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terça-feira, abril 26, 2022

Montanha-russa

     Lá se passou mais um 25 de Abril, cada vez mais longe vai ficando 1974. Os cabelos embranquecem, a barriga ganha contornos de redondez mais acentuada, um ou outro músculo já se vai queixando sem grandes esforços que o justifiquem. A idade avança mas os sonhos continuam a ser sonhados, talvez a realidade não se compadeça com a sua realização.

    A evolução social do nosso país tem sido uma espécie de cometa disparado na imensidão do espaço. O país que éramos, o país que somos! Sinto orgulho em fazer parte desta pandilha de tótós, capazes de feitos imensos logo abafados por atitudes colectivas desconcertantes. Somos uma sociedade um tanto bipolar, vamos da euforia à depressão profunda em menos de 10 segundos. E vice-versa.

    Vivemos tempos complicados, tempos em que a tal evolução social vai sendo posta à prova e o aparente crescimento imparável conhece obstáculos difíceis de ultrapassar. É para mim um mistério este renascimento da pulsão fascista que ensombra os dias luminosos da Europa. Temo que tenhamos chegado ao topo da montanha-russa. Segue-se a vertigem da descida?

domingo, abril 19, 2015

Abril em Portugal

Aproxima-se a data da Revolução. Falta à volta de uma semana para que passem 41 anos sobre o "tal" dia.

Os saudosistas de esquerda vão falar da alegria imensa, do céu azul, da gaivota mais aborrecida de que há memória (aquela que voava, voava), da luta contra a opressão, dos direitos dos trabalhadores, da coragem das mulheres e dos homens que resistiram à (puta da) ditadura, dos campos do Alentejo e da reforma agrária, dos operários em luta, dos sindicatos, das bandeiras vermelhas, dos cravos (vão encher a boca de cravos vermelhos) e vão cantar a Grândola, Vila Morena (choro sempre nessa parte e lembro o Zeca com muito carinho, não sei porquê, sinceramente não compreendo esta parte de mim). No fim vamos todos beber uns copázios valentes (que eu sou destes, não sou dos outros) e, por uma vez, não iremos zurzir na gentalha que agora nos governa, nem engendrar planos mais ou menos malévolos para distibuir pelo povo o que é do povo. Estamos felizes e o coração aveludado não está para venenos.

Os saudosistas de direita vão escarrar sobre os cravos, vão lembrar: "Angola é nossa!", esticar os braços direitos como se estivessem a mostrar as unhas ao mestre-escola (escondendo a do polegar... o que fazem eles com o polegar para o esconder desta forma?), talvez berrem o hino nacional, vão ao barbeiro rapar o cabelo e vão tatuar cruzes suásticas sobre o peito que o nacionalismo é muito lindo mas o internacionalismo é muito mais lindo. Há outra estirpe de gente de direita, gente educada e bem cheirosa, que vai lamentar a perda de valores, a falta de reconhecimento que os pobrezinhos mostram a quem lhes quer tão bem, as praias do Algarve cheias de gentinha mixuruca, o facto de os ricos serem cada vez mais ricos mas agora toda a gente saber e muitos não gostarem deles principalmente quando são os tais pobres, agora cada vez mais pobres, vão lembrar: "Angola é nossa!", enfim, a gente educada de direita tem tanta coisa para lembrar!

Eu era uma criança naquele tempo. Agora sou um cinquentão. Lembro-me que o 25 de Abril me comovia ao ponto de sentir o coração explodir de alegria. Com o passar do tempo a explosão foi perdendo potência e, agora, parece mais um estalinho do que bombinha de carnaval. Se nã o fosse a Grândola nem uma lágrima vertia.

Viva o 25 de Abril! 25 de Abril, sempre! Fascismo, nunca mais!!!


sábado, abril 26, 2014

26 de Abril

Ontem comemorou-se o 40º aniversário da revolução portuguesa de 25 de Abril.Como o número era redondo houve um pouco mais de agitação mediática em volta do muito nosso Dia da Liberdade. Nos últimos anos a coisa tinha vindo a esmorecer um bocadinho mas ontem a festa foi de arromba.

