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quinta-feira, 10 de março de 2011

FOTO DO DIA - LE MANS 55

Falei ontem sobre a Mercedes 300 SLR que tinha um flap funcionando como freio e o Renato Breder garimpou essa pérola: Juan Manuel Fangio com o dispositivo em ação na caça ao Jaguar de Mike Hawthorn, pouco antes da tragédia que aconteceria na reta dos boxes. Os carros, o grande público, o visual do circuito... belíssima foto, clique para ampliar!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

23

Primeiro foi Fernando Alonso, depois Lewis Hamilton e, agora, Sebastian Vettel. O principal fato dessa década da Fórmula 1 é que o recorde de precocidade entre campeões mundiais foi quebrado por três vezes após ficar mais de trinta anos em poder de Emerson Fittipaldi. O talento ainda conta muito, claro que é o quanto os três novos recordistas são especiais. Mas a categoria evoluiu de uma forma que a experiência deixou de ser um componente fundamental. Basta velocidade, competência e, claro, uma boa dose de sorte em estar no carro certo no momento certo. Para ilustrar essa evolução, vale um exercício de comparar em que estágio da carreira estavam estes 15 campeões ao completar 23 anos de idade.

Sebastian Vettel (Alemanha - campeão aos 23 anos e 134 dias)
Comemorou seu 23º aniversário ainda saboreando os louros de sua segunda vitória na temporada, mas ainda na terceira colocação da tabela. Ganharia o título na última corrida.

Lewis Hamilton (Inglaterra - campeão aos 23 anos e 300 dias)
Completou 23 anos em janeiro de 2008, com a experiência de uma temporada de F-1 na qual quase foi campeão. Terminaria o ano, seu segundo na categoria, com o título.

Fernando Alonso (Espanha - campeão aos 24 anos e 58 dias)
A temporada de 2004 não foi das melhores para o espanhol, quarto colocado ao final. Mas tinha conseguido no ano anterior sua primeira vitória na F-1, no GP da Hungria.

Michael Schumacher (Alemanha - campeão aos 25 anos e 314 dias)
Fez em 1992 sua primeira temporada completa na categoria, conseguindo no GP da Bélgica daquele ano a primeira de suas 91 vitórias.

Ayrton Senna (Brasil - campeão aos 28 anos e 223 dias)

Fez o seu primeiro teste com um carro de Fórmula 1, em julho de 1983, meses depois de completar 23 anos. Seria o campeão da F-3 Inglesa naquela temporada.

Alain Prost (França - campeão aos 30 anos e 224 dias)
Ganhou em 1978 o título da Fórmula 3 Francesa, ficando em nono lugar no certame Europeu. Venceria ambos os títulos no ano seguinte antes de ascender à F-1 em 1980.

Nelson Piquet (Brasil - campeão aos 29 anos e 60 dias)
Teve um ano de muito trabalho, aprendizado e poucos resultados na Fórmula Super-Vê em 1975, mas se sagraria campeão da categoria na temporada seguinte.

Niki Lauda (Áustria - campeão aos 26 anos e 197 dias)
Fez em 1972 sua primeira temporada completa na Fórmula 1 ao comprar uma vaga na equipe March. Não somou nenhum ponto ao final de um ano repleto de problemas.

Emerson Fittipaldi (Brasil - campeão aos 25 anos e 272 dias)
Completou 23 anos em dezembro de 1969, recém-coroado campeão da F-3 Inglesa. Venceria sua primeira corrida de Fórmula 1 antes mesmo de completar 24.

Jackie Stewart (Escócia - campeão aos 30 anos e 88 dias)
Foi no ano de 1962 que ele decidiu se tornar um profissional, ganhando as duas primeiras corridas de sua carreira, pilotando carros esporte na Grã-Bretanha.

Jim Clark (Escócia - campeão aos 27 anos e 188 dias)
O talentoso piloto já estava em seu quarto ano de competições em 1959, quando somou 23 vitórias em diferentes categorias. No ano seguinte, estrearia na F-1 pela Lotus.

Jack Brabham (Austrália - campeão aos 33 anos e 254 dias)
Trabalhava como mecânico em 1949 e disputava corridas de Speedcar em ovais curtos de terra, sagrando-se campeão australiano da modalidade.

