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segunda-feira, fevereiro 12, 2007

O dia seguinte

E pronto. A novela referendária chegou ao fim. Ganhou o SIM, penso que todos ganhámos. O resultado não despoletou ondas de regozijo nem festejos nas ruas. Recebemos a coisa com serenidade e alívio. Afinal ainda há esperança para este país.
A economia continuará a ser uma espécie de fronteira farpada, o ensino um pântano voraz e a justiça uma estátua de pedra, mas Portugal tem nos portugueses uma reserva de esperança numa vontade difusa de mudar e ser diferente daquilo que foram os nossos trisavós.
A vitória da tolerância e da confiança na capacidade de cada um de nós poder ponderar livremente as suas opções de vida abre uma janela sobre o futuro que poderá significar uma sociedade civil mais madura e interventiva.
É claro que os mais ferrenhos adeptos do NÃO vão continuar a agitar fantasmas horrendos e sedentos de sangue aos olhos do pessoalzinho. Estão despeitados por lhes recusarem a bondade que ofereciam e a caridadezinha merdosa que continuam a imaginar ser o destino dos mais pobres. Metam a viola no saco. Essa merda acabou.
Espero que, a partir daqui, consigamos olhar a besta nos olhos agarrando-a pelos cornos até lhe torcermos o pescoço e a vergarmos de joelhos no chão. Sonho com um país capaz de assumir sem medo nem preconceitos uma perspectiva mais justa e solidária do significado e do sentido da vida da nossa comunidade. A vitória do SIM aproxima-nos mais do grau civilizacional do resto da Europa. Esperemos que a Assembleia da República tenha agora lucidez suficiente para legislar com sabedoria e prudência sobre o tema que ontem fracturou mais uma vez o território nacional num Norte tacanho e com medo do demónio, que se afasta de um Sul muito mais próximo do desassombro libertário que nos está na massa do sangue por herança cultural a desaguar vinda dos lados da Europa.
Esta treta acabou finalmente. É preciso explicar e mostrar aos mais ultramontanos de entre nós que eles não perderam nada. Ganharam algo e ganharam connosco.
Força Portugal. Por uma vez não me fizeram ter vergonha de ser quem sou (apesar do resultado na minha cidade natal ter sido o que foi).

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Votar SIM


A campanha chega ao fim. Fico com a sensação de que, seja qual for o resultado, se tratou de uma fraca campanha. Os argumentos cruzaram-se, debateram-se, as questões foram analisadas, reviradas, manipuladas, vimos, ouvimos e lemos. Poucos terão alterado o sentido de voto que haviam decidido antes de todo o falatório da campanha, a coisa extremou-se, muitas vezes, na vertigem do confronto de ideias. Tenho a sensação de que houve muita questiúncula pessoal, muita opinião disparada com a culatra de um ódiozinho de estimação, muito tau-tau e alguma birra.
A questão em debate é tão específica, tão íntima e pessoal, que ultrapassa as fronteiras da política ao ponto de, talvez pela 1ª vez em muitos anos, o meu voto ser semelhante ao de Rui Rio ou do Major Valentim, para citar apenas os primeiros que estranho estarem do mesmo lado da barricada. Estranho mas perfeitamente plausível.
Nesta altura do "campeonato" as principais preocupações prendem-se com o nível da abstenção. Fala-se do mau tempo que se adivinha. A chuva e o vento terão uma palavra a dizer neste referendo? O mais importante será a mobilização alargada dos votantes, os adeptos do "SIM" de preferência. Todos os votos são importantes. Penso que as manchetes dos jornais deveriam ir neste sentido em vez de lamentarem à partida uma abstenção que se imagina poder vir a ser elevada, o que não deixa de ser estúpido. Quem pretende votar vota, independentemente da chuva ou do vento. O cumprimento de um dever cívico dificilmente poderá estar condicionado pelo estado do tempo.
Resta apelar ao voto mesmo que isso pareça constituir um incómodo. Descalçar a pantufinha, abrir o guarda-chuva ou tomar a bica um pouco mais tarde não é nada. Votar é tudo. E, já agora, que se vote SIM!!!

domingo, fevereiro 04, 2007

Recortes


Recorte da coluna "Diz-se", Público de 4 de Fevereiro

Um economista com sentido de humor...



Recorte da página de António Tavares-Telles no diário desportivo O Jogo de 2 de Fevereiro

Perante aquilo que se pode ler no recorte acima reproduzido dispensam-se quaisquer comentários. A coisa fala por si.

terça-feira, janeiro 30, 2007

Grande Gato!!!





