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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

TV BLOGO - GP DE CINGAPURA


Os últimos dias foram bastante corridos na produção dos meus textos para o Anuário AutoMotor Esporte do Reginaldo Leme, um projeto do qual eu tenho orgulho de participar pela 13ª vez - e pelas páginas que eu vi, a equipe continua sendo capaz de melhorar o produto final a cada ano, o que é sensacional.

Para mim, foi também uma chance de parar e olhar para a temporada de 2010 com calma. O trabalho de cobertura in loco implica uma rotina incessante de viagens e deslocamentos, mais a velocidade na pista e a da própria notícia. Some-se a isto um espírito inquieto que quer fazer tudo: escrever, gravar, tirar fotos, ir ao maior número de entrevistas possível e aproveitar um pouco das cidades também.

O fato é que o tempo fica meio que em uma nova dimensão, os oito meses de Bahrein a Abu Dhabi passaram voando ao mesmo tempo que parece ter durado três anos tamanho o volume de informação processada.

Assim, a cobertura de cada corrida tem uma cara própria, que depende menos da corrida em si e mais da cidade, do ambiente de trabalho (paddock e sala de imprensa), do estágio do campeonato e do seu próprio estado de espírito.

Depois de repassar mentalmente cada etapa da temporada, parei em especial para relembrar a prova de Cingapura. O que eles conseguiram fazer lá é algo impressionante, o clima que fica na cidade é eletrizante e não há nada igual a subir na roda gigante para ver todo aquele espetáculo de cima, o que fiz num dos treinos livres. Depois no grid, antes da largada, todas aquelas luzes sobre o palco fazem tudo ter um brilho mais intenso e isso parece contagiar as pessoas. Mesmo sendo um traçado onde é difícil ultrapassar (menos para um Kubica com pneus novos), ele é bem desafiador para os pilotos e fica claro que a maioria dos caras adora pilotar lá.

Do nosso lado, pela própria natureza do circuito, bloqueando quase todas as ruas de um bairro, o acesso ao paddock é complicado, é onde mais se anda para chegar lá. Mas é um esforço inteiramente recompensado pelo ambiente mais alegre do ano, que mistura a positiva tensão da reta decisiva do campeonato com a curiosa luta interna de cada um em se manter no fuso horário europeu mesmo estando na Ásia.

Tem também a cidade, que mistura a modernidade pura dos prédios mais recentes com um clima tipicamente asiático dos bairros mais populares. Tem também um tradicional futebol com os jornalistas alemães, disputado em condições sub-humanas de temperatura. Um fato divertido é poder fazer isso (passeios, esporte) antes de ir para a pista trabalhar. Outro é chegar na sala de imprensa às 4 da tarde e descobrir que você foi um dos primeiros a estar lá. Sem falar no desafio de encontrar um lugar aberto depois do expediente para jantar... às 4 da madrugada!

O volume de trabalho é o mesmo, mas trocar o dia pela noite o torna de alguma forma ainda mais divertido. Sei lá, talvez eu seja um sujeito de hábitos noturnos. Só sei que, se você pretende um dia ver um GP de F-1 fora do Brasil e está economizando para isso, eu escolheria esse (até pela extensa programação de shows que acompanha o GP e que, infelizmente, eu nunca tenho tempo para assistir).(Foto Luis Fernando Ramos)

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

ONDE TERMINA A CONFIANÇA DE VETTEL?

Foi Fernando Alonso o vencedor do GP de Cingapura, mas Sebastian Vettel também fez uma celebração bem positiva com sua equipe pelo rádio depois de terminar a corrida em segundo lugar, a menos de três décimos de segundo do espanhol da Ferrari:

“Excelente trabalho, rapazes! Não se preocupem, a gente ainda pega eles”, prometeu o alemão da Red Bull, exagerando na auto-confiança.

Foi curioso acompanhar a tranquilidade de Vettel ao longo do último final de semana. Afinal, há exatos 31 dias ele deixava o circuito de Spa-Francorchamps com o apelido de “crash kid”, dado por Martin Whitmarsh depois dele tirar Jenson Button daquela corrida com uma desastrada manobra de ultrapassagem.