Alberto Ascari (Itália - campeão aos 34 anos e 38 dias)
O conflito cada vez mais acirrado na Europa em 1941 encerrou as atividades automobilísticas oficiais, mas Ascari havia feito sua estreia em quatro rodas na Mille Miglia do ano anterior.

Juan Manuel Fangio (Argentina - campeão aos 40 anos e 126 dias)
A carreira competitiva do mecânico da cidade de Balcarce estava apenas começando em 1934, com as primeiras participações em provas de Turismo Carretera da região.

Giuseppe Farina (Itália - campeão aos 43 anos e 307 dias)
O primeiro campeão da F-1 já tinha disputado sua primeira corrida, mas em 1929 sua concentração era na faculdade de direito. Só viraria piloto profissional três anos depois.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

FOTO DO DIA – GP DA FRANÇA DE 1954

O céu ficou de principal testemunha para o passeio da Mercedes-Benz na sua estréia na Fórmula 1 (clique para ampliar). Com o belo W196 Streamliner, Juan Manuel Fangio e Karl Kling colocaram uma volta de vantagem em todos os adversários para estabelecer uma dobradinha. Um resultado que só seria repetido 55 anos depois pela Brawn GP, no último GP da Austrália.

Numa dessas reviravoltas do destino, a Brawn GP foi absorvida pela Mercedes para sua volta como equipe própria na Fórmula 1. Hoje, a equipe anunciou um de seus pilotos, o alemão Nico Rosberg. Que vai entender meu trocadilho em alemão nessa comparação com o passado: es klingt nicht nach Fangio (“não soa como Fangio”).

Tenho certeza que o carro será bom (e espero que eles mantenham a denomição “W” para seus carros de grand prix). Mas não vejo Nico Rosberg como um nome à altura da tradição vencedora do passado. Os tempos mudam, claro, mas não o vejo pronto para liderar uma equipe com equipamento para brigar pelo título. Ainda.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

FOTO DO DIA – GP DE MÔNACO DE 1957

Enquanto o futuro da Fórmula 1 é decidido em Londres, vamos virar nossos olhos nostálgicos para o passado e admirar a beleza ímpar da Maserati 250F do maestro Juan Manuel Fangio, rumo à vitória no Principado em 1957. O mais belo carro nas mãos do mais formidável piloto. Clique para ampliar!

sábado, 7 de março de 2009

OS SEIS MELHORES DE SEIS DÉCADAS - OS ELEITOS!

Vocês escolheram! Com uma participação de 962 internautas, vocês filtraram seis nomes de uma respeitável lista de 24 grandes pilotos para eleger os seis melhores em seis décadas de Fórmula 1. Uma turma de respeito, que junta soma mais de 40% dos títulos disputados: Ayrton Senna (79%), Michael Schumacher (75%), Juan Manuel Fangio (66%), Nelson Piquet (57%), Alain Prost (54%) e Jim Clark (47%), todos inapelavelmente lançados ao panteão dos grandes heróis desse humilde blog, pelo menos nos próximos 60 anos. Obrigado à todos pela participação!

OS VENCEDORES:
ALAIN PROST
Nascido em 24 de fevereiro de 1955 em Saint-Chamond (França)
Títulos: 4
Vitórias: 51
Pole-Position: 33
Melhores Voltas: 41
Ico diz: Cerebral e inteligente, sabia ler as corridas como ninguém, o que lhe valeu o apelido de “professor”.

AYRTON SENNA
Nascido em 21 de março de 1960 em São Paulo (Brasil)
Falecido em 1° de maio de 1994 em Bolonha (Itália)
Títulos: 3
Vitórias: 41
Pole-Position: 65
Melhores Voltas: 19
Ico diz: O rei das voltas rápidas, quando traduzia em velocidade seu comprometimento total com o esporte e com as vitórias.

JIM CLARK
Nascido em 4 de março de 1936 em Kilmany (Escócia)
Falecido em 7 de abril de 1968 em Hockenheim (Alemanha)
Títulos: 2
Vitórias: 25
Pole-Position: 33
Melhores Voltas: 28
Ico diz: Quieto e tímido fora das pistas, dono de um estilo lindamente suave e, ainda assim, muito veloz dentro delas.