O professor Marcelo dá uma lição de demagogia e desonestidade intelectual para enganar papalvos.
O Gato Ricardo responde e ultrapassa largamente o original demonstrando que a cópia pode, por vezes, superar o modelo.

Vota "SIM" no referendo de 11 de Fevereiro à proposta de alteração da lei do aborto.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Coisa de homens

Realmente, ele há coisas que são complicadas como o raio que as parta!
Vendo o telejornal, lendo artigos de opinião e reportagens sobre a pré-campanha do referendo que se avizinha, confirmo que a maior parte das intervenções são feitas por homens.
Eles sofrem, eles desejam, eles esperam, eles jorram bondade e preocupação pelas mulheres deste país. Eles pegam nas bandeiras, mostram fetos e escrevem manifestos. Ameaçam, apoiam, deitam-se e levantam-se todos os santos dias com uma vontade indómita de participar.
Não tenho nada contra (afinal também sou homem) mas faz-me um bocado de confusão.
Já ia sendo tempo de entregar um maior protagonismo às mulheres. Ou talvez não. Mas lá que a coisa parece um tanto estranha...

domingo, janeiro 21, 2007

Outra razão

Se mais razões para votar SIM no referendo de 11 de Fevereiro faltassem eis um novo e fortíssimo argumento: Marques Mendes vota NÃO e explica o que o leva a tomar esta posição num texto publicado no Correio da Manhã. http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=228283&idselect=93&idCanal=93&p=200

O líder do PPD (ou será líder do PSD?) lá vai desfiando uma série de considerações mais ou menos piedosas, mais ou menos enroladas, até encontrar os argumentos que a seguir reproduzo:

"Também é difícil combater a corrupção, mas combatêmo-la. Não a legalizamos.
Também é difícil combater o tráfico de droga, mas combatêmo-lo. Não o legalizamos."

Combatemos, pois, com os resultados que se sabem. Mas, antes do mais, gostaria de tentar imaginar a corrupção legalizada. Talvez até não fosse má ideia criar uma tabela que pusesse alguma moralidade na corrupção que por aí grassa, porque a droga está, mais ou menos tabelada e os preços de mercado podem ser controlados pelos consumidores.
Assim, quando um honesto cidadão precisasse de uma licança para fazer obras em casa ou fazer desaperecer uma multa por excesso de álcool, saberia exactamente o montante a investir sem se arriscar a ser vigarizado por algum funcionário... corrupto.

Voltando à questão inicial deste post, as razões de Marques Mendes eram absolutamente desnecessárias. Lendo aquilo percebemos que são apenas justificações de um tipo que não se quer comprometer por aí além. A cada afirmação corresponde uma justificação que implica a compreensão do seu contrário. Mendes parece querer dar uma palmadinha nas costas a deus e manter relações cordiais com o diabo. O resultado é uma coisa sem sal à qual nem um quilo de pimenta valerá se se lhe quiser dar algum sabor.
Ai Marques, Marques, estás mesmo com os sapatinhos prá cova.

sábado, janeiro 20, 2007

SIM


O "debate" público em redor do referendo tem sido lamentável. Começam a chatear as trocas de galhardetes entre os dois lados da contenda, as vaidadezinhas individuais, os golpes baixos, as insinuações infundadas, vale tudo e ainda hão-de ir uns quantos olhos pró maneta! No meio da peixeirada há tendência a subalternizar a questão que iremos encontrar nos boletins de voto e que é, afinal, aquela que importa debater: o aborto deve ou não ser considerado um crime até às 10 semanas?
Eu voto SIM mas isso não quer dizer que sou a favor do aborto. Ninguém, no seu perfeito juízo é a favor do aborto. A questão é demasiado complexa para ser tratada à paulada tal como tem acontecido e, à medida que se for aproximando a data da votação, as coisas tenderão a piorar. Quem pensa que o nível do debate anda rasteiro que se prepare para a fase em que se tornar subterrâneo.
Os adeptos do NÃO deveriam assumir que estão a pugnar pela manutenção da legislação em vigor e deixarem-se de golpes baixos como os que têm sido aplicados pela padralhada por esse país fora. A igreja católica volta a mostrar a sua face intolerante e fundamentalista quando usa o púlpito para fazer campanha de forma desavergonhada.
No fundo a questão fundamental é essa; devemos ou não alterar a lei actual? Comparar os defensores do SIM a nazis só mostra a falta de inteligência e de ética de quem é capaz de arrotar semelhante posta de pescada. Com bispos capazes de tais dislates não há igreja que sobreviva aos tempos que correm.

