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terça-feira, 16 de abril de 2024

BÚSSOLAS DA VIDA

 

Observo o ciclo da vida feita ao redor de mim
Estonteio-me com a noção do tanto não feito
E gelo-me nesse pensar do que não disse
No zelo do que não consegui escrever no vazio.

Sintonias de prazeres e hiatos de saudades cor
Polvilhados hoje de branco no entardecer lógico
Rugas sulcadas por rios de lágrimas recorrentes
No procurar de mansinho do mar que não se agita.

Sons redutores de anseios que se apagam no areal
Passos na falésia à beira de si..."cardume" floral
E até as gaivotas perderam o medo do próximo.

Volteios em círculos de rectas secantes e infinitas
Geografias amputadas em planisférios políticos
E as bússolas perderam o magnetismo do sorrir!

Autor: José Luis Outono
in MEMÓRIAS - by OUTONO 2009
( direitos autorais – S. P.A. – 106402 )

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Sorrisos

Em laços de sorrisos
Desabotoei-me de preconceitos
E abri a vontade feérica
Como porta sedenta de receber.
A noite deitou-se ao meu lado
Fiz amor com a lua
E o sol ciumento trancou-me o sentir.
Louco ...
Percebi que o mundo escreve-se em olhares
E as palavras morrem à nascença
Depois de ditas...mesmo sorridentes!

Autor : José Luís Outono
Cadernos ao Acaso - 2010
Imagem : Alberto Dros

sábado, 2 de dezembro de 2023

Simples Actos

 


O acto de colorir, pode ser um romance abstracto.
O acto de escrever, nunca é um simples argumento de pontuação.
O acto de fotografar assume uma leitura, onde a imagem é uma actriz ousada.
O acto de representar é sempre um oceano de interpretações.
O acto de viver é uma mera coordenada sem previsão
O acto de atar é um dicionário sem acordo.

Autor : José Luís Outono
in CONTINUUM - ANTOLOGIA POÉTICA (Poética Edições, 2018)
Imagem : Laura Zalenga

terça-feira, 23 de maio de 2023

Gostaria tanto

Gostaria tanto….
De tocar a superfície da maresia
Com as minhas mãos sedentas e sentir-te apelo…

Gostaria tanto …
De escrever-te pétalas tinta sorriso
E declamar-te com os teus versos partilha…

Gostaria tanto…
De amar-te murmúrio doce
Na tua entrega paixão querer de ti segredo nosso…

Gostaria tanto…
De dizer-te o que me queres soletrar
No prolongar infinito do teu enleio alma…trajecto redacção…

Gostaria tanto…
De ouvir as tuas canções nossas
E invejar o teu saber dizer de poemas versus coração…

Gostaria tanto…
De me render à tua “luta” apego
E ficar prisioneiro do único amor com o amor que entoas…

Gostaria tanto…
De nada saber e tudo me ensinares
No cultivar sólido de sabores teus…doados nossos…

Gostaria tanto…
De correr para ti…como menino carente
No fim de cada minuto saudade e sorrir no teu abraço abrigo…

Gostaria tanto…
De aprender contigo a moldar a cor do acto
E suspirar no acreditar da certeza página presente…

Gostaria tanto…
Que me escrevesses um poema silêncio
Em grito surdo de respiração suspensa …para lá do possível

Gostaria tanto
De nunca ter de conjugar verbo no passado
Porque a tua caligrafia semeia sempre futuro
em cada escrita dita…hoje presente…

Gostaria tanto…
De chorar …apenas para apagar vulcões de êxtase
Que me dás em oferta solta almejo de vida sempre a colorir…

Gostaria tanto…
De dizer-te paixão…com um obrigado abençoado…
Porque se Deus existe…tu és o Universo da felicidade…

Gostaria tanto…
De nunca findar este caminhar a dois
Onde exigisses amor com amor…até ao beijo final….