Mas o garoto-enxaqueca da Fórmula 1 parece possuir uma fé inabalável nas suas habilidades o que, aliás, é um ingrediente indispensável na receita que faz um campeão do mundo. Em Monza, nem subiu ao pódio mas ficou satisfeito em chegar duas posições à frente do companheiro Mark Webber. E em Cingapura fez com que seu sorriso imberbe brilhasse mais que os refletores ao superar o australiano com clareza durante todo o final de semana.

“O campeonato segue em aberto. Eu e Mark combinamos uma abordagem profissional até o final do ano. Vamos ver quem é o melhor”, explicou Vettel.

A importância que a dupla dá para o duelo interno só pode ser explicada na aposta em uma total superioridade do RB6 sobre o carro dos concorrentes até o final do ano. Em Suzuka todos apostam num passeio do time. E Vettel ganhou lá em 2009 com facilidade. Se repetir o feito em duas semanas, terá descontado de uma só vez os sete pontos que demorou duas corridas para tirar de Webber, mesmo que o australiano termine em segundo.

Mas caso termine atrás, resta saber se vai fechar a cara e reassumir o papel de garoto-enxaqueca. Se isso acontecer, será o golpe que Fernando Alonso está esperando para eliminar mais um dos candidatos ao título. Vettel pode até ser mais veloz, mas o espanhol teme mais ainda a força mental de Webber.

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A pole conquistada no sábado em Cingapura por Alonso foi a chave para sua segunda vitória consecutiva e o espanhol sabe disso, mas até ele se surpreendeu com ela. Num bolão feito entre vários personagens do paddock para adivinhar o grid, ele se colocou em 3º, atrás da dupla da Red Bull. Certamente foi uma aposta que ele perdeu com prazer.

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A etapa de Cingapura já conquistou um espaço importante na Fórmula 1. O esforço dos organizadores não se resume a fazer uma prova noturna: a idéia de juntar uma corrida com grandes nomes da música veio deles. Bernie Ecclestone adorou tudo e já estuda ampliar o contrato da prova, que termina em 2012, por mais vinte anos até 2032.

(Coluna publicada na edição de hoje do Diário Lance!)

(Foto Luis Fernando Ramos)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

CREDENCIAL – GP DE CINGAPURA

Qual a força real da Ferrari depois de duas vitórias consecutivas, o tamanho da sorte de Mark Webber e as chances dos pilotos da McLaren. Estes são alguns temas abordados nesta edição do “Credencial”, com informações apuradas direto do paddock com a responsabilidade de sempre. E como este espaço respeita a inteligência de vocês, o programa aproveita para desfazer a confusão que alguns rumores completamente infundados causaram recentemente. Ouça, comente, divulgue... aperte o play (ou baixe pelo link)!

PARTE 1


PARTE 2


(Foto Luis Fernando Ramos)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

PARA ORIENTE

O prédio com formato de um transatlântico se destaca na já impressionante paisagem da região mais central de Cingapura. Hoje eu estive lá e a obra, embora ainda não completa, já capta o interesse da maioria dos turistas da cidade. Pena que a chuva forte fechou o terraço e eu não pude subir para conferir a espécia de piscina gigante com vista para o mundo que construíram por lá.

Em torno dele, um enorme areal forma um canteiro de obras gigantesco, que vai receber um novo cassino, uma penca de hotéis, museus e escritórios. A economia de Cingapura floresce como poucas no planeta e, se falta espaço no minúsculo país, sobra dinheiro para aterrar o oceano e expandir seus domínios. O transatlântico de concreto, aliás, está plantado justamente onde foi água um dia.

Não é à toa que Bernie Ecclestone se derreteu para dirigentes e imprensa locais, sinalizando a possibilidade de antecipar a renovação do contrato do GP local, que termina em 2012 - e fazê-lo até 2032!

O baixinho, sabemos, não é bobo no faro para saber onde está o dinheiro. E corteja Cingapura ao mesmo tempo em que faz ameaças ao GP do Brasil, exigindo reformas em Interlagos - ou qualquer outra desculpa - para colocar no inconsciente da categoria que a prova é uma no topo da lista das ameaçadas, para trocá-la sem pudor pela próxima nação asiática endinheirada que quiser pagar por seu produto.