sábado, dezembro 09, 2006

Outras coisas

O debate sobre a questão do aborto está aí. Começam a definir-se os contornos da discussão e, como seria de esperar, de ambos os lados da barricada os argumentos, os métodos e as perspectivas não mudam grandemente. Quem estivesse à espera de alguma transformação na forma como a coisa vai ser equacionada bem pode tirar o cavalinho da chuva: está tudo na mesma... como a lesma!
A igreja católica chegou a dar a sensação de que iria colocar-se sabiamente à margem mas não é capaz, não tem maturidade suficiente para acreditar na maturidade dos indivíduos pelo que, mais uma vez, avança com infernos e demónios tentando inquinar uma discussão já de si bem envenenada. Tudo velho.
Cada vez mais se ouve falar do problema da obesidade (infantil ou nem por isso), havendo mesmo quem lhe chame "epidemia", nome feio que talvez não se ajuste ao caso vertente mas que já dança nalgumas cabeças pensantes.
Segundo uma tal de Ana Rito, doutorada em Saúde Pública na área da nutrição infantil (ver entrevista na Visão nº 718), combater esta "epidemia" (o termo é dela) "só é possível tendo por base parcerias com todos os intervenientes - media, Governo, escola, família, profissionais de saúde e indústria alimentar." Se for assim, se é necessário concertar esforços, conceitos e princípios envolvendo esta maralha toda lamento, mas não há hipóteses de vencer a batalha. Para conseguir congregar esforços de tão diferentes agentes e instituições teríamos de operar uma revolução social mais radical que aquela que saíu da Revolução Francesa.
Pedir aos industriais da alimentação que abdiquem de uma margem dos seus lucros em nome da saúde das criancinhas é o mesmo que pedir ao diabo que desfaça os negócios de compra e venda de almas que lhe garantem a subsistência. Tão grande inocência da parte desta senhora mostra bem que o exército não tem generais à altura desta guerra. Está perdida. Resta-nos a guerrilha nem que seja com pedras na mão. A coisa pede mesmo é uma intifada contra a obesidade. Estamos entregues a nós próprios.

A literatura não deixa de nos surpreender. Anuncia-se para breve um livro da autoria de Carolina Salgado. "Quem é essa senhora?" perguntarão os mais distraídos rebuscando nas prateleiras da memória outras obras com tal assinatura. Não se cansem, é livro de estreia e certamente único. Carolina Salgado é a senhora que viveu com Pinto da Costa durante uns tempos e que, agora que separaram os trapinhos, tem dado muitas dores de cabeça ao velho lobo dos futebóis. A publicação de tal obra-prima aguça já o apetite dos mais marotos prevendo com gozo antecipada um camião de roupa suja a lavar na praça pública com água de fonte luminosa.
Depois de Vítor Baía e Ricardo, de José Mourinho, Jorge Costa e o próprio Pinto da Costa terem brindado o mundo das letras com obras de primeira água porque não poderia também esta cidadã tentar a sua sorte nos escaparates?
Coisa linda, conforme se verá.

Enfim, o Natal aproxima-se a galope, as dietas e o bom senso vão fazendo as malas e em breve entrarão de férias para os lados do Havai. Nós, por cá, vamos andando. Com a cabeça entre as orelhas, como convém.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Tomar partido

O referendo sobre o aborto está decidido. Agora não há que ficar à espera, há que tomar partido. O referendo anterior foi uma autêntica vergonha pelo número inacreditável de eleitores que enfiaram a cabeça num balde de merda e preferiram fingir que o dia da votação não era mais que um carnaval de avestruzes. Desta vez será o dia da grande decisão. Todos os votos contam, não podemos voltar a ficar reféns de uma minoria transformada em maioria pela abstenção.
Os fingidos que militam nos movimentos "pró-vida" sabem bem que as suas mulheres não têm problemas e dispensam a despenalização já que, quem tem dinheiro, vai a uma clínica espanhola e pronto. Eles que continuem com a cabeça enfiada na merda. Nós temos necessidade de respirar outra vez ou então é como se estivessemos a forrar o interior do balde.
Que nenhum voto se perca!

http://www.kameraphoto.com/ um salto a este lugar para ver uma reportagem fotográfica a propósito de João Carvalho Pina em "Últimas" e, já agora, ver outros trabalhos de fotografia. Destaco as de Céu Guarda por uma questão de amizade longínqua.