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domingo, 13 de fevereiro de 2011

UM PASSO À FRENTE

Bruno Senna tem todos os motivos do mundo para ficar muito satisfeito com seu desempenho no teste de hoje em Jerez. Não adianta acreditarmos na validade da visão fria da folha de tempos e apontar que ele “foi um segundo mais lento que Nick Heidfeld”. Até porque, dentro dessa lógica, Bruno também foi um segundo mais rápido que Vitaly Petrov.

Mas ele, o russo, o alemão, a equipe e nós sabemos que estes tempos são pouco relevantes. O que conta neste momento para os times é o trabalho dentro dos boxes e a consistência na hora de provar as mudanças na pista. Afinal, o que nós não sabemos é a configuração de cada carro no momento em que o melhor tempo de cada um foi registrado.

Pelas informações que chegam, a Renault ficou satisfeita com o fato do brasileiro ter ficado a menos de dois décimos de segundo do tempo de Heidfeld com pneus novos. Comparando o volta a volta de cada, o alemão mostrou uma consistência melhor, o que é normal e esperado. Mas o brasileiro agradou bastante na conversa com os engenheiros.

Estou muito satisfeito com o dia. Peguei rápido o jeito de trabalhar com o KERS e com a asa. Mas o principal era passar bem as informações para a equipe e sinto que consegui isso. Para mim, sempre foi fácil reportar o comportamento de um carro e acho que eles ficaram contentes com o retorno que eu dei. As sensações básicas que eu passei sobre o comportamento dos pneus foram bem de encontro com o que diziam a telemetria e também os outros pilotos da equipe”, analisou ele falando aos jornalistas presentes lá em Jerez.

Ouvindo a gravação que a colega Karin Sturm me enviou, deu para sentir o piloto extremamente tranquilo e animado. Pelo que ela me passou, ele realmente não viu a oportunidade surgida inesperadamente como uma chance de lutar contra Heidfeld pela vaga deixada por Robert Kubica. Eric Boullier já havia deixado claro que o alemão seria o escolhido se não decepcionasse no sábado - e ele foi muito bem. O “duelo” que a gente achava que aconteceria acabou ali.

Inteligente, Bruno aproveitou para também deixar seu cartão de visitas para a equipe. E parece ter conseguido mostrar que tem potencial para se integrar bem e contribuir para o crescimento de uma equipe de grande estrutura. Algo que, orçamento à parte, muita gente duvida que Vitaly Petrov consiga.

No saldo final, o brasileiro deu um passo pequeno, mas importante, no seu projeto de voltar à F-1 como titular. Se o russo for irregular neste ano como foi em 2010 - e se a segurança econômica do time permitir - a Renault deve promover uma mudança no seu segundo cockpit no ano que vem. No papel de piloto reserva, aproveitar as chances que aparecem para mostrar seu potencial é o máximo que Bruno Senna pode fazer. E foi o que fez hoje.

(Foto Renault)

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

BRUNO SENNA VERSUS NICK HEIDFELD

A Renault anunciou há pouco sua programação para os testes desta semana em Jerez de la Frontera:

“Vitaly vai pilotar o R31 na quinta e na sexta, como planejado originalmente. No sábado e no domingo, daremos quilometragem para Bruno Senna e também vamos avaliar Nick Heidfeld, que é um potencial substituto para Robert Kubica. A ordem exata de pilotagem no final de semana será definida na sexta à noite”.

O curioso é que as ações para os dois pilotos parecem ter sido invertidas. Afinal, com tantos anos de Fórmula 1, a Renault não precisa avaliar Nick Heidfeld. Para isso, bastava telefonar para Peter Sauber para entender se a falta de familiaridade com o carro foi a única explicação para o fato dele ter andado atrás de Kamui Kobayashi nas últimas corridas do ano passado. Assim, dar quilometragem ao alemão seria o mais adequado.

