domingo, 29 de março de 2015

do amor proibido



Ignoramos
e ambos sofremos
e ambos amamos
como se pudéssemos
mudar o rumo dos acontecimentos
era proibido
e ambos sabíamos.

Tu nunca saberás
que todos os dias
à mesma hora que telefonavas
eu oiço a “nossa” música
porque sei que nunca mais
vais voltar a faze-lo
e eu não mais ouvirei a tua voz

Tu nunca saberás
que em dias alternados
mas sempre no mesmo dia da semana
eu sento na mesma mesa
no mesmo café
e sei que tu nunca mais vais aparecer


Tu nunca saberás
que eu releio as tuas poesias
embora as saiba de cor
porque sei que tu nunca mais
irás pegar num simples lápis
e me escrever uma que seja


Tu nunca saberás
que eu sei que tu não sabes
mas que eu sempre soube
que tudo era falso e vão
que da tua parte
eu não passei dum devaneio


Tu nunca saberás
que eu choro nas minhas
noites vazias
e que relembro
cada gesto
Cada palavra
cada sorriso

Tu nunca saberás
que no amor
tudo é possível
tudo pode ser permitido
tudo pode ser compartilhado
tudo pode ser amado
e para ti tudo era proibido

Tu nunca saberás
que nada se esfumou
na minha lembrança
e que para tudo
teria de haver uma solução
e eu sei que tu nunca
quiseste sequer encontrar
essa saída

Do amor proibido
do nosso amor proibido
que não foi
que não esqueceu
que magoou
que continua a magoar

Tu nunca saberás...

Autor © Piedade Araújo Sol, Dezembro de 2003

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