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sexta-feira, 25 de junho de 2021

Conclusão


Fui amante da morte
e da beleza. Vi a loucura,
acreditei na vida.
Da infância falei
como lugar de abismo.
O prazer
foi também a grande fonte
de perturbação e alegria.
Lembrei mulheres
que recusaram submeter-se,
escrevi palavras fúnebres.

Não poupei a adolescência,
o coração magoado
e não soube que fazer
de mim fora das palavras.
Escrevi para desistir
e depender
e ter identidade.

Autor  : Isabel de Sá in “Repetir o Poema”, 
Imagem : Magdalena Russocka

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Depois de tantas horas


A beleza entrou na tela
e provocou o desastre.
Intrusiva
não soube ser escuridão
nada entendeu
da infinita e deserta brancura.

Anoiteceu. Os destroços
formam uma longa frase
onde encontro o teu nome.
.
Autor Isabel Sá
Imagem : jaroslaw datta

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Longa é a noite

Quando me vou embora
não sei. Peço-te
só um murmúrio
mostra-me o rosto.

Quando me vou embora
a infância foge.
Aquela última vez
à procura do fim.

Peço-te
só um murmúrio
mostra-me o rosto
fala-me de suicídio
para que possa chorar.
.
Autor : Isabel de Sá In O real arrasa tudo
Imagem : Magdalena Russocka

sexta-feira, 13 de março de 2020

Realidade


Por causa de um livro
vieste ao meu encontro.
Era Verão, não sabias de nada
nem isso interessava. Palavras
amavam-se fora de ti,
no atropelo das emoções.
Lá chegaria a primeira vez,
o encontro apressado num lugar
público. Desfeito o erro
ao toque da pele, não sei
se havia medo, a paixão queria-me
no lugar exacto do teu coração.
Palavras enrolam-se na sombra
da vida a dor do sentimento.

Atingido o espírito, o tempo
da infância, a realidade. Em ti
a solidão que o prazer
não mata. Quero a beleza
dos versos revelada.
Alguns anos passaram sobre
a nossa história que não acabou.
A tarde envelhece e escrevo isto
sem saber porquê.

Autor : Isabel de Sá
in “Erosão de Sentimentos”
Imagem : Alex Stoddard

quarta-feira, 4 de março de 2020

Conclusão


Fui amante da morte 
e da beleza. Vi a loucura,
acreditei na vida.
Da infância falei
como lugar de abismo.
O prazer
foi também a grande fonte
de perturbação e alegria.
Lembrei as mulheres
que recusaram submeter-se,
escrevi palavras fúnebres. 

Não poupei a adolescência,
o coração magoado
e não soube que fazer
de mim fora das palavras.
Escrevi para desistir
e depender
e ter identidade.

Autor: Isabel de Sá
in 'Erosão de Sentimentos
Imagem:Ruslan Bolgov