Quem precisaria ser avaliado, neste caso, é o brasileiro Bruno Senna. Já disse mil vezes, o ano da Hispânia não serve como base para nada. Mas o brasileiro apresentou sinais positivos quando andou pela Honda. E sabe ter uma chance única nas mãos. Vai ser bem interessante saber que tipo de trabalho o time vai lhe dar e que tipo de expectativas colocarão em cima dele.

Para mim, a escolha da Renault é meio óbvia: pelo potencial do R31, o time vai precisar de alguém com experiência para desenvolver o carro. E a melhor opção disponível no mercado é mesmo Nick Heidfeld. Mas sabemos que o alemão não tem a força do carisma de Kubica para empurrar a equipe e também, ao contrário do polonês, não irá conseguir resultados acima do potencial do carro.

Enfim, acho que o ano da equipe foi irremediavelmente comprometido pelo ocorrido no último domingo. E, pensando assim, deixaria a vaga para Bruno Senna (ou, se eles preferirem, para Romain Grosjean, Fairuz Fauzy, Ho-Pin Tung ou Jan Charouz). Afinal, Nick Heidfeld (ou De la Rosa, Klien, etc) já teve oportunidades o suficiente na Fórmula 1. Seria bacana ver o time dando uma chance de ouro para gente nova, algo tão difícil no formato atual da categoria. Um ato que iria completamente ao encontro do discurso de Eric Boullier no lançamento do carro, quando anunciou aquele punhado de pilotos de teste.

Resumindo, eu iria de um garoto. Mas acho que eles vão de Heidfeld.

domingo, 30 de janeiro de 2011

MUITOS CACIQUES NA RENAULT

A chegada do Grupo Lotus na Renault gerou um esperado conflito no comando da equipe. De um lado, o turco-suíço Dany Bahar, CEO da montadora. Do outro, o francês Eric Boullier, chefe do time de Fórmula 1. O início dessa relação mostrou que não há muito espaço para os dois comandarem as ações e já surgem notícias de pequenos conflitos entre eles. Um certamente é em relação ao terceiro piloto do time.

Há alguns dias o time anunciou o malaio Fairuz Fauzy como piloto de testes - uma escolha sem sentido do ponto de vista técnico mas necessário para satisfazer os desejos dos chefes do grupo Próton, os donos da Lotus Cars e que são, afinal, os que assinam o cheque.

Mas havia a necessidade de um piloto de verdade. Boullier queria Romain Grosjean, seu protegido dentro do programa de pilotos Gravity. Hoje, o piloto deu entrevista à tevê francesa confirmando que realmente fará esse papel. Mas pode ser que não seja o único.

O brasileiro Bruno Senna negociou com o time com certa intensidade neste mês de janeiro. Seu nome cai como uma luva para a intenção de Bahar em associar a marca Lotus com a Fórmula 1, na sua disputa com Tony Fernandes. As conversas atingiram um bom estágio mas, de todas as fontes que eu consultei, nenhuma pôde confirmar se um acordo foi sacramentado.

A resposta teremos amanhã. Se apenas Grosjean for confirmado no lançamento do R31, saberemos que Boullier ainda tem a palavra final no time. Se o brasileiro estiver junto e com o mesmo status, fica claro que há uma divisão no comando - o que, a médio prazo, pode gerar conflitos no time. Eventualmente, Bruno pode até estar lá e com um status melhor que Grosjean, já que o francês vai disputar a GP2 e não poderá andar às sextas-feiras. O brasileiro, eventualmente, sim.

Não nos esqueçamos também na influência do grupo de russos que apoia Vitaly Petrov e coloca uma boa injeção financeira na equipe. É muito cacique para pouca tribo.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

PARA ONDE?

O anúncio de Jerome d’Ambrosio na equipe Virgin confirmou que a situação não está fácil para o futuro dos brasileiros Bruno Senna e Lucas di Grassi na Fórmula 1. A questão financeira foi central na decisão a favor do belga, apesar dos esforços do press release no time, na qual o chefe de equipe garante que d’Ambrosio “assegurou a vaga por seu próprio mérito”. Uma rápida comparação nos resultados dele com os de Di Grassi na GP2 ilustra que há uma clara diferença de qualidade ali a favor do piloto paulista.