Antes de maldizer a conhecida ganância do diminuto dirigente, devemos olhar para o nosso umbigo. Se Cingapura investe hoje em paisagens suntuosas, é porque já fez sua lição de casa e cuidou há tempos de sua infra-estrutura. O aeroporto de Changi é o mais moderno do planeta, a população local recebe educação gratuita de qualidade e tem uma noção incrível do que é civismo e da importância do bem estar coletivo.

(Um parênteses para explicar melhor como funciona o povo daqui: no sábado, esqueci o monopé da minha câmera em um táxi quando fui para o circuito. Tinha o recibo da viagem e liguei para a central. A mocinha anotou todas as informações que eu tinha e prometeu retornar a ligação. O fez no meio da corrida, enquanto eu participava da transmissão da prova, só para ouvir um “estou trabalhando” meio ríspido e ter o telefone batido na cara.

Agora há pouco, a mocinha voltou a ligar educada informando que acharam o tal do monopé. Agradeci, mas disse que já estava no aeroporto e embarcaria em breve. Sem se dar por satisfeita, a atendente pediu a hora de embarque, perguntou onde eu estava - num restaurante ainda antes da imigração - e pediu que eu esperasse 15 minutos. O motorista acabou de passar por aqui para me entregar, disse que veio “feito um piloto de F-1” e se recusou terminantemente a aceitar uma gorjeta que fosse pelo esforço - e eu insisti prá caramba. “Nós é que nos desculpamos pela demora em devolver o seu pertence”. Fim do parênteses)

Enquanto isso, estamos há três anos de receber uma Copa do Mundo e o evento virou um grande oba-oba para agradar os desejos dos poderosos e de seus amiguinhos. Leio sobre projetos de estádios desnecessários e superfaturados, mas nada sobre melhorias em aeroportos, estradas, transportes públicos nas grandes cidades.

Perder a F-1 é o de menos. O que precisamos perder é justamente essa mentalidade de que aqui tudo pode - e não perder nossa capacidade de nos indignarmos com tudo o que é feito de errado pelo poder público (e a crítica aqui é a mesma aos dois principais partidos do país, não há merecedor do meu voto entre eles). Depois, não vamos nos espantar se a economia mundial continuar olhando enternecida para o oriente - e de costas para nós.

domingo, 26 de setembro de 2010

SOMBRAS QUE SE MOVEM

Em três edições, a corrida noturna da Fórmula 1 em Cingapura mostrou uma vocação para momentos épicos. Já tivemos o drama da mangueira de combustível, o escândalo de uma vitória friamente calculada e, hoje, mais um ponto alto nesta emocionante disputa pelo título da temporada de 2010. Fernando Alonso e Sebastian Vettel deram um show de pilotagem durante toda a corrida e a terminaram separados por apenas dois décimos de segundo.

E foi uma disputa acirrada desde o apagar das luzes na largada. Vettel tracionou melhor mesmo saindo do lado sujo da pista, mas o pole Alonso não deixou opção ao fechar a porta do lado de dentro da curva. O alemão passou a seguir o carro da Ferrari como uma sombra. Mas os dois fizeram a parada ao mesmo tempo, na 29ª volta, e uma engasgada do carro da Red Bull na hora de voltar para a briga tirou as chances de uma troca de posições.


Restou a Vettel escoltar a Ferrari até o final. E admitir a derrota, mesmo em tom de brincadeira:


- Estava torcendo para ele bater no muro, mas ele não bateu. É muito difícil ultrapassar aqui, quase impossível. Fernando fez um ótimo trabalho e teve um excelente ritmo de corrida, melhor do que a gente esperava.


Se Vettel fez sombra para Alonso na corrida, o espanhol é quem faz a sombra para a favorita Red Bull no campeonato. Mark Webber, graças a uma jogada estratégica, completou o pódio da prova e se manteve na liderança. Mas o espanhol diminuiu a diferença para apenas onze pontos e é o vice-líder. Um que está esbanjando confiança depois de duas vitórias consecutivas:


- Chego neste momento do campeonato no meu pico, com motivação total. Não sinto nada do stress de um campeonato longo e, agora, com viagens longas também. Para mim é como se a disputa estivesse começando e estou animado em ir direto para o Japão.