JUAN MANUEL FANGIO
Nascido em 24 de junho de 1911 em Balcarce (Argentina)
Falecido em 17 de julho de 1995 em Balcarce (Argentina)
Títulos: 5
Vitórias: 24
Pole-Position: 29
Melhores Voltas: 23
Ico diz: O favorito pessoal desse blogueiro, um piloto completo e capaz de massacrar os concorrentes em qualquer tipo de automóvel.

MICHAEL SCHUMACHER
Nascido em 3 de janeiro de 1969 em Hürth-Hermühlheim (Alemanha)
Títulos: 7
Vitórias: 91
Pole-Position: 68
Melhores Voltas: 76
Ico diz: Aliou talento, eficiência e dedicação total para quebrar quase todos os recordes absolutos da Fórmula 1.

NELSON PIQUET
Nascido em 17 de agosto de 1952 no Rio de Janeiro (Brasil)
Títulos: 3
Vitórias: 23
Pole-Position: 24
Melhores Voltas: 23
Ico diz: Entendia de carros de corrida como poucos, conseguindo superar adversários fortes em carros melhores graças ao trabalho em seu equipamento.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

FANGIO, ASCARI, MOSS E FARINA. AGORA, OS ANOS 60!

A primeira rodada da eleição dos seis melhores pilotos em seis décadas de Fórmula 1 foi um sucesso: 426 votantes, recorde das enquetes até agora. Dos escolhidos, Juan Manuel Fangio conseguiu incríveis 97%. Apenas doze pessoas não incluíram el maestro entre seus preferidos. Alberto Ascari e Stirling Moss dividiram o segundo lugar depois de um improvável empate em números absolutos, ambos com 374 votos (ou 87%). O último dos quatro finalistas desta década é o primeiro campeão da história da Fórmula 1, Giuseppe Farina, com respeitáveis 56%.

Destaque também para Mike Hawthorn (30%) e, principalmente, Chico Landi (22%). Resumir sua história às seis participações que teve na Fórmula 1 é ignorar uma das trajetórias mais notáveis do automobilismo mundial (que dirá, brasileiro). É meu maior ídolo, sou suspeitíssimo para falar. Mas fico feliz por cada votinho que “Seu Chico” teve na enquete.

Agora, hora de escolher, no menu ao lado, os quatro melhores dos anos 60. Participe! As linhas gerais da enquete você encontra aqui.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

LANDI, 101

Meu grande ídolo, ao lado do maior de todos (e vice-versa): Chico Landi, que não morre nunca, completou hoje 101 anos de idade. Parabéns para ele!

terça-feira, 17 de junho de 2008

FOTO DO DIA – GP DA FRANÇA DE 1957

Uma bela e rara foto colorida do automobilismo dos anos 50. No difícil circuito de Rouen-Les-Essarts, Juan Manuel Fangio caminha para a terceira de suas quatro vitórias na temporada de 1957. Um clique mágico de um tempo muito diferente do de hoje: o fotógrafo quase dentro da pista, o público amontoado num gramado e a enorme quantidade de faixas ocupando um pequeno espaço em um barranco.

Rouen abrigou sua última corrida em 1993. Hoje, parte do circuito é usada como via pública, incluindo o hairpin da imagem acima. Mas a área dos boxes, as arquibancadas e a torre de cronometragem foram abaixo. Fica registrada a sugestão ao ACF: recuperar e reformar a pista para substituir Magny-Cours. Imaginem só o que não teria de ultrapassagens na freada da Scierie...

terça-feira, 29 de abril de 2008

FANGIO, POR MOSS

Muito interessante a participação de Stirling Moss em um programa da Radio Four da BBC na última semana. O tema foi a carreira do grande Juan Manuel Fangio, seu maior rival e, em suas palavras, “uma figura paterna para mim”. Clique aqui para ouvir o MP3, ou baixe o arquivo para ouvir no seu iPod.

terça-feira, 8 de abril de 2008

FOTO DO DIA – GP DA ESPANHA DE 1951

Acima, a largada para a prova decisiva da temporada de 1951, na qual Juan Manuel Fangio (Alfa Romeo) e Alberto Ascari (Ferrari) chegaram com chances praticamente iguais na briga pelo título. O argentino tinha três pontos de vantagem e as equipes dividiram igualmente as vitórias nas seis etapas anteriores (excluindo, obviamente, as 500 Milhas de Indianápolis que elas nem disputaram).

