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19 de maio de 2011

Opinião - Mr Clarinet

Título: Mr Clarinet
Autor: Nick Stone
Editora: Gótica

Sinopse:
Tratava-se de um trabalho que Max Mingus, detective privado de Miami, dificilmente poderia recusar: 10 milhões de dólares para localizar o filho do multimilionário Carver - desaparecido há mais de três anos.
Max conhece o preço de uma má aposta, mas aceita ir ao Haiti porque mais ninguém o fará. Uma ilha sem lei, onde reinam o vudu e a magia negra, onde cada homem é forçado a enfrentar os seus demónios pessoais, o Haiti é também o lar de um monstro a quem chamam Mr. Clarinet, infame raptor de inúmeras crianças.
Na busca pelo rapaz, vivo ou morto, a única coisa que Max tem a perder é a própria vida. Mas, no Haiti, há destinos muito piores do que a morte… Intrigante, de cortar a respiração e altamente constrangedor, Mr. Clarinet irá cativar os leitores lançando o seu feitiço obscuro até ao mais exigente fã do thriller.

Opinião por Vera Brandão:
Um verdadeiro achado na Feira de Alfarrabistas! Depois de me terem falado tão bem deste livro, comecei a procura-lo (e desde já chamo a atenção de livros da Difel/GOTICA, estarem em vias de extinção), encontrei e passei-o imediatamente para leitura seguinte.

Max Mingus, ex-polícia, foi recentemente libertado da prisão depois de cumprir 8 anos por homicídio. Incapaz de voltar a trabalhar como polícia em Miami, Max é persuadido a investigar o caso do desaparecimento de Charlie Carver, filho de uma das famílias mais ricas no Haiti e desaparecido à alguns anos. Mas em Haiti há uma lenda...a de Mr. Clarinet, o monstro que toca clarinete e hipnotiza crianças, raptando-as em seguida...

Um arranque lento marca o início desta história. Há todo um enquadramento em torno da vida de Max, antes e durante a prisão, a sua vida sentimental com Sandra e acima de tudo, o dilema em aceitar a missão e as consequências que isso poderá acarretar.

Assim que o cenário alterna de Miami para o Haiti, conseguimos "viajar" até lá e sentir a corrupção, a pobreza , os costumes ritualistas em vudu dos habitantes. e um descontentamento geral com a política de Bill Clinton (sim, aqui ainda não existe Barack Obama :))

Com cenas chocantes é certo, na medida certa, uma vez que considero que o autor peca pelo excesso de descrição. Denotam-se cenas de teor mais gráfico nos rituais de vudu e em torturas violentas aplicadas aos estrangeiros. No entanto penso que consegue manter o nível de suspense constante em todo o livro, havendo cenas em que o nível de adrenalina do autor dispara consideravelmente!
Por isso o livro teve um misto de sensações em mim, de curiosidade, de entusiasmo e às vezes de tédio...:(
No entanto devo dizer que as últimas 200 páginas se lêem a um ritmo vertiginoso, a acção começa a desenvolver-se e começam a surgir os contornos da resolução do mistério de Charlie.

O que me chocou foram as condições da ilha, a extrema pobreza e as condições em que vivem os habitantes, dá que pensar... E a ditadura de Papa Doc, ainda aprendi uns factos sobre o governo baseado no terror dos tontons macoutes (os nossos bichos-papões).

O que dizer em relação às personagens? Gostei acima de tudo do protagonista, Max Mingus. Verdadeiro, não escondeu o facto de ser presidiário, nem nunca se vitimou por causa disso. Corajoso, foi determinado até ao final em descobrir o que aconteceu à criança.

De forma geral, gostei do resto das personagens, desde os habitantes da ilha, um pouco mais submissas, como o típico pensar condicionado pelos costumes e vulneráveis a qualquer tipo de abusos até Vincent Paul, o barão da droga que procura incansavelmente uma forma de se vingar.

É uma leitura interessante e didáctica é certo, mas fica um pouco aquém de um bom thriller, como os que já foram editados através da colecção Nocturnos da GOTICA.