Daqui a duas semanas, no circuito de Suzuka, Alonso vai tentar repetir o que fez em Cingapura: reverter um favoritismo que é todo da equipe Red Bull. Rubens Barrichello, que ontem fez uma boa prova e terminou em sexto com o carro da Williams, aposta que os carros azuis vencem lá “com um pé nas costas”. O próprio Vettel demonstrou otimismo para as provas restantes e, de forma até surpreendente para sua personalidade, se mostrou satisfeito com o segundo lugar em Cingapura.


Quem saiu lambendo as feridas foi a McLaren, com o abandono de Lewis Hamilton e um discreto quarto lugar para Jenson Button. As retas de Suzuka podem até ajudar o time, mas esta era uma corrida para tentar evitar o prejuízo. Não conseguiram.

Comentários e perguntas para o Credencial? O espaço é de vocês!

sábado, 25 de setembro de 2010

FALA WHITMARSH

Confesso que, no início do ano, esperava que fosse na McLaren que estourasse os primeiros conflitos internos dentre as duplas de pilotos das equipes grandes. O tempo mostrou que não foi este o caso: Lewis Hamilton e Jenson Button seguem na briga pelo título sem interferências do comando do time. É o que me explicou Martin Whitmarsh nessa entrevista exclusiva. O engenheiro que fala à vontade nas suas longas respostas, trouxe um retrato claro de como é a convivência de dois campeões mundiais compatriotas numa mesma equipe. O que você acha da filosofia? Leia e opine!

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Luis Fernando Ramos: Como a McLaren está trabalhando nesta reta final do campeonato? Ainda há o que desenvolver no MP4-25?
MARTIN WHITMARSH: Sim, ainda há o que ser desenvolvido. Temos um novo pacote de asa dianteira, novos dutos de freio e componentes aerodinâmicos. Estamos sendo agressivos nisso. Red Bull tem uma nova asa traseira aqui, teremos uma nova na Coréia. Partes importantes do carro continuam sendo desenvolvidas. Este campeonato está sendo épico e temos cinco pilotos separados por menos de uma vitória a cinco corridas do final. O título vai ficar para a equipe que desenvolve mais o carro e faz menos erros. E para o piloto que exibe a melhor forma e erra menos. É simples assim. Se quisermos vencer, somos obrigados a continuar um desenvolvimento agressivo. E é algo normal, para falar verdade. Na maioria dos anos a McLaren está na briga e trabalhando duro até o final. Temos novidades aqui, mais novidades na Coréia e vamos trabalhar para estarmos no topo de nossa performance até Abu Dhabi.

LFR: Christian Horner sinalizou ontem que a principal adversária da Red Bull nesta reta final é a Ferrari. Você concorda?
MW: Eu não sei o que foi dito na Red Bull sobre a Ferrari. O fato é que as três equipes que estão na briga tem seus pilotos separados por uma margem muito pequena. Acho que este equilíbrio vai se manter até o final, vai ser uma disputa ferrenha e isto é ótimo: é por isso que estamos aqui e gostamos desse desafio.


LFR: Mas o fato de vocês manteram aberta a briga entre seus pilotos não pode tirar pontos importantes numa disputa tão acirrada?
MW: Eu reconheço que acabamos prejudicando por isso em algumas ocasiões. Como em 2007. Se tivéssemos aplicado a mais sutil das ordens de equipe a favor de um dos nossos pilotos, seríamos campeões e todo mundo sabe disso. Não é legal perder o campeonato por um ponto. Entretanto, é assim que gostamos de competir. Jenson Button só se juntou à nossa equipe porque sabia que teria chances iguais de lutar com Lewis Hamilton pelo título. Historicamente é como gostamos de conduzir a equipe, é a nossa filosofia.

LFR: Você se impressionou pela maneira com que Jenson Button se adaptou rapidamente à equipe?
MW: Não tanto como as pessoas de fora, mas é preciso dar um crédito ao Jenson. Ele veio como campeão do mundo e depois de muitos anos na mesma organização. E mesmo assim chegou de mente aberta. Ele é uma pessoa muito inteligente e madura. Ele rapidamente encantou a equipe – e acho que duas vitórias no início do ano o ajudaram a ficar mais à vontade.


