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terça-feira, julho 12, 2016

Atentado!

Quando, aqui há umas semanas escrevi um post sobre os primeiros dias do Campeonato da Europa de Futebol, temia um atentado terrorista a qualquer momento.  Portugal ia estrear-se jogando contra a Islândia e todos nós estávamos bem longe de imaginar a sucessão de acontecimentos que vieram a ter o resultado que agora sabemos.

Nem houve atentados nem a Selecção acabou, como de costume, a lamentar-se da má sorte, das arbitragens ou da inveja dos deuses do Olimpo. Pela primeira vez na História Portugal venceu uma grande competição do chuto na bola.

Na nossa perspectiva a coisa correu melhor que a encomenda. Os derrotados dizem que a nossa equipa apresentou um futebol nojento, que um campeão a jogar assim contribui para a morte do jogo.

Desta vez foram 11 contra 11 e, no fim, ganhou Portugal, um valente chuto na tradição futebolística.

Concluindo, afinal houve um atentado mortífero: Portugal foi campeão.

segunda-feira, junho 13, 2016

Euro 2016

Decorre o campeonato da Europa em futebol. Joga-se em França, país em estado catatónico. Atentados terroristas, greves, cheias, o que mais poderia acontecer à nação gaulesa? Uma invasão de hooligans vindos de todos os cantos da Europa, era o que faltava para deprimir ainda mais os conterrâneos de Asterix.

Apesar dos arraiais de porrada a que temos assistido em várias cidades gaulesas confesso que vou marcando cada jogo que termina com uma cruzinha. Já foram jogados 8 de 50 e tal jogos e ainda não houve nenhum atentado, nenhuma bomba explodiu a não ser as bombas da cretinice, habituais nestas andanças.

Amanhã estreia-se a selecção portuguesa. Que tudo corra pelo melhor.

segunda-feira, julho 14, 2014

Uma paixão infinita

Um jogo de futebol tem 90 minutos (120 se for num jogo a eliminar). Depois acaba.

Tenho dificuldade em compreender as pessoas que ficam exasperadas quando perdem, principalmente se a frustração não lhes sai do pêlo, no máximo, meia hora após o apito do árbitro que manda terminar o jogo. É para mim impossível compreender aqueles que perdem o apetite, os que batem na mulher e nos filhos ou os que, simplesmente, perdem a vontade de viver quando a equipa dos seus amores é derrotada.

Ok, dependendo da profundidade da paixão de cada um, a coisa poderá prolongar-se por uns minutos, algumas horas... um dia já me parece exagerado mas sei que há malucos para tudo. Dois dias? Já me cheira mal.

Do mesmo modo mas em sentido contrário, gostaria de compreender o que fica realmente dentro do peito dos vencedores, passada a euforia da vitória.

Resumindo: merecerá o futebol, na sua qualidade de fenómeno desportivo-que-o-já-não-é, a atenção mediática doentia que lhe é dedicada? Merecerá o futebol a paixão desmedida que por ele é nutrida por um número estonteante de pessoas espalhadas por todo o mundo?

Nos próximos posts gostaria de ajuda para reflectir sobre as razões que nos fazem cair, tão perdidamente, de amores por um ex-desporto como aquele.

quinta-feira, junho 26, 2014

o grande ecrã

Pronto, lá se foi a selecção portuguesa, malas aviadas, fora do Campeonato do Mundo. A nossa equipa deixou uma imagem estranha: jogadores cheios de estilo (penteados, barbas, tatuagens, roupas e sei lá que mais) mas a cair como tordos. Perdi a conta aos jogadores lesionados ao longo destes 3 jogos.

Mas que raio!? Porque caíam os nossos jogadores e os outros não? Não foi do calor, não foi o temido dengue, tiveram todas as mordomias, porque saíram tantos dos nossos agarrados às penas, a chorar, como bons portugueses?

Mas já me estou a desviar daquilo que queria dizer, o assunto que queria referir: o grande ecrã!

Decerto reparaste, futebolista leitor, nos olhares vagos que todos, jogadores e treinadores (nos árbitros não reparamos que não são assim tão focados pelas câmaras de filmar) vão lançando para o alto no decorrer das partidas. Eles olham para cima, não para Deus mas para si próprios. E o mais interessado na imagem que exporta (se não O mais, pela certa um dos mais) é o nosso craque, o maior do mundo: Cristiano Ronaldo.

Adoro aquele jogador enquanto atleta. Não nutro por ele grande simpatia enquanto pessoa, embora possa compreender que para vingar ao nível que ele atinge num mundo tão merdoso como o mundo do futebol seja necessário um ego do tamanho de um continente. O de Ronaldo é, deveras, enorme.

