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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Desfolhada

Birdcam Italia


Soltei um pássaro
que me pousou no texto
mas não lhe evitei
o menear das pétalas
Só mais tarde
tão tarde
que já adormeciam as palavras
ouvi espargir irrepreensíveis
metáforas
na folha de papel
Soltei uma rosa
que se exala
quando a sopro para voar
mas sempre regressa
desfolhada
como um pássaro

.
Autor :Eufrázio Filipe mar arável 2010-01-01
http://mararavel.blogspot.pt/

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Chamei-te mar


No mais íntimo da pele

desgrenhei o vento
para te desassossegar os cabelos

escrevi na água
da chuva
para ver
como as palavras
se desmoronam

No mais íntimo da pele
lá estavas azul
tão azul tão azul
que te chamei mar

e já é tanto.
.
Autor: Eufrázio Filipe
http://mararavel.blogspot.pt/








domingo, 17 de julho de 2011

onde a luz se ateia




Desde as últimas pétalas
que não te via neste mar


tão breve
solidária
pelo tempo fora

Reconheci-te peregrina
pelo ressoar das águas

Trazias referências inscritas
nas asas
uma espécie de destino
memórias incumpridas
sem palavras nem repouso
à descoberta de uma pausa
na fissura das escarpas

Gostei de te ver
no cimo dos meus olhos

onde a luz se ateia.


.
Autor :http://mararavel.blogspot.com/

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Antes que o inverno acabe


Não fixes os olhos
onde desnascem pedras
e em bando se precipitam os pássaros

Vem afagar os cães
o coração dos meus barcos

deixa que abrupta a chuva caia
em desalinho rasgue neblinas
quebre silêncios

Recolhe os sons da água
e os latidos
até que se encham os cântaros
rebente de vez a indiferença
dos ranchos
vergados a decepar videiras

Deixa que tudo se mova
Vem amar esta terra
às mãos cheias
mesmo que a voz se deite em surdina
para mais tarde acordar
a partir do chão

Deixa que abrupta a chuva caia
de preferência com relâmpagos
para te incendiar a íris
o rancho se levantar
e as videiras ganharem força

Vem
antes que o Inverno acabe
.
Autor: mar arável http://mararavel.blogspot.com/
Foto: komarek66

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

DÉDALO DE BRUMAS

Só queríamos um espaço
rasgado
onde fosse possível voar
sem olhar os pássaros
um silêncio de pavio
a preto e branco
um qualquer infinito
onde cruzássemos outros timbres
e fossemos a última folha
do outono
em pleno voo


Só queríamos afagar a nudez
em todos os póros
e foi tão pouco
que ainda hoje te procuro
neste dédalo de brumas
precisamente
no lado incerto do espelho
onde me dispo.
.
Autor: mar arável http://mararavel.blogspot.com/
Foto:mAja