As eleições na Liga
O processo de candidatura aos cargos directivos da Liga Portuguesa de Futebol Profissional começou torto. E, como diz o povo, quem torto nasce, tarde ou nunca se endireita.
O que é normal é apresentar-se um grupo (mesmo que ainda não formalizado em lista) de pessoas e um programa (pelo menos algumas linhas programáticas).
Ora o candidato, até ver único, que se apresenta às eleições, Hermínio Loureiro (HL), apresenta-se orgulhosamente só, sobre quem o acompanhará ou sobre o que irá fazer se for eleito, dizendo nicles. A única medida concreta que preconizou até à data foi a de que a arbitragem deve «sair do contexto da Liga» e que «caminhe muito depressa para a profissionalização», assim se colando a uma posição há muito tempo defendida pelo Sporting. De resto só generalidades do tipo "unir o futebol português e em nenhuma circunstância o dividir", “[impedir] que existam casos no futebol português”, “que os regulamentos quando existam são para cumprir", que “o grande desafio dos próximos anos será a competitividade, também fora dos relvados”, e outras banalidades mais ou menos tautológicas.
Apesar disso, o homem parece estar em vias de receber o apoio, cada dia que passa mais unânime, dos clubes nacionais (ontem foi a vez do Porto).
Aqueles que, como eu e certamente todos os sportinguistas, anseiam por uma mudança do estado de coisas no que respeita às estruturas dirigentes do futebol nacional ficam chateados, com certeza que ficam chateados. Os que, pelo contrário, estão satisfeitos com o statu quo – aquele a que Dias da Cunha chamou “o sistema” – já devem andar a esfregar as mãos de contentamento.
E qual foi a posição tomada pelo nosso clube, através do administrador da SAD do Sporting, Rogério de Brito (RB)? Pois apressou-se (antes mesmo do PC) a afirmar que “o Sporting está de acordo com a generalidade dos princípios defendidos por Hermínio Loureiro e em função disso lhe dará o seu apoio", embora fazendo-o depender dos "protagonistas propostos para dar corpo aos princípios defendidos". Quanto a princípios, como se viu, tirando o que respeita à arbitragem, mas isso é consensual e qualquer um que viesse tinha de defendê-lo, não há razão para embandeirar em arco.
Portanto começámos mal em matéria de política desportiva em sentido estrito. O que penso que deveria ter sido feito era não expressar posição antes de se saber o que é que pensa fazer se for eleito e quem são os que o acompanharão nesse projecto. Parece que não é nada importante o projecto do candidato, ou que a confiança nas suas capacidades é tal que se tem por garantido que ele irá fazer bom trabalho, quem sabe se por HL se dizer adepto do Sporting. Mas isto é muito pouco. Vá lá que, do mal o menos, sempre se fez depender o apoio dos acompanhantes de HL.
Estamos, pois, agora, a tempo de lhe retirar o apoio, já que, perguntado sobre como encarava a pretensão do Major Loureiro à presidência da AG da Liga, Loureiro, o Hermínio, (que já tinha afirmado não ir “apresentar lista à AG, porque se apresentasse, o [seu] candidato seria Valentim Loureiro”) garantiu que era só o Loureiro cessante querer, que, por ele Loureiro candidato, é p’ra já. Passava-se isto ante a presença tutelar e complacente de PC, em pleno Estádio do Dragão
Não podemos senão chegar à conclusão de que estamos perante uma sucessão dinástica, isto é, vai ficar tudo na mesma, com Loureiro controlando Loureiro, Dupond lado a lado com Dupont.
Só mudará uma parte das moscas…