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quarta-feira, agosto 09, 2023

O futuro à noite

    Um dia serei alguém. Por agora terei de contentar-me em ser quem sou. Quando for alguém poderei continuar exactamente assim. Ou ser uma pessoa diferente. Não consigo acreditar que o futuro esteja já escrito nem acredito que possa resumir-se a palavras.

    Hoje esteve um calor do caraças.

sábado, dezembro 03, 2022

Cabeçadas

     Andar por aí a bater com a cabeça nas paredes não me parece maneira de estar nesta vida. Reconheço que não é fácil manter o ânimo, sei bem como é complicado descobrir razões que ajudem a manter os olhos abertos, tentar ver mais do que olhar apenas, mas nada disso é pretexto para alimentar a cegueira com pratadas de indiferença e estupidez à mistura.

sábado, agosto 20, 2022

Um dia de cada vez

         "Viver um dia de cada vez" é uma daquelas frases feitas que dizemos sem pensarmos muito naquilo que nos sai da boca. Dizemo-la toda feita de vazios sem que nos trema a voz nem a alma. Mas hoje acho que, pela primeira vez na vida, compreendi um pouco do significado desta frase. 

quinta-feira, maio 28, 2020

Um momento

Havia ali uns gajos, uns músicos sentados na penumbra do palco, a imitarem a morte na forma como retorciam os seus instrumentos sonolentos.

Não consta que alguém tivesse falecido ao observar a função. Diz-se que alguns estiveram lá perto mas, naquela noite, só morreram doentes no hospital que ficava num outro quarteirão.

sábado, maio 09, 2020

Vazio

A pandemia parece tolher-me o espírito. É como se tivesse a obrigação de reflectir acerca daquilo que ela significa mas não me apetece fazer isso. Aparentemente é um tema do caraças mas, na verdade, é uma merda de tema. A pandemia suga tudo à sua volta, infecta todas as coisas, retira-lhes a vitalidade até só restar uma coisa seca e engelhada.

Sinto... não sou capaz de reflectir sobre o que sinto. Penso? Acho que sim, não tenho bem a certeza.


quarta-feira, fevereiro 05, 2020

Morbidez cósmica

Um dia todo o meu corpo será esquecimento.
Até as estrelas morrem, caraças!

quarta-feira, janeiro 29, 2020

Lengalenga

Compra; poupa; aproveita; oferece; ganha! Sê feliz. Eles estão atentos às tuas necessidades, querem que te sintas bem, que não te falte nada. Encomenda; telefona; faz online; vive a vida sem limites; nada se te compara: o espectáculo és tu! 

quarta-feira, outubro 24, 2018

Passarinhos, gatinhos e crianças

Há tantas coisas bonitas, porra! Tantas coisas capazes de comover um gajo até que verta lágrimas, lágrimas daquelas que se separam dos olhos quando estão maduras de bondade e nos fazem sentir o coração como se fosse feito de pão-de-ló. Nem é preciso procurar muito. Basta estar atento, que coisas dessas há-as por aí, à espera de serem encontradas. É por isso que são coisas bonitas, coisas boas.

quinta-feira, outubro 11, 2018

Não saber

Dizer que não sei nada é um exagero. Na verdade não sei quase nada. As poucas coisas que fui capaz de compreender até hoje misturam-se e confundem-se numa amálgama peganhenta que nem sempre consigo manusear. As coisas que sei formam uma papa espessa que me ocupa os sonhos. Tento comê-la com uma colher de madeira, tento comê-la com um garfo, experimento com a mão direita. Compreendo que não consigo comer a papa do meu conhecimento. Nem isso sei fazer. Afinal não será exagero afirmar que não sei nada, que sou como uma criança pequena que esqueceu o nome da mãe ou como um cachorro abandonado algures, às portas de um bairro de lata.

segunda-feira, agosto 06, 2018

Caraças!

É o caraças. é o caraças! Pode a arte, a grande arte, estou a pretender falar da grande arte, ser independente do poder? Quando me refiro ao poder estou a referir-me ao guito, ao carcanhol, à pasta, ao vil metal (onde é que isso já vai, o vil metal?): estou a referir-me ao glamour  de produzir objectos artísticos capazes de convocar a necessidade, por parte dos que detêm o dinheirame, de se fazerem representar na qualidade de possuidores da coisa. Pode o artista transformar-se em vedeta e continuar a ser o gajo genial que cagou no prato do senhor doutor?

domingo, maio 27, 2018

Pedido sincero

Talvez um dia eu precise de ser salvo mas, por enquanto, não me sinto lá muito perdido. Agradeço a todos aqueles que se preocupam tanto comigo que são capazes de perder tempo decidindo por mim.