Mas o dinheiro é importante para a Virgin e ponto final. Não há categoria no mundo em que uma boa grana não compra um bom assento e na F-1 a questão não seria diferente. A Williams que o diga. Para os brasileiros novatos, é uma pena dupla: um com um carro acima do peso e outro com um que mal podia ser chamado de carro, Di Grassi e Senna mal puderam mostrar o potencial que tinham neste difícil ano de estreia em equipes também estreantes.

Mais: para um piloto de F-1 ou GP2 arrumar patrocínio no Brasil é uma tarefa ingrata, já que as leis federais acabam sendo um complicador fundamental - e tentar contorná-la com algum tipo de “jeitinho” pode acabar em rolo. Num mundo ideal, teríamos uma petrolífera estatal que apoiaria diretamente um ou mais valores das pistas para divulgar sua marca também; ou uma federação forte que lutasse para que o governo criasse uma lei melhor para incentivar empresas nacionais a investir em talentos para correr no Exterior. Mas esse mundo ideal, sabemos, não existe.

Das opções ainda não confirmadas para o ano que vem (uma vaga na ex-Renault e duas na Force Índia; a Hispânia não é uma opção), a dupla de brasileiros parece fora do radar. Restaria lutar por uma vaga de piloto reserva, uma aposta arriscada que pode acabar prolongando a agonia de estar pertinho da F-1 sem poder tocá-la, ainda mais nestes tempos em que testes são extremamente limitados.

Eu vejo a vaga de reserva na Lotus de Tony Fernandes como a melhor. Afinal, Jarno Trulli já está na prorrogação de sua carreira e uma hora vai preferir ir cuidar de sua vinícola. É um time pequeno, envolvido numa confusão jurídica mas é também onde há maiores perspectivas de se abrir uma vaga de titular a curto prazo.

Acredito que o empresário de Bruno Senna, Chris Goodwin, deveria sondar a McLaren - se é que já não o fez. Afinal ele tem um ótimo trânsito no time e todos ali dentro sabem que Gary Paffett não é uma opção para o futuro. Seria uma aposta arriscada mas que, com uma dose de sorte, poderia render frutos. O trabalho se resumiria a muitas horas em simuladores e eventuais aparições públicas em eventos como roadshows ou o Festival de Goodwood. Mas vai que Jenson Button resolve logo acabar com a vida corrida de piloto de F-1, satisfeito com o título e a namorada que tem. Seria uma chance se o brasileiro tiver conquistado a confiança do time caso isso acontecesse, porque seria uma vaga cobiçadíssima.

Para Lucas, quem sabe a própria ex-Renault não seria uma chance. Afinal muita gente importante da parte técnica do time trabalhou com o brasileiro e valoriza sua experiência. Seria uma boa também para colocar uma sombra no diletante Petrov. Poderia ser outra vaga que a se abrir no final do ano que vem, se o russo não for convincente.

A Mercedes seria outro posto atrativo que ainda não confirmou um piloto reserva. Embora ali a penetração deles seja menor que nos exemplos acima, a experiência de uma temporada na F-1 poderia contar a favor. Em todo caso, vale citar que não faltam outros candidatos ao posto de reserva nos times que ainda não confirmaram os seus: Luiz Razia, Fairuz Fauzy, Giedo van der Garde, Oliver Turvey e Sam Bird, só para citar alguns com dinheiro e/ou experiência prévia com um carro de F-1. No caso de Razia, vejo como boa a chance dele permanecer como reserva da Virgin, caso lhe ofereçam a oportunidade de testar de vez em quando às sextas-feiras.

(Fotos Luis Fernando Ramos)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

SENNA E LOTUS

Os sites de Internet foram invadidos ontem pelas “novidades” das negociações entre Bruno Senna e a equipe Lotus, algo que quem escuta nossa transmissão pelo grupo Bandeirantes de rádio ou quem participa do “Credencial” já sabe desde o GP do Japão - e se você não faz parte desse grupo, está aí mais um motivo para fazê-lo.