Mas a Ferrari fez bobagem ao escolher pneus traseiros de 16 polegadas, menores que os de 18 polegadas usados pela rival. A borracha não agüentou muito tempo e seus pilotos tiveram de fazer algumas paradas nos boxes a mais, o que significava um atraso enorme na época. Assim Fangio conquistou o primeiro de seus cinco campeonatos depois de passear praticamente o tempo todo no circuito de Pedralbes, um traçado urbano na periferia de Barcelona. Hoje, parte dele foi destruído para a construção de um anel viário (a Ronda Dalt), mas a avenida que abrigava os boxes e a linha de chegada ainda existe, foi apenas rebatizada. Na época era a “Avenida Del Generalíssimo Franco”, em espanhol. Hoje, é a “Avinguda Diagonal”. Em catalão, nota-se. No fundo, e pode parecer incrível, a Espanha mudou bem mais que a Fórmula 1 desde então.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

TV BLOGO - FANGIO NO BRASIL


O grande Paulo Peralta colocou no indispensável Bandeira Quadriculada um link para este sensacional vídeo de uma corrida de carros esporte em Interlagos, que teve a participação de ninguém menos que Juan Manuel Fangio (uma das últimas de sua carreira). O vídeo é curto, mais vale a pena cada segundo dele. Reparem nos “drifts” de um tempo em que eles se chamavam “derrapadas” mesmo!

Peralta também avisa que amanhã é aniversário do Toni Bianco, o Colin Chapman brasileiro. Como estarei o dia todo “on the road” e não sei se vou conseguir atualizar o blog, fica dado o recado. Grande Toni, parabéns e muita saúde!

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

MINIATURAS – ALFA ROMEO 159

Esta é uma peça que falta na minha coleção – ainda. A Alfa Romeo 159, também conhecida como Alfetta, foi introduzida em 1951 como uma evolução de outra “Alfetta”, a 158. A suspensão foi modificada, a estrutura tubular ficou mais leve e o motor, mais potente. Mas os pilotos da equipe não tiveram a mesma moleza de 1950: o carro consumia muita gasolina e a Ferrari aproveitou-se disso para equilibrar a briga na metade da temporada. O título só foi decidido a favor de Juan Manuel Fangio na última corrida do ano, o GP da Espanha, em Pedralbes (um circuito nas cercanias de Barcelona) – principalmente por um erro da Ferrari na escolha dos pneus.

Abaixo, uma coluna minha para o GP Total escrita em abril de 2003, comentando sobre esta prova. A miniatura acima foi enviada pelo Mário Bessa e é da Minichamps, na escala 1:43.