Mas, sinceramente, não se preocupem com a minha vida (nem com a minha morte). Talvez devêsseis preocupar-vos mais com a vossa. Deixai os vizinhos em paz, a menos que eles vos peçam para lhes chateardes o toutiço.

sexta-feira, outubro 21, 2016

Momentito

Encontrar pessoas com um universo de referências culturais semelhante ao nosso pode proporcionar momentos de grande desembaraço intelectual. Isso e uma garrafa de bom vinho.

quinta-feira, outubro 20, 2016

Premonição

Um dia serei apenas um nome (mais um nome) escrito em qualquer lado e, como todas as coisas escritas, estarei sujeito ao apagamento.

segunda-feira, março 28, 2016

Antes de dormir

Por vezes o passado não encaixa bem no tempo que foi o seu. Temos aquela imagem enfiada debaixo do cérebro e, na verdade, a realidade foi outra. Não interessa, não interessa... o passado só tem de encaixar no presente. Desde que ontem faça sentido no dia de hoje o que interessa se isso é ou não verdade, se isso alguma vez fez parte da realidade?

Talvez esta noite tenha um sonho que nunca tive.



sexta-feira, novembro 27, 2015

Dúvida

Há pessoas que nunca conseguem deixar de ser tristes. Outras são más, todos os dias das suas vidas. Outras são tão boazinhas que acabam com um rótulo de "santo" colado na testa. A maioria é mistura destas três com outras tantas que atrás não mencionei.

Somos o que somos, o que fazemos de nós, o que outros de nós fazem. Andamos uma vida inteira embrulhados nos dias que vivemos, a tentar encontrar um motivo para que o tempo a rodar não nos deixe tontos nem imbecis nem demasiado qualquer coisa que não nos está a passar pela cabeça.

Há espaço para todos... quero dizer, para quase todos, porque, para assassinos não encontro razão suficiente que possa justificar o ar que respiram.

Que fazer com um assassino? Esta dúvida haverá de roer a minha humanidade durante todos os dias que levar a arrastar as botas pelas costas deste mundo.




quinta-feira, agosto 13, 2015

Saudade

Não sinto grande saudade do passado. Pressinto uma saudade bem maior por coisas que ainda vão acontecer.

quinta-feira, maio 07, 2015

Pensamento nocturno

Hoje estou quase triste. Não tenho vontade de fazer nada. Por isso acabo aqui mesmo o que estou a fazer.

segunda-feira, abril 06, 2015

Imparcialidade

Não acredito que alguém seja absolutamente bom ou absolutamente mau. Acredito que haja, apenas, quem seja indiferente ao despeito de outros. Os que não se exaltam nem se excitam em demasia, que agem cerebralmente e conseguem, na frieza do raciocínio, manter uma posição, afirmar um ponto de vista; os que pensam sempre na vitória.

Estes sabem bem que, no fim de contas, após a luta e a discussão, a finalidade da vida consiste em entreter a morte. Sabem também que, quando a luta se revela difícil, a morte espera.

terça-feira, novembro 12, 2013

Pensamento nocturno (coisa de coruja)



A sensação é incómoda. Dá comichão onde não se deve coçar por ser feio. Difícil é ficar quieto. Coço o peito para disfarçar, reviro os olhos. Não consigo esconder a nervoseira. Bato o pé, bato o pé, bato o pé, e não é compasso musical. É desconforto apenas.

Olho o mundo em volta e não consigo pensar outra coisa que não seja: quanto tempo vai levar até esta merda rebentar de vez?

sábado, maio 25, 2013

Pensamento nocturno

A Humanidade receia a escuridão. As cidades são tentativas mais ou menos desesperadas para anular a escuridão, fazer prevalecer a luz sobre a treva.

Deus é luz, o amor ilumina a alma, o conhecimento é a luz do espírito, o burgo é a luz do burguês.

Os candeeiros na rua afugentam a escuridão, os burgueses são seres que amam a luz artificial como borboletas conscientes da existência dos lobos e dos monstros que as trevas moldam no silêncio, misturado com pequenos ruídos arrepiantes.