terça-feira, 13 de novembro de 2007

Olhar os erros e corrigir

A minha atitude desde que escrevo aqui no KL tem-se pautado por não esmorecer nos momentos maus. Penso ser essa atitude de "puxar para cima" os ânimos a melhor maneira que tenho de contribuir para a superação das situações de crise.
É por estas razões que acho importante continuar a analisar os falhanços e tentar dar-lhes respostas adequadas. Tentarei neste post analisar, a esta luz, partes do artigo do Público antes referido.
Atentemos, para começar, na seguinte afirmação de Luís Freitas Lobo sobre Paulo Bento, aí citada:
«Em Braga, ao optar por jogar com três centrais, depois do intervalo, numa altura em que perdia por 1-0 e o adversário controlava a partida, desequilibrou ainda mais a equipa.»
A afirmação é factual e, por isso, correcta; PB objectivamente errou.
Agora, tentando pôr-me na pele do treinador, entrego-me a supor o que se terá passado: ao intervalo, PB "deu nas orelhas" aos jogadores e modificou a equipa na presunção de que o discurso seria suficiente para a mudança de atitude dos jogadores. Não foi. Mas isso, tendo sido um óbvio erro, volto a dizer, portanto algo de negativo, pode também ser olhado pelo seu lado positivo: foi um voto de confiança que PB deu aos seus atletas, ao qual estes não tiveram, contudo, a capacidade de corresponder.
Isto também foi observado por Joaquim Rita quando escreve que «a vulnerabilidade mental de alguns jogadores não permite que ponham tudo em campo, apesar de serem bastante 'picados' para o fazer antes de entrarem no relvado.»
Numa outra crítica a PB estou também de acordo com LFL: «a estrutura que mais serve o Sporting é o 4-2-3-1, onde se defende dos seus defeitos e consegue disfarçar os maus momentos, não se expondo tanto.» Mas o mesmo LFL reconhece que esta «solução já havia sido utilizada pelo técnico português no decorrer dos jogos frente à Naval, na nona jornada e contra a Roma.»
O defeito de PB é que, talvez por ser um treinador ainda jovem e sentir-se pouco experiente, teme arriscar em mudanças, teimando por isso no 4-4-2 com losango. Ora, se este sistema era o mais apropriado no início da época, por ser a continuidade em relação à época anterior e porque havia Derlei para jogar ao lado de Liedson, nesta altura não o é. PB devia tê-lo compreendido logo que ficou patente que nem Djaló, nem (sobretudo) Purovic tinham capacidade para acompanhar o Levezinho.
Por outro lado, as contratações de início de época foram feitas no sentido de capacitar a equipa para jogar em sistema de ataque mais aberto, já que tanto Izmailov como Vucjevic têm características de extremos.
Por último, LFL refere um aspecto para o qual venho reiteradamente chamando a atenção (esta época pelo menos desde os primeiros dias de Setembro, nomeadamente aqui): «ao perder Caneira, o Sporting perdeu o ponto de equilíbrio.»
Face à evidência de que não iria contar com Caneira, PB, inteligentemente, procurou compensar a menor valia que o sector defensivo agora tem com o reforço da capacidade defensiva da equipa... no ataque; isto através do complemento que Derlei dava a Liedson quanto ao jogo defensivo no meio-campo adversário. Os dois juntos constituíam uma primeira eficaz "barreira", quando a equipa perdia a posse de bola.
A grande "desgraça" do (já de si insuficiente) plantel do Sporting foi, esta época (quem diria?) a lesão de Derlei.

Qual o valor do Leão?


Neste tempo de algum desânimo que os adeptos do Sporting sentirão em relação à nossa equipa, vale a pena pôr os pés na Terra e tentar analisar o valor desta. Tal análise deverá ser feita pondo de lado, o mais possível, a paixão e as convicções estabelecidas com base em preconceitos.
Eu também sou emotivo e também tenho paixão (sem isso, de facto, o que seria dos adeptos). Exprimo estes sentimentos no estádio: salto e abraço os amigos quando há golos, acompanho os cânticos, agito bandeiras e cartazes, tento, enfim, participar na festa.
No entanto, quando, aqui no KL, analiso racionalmente o que se passa com o Sporting, tento o mais possível despir-me da paixão, para deixar espaço exclusivo à razão. A polémica com quem arvora a postura contrária é, portanto, impossível. Se eu argumento no terreno da lógica e os meus interlocutores no da paixão, estaremos a ter uma conversa de surdos.
Traz o Público de hoje um artigo de Paulo Curado que, fazendo apelo a alguns dos analistas mais qualificados do nosso futebol (Luís Freitas Lobo, Joaquim Rita e João Querido Manha - este, na minha opinião o mais fraco, já que em muitas das suas análises não se consegue distanciar do seu patente benfiquismo), analisa, quanto a mim duma maneira geral bem, o que se passa com a equipa actual do Sporting. Vale a pena reflectir sobre esse artigo, motivo por que aqui o reproduzo.