Bom, festa, festa... talvez seja um pouco forçado chamar festa ao que ontem por aí se viu. Manifestações, palavras de ordem, discursos chatos, empolgantes, curtos e compridos, de tudo o povo foi servido mas a impressão com que se fica é a de que anda o pessoalzinho todo lixado com a forma como o poder democrático está a ser exercido na lusa pátria.

Há mesmo quem se atreva a sugerir nova revolução! Mas que revolução seria essa? Poderia o nosso país voltar à rua para apear um governo, ainda para mais democraticamente eleito? Não me parece que seja uma revolução desse tipo a que poderemos agora almejar.

A revolução terá de ser outra coisa, terá de começar dentro de cada um de nós. Temos de pensar nisso!

sábado, abril 27, 2013

Brasil-Portugal-Brasil

Uma canção linda que mudou com o correr do tempo. E pensar que fomos todos tão jovens! :-)

quarta-feira, abril 24, 2013

39 anos

Passam amanhã 39 anos sobre a Revolução de 25 de Abril. Todos os anos este dia é recordado com saudade, por uns, com desprezo, por outros e mais uns quantos sentimentos e sensações desencontradas.

O povo vai saindo à rua com fulgor decrescente. Dos que fizeram a Revolução muitos já morreram, outros quantos estão cansados, restam muito poucos entusiastas. É um dia bom para vender cravos vermelhos embora já tenha sido melhor para esse negócio.

Logo mais à noite cumpre-se a tradição almadense (Almada ainda é uma cidade vermelha!) e a Praça de São João Baptista vai confundir-se com a Praça da Liberdade numa festa com discursos e espectáculos musicais (este ano serão Boss AC e Sérgio Godinho a fazer as honras) rematada pelo tradicional fogo-de-artifício.

O povo vai beber umas cervejolas, cantar a Grândola Vila Morena, muitos erguerão punhos cerrados e gritarão palavras de ordem de pendor revolucionário... 39 anos.

39 anos, em tempo histórico, são quase nada e, no entanto, estes 39 anos são uma parte considerável das nossas vidas, são quase toda a nossa vida.

Logo mais à noite estarei lá, no meio da multidão. Uma coisa sei que vou dizer, isso é quase certo: VIVA! Vou eu dizer, quando alguém gritar ao microfone: VIVA O 25 DE ABRIL! Sempre.

quarta-feira, abril 25, 2012

25 de Abril


Em jeito de comemoração da revolução de 25 de Abril deixo aqui este tema de Gabriel O Pensador.
Gosto de o ler e de o ouvir e de pensar com O Pensador e perceber que aquilo que, para mim, significa este dia é algo que não fica por aqui, enfiado nas estreitas fronteiras do nosso país.
O sonho é universal.

Post Scriptum: paz para Miguel Portas que morreu antes do dia.

domingo, outubro 16, 2011

Semente

Ontem foi dia de manifestação em Lisboa. Seria banal (quantas manifestações já se fizeram em Lisboa, meu Deus?) se não tivesse sido dia de manifestação em mais umas quantas centenas de cidades por esse mundo fora. Talvez me engane mas penso poder afirmar que assistimos à primeira manifestação global na sociedade da informação. E do consumo.

O que levou tantos milhares de pessoas (todas juntas terão atingido os milhões?) a sairem para a rua gritando palavras de ordem tão diferentes umas das outras, numa verdadeira Torre de Babel de sentimentos e reivindicações? Na Ásia, na América, na Europa, um pouco por todo o universo democrático, os cidadãos revoltam-se contra a gula insaciável do capitalismo selvagem.

Penso que o que está a despertar no íntimo de cada um de nós é a percepção de um paradoxo destruidor de boas vontades: dizem-nos que somos livres e tratam-nos como escravos.