“HISTÓRIAS DE BARCELONA”
Luis Fernando Ramos
Se existe uma cidade do mundo que me conquistou totalmente, é Barcelona. Foi lá que conheci minha esposa e que assisti ao show de uma das minhas bandas favoritas, o Pink Floyd. Os quarteirões simétricos da Example, as curvas de Montjuic, as ladeiras de Tibidabo e a presença deslumbrante das obras de Gaudí por todos os lados dão um charme inigualável ao lugar. Isto sem falar na noite, que pode começar numa mesa de sinuca do Canigó ou entre a multidão que apinha a Champanhería e vai terminar invariavelmente de dia, curtindo a brisa da manhã em Barceloneta ou no Port Olímpic.
Foram tantos momentos divinos curtidos na capital catalã que, sempre que saí de lá, jurei que um dia voltaria como morador. Que Deus me dê muitos anos de vida para cumprir e curtir minha promessa.
+++
E o que isto tudo tem a ver com Fórmula 1, você deve estar se perguntando? Pois Barcelona é a única cidade do mundo a sediar GPs da categoria em dois traçados de rua distintos. O mais conhecido, talvez por ter sido utilizado mais recentemente, é o de Montjuic. Uma pista desafiadora e perigosa nas subidas e descidas do morro de mesmo nome, palco de um estúpido acidente em 1975 que matou cinco espectadores devido à negligência dos organizadores na construção de guard-rails decentemente resistentes.
O outro circuito é o de Pedralbes, utilizado duas vezes nos anos 50. O traçado incluía uma reta gigantesca, com quase dois quilômetros, na avenida que levava o nome do General Franco na época, e hoje é chamada de Diagonal, e possuía altíssima média horária.
Em minhas passagens por Barcelona, fiz questão de reservar um tempo para conhecer com calma os dois locais. A pista de Montjuic poderia ser imediatamente remontada, mas a Pedralbes perdeu sua curva mais interessante, a do retão, para a construção de uma avenida radial, a Ronda de Dalt, que interliga toda a parte norte da cidade.
+++
Pouca gente se lembra, mas Pedralbes foi palco do primeiro título de Juan Manuel Fangio na Fórmula 1. Pela importância histórica do momento, foi um dos melhores GP da Espanha já disputados - sem contar que as corridas na pista nova de Montmeló são sempre um sono só. Vale a pena contar.
Foi a etapa de encerramento do Mundial de 1951. Fangio, que corria pela Alfa Romeo, chegou em Pedralbes com 27 pontos, contra 25 de Alberto Ascari e 21 de Jose Froilán Gonzalez, ambos da Ferrari. Para aumentar acirrar ainda mais os ânimos, os postulantes ao título ocuparam a primeira fila, com Ascari na pole.
Seriam 70 voltas no circuito de 6,3 quilômetros sob um calor considerável e um asfalto bastante ondulado – um inferno para qualquer uma destas primadonas da Fórmula 1 atual, mas o palco perfeito para Fangio mostrar porque foi o melhor piloto que surgiu nesta galáxia. O público espanhol não decepcionou e compareceu em peso: mais de 250 mil pessoas espalhadas ao longo do traçado, um número espantoso mesmo para os dias atuais.
Os pneus teriam peso fundamental na prova e a Ferrari, que optou por um modelo com diâmetro menor, saiu em vantagem. Ao cair da bandeira, Ascari e Gonzalez zuniram à frente, com Fangio fazendo uma largada cuidadosa e caindo para quarto. Mas “el maestro” sempre utilizava esta tática. Passado o risco da primeira curva, o argentino da Alfa Romeo foi passando um a um e assumiu a ponta na quarta volta, para não mais perdê-la.
Fazendo as curvas com o carro de lado, escorregando nas quatro rodas, Fangio passava com uma precisão irritante a milímetros da guia e a centímetros de uma verdadeira parede de espectadores. Como resultado, bateu o recorde de volta da pista em mais de dez segundos e não perdeu a ponta nem nas suas duas paradas de reabastecimento, que duravam pelo menos meio minuto na época. Campeão com exibição de gala.
Duas ocorrências da corrida mostram bem o lado meio amador e romântico do automobilismo dos anos 50. Na primeira, o francês Yves Giraud-Cabantous abandonou a prova após atropelar um cachorro que atravessava a reta principal. O piloto teve sorte em sair inteiro do incidente, o animal, não. A outra ocorreu nos boxes da equipe Gordini-Simca, uma espécie de Minardi da época – sempre sem dinheiro, sempre atrás. André Simon entrou nos boxes reclamando que o motor estava fazendo o barulho de castanholas. O mecânico-chefe respondeu, às gargalhadas: “Ei, é normal, estamos na Espanha!” Foi preciso a intervenção do chefão Amedèe Gordini para não sair briga.
Assim era a Fórmula 1 no seu nascimento.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

FOTO DO DIA – GP DA ITÁLIA DE 2006

Numa pausa entre os treinos da Fórmula 1 no ano passado, fui passear pelo circuito de Monza e ver a estátua erguida em homanegem a Juan Manuel Fangio. Em um dado momento, um pequeno ferrarista chegou perto e ficou admirando o grande campeão. Um momento repleto de reverência e poesia que deixo para vocês admirarem aqui.

Nas próximas horas, parto rumo ao circuito acompanhado de boa música e muito ânimo. O blog volta amanhã, com fotos e informações direto de Monza. Não perca a cobertura do Grande Prêmio da Itália aqui, ao longo destes próximos quatro dias!

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

MINIATURAS – ANOS 50

Há dois domingos atrás, o Wander José se reuniu com seus amigos lá em Hong Kong para animadas corridas de autorama. A pista, como vocês podem ver, de primeiríssima qualidade e cheia de detalhes. Imagine como as disputas devem ter sido divertidas. Os carros, bem, o Wander me mandou diversas fotos e tem F-1 de quase todas as décadas, um mais bonito que o outro. Os que eu mais gostei foram estes dos anos 50.