LFR: Mas não era de se esperar algum conflito entre eles?
MW: Sua relação com Lewis é muito clara, eles têm muito respeito mútuo. São estilos diferentes: Lewis é mais agressivo nas ultrapassagens e Jenson, mais comedido. Mas acho que um está aprendendo com o outro. Eles querem derrotar um ao outro, já se ultrapassaram e até se tocaram na pista. Tiveram azares nas últimas corridas. Para entender melhor: em Spa, Lewis ganhou e Jenson saiu da prova depois de ser atingido por outro piloto. Quando fomos tirar a foto da equipe tive de rir porque Jenson, mesmo tendo de lidar com a decepção de ter sido tirado da prova, disse a Lewis que iria derrotá-lo no final do ano mesmo tendo 35 pontos atrás, tudo feito de forma bem-humorada. Mas Jenson pensa isso mesmo, quer vencer o título desse ano, assim como Lewis, e vão disputar de forma ferrenha para conseguí-lo.

LFR: Você precisa interferir muito para manter essa relação sadia?
MW: Não, nada, eles se viram entre eles. São pessoas com pés-no-chão e se dão bem. Em janeiro, tínhamos dois pilotos ingleses, o que aconteceu mais por acaso do que por planejamento. Então me sentei com ambos e expliquei que, não importa o que acontecesse, eles nunca leriam nos tablóides que há harmonia na McLaren porque isso não é notícia. Os jornais querem publicar é que há conflito interno na equipe. Até tentaram fazer isso no início, mas depois perceberam que eles trabalham bem juntos. Pode até ser que isso mude, se eles chegarem na última corrida em primeiro e segundo com um ponto os separando. Pode dar tudo errado. Eu acho que eles vão brigar de forma dura, mas fazer a coisa certa. Só saberemos isso na última corrida do ano.

(Foto McLaren)

A ZEBRA ALONSO

Fernando Alonso até ensaiou um zigue-zague com o carro da Ferrari no final do treino de classificação do GP de Cingapura. Afinal, sua pole-position no circuito de Marina Bay teve sabor de vitória. Ao longo do final de semana, o domínio das ações foi todo da Red Bull. Não é exagero nenhum em afirmar que o resultado de hoje foi um dos mais surpreendentes da temporada. E um que veio na hora certa para o espanhol:

"Esta pole me ajuda tanto no seco quanto no molhado, em termos de visibilidade. Temos de tentar aproveitar a oportunidade. Mesmo que chova muitas horas antes da corrida, o traçado deve permanecer com algumas partes úmidas. Então será uma corrida de sobrevivência", analisou Alonso, que marcou a 20ª pole de sua carreira.


A seu lado na coletiva oficial, Sebastian Vettel teve de admitir derrota neste duelo. Mas aproveitou para alfinetar Alonso antes da batalha na corrida, convocando o fantasma da polêmica vitória do espanhol na corrida de 2008 em Cingapura:


"Acho que estávamos sim em vantagem, mas os outros fizeram um bom trabalho e nós não conseguimos encaixar o nosso. Não estou feliz, mas a corrida amanhã é muito longa. Aqui tudo pode acontecer. Há dois anos, Alonso largou em 15º e venceu ",provocou, com um sorriso de ironia nos lábios.


Curiosamente, os cinco primeiros colocados do Mundial ocupam as cinco primeiras posições do grid. Um quadro que sinaliza fortes emoções para a corrida. Alonso confessa que esperava ver gente de fora se intrometendo nessa briga para capitalizar mais em cima de sua pole. Mas garante, em tom profético: "Nas cinco corridas que restam, os cinco não vão terminar todas. Inclusive aqui. Só espero que não seja eu quem fique pelo caminho", afirmou.

(Foto Ferrari)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

AZUIS FAVORITOS

O circuito de rua de Marina Bay, em Cingapura, tem as características típicas das pistas que trouxeram uma dominância da Red Bull nesta temporada: um traçado muito travado – com a pole ficando numa média em torno de 170 km/h – que exige o máximo de pressão aerodinâmica e um asfalto cheio de ondulações. Algo entre Mônaco e Hungria, duas pistas em que o time correu praticamente sozinho.