O que irá sair daqui? Não sabemos. Quem pode prever o futuro? Ninguém. O que podemos perceber com algum grau de segurança é que está lançada a semente de alguma coisa nova que irá crescer e tomar o seu lugar no horizonte dentro de algum tempo.

É uma semente de revolta (chamam-lhe "indignação") que questiona o sistema pós-democrático com frontalidade. Já todos percebemos que não somos governados por aqueles que elegemos por sufrágio universal e directo, mas sim por personagens que desconhecemos em absoluto que decidem as políticas macro-económicas em nome do enriquecimento faraónico de nem sabemos quem!

Alguma coisa está a mudar.

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Imperceptível?


Sabemos que as revoluções, quando acontecem, são como que inflamações da alma, crises passageiras e violentas que transformam o modo de ver o mundo de um grupo mais ou menos alargado de pessoas. São fases críticas, durante as quais o universo dos sonhos entra em colisão com o mundo real, criando zonas de grande instabilidade, abrem-se fendas na realidade que deixam muita gente apreensiva.

Sabemos que, após o período revolucionário, o mundo real tende a retomar o seu aspecto granítico e inamovível, mas a verdade é que a sua superfície sai sempre arranhada, a revolução provoca ligeiras alterações que irão mudar o aspecto da coisa, por muito imperceptíveis que essas alterações nos possam surgir.

É preciso acreditar nas alterações provocadas por uma revolução. A revolução não resulta sem uma certa dose de ingenuidade social.

O que se está a passar no mundo árabe é notável. A invasão do Iraque não levou a nada. A força bruta das armas apenas provocou um maior fechamento das sociedades árabes à influência ocidental. Por outro lado, a informação globalizada e o desejo de mudança das populações está a produzir efeitos interessantes. As verdadeiras revoluções não se operam de fora para dentro, elas surgem no interior das sociedades humanas.

Poderemos pensar que nada de significativo se irá alterar. Que os pobres continuarão a vegetar na busca de uma vida um pouco menos madrasta, que os ricos continuarão a gozar de privilégios imensos, que os ditadores apenas mudam de farpela, etc. etc. Mas, na verdade, alguma coisa mudará e o futuro se encarregará de moldar essa mudança.

As coisas ainda estão quentes e informes. Quando arrefecerem o mundo vai estar diferente. Melhor? Pior? Impossível dizê-lo para já. O mundo estará seguramente diferente. Essa é a única certeza que poderemos ter. Nem que seja apenas um bocadinho...

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Sonhar custa mais do que possa parecer


Os manifestantes na cidade do Cairo parecem fazer parte da nossa família. Eles choram, riem, gritam, sussurram, abraçam-se e é como se sentíssemos os braços deles a envolver a nossa necessidade insaciável de poder acreditar na utopia maior que é poder sonhar com uma sociedade mais próxima da que colorimos com a nossa imaginação.

Tenho acompanhado os acontecimentos de forma aleatória e com a focagem que me permite a lente da comunicação social, principalemnte a do olhar de Paulo Moura, esse grandíssimo jornalista que anda por lá a cobrir a revolução egipcia para o jornal Público (ver aqui um conjuntoo de reportagens da sua autoria).

O que me fica de tudo isto é a infinita capacidade de sonhar que o desejo de mudança nos confere, enquanto seres sociais. Recordo a revolução portuguesa de Abri de 1974.

Olhando o estado actual da nossa democracia com desencanto e profundo cepticismo imagino o que poderá sair dali, das ruas do Cairo e de Alexandria e de outras cidades da nação dos faraós. Sinto um aperto no estômago ao comparar a dimensão dos sonhos com a crueza da realidade pós-revolucionária. O povo sai sempre a perder mas a verdade é que os corpos, sem sonhos, não valem nada.

quinta-feira, janeiro 20, 2011

Tunísia


Imolem-se, berrem, barafustem e mandem o ditador às urtigas mas, por favor, façam a vossa revolução durante a época baixa. Obrigado.