De cara, identifiquei quatro deles: o prateado com o número 10 é o Mercedes-Benz W196 (o número chegou a ser usado por Fangio e por Moss). Com o número 1 é a Maserati 250F de Fangio, já tão celebrada neste espaço. O verdinho de número 10 é a Vanwall 4 de Stirling Moss. Last, but not least, a lindíssima Ferrari F375, com o número 12, do “Touro dos Pampas” José Froilán González.

Me ajudem com o resto: que carro é o número 4 (uma Ferrari, claro, mas qual o modelo, é o F500)? E o 7 e o 26? Clique na imagem para ampliar!

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

FOTO DO DIA - GP DA ITÁLIA DE 1957

Fangio fazendo o contra-esterço e o fotógrafo registrando. O argentino pilotava muito, mas acabou completamente ofuscado por Stirling Moss na prova que encerrou a temporada de 1957 e teve de se contentar com o segundo lugar. Moss, que já havia vencido a prova anterior, em Pescara, confirmava a ascenção da equipe Vanwall – o time iria dominar o ano seguinte e se tornaria a primeira equipe inglesa a ser levada a sério na história dos grandes prêmios.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

MINIATURAS – MASERATI 250F

Como estamos falando tanto de Juan Manuel Fangio e a temporada de 1957, o José Ferreiracolecionador luso que possui também este ótimo blogme mandou uma foto da Maserati 250F do argentino (clique para ampliar). O número 2 indica que este não é o carro que ele usou no famoso GP da Alemanha (de forma bem propícia, lhe foi outorgado o número 1 para Nürburgring). Mas é a numeração utilizada por ele em outras cinco provas daquele ano: Argentina, França, Inglaterra, Pescara e Itália. A escala é de 1/43 de uma coleção vendida nas bancas de jornais em Portugal, chamadaMitos da Fórmula 1”. Sempre quis ter uma miniatura destas e vi no site da Maserati uma lindíssima na escala 1/24. O preço, porém é extorsivo: 503 Euros. Sou louco por Fangio, louco pela Maserati, louco por miniaturas. Mas não sou louco...

Ainda falando em miniaturas, o André Luiz Ferreira da Cunha, dono da McLaren M23 cuja foto foi publicada aqui, também criou um blog para seus carrinhos. Passe por lá!

terça-feira, 7 de agosto de 2007

AINDA A OBRA-PRIMA DE FANGIO

No último sábado celebrei os 50 anos da incrível vitória de Juan Manuel Fangio no GP da Alemanha com este post. Hoje descobri que a própria Maserati também criou um site para celebrar o jubileu do quinto e último título do piloto argentino. Entre aqui e explore todos os itens, tem muita coisa legal. A parte que conta como foi a temporada, corrida a corrida, com fotos, é excelente. Bom divertimento!

sábado, 4 de agosto de 2007

A MAIOR DO MAIOR

Todo grande artista tem uma obra-prima. A de Juan Manuel Fangio – na minha modesta opinião, o maior de todos os tempos – foi o Grande Prêmio da Alemanha de 1957, disputado há exatamente 50 anos. Foi o dia em que o argentino chegou muito cerca, senão além, de seus próprios limites, exatamente no circuito mais perigoso e desafiador de todos. Levando a seus rivais derrotados, como o inglês Peter Collins, a elogios desmedidos. “Fangio? Ele é um Deus!”, dizia. Exagero sim, mas quem viu o que argentino fez naquele 4 de agosto chegou a duvidar que se tratasse de um mero mortal.

Fangio tinha dominado a temporada até então, vencendo três das quatro etapas disputadas. Mas eram tempos onde a expressãocorrer pensando no campeonatonão fazia parte do vocabulário da Fórmula 1. Seu principal concorrente pelo título era o italiano Luigi Musso, da Ferrari – o piloto mais regular, mas nem de longe o mais rápido da equipe. E a briga seria exclusiva entre a Maserati, de Fangio, e o time de Enzo.

O argentino fez o melhor tempo dos treinos com 9min25s6, uma amostra da evolução dos carros desde o ano anterior, quando o mesmo Fangio marcara um novo recorde de volta na corrida com 9min41s6. A primeira fila ainda tinha Mike Hawthorn e Collins, os ingleses da Ferrari; e o francês Jean Behra, com outra Maserati 250F.

