos.

O ROI do BES

O BES renovou os contratos que tem com os três clubes que dominam o futebol nacional. Não revelou quais os valores, mas referiu que os coisos recebem mais que os outros dois. Também referiu que o Sporting é aquele que mais retorno garante. Sempre que o BES está metido em negócios com o Sporting fico com a dúvida sobre o dever de lealdade da direcção. É ao Sporting ou ao empregador?

Venenos 30

Em vez daquelas bandeirinhas com publicidade que nos deixam nos lugares, volta não volta, sugiro a quem de direito que deixe uma garrafinha de água para a gente poder dar um pontapé como deu o Paulo Bento depois do golo de ontem. Caraças!, a gente também tem direito a meter a raiva cá fora depois de oitenta minutos a sofrer!
E aproveita e refresca os consócios...

Reflexões sobre a equipa do Sporting

Quanto a mim Master Lizard tem razão ao pôr um dos acentos tónicos do seu último (telegráfico) post na ineficácia goleadora de Derlei, considerada esta como paradigma da falta de eficácia da equipa no chamado, em futebolês, último terço do campo. Emendo: falta de eficácia ofensiva.
Do ponto de vista defensivo a equipa apresenta-se esta época, de um modo geral, muito melhor. Começa logo aí, no ataque, a defender. Nesta época tem sido, neste aspecto, muito mais eficaz, pois Derlei complementa melhor que qualquer dos que antes acompanharam Liedson, esse tipo de função: quando o Sporting perde a bola, ambos chateiam os adversários de maneira a voltar a ganhá-la, ou a que estes errem os passes, ou ainda, no limite, fazendo faltas para não deixar o adversário jogar. As faltas do Sporting são, na esmagadora maioria, cometidas ainda no meio-campo do adversário.
É assim que o Sporting vem compensando a menor qualidade que esta época tem, por enquanto, o sector defensivo em sentido estrito.
Neste, Abel aparece em boa forma, com bom jogo ofensivo (tirando o acerto nos cruzamentos, que tem dias…) e eficácia e boa colocação a defender. Mas Rony tem as limitações já aqui várias vezes apontadas, das quais avulta a sua deficiente colocação no terreno; não é um jogador inteligente. Paulo Bento passa-se com ele, ao longo dos jogos, corrigindo posições e atitudes. Na fase final do jogo com o Belenenses foi visível que PB estava sempre a chamá-lo e, quando já estávamos a ganhar, viu-se ele, irritado, mandá-lo trocar a bola, não em zonas atrasadas, mas mais à frente, no meio-campo adversário. No entanto a sua produção tem vindo a melhorar, quanto a mim por influência de uma situação que até agora não vi ser identificada pelos comentadores e analistas: a colocação de Moutinho no vértice esquerdo do losango do meio-campo. De facto, Moutinho, numa missão de sacrifício que o torna menos brilhante, tem vindo a ser o elemento que não permite aos adversários explorar esta maior insuficiência do nosso sector defensivo. Coisa que dificilmente poderia ser feita por qualquer um dos reforços da época (Ismailov já se viu que não sabe jogar à esquerda e Vucevic não tem suficiente jogo defensivo). A outra hipótese seria Adrien, mas este tem vindo a afirmar-se mais a meio do terreno e não descaído para um dos lados, além de que lhe falta experiência.
Mas a estrutura do sector foi muito afectada pela ausência de… Caneira. Sei que o que digo é polémico, mas observei isto com atenção: Caneira, não sendo um executante fora-de-série, era o líder da defesa, aceite por todos, na época passada. A sua liderança era aceite porque ele tem a capacidade de ler inteligentemente o jogo enquanto este decorre; e todos os colegas percebiam isso e acatavam as suas indicações. Esta época esse papel cabe a Polga o qual, beneficiando da confortante presença de Caneira a seu lado, fez uma época passada muito boa. Ora Polga não tem demonstrado as capacidades de liderança de Caneira. Por isso oscilou muito no início de época, falhando em certas ocasiões (aquele golo contra os lamps…) e não se exibindo a contento. Este jogo contra o Belenenses (aliás como a parte final, depois do golo, do jogo contra o FCP) pode ter contribuído para a afirmação de Polga no seu novo papel.
Nas últimas fases dos dois primeiros jogos do campeonato, fruto do resultado que se verificava, PB teve de recorrer, dentro do modelo de jogo do Sporting, a um sistema alternativo: passou a jogar apenas com 3 defesas e pôs mais um homem no ataque (contra o Belenenses até pôs um e mais um de apoio, pois tínhamos um elemento a mais). E Polga ficou com responsabilidade acrescida. Contra o Porto não esteve brilhante, mas agora conseguiu desempenhar bem o papel, subindo com a-propósito para desequilibrar e dando confiança à equipa, cá atrás.
A equipa está ainda a ganhar consistência, mas já se verifica uma capacidade que não tinha tão vincada na época passada: usar um sistema de jogo alternativo quando as incidências do encontro e do resultado a isso obrigam, sem afectar significativamente a coesão do todo.
E, no jogo contra o Belenenses, com resultados.
Agora falta ganharmos eficácia no último passe e na concretização. O que não é pouco…