Resta saber se as mudanças efetuadas no assoalho do carro por conta dos novos padrões de testes da FIA influenciaram muito na sua eficiência. O que se comenta é que o time terá de acertar o carro numa altura um pouco maior da que usava em relação ao solo já que a peça ganhou rigidez. Isso deve atrapalhar um pouco o equilíbrio aerodinâmico do RB6 mas, acreditam os engenheiros do time, não ao ponto de afetar sensivelmente sua competitividade.


As 23 curvas ao longo de pouco mais de cinco quilômetros significam também que a McLaren tem pouco a aproveitar da sua vantagem em reta. Se o time sofreu bastante na Hungria, a tendência é que o mesmo ocorra aqui. Assim, a grande rival dos azuis será a Ferrari. A boa tração do F10 ajuda aos pilotos de Maranello. Mas a falta de longas retas impossibilitam que eles explorem ao máximo essa característica do carro. Mesmo assim, o time chega com um novo assoalho e uma nova asa dianteira na expectativa de achar uns dois ou três décimos de segundo por volta. Pode ser o suficiente para endurecer a briga.


Mesmo assim, em mais um round dessa emocionante disputa de título, é a Red Bull que chega como clara favorita.

(Foto Red Bull)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

DIA DE VIAGEM

Pegar visto, fazer mala, se preparar física e mentalmente para uma longa viagem: está de volta a velha rotina das corridas “além-mar” da F-1, para quem mora no continente europeu. Mas é impressionante como a corrida de Cingapura traz um ânimo extra. E não digo isso só por mim, mas também pelo que sinto de colegas e membros das equipes. Em duas edições, a prova já se estabeleceu como uma das favoritas da trupe que acompanha o circo, seja pela variante de ser uma prova noturna ou pelo irresistível charme do lugar. Por mais que a corrida em si tende a ser chata, para nós é uma boa mudança do habitual cotidiano de um final de semana de cobertura.

Enquanto eu corro por aqui, deixo para vocês a sugestão de alguns textos relativos à corrida que publiquei nas edições passadas:


- Para as primeiras impressões no meu primeiro dia na cidade, clique aqui.


- Para um vídeo com imagens históricas do automobilismo no país, clique aqui.


- Para uma análise feita no dia seguinte à prova de 2008, verificando a (então apenas “suspeita”) estratégia da Renault para Fernando Alonso, clique aqui.


- Para as impressões do circuito depois de uma volta feita “a pé-embaixo”, clique aqui.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

TV BLOGO – GP DE CINGAPURA

Para aquecer nosso ânimo para a prova noturna da Fórmula 1, segue um vídeo simplezinho que eu fiz com imagens tiradas das provas dos últimos dois anos, com o auxílio luxuoso de uma grande música do grande Jimi Hendrix. Aperte o play e boa audição!

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

CREDENCIAL – GP DE CINGAPURA

No dia em que o assunto é Fernando Alonso (foto) na Ferrari, voltamos ao passado para comentar sobre a corrida passada. Mas o que aconteceu em Cingapura no último domingo ficou na superfície mesmo. Nos meus comentários e nas respostas às perguntas de vocês, muito sobre o que resta da briga pelo título e o mercado de pilotos, em cima da confirmação de agorapouco.

O programa vem dividido em duas partes: na primeira eu falo sobre a prova, as eleições da FIA e o mercado de pilotos; a segunda é em cima das perguntas de vocês. Boa audição e aguardem uma quinta-feira com reportagens muito especiais!


Parte 1:



LINK


Parte 2:



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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

ESQUINAS, MUROS, GRADES E LUZES

Na corrida inaugural em Cingapura, no ano passado, me lembro dos pilotos comentando a dificuldade de se familiarizar completamente com o traçado, de memorizar os segredos de cada curva e as que vêm depois dela. O problema não residia exatamente no grande número de viragens – 23 ao todomas na falta de pontos de referência.


Na noite da última quinta-feira (tecnicamente era sexta, pois passava da meia-noite), repeti a experiência de Monza e fui fazer uma volta na pista correndo. Especialmente no setor mais distante dos boxes, pode se ter a impressão de viver um moto-contínuo: depois de dobrar uma esquina, os mesmos muros, grades e luzes da reta anterior. Uma iluminação tão forte que ofusca a visão de todo o entorno, tirando qualquer outra referência visual. Claro que o efeito é mais sentido em altas velocidades. Na que eu estava, dava tempo de sobra para se aproximar das grades e estudar a arquitetura dos prédios, como o da prefeitura, o mais clássico e bonito na minha opinião. Mas eles ficavam atrás das grades, dando um ar penitenciário a tudo.


