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quarta-feira, 20 de abril de 2016

Um leve

Steve Hanks


Um leve gotejar, acorda a manhã
Que teima em não querer acordar.

As águas liquidas. As mãos. Enregeladas
A dor no peito a latejar.

A manhã vestida de silêncio
O frio a cortar os segredos, a chuva
A lavar as sombras.

A fragrância da mágoa
Colorida de névoa laminada
A porta!  Labirinto de horizontes.


Empoleirada no tempo
A manhã totalmente desperta
Respira destinos.




E vou no ribombar dum trovão
Esquecendo a dor, num raio de luz
Deambulo às cegas com destino certo
E alma totalmente vazia!



Autor ©Piedade Araújo Sol 

http://olharemtonsdemaresia.blogspot.pt/2009_12_01_archive.html

domingo, 29 de março de 2015

do amor proibido



Ignoramos
e ambos sofremos
e ambos amamos
como se pudéssemos
mudar o rumo dos acontecimentos
era proibido
e ambos sabíamos.

Tu nunca saberás
que todos os dias
à mesma hora que telefonavas
eu oiço a “nossa” música
porque sei que nunca mais
vais voltar a faze-lo
e eu não mais ouvirei a tua voz

Tu nunca saberás
que em dias alternados
mas sempre no mesmo dia da semana
eu sento na mesma mesa
no mesmo café
e sei que tu nunca mais vais aparecer


Tu nunca saberás
que eu releio as tuas poesias
embora as saiba de cor
porque sei que tu nunca mais
irás pegar num simples lápis
e me escrever uma que seja


Tu nunca saberás
que eu sei que tu não sabes
mas que eu sempre soube
que tudo era falso e vão
que da tua parte
eu não passei dum devaneio


Tu nunca saberás
que eu choro nas minhas
noites vazias
e que relembro
cada gesto
Cada palavra
cada sorriso

Tu nunca saberás
que no amor
tudo é possível
tudo pode ser permitido
tudo pode ser compartilhado
tudo pode ser amado
e para ti tudo era proibido

Tu nunca saberás
que nada se esfumou
na minha lembrança
e que para tudo
teria de haver uma solução
e eu sei que tu nunca
quiseste sequer encontrar
essa saída

Do amor proibido
do nosso amor proibido
que não foi
que não esqueceu
que magoou
que continua a magoar

Tu nunca saberás...

Autor © Piedade Araújo Sol, Dezembro de 2003

sábado, 14 de fevereiro de 2015

e agora o silêncio

Kam Kan

e agora o silêncio!

a madrugada foi cúmplice dos teus lábios nos meus, brotando mel.

e agora este silêncio.

as minhas mãos em forma de concha, vagabundeiam ao luar, querendo apanhar a luz retraída que a lua penetrando por entre as frinchas da janela entreaberta, embirra em repartir ocultamente sobre o teu corpo adormecido.

e agora o silencio.

lá fora a alvorada rompe para mais um dia metamorfoseado em dialecto de gestos inactivos. talvez vá chover, nunca te disse que gosto de sentir a chuva cair sobre a minha pele. não disse tanta coisa. não te digo tanta coisa. nem sequer que me magoa este silêncio.

o teu corpo sossegado, sorri, talvez navegue agora num sonho feito um rio de pétalas desordenadas no leito que te ampara.
vou embora!

e agora?! que faço do silêncio!


Autor  ©Piedade Araújo Sol, in Poiesis,pag 157

domingo, 12 de dezembro de 2010

Gostava de ser o espelho que te olha



Ainda persiste, onde te disse adeus, aquele terrífico espaço tão lúgubre. Eu nunca digo essa palavra. Mas nesse dia, disse! Fazia frio. Esse adeus não foi definitivo, mas é o mesmo frio que me acompanha desde então. Nunca será definitivo, enquanto um de nós viver.

Respiro, imóvel, o ar da manhã cheia de nevoeiro. Sabes, há vida na laranjeira porque as flores querem desabrochar. Sinto que as pétalas me sobrevoam e os meus cabelos rebeldes esvoaçam numa luxúria alucinada de voos lunáticos. No fundo do poço há águas espantadas, sem patos a nadar, já não existem. O vento, agora, penteia-me no términos de um sono que me avassalou pelas colinas de um tempo embriagado, que me acaricia na leveza em forma de espelhos líquidos, que me percorre numa fracção de tempo esgotado, que me abraça nas asas em que me transporto para além de mim e do (teu) espelho em que te contemplas pelas manhãs.

Gostava de ser o espelho que te olha, logo pela manhã, antes de saíres para o dia agitado. Para de ti guardar os olhares, os cheiros, as cores. Tudo numa miscelânea que tu nem ninguém pode entender.
.
Foto:Marta Ferreira olhares com

sábado, 11 de setembro de 2010

desabrochar

Madrugadas plenas de
amor que sopram pelas nossas
fantasias carentes de paz
agora quero sonhar com as flores
lindas que alegram os campos
dádivas da natureza que Deus
assim nos presenteou.
.
Simbiose de cores
odores de mil formas
flores soltas, finas
imensas pétalas a desabrochar
a alegria da minha manhã."
.
Autor : Piedade Araújo Sol 08/04/2005

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Algas

.Amar-te assim com a força da poesia
que sem querer
gravo em tudo o que faço e
souAmar-te assim ao clarear de mais um dia
em que descubro meu corpo
desnudado e
tranquilo.

Amar-te assim onde as mãos tacteiam
quais algas desavindas
perdidas nas profundezas
das águas

Amar-te...

Autor: © Piedade Araújo Sol
04/09/2005
http://olharemtonsdemaresia.blogspot.com/

Foto:glover barreto

sábado, 27 de setembro de 2008

Lençois de Algas

Sonho-te em lençóis de algas
Na água que acaricia
Teu corpo
Que te inunda e permanece
Por breves instantes
Em ritmos cadenciados
Sonho-te
Nas areias derramadas
Cálidas como
Este amor pagão
Cheio de sal e mar
Sonho-te
Neste golpear de horizontes
Em que me arrebato
Em barcos de papel
Onde navego nos ósculos
Carregados de doçura
Sonho-te
Meu segredo
Camuflado numa melodia
Tão intangível
Tão perfeita e completa
Que ninguém a conseguirá tocar
Sonho-te
Entorpeço
Tombo
Soergo-me
E adormeço
Para voltar a sonhar-te....
.
Autor:© Piedade Araújo Sol
Poiesis
Volume XV-Editora Minerva
Pág.195
Foto:amku


quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Soliloquio

Minhas mãos esfaceladas

pelas águas revoltas

libertam as impurezas

que num gesto infrutífero

tento desprender

para um esconderijo

distraído dessas marés

que chegam e abalam

que lambem a areia

como um réprobo

reza a sua última prece
.

Autor:© Piedade Araújo Sol

17/08/2005

Foto:Paulo César

Modelo:Paulo Madeira