domingo, 2 de setembro de 2007

Telegrama

Anti-jogo Belenenses. Stop. Hesitações Derlei. Stop. Arbitragem Xistra. Stop. Relva Alvalade. Stop. Vergonha. Stop! Soube a pouco mas três já cá cantam. Stop. Beleneses mereceu levar na pá. Stop.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Façam história!

Mas, há duas histórias... Na pequena história o protagonista é a fava. Se ficarem por aqui, façam uma sopinha com a fava que saiu e comam-na. Não se esqueçam dos coentros que ficam sempre bem...
Na grande história, a única que fica, o protagonista não é nenhum legume. É o herói. Está tudo na atitude.
Exemplos de que o destino não está previamente traçado não faltam.
Agora vão lá e façam história!

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Responsabilidades

Muito se tem falado por aí sobre as peripécias do jogo com o Porto. Parece que os actores únicos do jogo foram o árbitro, o Stojkovic e, já depois do apito final, o presidente do Sporting. Falar demais de qualquer destes personagens é um erro.
O árbitro errou? É um facto. O Stojkovic podia ter pontapeado a bola em vez de a apanhar à mão? É um facto. O presidente do Sporting podia ter exprimido uma posição mais célere e mais determinada? É também um facto.
Mas, não deixa de ser um facto que o Sporting está a mostrar um colectivo marcado por uma entrega, uma frescura e um talento em campo que já há muito se lhe não via, que há jogadores que se juntaram ao plantel há pouquíssimo tempo e não puderam certamente aperceber-se dos meandros do futebol profissional português (nem para um português isto é fácil, quanto mais para um estrangeiro mal chegado ao país!) e que o Sporting, também pela primeira vez desde há muito, muito tempo denota uma atitude de campeão, condição sine qua non para ser campeão...
Todo este sururu em torno da nódoa do Proença, esta tentação em arranjar, à segunda jornada, um qualquer cordeiro à viva força para sacrificar, esta falta de sensibilidade para ver que manter a equipa num estado de grande equilíbrio emocional e de a dotar de um espírito forte são tarefas delicadas que é complicado gerir, a falta de uma correcta perspectiva temporal das coisas, parecem-me, a mim que sou ingénuo e simples, manifestação de uma total falta de maturidade ou de presença de espírito, que podem ter efeitos devastadores no futuro da equipa.
O Sporting tem 28 jornadas à sua frente no Campeonato, tem a disputa da Taça da Liga e da Taça de Portugal, tem a importante presença na Liga dos Campeões. Uma prestação de topo em qualquer destas provas necessita de concentração, coesão e espírito vencedor da primeira à última partida. Sem uma falha. Mais: o Sporting precisa de ter uma prestação de topo em todas estas provas.
Este ano é crucial para o Sporting Clube de Portugal. O futuro não é fácil. Adivinham-se grandes modificações no futebol português e o Sporting precisa de ocupar o seu lugar nos blocos de partida que por direito lhe pertencem. O sucesso do Sporting não é o sucesso de vendas das gameboxes. O sucesso do Sporting são títulos.
Contra a má arbitragem, contra os adversários e contra os gestores de fim de semana o Sporting precisa de se erguer e ganhar! Ganhar!! Ganhar!!!
E ganhar começa por atirar tiros na direcção certa. São proibidos os tiros ao lado e os tiros nos nossos pés.
Precisa-se de um Sporting frio, certeiro, focado e confiante.
Que cada um pense no papel que individualmente tem de desempenhar para levar o Sporting aonde o Sporting tem de ir.