A grande questão é quantificar a proximidade de um acerto, o que é impossível. Em Suzuka, Bruno mostrava plena confiança de que estará na Fórmula 1 no ano que vem. Na Coreia pareceu ligeiramente mais preocupado. Pelo que pude apurar, o brasileiro está realmente muito perto de trazer os patrocinadores que a equipe espera. Mas parece que surgiu um foco de resistência dentro da própria Lotus, gente que gostaria de ver o italiano Jarno Trulli mantido no time.

Talvez o fato de Trulli estar nesse exato momento visitando o amigo Juan Pablo Montoya e o cenário da Nascar seja uma boa notícia para Bruno nesse ponto. Difícil apontar se notícias concretas surgirão até Interlagos. Mas, caso algum acordo seja celebrado até lá, não haveria palco melhor para anunciar novidades em relação ao futuro do piloto brasileiro.

(Foto Luis Fernando Ramos)

quinta-feira, 8 de julho de 2010

JOGO SUJO


O anúncio da troca de Bruno Senna por Sakon Yamamoto para o final de semana do GP da Inglaterra chegou sorrateiro como o entardecer de uma tarde de verão em Silverstone. Apenas o documento da FIA confirmando a troca, usando o mesmo texto oficial dos documentos que registram a troca de um piloto titular por um de testes no primeiro treino livre de sexta. Só que, desta vez, a sessão não estava estipulada.

Colin Kolles falou pouco aos jornalistas. Ele apenas confirmou a troca por este final de semana e disse que iria se pronunciar com mais detalhes amanhã. Acrescentou que dinheiro não foi um fator na decisão.

De qualquer maneira: foi uma das coisas mais nojentas que já vi acontecer na Fórmula 1. Afinal, Bruno se preparou para esta corrida normalmente. Ontem, deu várias voltas pela pista de bicicleta para estudar as mudanças no traçado. Hoje, participou dos eventos de relações públicas como em qualquer outra prova: visitou a fábrica da Cosworth e pela manhã e deu esta entrevista para mim e uma colega alemã no início da tarde. Estava da mesma maneira de sempre: ciente das dificuldades que teria com um carro pouco competitivo, mas animado para trabalhar com o que tinha em mãos e tentar mostrar o seu valor.

As próprias assessoras de imprensa da equipe foram pegas de surpresa. Chegaram até a divulgar que a troca seria realmente apenas para o treino livre, até que Kolles confirmou a mudança por todo o final de semana.

Está claro que a medida foi tomada de forma repentina e unilateral por Kolles. E tudo aponta que foi apenas o prenúncio para uma mudança em definitivo em detrimento ao brasileiro, o que pode ser confirmado amanhã.

Quando surgiram os primeiros rumores de uma possível troca, há pouco mais de um mês, Bruno afirmou na época que tinha um contrato com a equipe para disputar todas as corridas. A briga, pelo jeito, vai parar nos tribunais e tende a ser feia. Vale lembrar também que Yamamoto disputou sete corridas em 2007 pela Spyker, substituindo Cristjan Albers, sem nenhuma performance digna de nota. Mas quem o colocou no time, na época, foi justamente Kolles.

Alguma coisa ele vê de atrativo no japonês. Provavelmente, uma carteira cheia de Yenes. Mas a questão financeira não pode ser o motivo definitivo. Afinal, Senna também trouxe patrocinadores para a Hispânia, marcas que estampam seus logotipos nos carros da equipe.