Opinião - O Último Ritual

Título: O Último Ritual
Autor: Yrsa Sigurdardottir
Editora: Gótica

Sinopse:
Um fabuloso mistério que nos remete para os rituais e práticas de bruxaria da Islândia Medieval
Assim reza a carta que, escrita com o próprio sangue do seu filho Harald, Amélia Guntlieb recebe na Alemanha, dias depois da polícia islandesa ter encontrado o corpo do estudante na faculdade de História de Reiquiavique: um cadáver ao qual retiraram os olhos e está marcado com estranhos símbolos que deixam os investigadores forenses entre o espanto e o choque. Decepcionados com o trabalho da polícia,e desejosos de descobrir a verdade da forma mais discreta possível, os pais de Harald contratam Porá, uma advogada islandesa que ajudará Matthew, o advogado alemão e antigo polícia, enviado pela família.
Porá e Matthew iniciam uma investigação que os levará desde a moderna Reiquiavique ao Noroeste da ilha, uma zona inóspita e selvagem onde, como em muitos outros lugares da Europa, se levaram a cabo execuções de dezenas de pessoas acusadas de bruxaria.
Para desvendar este crime, que parece ter sido inspirado em rituais ancestrais, os advogados terão de explorar documentos e vestígios do nefasto período da história da Islândia da Idade das Trevas.
Um extraordinário êxito mundial, traduzido em trinta países. O Último Ritual é a estreia literária daquela que é já considerada a nova rainha do thriller da actualidade.
O Último Ritual de Yrsa Sigurdardóttir

Opinião por Vera Brandão:
Mais uma vez ingresso no fantástico mundo dos policiais nórdicos, desta feita, escolhendo um livro de autora islandesa. E a Yrsa é minha colega, é engenheira!!! Não poderia estar mais contente com esta opção para leitura!

Gostei da escrita da autora. Bastante fluída, não se prende exaustivamente a descrições, cingindo-se apenas à narrativa. Talvez este pormenor tenha sido responsável por não me sentir num ambiente rodeado por neve (como me senti quando li Stieg Larsson, Asa Larsson, Karin Fossum...). No entanto há uma exposição lógica e ordenada de ideias, que resulta num elo com o leitor, que anseia por ler mais.

Póra (e como sugerido numa nota de rodapé, lê-se Zóura, uma vez que no alfabeto islandês há uma particularidade com a letra P) é a protagonista da história. Tem 36 anos, é advogada, divorciada, mãe de dois filhos e interessa-se pela resolução do caso de homicídio de Harald Guntlieb, um jovem alemão que se encontrava na Islândia a fazer a sua tese de mestrado.

Não poderia ter escolhido ler este livro em melhor altura, visto que, como alguns de vós sabeis, estou na fase dos últimos pormenores da entrega da minha dissertação e consegui entender o que Harald sentiu nos seus últimos dias de vida, sobre a escolha do orientador, a investigação do tema...etc (foi realmente uma grande coincidência!)

Ora o livro gira em torno da investigação do crime, estruturado desde o dia 6 até 13 de Dezembro. Descobrem-se alguns pormenores algo surpreendentes em relação a Harald e relativamente ao próprio crime. Não conhecia o famigerado Malleus Maleficarum, extremamente bem retratado neste livro. Para quem desconhece, este é um manual sobre caça às bruxas, datado de 1487 e originário da Alemanha. Penso que foi interessante e trouxe algo de novo, a introdução deste tema no livro. Também são relatadas algumas conjurações sobre as bruxas, que achei interessante e até parecidas com algumas descrições no nosso livro de S. Cipriano. Algumas descrições mais gore sobre torturas e castigos ritualistas compõem o ramalhete.

Uma das vantagens em ler um livro nórdico, como venho a realçar a cada leitura que faço, é o estabelecimento de um paralelismo entre a cultura escandinava e a mediterrânica. Vim a conhecer com esta leitura, aspectos muito curiosos como por exemplo, a idade em que se atinge a maioridade na Islândia.

Gostei das personagens. O pior, como em qualquer livro escandinavo, são os nomes das personagens e dos locais. Mas achei curioso em como muitos deles terminam da mesma forma: -góttir ehehe. Outro facto curioso: Gunnar ser um nome masculino e Gunnur ser feminino, por exemplo.

Póra é sensacional, além de uma boa mãe, dedicada aos seus filhos, é também bastante profissional na forma de lidar com a resolução do caso. Talvez um pouco "naif" em relações interpessoais. Também existe alguma empatia com Matthew, o advogado alemão, mas penso que este deixa o leitor mais de pé atrás. Ainda assim achei que fizeram uma boa dupla, tiveram cenas que resultaram muitíssimo bem. Adorei as cenas hilariantes protagonizadas por Bela, a rapariga "destrambelhada" que trabalha no escritório de Póra.

Em relação ao desfecho surpreenderam-me dois aspectos: em primeiro o assassino, que sempre esteve um pouco à margem, acabou por ser imprevisível. Mas mais do que o assassino, foi a explicação do crime, que esteve sempre encoberto por um véu de aspectos simbólicos e ritualistas.

Recomendo a quem se interesse pela temática, aos curiosos do livro de S. Cipriano e até aos mais cépticos, o livro constitui um bom momento de leitura.