Aniversário...

Por um infeliz e lamentável esquecimento só hoje (com três dias de atraso...) assinalamos a passagem do nosso 2º aniversário. Mas, é verdade, já lá vão dois anos de intenso e dedicado trabalho desta fantástica equipa que diariamente (mmm.... enfim, quase!) produz para todos vocês este blog.
Mister Paulo Bento e equipa, quero este ano poder escrever o post que falta escrever no King Lizards: SOMOS CAMPEÕES!

Perturbante...

... o segundo parágrafo deste post do blogue Bola na Rede B de autoria de Iron&Ismus. Também estou à espera da próxima conferência de imprensa do nosso Ferguson. E não só...

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Antonio Puerta

Faz parte do ritual do futebol exigirmos que os jogadores deixem a pele em campo. Não fazemos a coisa por menos e não estamos a mentir quando o fazemos. Por vezes, eles respondem positivamente à exigência...
Há qualquer coisa, um não sei quê verdadeiramente perverso neste nosso gosto pelo jogo da bola que me provoca uma sensação esquisita quando tomo conhecimento de mortes como esta de Antonio Puerta.
Há qualquer coisa de errado quando isto acontece --e acontece com frequência inadmissível-- e parece que alguém está a passar impunemente pelo meio destas tragédias. Por uma vez, gostava que a tribo do futebol não deixasse que a responsabilidade por mais esta morte se diluísse na voragem desta nossa paixão e que todos ficássemos a saber porque morreu de facto este atleta...

domingo, 26 de agosto de 2007

Típico ou atípico?

Se falarmos em jogo jogado, o Sporting não mereceu sair derrotado do Porto. O espírito, a entrega, o talento estão lá e por isso esta derrota tem a palavra injustiça inscrita por todo o lado. Continuando a falar em jogo jogado, podemos dizer que uma vitória alcançada desta forma diz bem o que foi o adversário. O Sporting repetiu --se bem que no quadro de uma situação diferente-- o que fez no jogo da Supertaça: colocou o Porto em sentido.
Assim sendo, estaremos perante uma situação típica ou atípica? Terá o Sporting entrado definitivamente na fase de não saber jogar mal? Estará defintivamente interiorizado o magnífico espírito colectivo que hoje foi mais uma vez demonstrado em campo? Nesse caso, esta derrota terá de ser considerada um facto atípico.
Vamos continuar a observar, com grande expectativa e continuado entusiasmo, este Sporting.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Os apócrifos

Não, os apócrifos não fazem parte de uma nova corrente pré-socrática, descoberta por acaso em tradução atribuída a Plutarco de citações de Aristóteles. A caixa de correio do KL e a minha caixa pessoal têm sido inundados ultimamente com cópias de um aludido documento apócrifo, de supostos agentes, alegadamente da PJ. Se as cópias do supracitado "documento" pudessem ser trocadas por euros, nós aqui no KL ficávamos bastante bem na vida...
Um leitor do KL fez o favor de nos enviar mais uma cópia em forma de comentário, que publicamos seguindo a orientação de publicar tudo o que venha dos nossos leitores-- desde que não "abardine" demasiado aqui a nossa cena, uma vez que, como bons Sportinguistas, somos filhos de boas famílias e coramos com facilidade...
O assunto merece dois breves comentários.
Em primeiro lugar, tentamos aqui só falar do Sporting. O que se passa nos outros clubes, os piu-pius, dourados, encarnados, cor de rosa ou de outras cores não são do nosso campeonato e por isso ligamos-lhes na medida justa da importância que têm para o Sporting. Neste caso, sabe-nos bem constatar que a Ana, a Carolina, o Pinto, o Vieira, o cozinheiro e a mulher dele pertencem a um outro universo, quiçá mais picante que o nosso, mas a verdade é que o Sporting passa, felizmente, ao lado de tudo isto. A reserva que tem sido mantida pelos responsáveis relativamente a este assunto parece-me correcta.
Em segundo lugar, não somos parvos e todo este sururu cheira a manobra de diversão e a gente não se pode distrair.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Foi um prazer