Enfim, foi uma rasteira suja. E, ainda, muito mal explicada.

domingo, 21 de março de 2010

AYRTON SENNA, 50

Não conheci Ayrton Senna pessoalmente. A primeira corrida que eu cobri na Fórmula 1 foi justamente o primeiro GP do Brasil depois da sua morte. Mas até hoje me impressiona como ele sempre esteve presente de alguma forma na categoria durante todo esse período, um tema recorrente na memória de todos, um parâmetro de compromisso total com o trabalho. Tive a chance de conversar com várias pessoas que conviveram com o piloto brasileiro para saber o que vem na mente quando pensam nele hoje. O resultado foi um mosaico interessante que nos ajuda a entender o tamanho do legado que ele deixou na categoria.

O
RIVAL
- É uma
pergunta muito difícil. São tantas coisas que vêm à cabeça. Pensando hoje, é claro que seria muito bom tê-lo aqui, nessa festa especial dos 60 anos da F-1. O que une todos os que estão aqui? Todos nós tivemos sucesso, porque fomos campeões, e temos amigos que se machucaram ou morreram. Quando olhamos nos olhos uns dos outros, pensamos como é bom estar aqui para lembrar de tudo o que aconteceu. Hoje, penso no Ayrton dessa forma, ele é parte do esporte e parte destes pilotos que tiveram azar neste esporte.
(Alain Prost, 55 anos, francês, enfrentou Ayrton Senna nas pistas em nove temporadas entre 1984 e 93, divindo com ele a equipe McLaren em 1988 e 89)

O AMIGO

- Quando
penso no Ayrton hoje? Penso no melhor piloto de todos os tempos. Acho que isso diz tudo.
(Gerhard Berger, 50
anos, austríaco, foi companheiro de Senna na McLaren de 1990 a 92 e um dos maiores amigos do brasileiro na F-1)

O
COMPANHEIRO DE EQUIPE
- Ayrton
era um indivíduo único. Tinha um comprometimento enorme com a competição e a pilotagem. Era por si um homem especial. Quando eu penso nele, penso na sua perda, no sentido da tragédia de não tê-lo visto continuar. E também no seu legado, no seu enorme espírito, não o da competição, mas o de assuntos além da Fórmula 1.
(Damon Hill, 49
anos, inglês, companheiro de equipe de Senna nas três provas que o brasileiro disputou no Mundial de 1994 pela Williams)

O
PUPILO
- O Ayrton
era uma pessoa jovem, eu não consigo imaginar o Ayrton como seria hoje, se estaria careca... Eu vejo de um lado pessoal, sempre lembro dele sorrindo e é essa imagem que permanece para mim. Provavelmente ele não estaria pilotando mais, mas com certeza teria conseguido mais títulos para o Brasil.
(Rubens Barrichello, 37
anos, brasileiro, conquistou seu primeiro pódio na F-1 uma corrida antes do GP de San Marino de 1994 e está na categoria até hoje)

O
SOBRINHO
-
Eu penso nele como meu tio. Mas é claro também que o vejo como uma inspiração e uma referência. Sempre me inspirei nele desde pequeno e aprendi muito com a maneira que ele tinha de encarar o automobilismo. Mas não tive que mudar o jeito que eu sou para isso, a família tem muito dessa natureza e acho que isto está funcionando bem para mim.
(Bruno Senna, 26
anos, brasileiro, começou no kart por influência e com o suporte do tio Ayrton Senna. Fez sua estréia na F-1 no último final de semana)

O FISIOTERAPEUTA

-
Ainda me sinto muito ligado à família Senna. Ainda que não nos encontremos muito, mas isso não importa. Gostaria de voltar a encontrar Dona Neide, Milton. É algo difícil de explicar, mas você pode imaginar. Foi um período tão positivo que passei com ele, com aquele caráter, isso foi uma parte muito importante da minha vida. Sobre o que vem à cabeça quando penso no Ayrton... É uma energia muito grande, não há uma única característica que se possa destacar nele. Há um todo. Ele não pilotava para si ou pelo dinheiro, mas queria vencer para o país, dar alegrias para as pessoas do país. Era uma paixão muito profunda nele, que não era de maneira nenhuma fingida. Era verdadeira e os torcedores sentiam isto. Acho que cada brasileiro conseguia sentir isso e se identificar com uma pessoa que era especial, mas era um igual a eles, não importando se era um jovem ou um velho, um rico ou um pobre. Era algo especial. Estou há tanto tempo na categoria, vivi tanta coisa mas, quanto mais os anos passam mais eu percebo como ele era uma personalidade especial e eu até sinto uma ponta de orgulho por ter participado um pouco dessa história.
(Joseph Leberer, 52
anos, austríaco, foi o fisioterapeuta de Ayrton Senna de 1988 a 1994 e era a pessoa no paddock da F-1 em quem o brasileiro mais tinha confiança)