Do ponto de vista atlético (?), foi uma volta difícil. Mesmo adentrando a madrugada, o clima local é de calor intenso e abafado pela umidade. Os personagens do paddock estavam . Boa parte da equipe Brawn fazia uma caminhada estudando os detalhes do traçado. Jenson Button estava acompanhado do pai e baladeiro John e da namorada Jessica, vestindo sua habitual microssaia – devia ser alguma tática para distrair Jock Clear, o engenheiro de Barrichello, que andava atrás sério e compenetrado numa conversa com o manager da equipe Ron Meadows.

Deixei-os para trás na reta maior do circuito e entrei na sucessão de esquinas e retas parecidas. Mesmo a ponte com os arcos brancos, que aparece bonita nas fotos, não é tão encantadora assim ao vivo: pequena, curta e combinando com o ar artificial do resto do circuito. Como em Monza, também fui alcançado por Robert Kubica no final da volta, o polonês acompanhando desta vez por um repórter da Sky italiana.

A atividade esportiva numa pista cujo único atrativo é ser usada depois do pôr-do-sol foi salva pouco antes que eu chegasse á entrada dos boxes, quando os carros antigos que foram usados para o desfile dos pilotos surgiram no sentido contrário da pista, fazendo um ensaio às avessas para o domingo. Ver aquelas jóias motorizadas serviu para lembrar o que eu estava fazendo ali: haveria automobilismo, belos carros zuniriam sob os holofotes num espetáculo de luzes e brilho. Mas com a mesma falta de emoção do desfile com os carrinhos de outrora.

Com ou sem encanto pelo circuito, em Cingapura ou em qualquer lugar, o prêmio maior é mesmo o depois da chegada. O corpo cansado agradece a atenção recebida e a mente absorve todos aqueles hormônios da felicidade, deixando a pronta para mais um dia de trabalho árduo. Correr é muito bom, sempre.


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ATENÇÃO: Pessoal, o dia foi corrido demais: buscando adaptação ao fuso japonês, produzindo material para os boletins de hoje, curtindo um pouquinho que seja de Cingapura e preparando todas as malas para viajar ao Japão, com o embarque acontecendo em breve. Assim, o Credencial fica adiado para 3ª feira ou mesmo até para a quarta. Desculpem pelo atraso e tenham certeza que farei o máximo para trazer as informações atualizadas e com a qualidade de sempre. Quem ainda não o fez, coloque suas opiniões/dúvidas no post abaixo.


Valeu!!!

domingo, 27 de setembro de 2009

PERFEIÇÃO

É a melhor descrição para o trabalho de Lewis Hamilton neste final de semana, com uma pole-position com o carro mais pesado que a maioria dos que foram ao Q3 e uma corrida sem erros e num ritmo bom. Corrida importante também na briga pelo título, com Jenson Button superando Rubens Barrichello em uma posição e freando a recuperação gradual que o brasileiro vinha fazendo na tabela. Dois dos principais assuntos para explorarmos no “Credencial” de amanhã, mas foi um final de semana cheio de notícias: campanha política da FIA intensa, mercado de pilotos agitado, a situação da equipe Renault, a chatice da prova, a nossa transmissão na rádio e muito mais. Opine, comente, pergunte, o espaço dos comentários é de vocês!

sábado, 26 de setembro de 2009

HAMILTON FAVORITÍSSIMO

Largando com o KERS e com o carro mais pesado que os quatro competidores que estão atrás no grid (confira os pesos aqui): parece que um drama muito grande tira a vitória de Lewis Hamilton na corrida de amanhã. Mas estamos falando de Cingapura e, sem nenhum tipo de cinismo ou trocadilho com a corrida do ano passado, a chance de acidentes acontecerem não é pequena, o que pode fazer surgir um Safety Car capaz de embaralhar a ordem dos carros de uma vez. O treino de hoje teve ainda uma boa dose de drama, com a troca de câmbio (e o acidente) de Barrichello, com as Red Bull andando bem, com Jenson Button decepcionando e frustrado, com um Fisichella perdido na Ferrari, um Grosjean que deveria ter sido substituído por não estar 100% fisicamente. Enfim, o espaço dos comentários está aí para seus palpites, pitacos e opiniões. Até amanhã!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