Duas ou três notas rápidas sobre o jogo de abertura do Sporting.
Em primeiro lugar para destacar o enorme prazer que foi, para mim, ver jogar este Sporting. Houve momentos de excepcional categoria. De um modo geral o grupo continua a evidenciar uma alegria e uma vontade de vencer que não se pode deixar passar em claro, sob pena de cometermos um crime imperdoável.
Mais uma vez (vou insistindo neste ponto...) o segredo desta época está na manutenção deste estado de espírito sem quebras significativas. O Sporting aprendeu a querer ganhar (e a dar um bailarico aqui e ali...) e não pode de modo nenhum perder esta postura. Tem de conservá-la, mas tem também de saber exigir ainda mais. Nada pior poderia acontecer a este Sporting do que acomodar-se.
Mas, o prazer que me deu vê-los jogar hoje, ah!, esse já ninguém me tira!
Uma outra nota para a arbitragem. Ou melhor, para a miserável festival de arbitragem que tivemos hoje. Ou, melhor ainda, para a mentira monstruosa que nos quis impingir o responsável pela arbitragem da Liga. Os critérios anunciados com pompa e circunstância, em matéria de disciplina, por Vítor Pereira fugiram e encontram-se em parte incerta... Esperemos para ver se é só ao Sporting que calha a fava. Hoje, pelo menos, e pelo menos num jogo do Sporting, o que tivemos foi o oposto do que foi anunciado pelo chefe dos apitos da Liga.
Falo aqui da arbitragem ao contrário do que é habitual porque não pode deixar de causar enorme preocupação ouvir, por uma lado, o anúncio feito com ar emproado de medidas severas para dignificar o espetáculo desportivo, dos auriculares, microfones e demais parafernália para enganar o pagode, dos critérios implacáveis que este ano iriam ser impostos, e depois, logo no jogo de abertura do campeonato, assistimos a este festival patético que foi a arbritragem do jogo de hoje. Liga = incompetência é uma equação, no mínimo, sem incógnitas...
Finalmente, uma nota de rodapé para o treinador da Académica. Pelo que percebi das declarações proferidas no final do jogo, a criatura não chegou a assistir à partida e ninguém lhe contou o que se passou realmente em campo. O estilo cultivado por este personagem sem história nem sequer dá, infelizmente, para rir...

terça-feira, 14 de agosto de 2007

O Sporting no começo da época

Os inícios de época são sempre um pouco traiçoeiros, no que respeita à avaliação do valor da equipa. Mas vou arriscar algumas considerações.

Stojkovic
O que dele vi quando se soube que vinha para o Sporting levou-me a pôr reticências quanto à valia da contratação. Pois, pelo que já vimos em diversos jogos de preparação e no jogo da Supertaça, dá para ficar mais optimista. Enorme, ágil e com bons reflexos, bom a jogar com os pés, são características que o definem como um bom guarda-redes. Defendi várias vezes Ricardo na presunção de que, apesar de não achar que ele fosse um grande craque, não seria fácil arranjar quem fosse melhor que ele. Ora, não só se encaixou algum com Ricardo, como se arranjou dum dia para o outro (assim pareceu, mas revela um bom trabalho que não se viu na época passada) um substituto à altura das necessidades do Sporting.

Izmailov
Vem com fama de jogar bem à bola, mas parece que no Lokomotiv teve problemas disciplinares. Às vezes a mudança de ares ajuda a resolver este tipo de problemas (esperemos que tal venha a acontecer também com Carlos Martins a quem pode faltar tudo menos talento e que cá já não ia a lado nenhum), e quem o contratou apostou nisso mesmo. É indiscutível que o russo tem talento, como o demonstrou o excelente pontapé que derrotou o Porto. Mas, há outro tipo de disciplina quanto ao qual ele tem muito que aprender: a táctica, aquela que se deve ter dentro de campo. Tem de saber defender, sobretudo em termos dos espaços a ocupar, para ser uma mais-valia nesta equipa do Sporting. Contra o Huelva entrou na segunda parte para o lado esquerdo do meio-campo. Esteve em todos os sítios do campo menos aí, o que deixou a equipa coxa. Contra o Benfica e contra o Porto Paulo Bento insistiu nele, mas colocou-o do lado direito do losango, derivando Moutinho para a esquerda. De facto à esquerda é que não dava mesmo, e PB viu isso muito bem. Devo dizer, no entanto, que concordo com a insistência de PB na sua utilização, porque espero dele progressos no aspecto táctico.