O
MECÂNICO
- A
primeira coisa que eu penso é que é uma pena não tê-lo mais com a gente, especialmente agora que temos a volta de Schumacher, um piloto que quebrou tantos recordes e estabeleceu marcas que nunca serão superadas. Acho que todos estes recordes não teriam acontecido se Ayrton ainda estivesse correndo. Schumacher teve um pouco mais de facilidade porque em sua época não havia rivais tão fortes como na época do Ayrton - não porque ele quis assim, mas porque as coisas aconteceram dessa maneira. Nos tempos de Senna havia pilotos de muita qualidade, como Prost, Mansell e Piquet, em carros bons também. Mas, antes de tudo, todos perdemos essas disputas incríveis que aconteceriam entre Senna e Schumacher. Sim, é uma pena. O que Ayrton faria agora? Não sei, seria um chefe do esporte no Brasil... Estaria de alguma forma ajudando ao Brasil, era muito patriota, tinha muito orgulho de seu país e, como todos sabemos, vocês brasileiros perderam muito com a morte dele. Ele se foi jovem demais.
(Jo Ramirez, 68
anos, mexicano, era coordenador da equipe McLaren na passagem de Ayrton Senna pela equipe e um de seus grandes amigos na categoria)

quinta-feira, 4 de março de 2010

A MAIOR DAS LUTAS

A equipe Hispania nasceu hoje em Murcia, mas será oficialmente reconhecida pela FIA como HRT, numa bizarrice tão grande e misteriosa quanto toda a confusão que cercou o time nos últimos dois meses. As incertezas cessaram quando Bernie Ecclestone costurou uma solução com José Ramón Carabante que trouxe Colin Kolles para assumir o comando do barco. O primeiro passo foi dado: uma dupla de pilotos, um carro, uma apresentação. Agora é empacotar tudo e mandar para o Bahrein.

A
luta pela sobrevivência vai começar . Conversei com Bruno Senna que, depois do que passou em meio a confusão, não a hora de colocar a mão na massa, até porque, sempre realista e com os pés-no-chão, sabe o tamanho da tarefa que vai enfrentar. Mas é interessante sua colocação quanto ao futuro da equipe, dizendo que vai dar para saber se o time corre até o final do campeonato... no final do campeonato!

Na
seqüência, Bruno coloca atentamente que um bom início seria ótimo para garantir um futuro sólido para a equipe. , a bola é passada para o carro da foto acima. Se o carro da Hispania (que lembra em alguns aspectos os Dallara da Indy, em outros o VR01 da Virgin) tiver nascido bem, o time pode andar logo de cara junto de Lotus e da citada Virgin, que é o objetivo mínimo - e seria um grande feito por si só.

Quebras
e um aprendizado difícil estão na agenda das primeiras corridas. Mas com o experiente belga Jacky Eeckelaert no comando da equipe técnica e com a presença de Geoff Willis, o time tem o material humano necessário para fincar o na categoria e estar correndo no ritmo da música no encerramento da temporada, em Abu Dhabi.

Chegando
, terá vencido a maior das lutas da temporada. Já a de Bruno é a de correr para si e mostrar serviço. Bem ou mal, ele chegou na Fórmula 1 e isto é o que imporarta. As pessoas influentes da categoria vão saber avaliar sua performance de acordo com o equipamento que ele tem.

Não
faltarão estórias interessantes no GP do Bahrain.