Gostaria tanto…
De dizer tanto…e tanto ouvir…
No tanto que há para viver…no tanto que há para amar…no tanto que há para dizer

Gostaria tanto…
De não te conhecer…e puxares a minha mão
Para te conhecer e percorrer estrada rio… nascente foz… mar… horizonte…sofreguidão conhecimento…o teu jardim…

Gostaria tanto…
De ouvir a tua verdade…nas verdades que tens…
Bálsamo fidelidade…código único…

Gostaria tanto…
Que a única diferença de sermos…fosse a interpretação
Homem …mulher…nunca o esgrimir
posições …porque somos…

Gostaria tanto…
De acordar…com o teu acordar…
E sentir-me com o teu acordo do acordo que rubricámos…

Autor: José Luís Outono
in Da Janela do meu (A)Mar (Ed. Vieira da Silva, 2011)
Imagem : Desconheco o autor

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Nuvens


restam as verrugas dos ciclos de mares laborais
nas danças da azáfama esquecida
searas ricas de cantos produtivos de fomes desejadas
sopros de velas que enchiam celeiros abertos
pós de fainas nunca encenadas ou lavores falseados...
até que a mordaça afundou a coragem morena
nos estios de campos respirados e apaziguadores
e as palavras suaram nas prisões talhantes de vidas
em lutos impossíveis de tempos infindáveis...
um dia gritaram-se lezírias de esperanças
nasceram choros em ruas cheias de moagens puras
brindes fugazes de banhos ébrios e causas naturais
as sílabas gaguejaram de novo em sussurros vândalos
onde a fome e o esbulho pagam as dívidas tiranas 

Autor: José Luís Outono - 2016
in Três Mares
Imagem: Tullius Heuer


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Por vezes

Mikael Aldo

por vezes...
fazemos coisas "tão loucas"
como respirar o Sol
abraçar a lua
sorrir à vida...
e esquecemo-nos
do amanhã...

Autor : José Luís Outono
in Mar de Sentidos (ed.Vieira da Silva 2012)

terça-feira, 19 de abril de 2016

No adormecer do teu olhar

Danielle Richard

No adormecer dos teus olhos azuis
Escondo as minhas noites luar
Céus perdidos de marés livres
Quebranto de sonhos por querer
Adornos de leituras por escrever
Arejos de fruta doce rendida
E um favo de sementes meladas.

Na calma fugaz…encontro-te
No meio de palavras brandidas
Por entre traços de pontes carentes
Vejo-te névoa tangente de sobressalto
Destino esvoaçante a manejar
Entrega ao romanceiro da saga dormente
No caviloso som da denúncia.

Meu querer…meu amor…meu compasso
Julgo-te força estranha suave
Colírio sussurrante cristalino
Deusa, epíteto meigo e penetrante
Carisma solto e pautado costume
Derrame de essências marcantes
Brisa queixosa de saudades.

Grito-te, vida de falas junta
Vícios meigos de abraçares redutos
narrativas inundantes de lágrimas seda
Porção de soros turvos amendoados
Espiral de linhas de fulgor correntes
Montanhas de aromas sólidos fortes
Arco-íris vivo de cores beleza.

Fonte nobre, clareira ávida
No espaço do teu couto verdejante
Anexo a minha credencial isenta
Remeto-te o meu dote infinito
na troca do teu indelével merecimento
Convite testemunha sem predicado
Porque vaidade, é o orgulho de te receber.

Autor : José Luís Outono

quinta-feira, 3 de março de 2016

Sem pecado



Johan Messely

Pequei…
Num momento
Em que perdi o teu olhar
E esqueci-me
Do mar suave
Beijo… sempre.
Pequei…
Sem pecado
Na dor de sentir
Como vela aroma
Que escureceu
No mirrar do caminho.
Pequei…
No cair de um abraço
No rasgar de um dizer
No escrever sem fim
No trovão da quebra
Pequei… apenas… sem pecado!

autor : José Luís Outono
in, MAR DE SENTIDOS 

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Janela Corporal


Zin Limit

Abro a janela do teu corpo
Afasto as vestes dos teus cabelos
Acaricio os degraus do teu seio
E digo-te…
Vem murmúrio doce
A manhã é eterna quando se ama!

Autor : José Luís Outono
in Mar de Sentidos (Ed. Vieira da Silva, 2012)

domingo, 11 de janeiro de 2015

Há um poema


Há...
Um poema que sinto
Há...
Uma palavra que minto
Há...
Um amor que tarda
Neste labirinto
De nada!
.

Autor : José Luís Outono
in Rio de Doze Águas

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Sem pecado


BigBadWolf


Pequei…
Num momento
Em que perdi o teu olhar
E esqueci-me
Do mar suave
Beijo… sempre.
Pequei…
Sem pecado
Na dor de sentir
Como vela aroma
Que escureceu
No mirrar do caminho.
Pequei…
No cair de um abraço
No rasgar de um dizer
No escrever sem fim
No trovão da quebra
Pequei… apenas… sem pecado!


Autor :José Luís Outono, MAR DE SENTIDOS (Ed. Vieira da Silva, 2012)