Peguem num prego e num martelo. Tentem, com o martelo, meter o prego numa tábua. Vão encostar o martelo ao prego e fazer força? Claro que não. Mas é assim que, hoje em dia, as equipas de futebol, consideradas mais fortes, tentam meter pregos numa tábua, ou seja, meter bolas na baliza adversária…
No meu tempo de miúdo, (não tenho problemas em me assumir saudosista…) o Sporting dos anos 40 e 50 jogava recuado, era “dominado” territorialmente, mas “martelava” os adversários com tal eficácia que marcava os golos mais do que suficientes para permitir que algum deslize ou azar da defesa fosse ultrapassado. Mesmo a perder por 3 a 0 com o Benfica tínhamos uma esperança, quase certeza, de que iríamos ganhar. Hoje estamos sempre com o credo na boca, não vá o diabo tecê-las e surgir um frango ou um penalty que nos roube a vantagenzinha de um golo que, na melhor das hipóteses, possamos ter.
Não se pode dizer que a culpa seja, principalmente, dos jogadores. São esforçados, quase todos habilidosos e a sua juventude, na minha opinião, não é culpada das fracas exibições a que temos ultimamente assistido. O Vasques e o Travassos começaram a jogar no Sporting com 18 anos.
Então a culpa das más exibições é do treinador? Em parte será. Mas, o Paulo Bento é também “vítima” da moda que se espalhou dos “sistemas” estratégicos, do 4-2-4, do 4-3-3, etc. E faltam-lhe termos de comparação. Se pudesse ter visto equipas como o Torino do Mazzola, o Honved do Puskas, o San Lorenzo de Almagro do Di Stefano, a Inglaterra, do Mathews, o Celtic do Johnstone (um extremo esquerdo fenomenal recentemente falecido), para não falar do Benfica do Eusébio e do Sporting do Mourão ou dos 5 Violinos, certamente que modificaria os seus métodos de treino. Claro que corre alguns riscos de ser “chicoteado” se os próximos resultados forem desastrosos. Espero bem que a falta de dinheiro não permita esse disparate. Mudar de treinador, nesta altura, não teria qualquer resultado prático. E qual o santo milagreiro que poderia vir ocupar o seu lugar? As críticas que faço à maneira actual de jogar já as enderecei a outros antigos treinadores do Sporting, (sem qualquer resultado, diga-se de passagem…) Dois deles tinham, na altura, ao seu dispor um lote de jogadores do “outro mundo” a que chamaram “galácticos”… e nada ganharam!
Esse exemplo serve-me de argumento para me regozijar com a não aquisição de qualquer hipotético reforço. Diz-se que um bom caçador se não tiver cão caça com um gato. Não haverá no Sporting jogadores, mesmo “defesas”, com facilidade e potência de remate, que possam aprender a marcar golos ? É só questão de treino…!
PS- Interrompi as minhas reflexões saudosistas para ver na televisão o jogo com o Nacional. Não podia ter tido melhor confirmação das minhas teorias… Só que, aquilo que se passou nos últimos 15 minutos deveria ser conscientemente procurado… “Quod erat demonstrandum” !