Nota tu, amigo meu, que em 3 jogos o considerado melhor jogador do mundo apresentou 3 cortes de cabelo/penteados diferentes. Olhou-se, mirou-se e remirou-se, sobrancelhas arranjadinhas, milhões de teenagers a suspirar pelo seu corpo de estátua... bom, nem as estátuas gregas são tão perfeitas como Ronaldo (o Cristiano, não o Fenómeno). E marcou apenas um golo.

O rapaz não tem tempo para pensar em futebol enquanto evolui no relvado ou, pelo menos, tem de distribuir a sua atenção entre a bola, as chuteiras dos adversários, a baliza e o tal grande e famigerado ecrã.

Decerto não terá sido isso a única razão da nossa triste passagem pelo Brasil. Mas lá que as nossas vedetas parecem personagens de telenovela venezuelana... por favor, retirem aquela coisa dos estádios. Serve apenas para distrair toda a gente do essencial.

quinta-feira, junho 28, 2012

Sonhos aos pontapés

Aqui há dias, andava eu a sonhar acordado, tive a visão clara e límpida de uma final do campeonato da Europa entre Portugal e a Itália.

Nestas coisas do futebol torço sempre pelo teoricamente mais fraco. Espanha-Portugal? Ganha Portugal! Alemanha-Itália? Ganha a Itália! Pois. A minha visão cumpriu-se apenas em parte, já que Portugal acabou por cair de pé, como se diz em "futebolês", após um jogo chato e interminável contra os nossos vizinhos.

Portugal não foi mais fraco mas perdeu nos penaltis. Já a Itália mandou os alemães para casa com o rabinho entre as pernas, após um jogo em que poderia ter humilhado os "senhores da Europa" mas, à boa maneira latina, andou para ali aos saltos e a correr e não encontrou maneira de dar cabo dos alemães. A Itália foi mais forte que os mais fortes. Gosto disso.

Vencedores antecipados incham como sapos fumadores e esquecem-se que é preciso vencer dentro do campo. Aconteceu aos alemães. Não aconteceu aos espanhóis porque, ainda assim, fartaram-se de lutar de igual para igual com os nossos "muchachos", acabando por ser felizes nos pontapés na sorte.

Enfim, entre mundiais e europeus, seis meias-finais já foram jogadas pela nossa equipa nacional e apenas uma vez chegámos à final, foi em Lisboa, e perdemos.

Continuamos sem saber a que sabe uma vitória numa competição internacional de jogadores séniores (nos juniores já ganhámos dois mundiais, que me lembre... europeus não sei).

O sonho acordado acabou mas, espero, uma noite destas ainda vou sonhar com uma vitória extraordinária mas, agora, vou precisar de estar a dormir.

quinta-feira, junho 21, 2012

Portugal

Tenho estado a evitar falar de futebol, apesar do campeonato da Europa da modalidade. Mas, que porra! Hoje não aguento mais. A selecção portuguesa acaba de carimbar o passaporte para a meia-final e já não consigo fazer de conta que não estou a reparar.

Eu sei que os jogadores são isto e aquilo fora do campo. Que são vaidosos (aqueles penteados...), que são limitados culturalmente (aquelas birras, aquelas declarações...) mas, dentro do campo, temos ali verdadeiros intelectuais.

Ronaldo é um cientista, Moutinho um geómetra exemplar, Nani uma espécie de poeta incompreendido e Coentrão é uma pequena máquina de fazer mal ao adversário. O Nosso Mister, Paulo Bento, até mudou o penteado ridículo por uma coisa mais sóbria e tem demonstrado uma capacidade invejável na gestão da empresa que é a nossa equipa de futebol.

O nosso problema é meter a bola na baliza adversária. Ao longo de um jogo criamos inúmeras oportunidades de o fazer mas, na hora da verdade, fica a sensação de que temos pena dos adversários. Rematamos ao lado, rematamos ao poste, atiramos por cima ou contra o cú do defesa adversário. Há quem diga que se o futebol fosse um jogo sem balizas Portugal ganhava sempre. Mas não ganha sempre, é preciso marcar golos para ganhar.

Como de costume andamos meio esquizofrénicos. Se ganhamos podíamos ter ganho por mais. Se perdemos (como aconteceu no primeiro jogo contra os monstros alemães) foi porque tivemos azar (e tivemos mesmo).

Agora ficamos à espera de saber se jogamos contra a Espanha ou com a nossa "bête noire". a odiosa França do irritante Michel, o Platini.