Nos treinos, o pesado modelo apresentou um desgaste excessivo nos pneus traseiros e o chefe de equipe da Maserati, Nello Ugolini, entendeu que não seria possível completar as 22 voltas de prova (500 quilômetros!) com a mesma borracha. Assim, ordenou que seus pilotos corressem com apenas meio tanque, para fazer uma parada na metade da prova. A idéia era abrir uma boa vantagem logo no começo, que as Ferrari fariam a corrida inteira sem parar nos boxes.

Na largada, porém, Hawthorn e Collins pularam à frente. Fangio tinha o costume de começar a prova num ritmo mais lento para ir dosando seu ritmo aos poucos – uma lição aprendida em anos e anos de corridas longas, e esta seria uma delas. Mais leve, o argentino assumiu a ponta na terceira volta, quando havia batido duas vezes o recorde da pista. Nas passagens seguintes, a marca foi pulverizada seguidas vezes até que, com os tanques quase vazios, Fangio marcou 9min29s5.

A parada nos boxes ocorreu na 11ª volta, quando sua vantagem para as Ferrari era de 28 segundos. Os pit stops naqueles tempos eram demorados. Imagine que a chave da roda tinha de ser tirada (e recolocada) a marretadas. O argentino desceu do carro para tomar uma água enquanto o serviço era feito e recebeu um conselho genial de seu manager, Paolo Giambertone (corrigindo: Marcello Giambertone - veja os comentários). “Corra na manha nas primeiras duas voltas, deixa eles pensarem que você tem algum problema”.

O argentino voltou à pista com quase um minuto de desvantagem e, como combinado, não exagerou no início. Ao ver os tempos de Fangio, o Box da Ferrari sinalizou que estava tudo OK para seus pilotos. Cada volta durava dez minutos, tempo em que os estrategistas ficavam sem qualquer referência. O argentino aproveitou para pisar fundo e, ao final da 14ª volta, a cúpula ferrarista se desesperou ao ver que sua dupla perdera 12 segundos para o rival.

Das voltas 17 a 20, a pilotagem de Fangio é furiosa e o recorde da pista vai chegando a níveis inacreditáveis! Ele marcou 9min28s5, 9min25s3, 9min23s4... e chegou a 9min17s4 quando apareceu na reta principal colado nos carros da Ferrari. Ele passou Collins na freada da curva sul (é a imagem acima, clique para ampliar), recebeu o troco e repassou o inglês na saída da curva norte, jogando metade do carro na grama. Uma pedra acabou voando direto na viseira de Collins, que imediatamente diminuiu o ritmo e saiu da briga.

Restava Mike Hawthorn. O argentino seguiu durante meia volta colado no inglês e efetuou a ultrapassagem na freada para Breidscheid, uma curva em primeira marcha para a esquerda. Na volta final, Fangio diminuiu o ritmo, mas se manteve a uma distância segura, vencendo com pouco mais de três segundos de vantagem.

Ao descer do carro, ele mostrou aos mecânicos o banco quebrado, conseqüência dos solavancos sofridos enquanto ele pilotava em um ritmo alucinante. Fangio foi carregado nos ombros do pessoal da Maserati até o pódio, enquanto Hawthorn dava declarações à imprensa de seu país. “Era inútil tentar segurá-lo. Se eu tivesse forçado, o velho diabo teria me passado por cima”. Pouco tempo depois, o argentino contou. “Fiquei aquela noite sem dormir. Fiz coisas que nunca tinha feito antes. Nunca mais quero pilotar desta maneira”. Foi a última de suas 24 vitórias na Fórmula 1. Em julho do ano seguinte, aos 47 anos, Juan Manuel Fangio pararia definitivamente de correr após o GP da França.

O significado de sua carreira? Bem, os números nem sempre dizem a verdade, mas dão pelo menos uma dimensão dela. Fangio é o piloto com a melhor média de vitórias na F-1, uma a cada 2,125 GPs disputados. Mas isso não é tudo: entre 1948 e 1958, ele disputou 164 corridas com automóveis de alto rendimento, entre F-1, F-2, F-Livre e Carros Esporte. Conquistou 64 vitórias, 96 pódios, 75 pole-positions e 61 melhores voltas. Isto numa época sem segurança nenhuma, quando as provas eram muito mais longas e os carros, muito pouco duráveis.

Notável é o mínimo que podemos dizer. Eu prefiro dizer outra coisa: o maior, o maior!!!