quinta-feira, 16 de março de 2006

AG de amanhã: que fazer?

Relembremos o Ponto Único da Ordem de Trabalhos da Assembleia Geral de amanhã: «deliberar sobre alienação de imóveis não afectos a uso desportivo do Clube, designados por Edifício Visconde de Alvalade, Alvaláxia, Health Clube e Clínica, que corresponderão, após outorga da escritura de constituição da propriedade horizontal, às fracções "D", "G", "C" e "F" do denominado Complexo Multidesportivo do Sporting Clube de Portugal "Alvalade XXI"».
Face a isto, o que devemos fazer?
Tenho vindo aqui a defender que a discussão do tema desta Assembleia se deverá processar no âmbito de um processo eleitoral, o qual deverá ter lugar tão depressa quanto possível, até porque o acordo que Dias da Cunha fez com ao bancos obriga a uma decisão (venda ou fecho) sobre o Alvaláxia até ao fim de Junho.
A intervenção que tenhamos deverá, pois, pautar-se por um objectivo central: que seja, não na AG de amanhã, mas no quadro dum processo de eleição de novos corpos dirigentes que estes temas de vendas ou não vendas se discutam e que os sportinguistas possam escolher os seus melhores representantes e gestores para levar à prática o plano financeiro que venha a ser aprovado.
Só assim se poderá garantir, em primeiro lugar, que o plano aprovado venha a ser implementado por quem o propõe; em segundo lugar, que esse plano (de natureza económico-financeira, repito) se harmonizará com as outras instâncias (nomeadamente a desportiva, core business do Sporting, como os gestores gostam de dizer).
Só uma Direcção que encara o Sporting como uma mera empresa, sem atender à especificidade do negócio desporto (futebol em particular, mas não só) pode achar que estas instâncias podem ser discutidas em separado.
Mais: esta Direcção é interina e não pode partir do princípio de que vai continuar a gerir os destinos do Sporting, que é o que está subjacente à convocação de uma AG para discutir o tema da alienação separado dum projecto global para o Sporting.
Por estes motivos, se não conseguirmos impedir que a decisão de alienação seja votada, deveremos votar contra qualquer proposta de alienação que apareça, seja ela qual for e venha de onde vier.
Não, não mudei de opinião e continuo convencido de que, sob condições e no timing apropriado, é inevitável a alienação de pelo menos algum do património não desportivo do Sporting.
No entanto, quem, certamente mais do que nós, está por dentro da situação financeira do Sporting (Dias da Cunha, que deixou a presidência há poucos meses e José Roquette, pai do projecto que tem norteado o clube), já veio a público dizer que a coisa não é tão premente como FSF tentou convencer-nos.
Pode bem esperar o decurso de um processo eleitoral.
Confiemos em que apareçam candidatos que sejam sportinguistas competentes e com projecto credível.
ELEIÇÕES JÁ!

Os pontos nos ii

No meio de todo este ruído mediático, das declarações e contra-declarações que os candidatos, putativos e que o não são, dirigentes, antigos e modernos, "notáveis", uns mais que outros, e demais figuras que se querem pôr em bicos de pés nesta altura à custa do Sporting, vão emitindo; no meio dos problemas reais e/ou imaginários que ensombram o Clube; no meio da gritaria sobre as soluções possíveis; no meio de tudo isto há uma verdade que nós Sportinguistas sentimos de forma mais ou menos intuitiva, mais ou menos racionalizada, mas... sentimos. Sabemos bem o que é um Presidente do Sporting verdadeiro, um ganhador, com perfil para exercer esse cargo. E sabemos o que é um presidente fantoche, que não está à altura do Clube que dirige!
Um Presidente ganhador é aquele que propõe um programa, vê esse programa sufragado pelos sócios e alcança os objectivos que se propôs atingir em nome da grandeza e dos princípios do Clube. Tem um programa! Um Presidente ganhador não perde uma guerra em que se meta. Nem se mete em guerras que, antecipadamente, sabe que vai perder. Um Presidente ganhador só dá tiros certeiros. É metódico, seguro e enérgico. Tem uma visão estratégica e abrangente do clube, do fenómeno desportivo e da sociedade. Está com os sócios. Sente os sócios. Demonstra autoridade. Exsuda autoridade! Não precisa de dar murros na mesa. Impõe-se naturalmente. Um Presidente ganhador é um líder porque... ganha! Em todas estas frentes!
Não tem de estar permanentemente a erguer taças e a abrir garrafas de champagne. Mas, no dia a dia do Clube, nos grandes e nos pequenos monentos, dele só se esperam vitórias e sucessos.

Vejam agora o que tem sido o Sporting dos últimos vinte anos. E atentem, muito especialmente, no que tem sido o Sporting dos últimos dez.
Derrotas desportivas, projectos grandiosos miseravelmente falhados, mentiras descaradas, retrocessos, mesquinhices, golpadas, falta de dimensão, oportunismo descarado e escandaloso, lutas ridículas por notoriedade, muita ânsia de poder, muita leviandade, responsabilidades olvidadas e culpas solteiras! É isto o Sporting hoje, por muito que nos custe. Depois de dez anos de promessas de grandeza e de vitórias retumbantes vamos para uma AG, classificada como uma das mais importantes na história do SCP, para nos pronunciarmos sobre uma proposta... de alienação de património!
A grandeza do Sporting, do seu presidente e dos seus dirigentes actuais e passados com responsabilidades nesta situação resume-se, hoje, a isto. Os debates a que assistimos e as notícias que vamos lendo mostram a pobreza e mesquinhez que hoje dominam o Clube, nas mais altas instâncias da sua liderança.
Os protagonistas de toda esta novela nivelam toda a sua actuação pela bitola mais rasteira e reduziram a dimensão do SCP --este Clube lindo que nos faz mexer e de que todos nos orgulhamos na vitória e na derrota-- à sua expressão mais baixa de sempre. Pela sua manifesta incompetência. Pela arrogância de quem se julgou capaz de liderar este Clube. Pela sua incapacidade de conseguirem sequer exibir um mísero traço de alguma grandeza admitindo que falharam e que ficaram aquém da dimensão do Clube!!
Antes insistem no mergulho.

É contra tudo isto que é preciso lutar.
O nosso campeonato não é o da alienação de património ou o do tamanho do défice. O campeonato do Sporting é o dos seus valores.

"O Sporting Clube de Portugal tem como fins a educação física, o fomento e a prática do desporto, tanto na sua vertente da recreação como na de rendimento, as actividades culturais e quanto, nesse âmbito, possa concorrer para o engrandecimento do desporto e do País."

Assim rezam os Estatutos. Isto é Sporting!
Ponto, parágrafo.
Digam-me agora se alguém pode vislumbrar uma sombra que seja destes valores na actuação dos dirigentes, que nos tempos mais chegados têm poluído a paisagem Sportinguista?
E digam-me lá que outra solução nos resta senão dar-lhes guia de marcha...? Sem remissão, nem piedade!!
Precisamos de devolver a grandeza ao SPORTING CLUBE DE PORTUGAL.