NICO E O MERCADO DE PILOTOS

A coletiva de hoje teve um momento tão divertido quanto significativo. Nico Rosberg e Lewis Hamilton foram perguntados sobre a possibilidade de serem companheiros de equipe na McLaren no ano que vem. O alemão deixou de forma surpreendentemente clara que está adorando a idéia, relembrou como foi bom quando correram na mesma equipe de kart e que gostaria de repetir a dose no futuro. Hamilton baixou a bola, falou que os dois tem uma boa relação, mas que está “satisfeito como as coisas estão na equipe agora” – ou seja, com um ninguém como companheiro de equipe. Nico ouviu, pensou uns cinco segundos e soltou o que todos no paddock sabem. “Não me pareceu muito positivo da parte dele, Lewis não está animado com isso...”


Todos riram, até mesmo Hamilton. Não é de hoje a notícia que seu pai age com firmeza nos bastidores da McLaren para impedir que o atual campeão do mundo tenha um companheiro de equipe forte. Mas a cena da coletiva mostra que Rosberg ainda deseja essa vaga. Embora seu nome tenha sido ligado à Brawn nas últimas semanas (como um pedido da Mercedes-Benz), o alemão quer mesmo se sentar num dos carros prateados. Para pessoas mais próximas, confidenciou ter mais confiança em uma equipe que sempre disputou o título do que em uma que pode estar apenas vivendo um verão feliz.


Como discutido nesse post, Nico Rosberg é uma das peças-chave do dominó do mercado de pilotos. A união Alonso-Ferrari é que nem casamento em último capítulo de novela, todo mundo sabe que vai acontecer. Resta saber agora para onde vai o alemão da Williams – e também o que será de Kimi Raikkonen. Ambos candidatos fortes à vaga da McLaren. A declaração pública de interesse de Rosberg mostra que o quadro na Brawn deve continuar incerto por mais tempo – Ross não nasceu ontem e está fazendo com o que o foco fique apenas na disputa pelo título, ciente que tem tempo para decidir sua dupla de pilotos mais para frente. Até porque está satisfeito com a atual.


Hoje, Daniele Morelli, o empresário de Robert Kubica foi visto saindo do hospitality da Renault com sua pasta de negócios na mão. Tudo encaminha para que o polonês defenda a equipe no ano que vem. Mas a equipe sofreu dois duros golpes com o anúncio da saída imediata dos patrocinadores “ING” (o principal) e “Mutua Madrilena”. Ambos sairiam no final do ano de qualquer jeito, o primeiro para deixar a Fórmula 1 e o segundo para seguir Fernando Alonso em Maranello. Mas o anúncio público de condenação do episódio de Cingapura foi outro golpe duro para a imagem de uma equipe cambaleante.


Vale ficar de olho se a Renault vai sobreviver o inverno como equipe de Fórmula 1. Quem passou pela fábrica de Enstone recentemente foi David Richards. E não teria sido para se candidatar ao posto de chefe da equipe. Ele estaria negociando para comprar a vaga e a estrutura do lugar para colocar seu projeto Prodrive-Aston Martin em marcha.


Outra notícia quente de Cingapura diz respeito à equipe Williams. Ao contrário dos sinais dos últimos meses, o time estuda agora renovar seu contrato com a Toyota. Pode ser por uma questão puramente econômica, com a possibilidade de pagar a conta com o cheque-ambulante Kazuki Nakajima. Mas pode ser outro indício de que o futuro da Renault, a fornecedora que a Williams queria, é realmente incerto.


Com tantas dúvidas quanto à existência das equipes ou aos motores que elas vão usar, o mercado de pilotos anda efervescente como nunca esteve numa época tão tardia da temporada. E a tendência é que a maioria das decisões fique bem mais para frente, possivelmente nos primeiros meses de 2010. Numa pré-temporada com testes limitadíssimos, este quadro vai garantir assunto suficiente para preencher todo o noticiário.