Derlei
Trata-se do tipo de contratação em relação ao qual já por diversas vezes aqui manifestei discordância. Tirando algumas honrosas excepções, entre as quais avulta o caso de Acosta, jogadores de carreira já feita, vêm normalmente para ganhar mais umas massas enquanto aquilo está a dar. Comecei, no entanto, a ter mais algumas esperanças em que esta contratação venha a dar alguns frutos. Essa esperança baseia-se não tanto na eficácia enquanto avançado, mas na conhecida combatividade de Derlei que, se ele tiver motivação e ela se vier a confirmar em campo, pode vir a complementar o jogo de Liedson, assim constituindo uma forte primeira barreira defensiva no primeiro terço do campo. Os indicadores quanto a este aspecto do jogo foram razoáveis, nestes primeiros jogos da época.

A organização da equipa
O modelo e o sistema de jogo mantêm-se, o que é uma, já esperada dadas as convictas afirmações nesse sentido de PB, boa notícia. Quanto ao sistema, pode-se considerar que pode mesmo vir a haver um aumentar das suas capacidades com a utilização de Purovic, o que, aliado ao já referido bom jogo de pés de Stojkovic, permite o jogo directo, em jogos em que haja necessidade de dar a volta ao resultado. Romagnoli terá, espera-se, o ano da confirmação como elemento mais avançado do losango, com alguma pena minha pois é o lugar de eleição de Moutinho; mas este, com a sua versatilidade e disciplina táctica (muitos não repararam que o facto de Rony não ter comprometido no jogo com o Porto se deveu à sempre presente ajuda de Moutinho e acharam que este teve exibição discreta) é quem tem de jogar do lado esquerdo. A defesa, em que as coisas ainda não ganharam contornos definitivos, é que me parecem residir os maiores problemas de pré-época. Os adeptos têm de, de uma vez por todas, agora que não há Caneira, deixar de pôr reticências quanto ao comando de Polga no sector; é o mais velho e experiente, deixou há muito tempo de protagonizar actos de indisciplina e, sem ser excepcional, é bom jogador (sim, eu sei, falhou mais uma vez no lance do golo contra o Benfica, mas mesmo os melhores centrais falham uma ou outra vez).

A atitude
Não gostei nada que tivéssemos jogado para o empate a partir de determinada altura do jogo com os lamps. Fiquei até com intenção de assacar, por escrito, responsabilidades disso ao treinador. Resolvi, entretanto, esperar pelo primeiro jogo a sério, e ainda bem. Concordo com Master Lizard quanto ao bom estado de espírito que se vive na equipa e que se traduz numa boa atitude em campo. O que é consentâneo com o discurso, levando a que se possa pensar que o que se passou no jogo contra o Benfica se deveu mais a uma atitude circunstancial dos jogadores, que o treinador fez corrigir no jogo contra o Porto. Vejamos, então, o discurso, cheio de recados, pela boca de Paulo Bento: «Os jogadores estão a habituar-se vencer coisas, o que é muito bom e não sucedeu durante algum tempo. Esta noite jogaram com a entrega do costume e foi bom ver que essa forma de estar foi passada por quem estava aos que chegaram, que a interiorizaram. Mas agora é preciso perceber que o campeonato está aí e que o primeiro jogo traz sempre ansiedade. É preciso ter a cabeça no sítio e os pés no chão para encarar da forma correcta o jogo com a Académica, na sexta-feira».

Assim vamos mal...

A agitação em torno da questão Rui Santos parece ridícula e despropositada. Ou a SAD esclarece o que motivou exactamente este ataque de hiper-sensibilidade, ou somos forçados a pensar que se trata de outros valores. O Sporting Clube de Portugal não pode dar estes ares de insegurança e imaturidade.
Mal vai o Sporting ao projectar esta imagem pateta e disparatada de instituição tipo Securitate à Ceausescu...