A novidade é que, desta vez, venha quem vier é encarada com grande confiança. Podemos ganhar ou perder, mas, por uma vez, não estamos cagados de medo. O que se passa? Estará Portugal a mudar? Será que as novas sonoridades do Fado estão a surtir efeito no espírito lusitano?

Seja o que for, venha quem vier, Portugal está a viver com uma calma inesperada a campanha deste Europeu. Pessoalmente desejo que sejamos campeões. Espero por isso desde que me lembro de ser quem sou. Já lá vão quase 50 anos...

terça-feira, julho 13, 2010

Celebrações


Nós somos uns coraçõezinhos felpudos. Uns ursinhos de peluche sentimentais, ansiosos por uma boa celebração que nos aqueça a alma colectiva. Como a nossa selecção veio recambiada nos oitavos-de-final, aviada pela selecção espanhola, ficámos logo a rezar para que fossem "nuestros hermanos" a trazer a taça. Assim sempre poderíamos dizer que só perdemos com os campeões do mundo (o que é verdade), mitigando a decepção do adeus à boa maneira portuguesa.

Não é nada de mais, como português que sou compreendo isto perfeitamente. Ainda melhor compreendo que a beijoca que Casillas prespegou na namorada em directo, na entrevista após o jogo da final, seja considerada unânimemente a mais bela jogada de todo o campeonato do mundo da África do Sul. Foi, de facto, um momento memorável e inédito no mundo do pontapé-na-bola.

Conhecendo como conheço o nosso coração colectivo, não estranhei as emissões em directo nos telejornais cá da terra das celebrações populares em Madrid, na recepção à equipa campeã do mundo. Olhei o écrã da televisão e vi aquele agitado mar de gente eufórica como se fosse gente da minha gente. Afinal de contas a Península Ibérica já antes dividiu o globo terrestre em duas partes. Uma parte para ti, Espanha, outra para mim, Portugal. Não restava nada para mais ninguém, o mundo já foi todo nosso. José Saramago afirmou várias vezes que via com bons olhos um único país a cobrir toda a Península, como um cobertor gigantesco a aconchegar uma grande família ibérica. Posso mesmo dizer que compreendo muito mais que razoávelmente um livro escrito em espanhol. Isso conta.

Tretas!

Lá no fundo a transmissão televisiva das celebrações espanholas são apenas um reflexo de inveja. Mesmo que fôssemos um país apenas não haveríamos de prescindir nunca da nossa portugalidade que é uma espécie de espanholice, mas com menos salero e muito mais tristeza alapada aos costados. Olhei os espanhóis aos pinotes, todos bêbados e tresloucados, pensando como gostaria de estar no lugar deles. Mas o que me doeu mais fundo foi o facto de Cristiano Ronaldo, o nosso ídolo nacional, ter de pagar a uma rapariga para ter um filho dele e dar aquelas imagens de mau perdedor e rufião de quinta categoria, quando o capitão espanhol tem aquele momento fora do mundo ao beijar apaixonadamente a namorada perante o olhar embevecido do universo inteiro. Será aqui que se encontra a dura fronteira entre Portugal e Espanha? Entre ser português e ser espanhol? A manifestação da paixão?

Ai, isto dói muito mais que ter perdido o jogo com a selecção espanhola. Isto é muito melhor que ser campeão do mundo. Já nem sei que digo!

segunda-feira, julho 05, 2010

Futebol é nome de animal irracional


Futebol é nome de bicho que come caca e defeca ouro. Os humanos adoram o bicho, mas o bicho não parece estar muito comovido com esse amor que os humanos lhe dedicam. O Futebol teima em comportar-se de forma indisciplinada. Bem que os humanos tentam perceber o comportamento do animal mas, por muito que tentem, hão-de ficar sempre irritados com a forma como ele finge que dorme e não dorme, como ele finge que salta e fica quieto no lugar. Futebol é bicho feio. É bicho malandro.

Mas não há volta a dar-lhe, o amor que os humanos têm por essa alimária malcheirosa ultrapassa todas as fronteiras da racionalidade e acabam por lhe perdoar qualquer tropelia ou malfeitoria. Futebol é bicho mimado e malcriado.

Fico sempre esperando que o Futebol me dê uma alegria mas, no fim de contas, são mais as desilusões que os momentos de prazer. E não o deixo a dormir ao relento, como merecia, o sacaninha, acabo sempre por lhe abrir a porta e deitar alguns restos saborosos no pratinho da comida. E o Futebol volta sempre. Meloso, matreiro, enganador. Vive comigo, quer eu queira, quer não queira.

Um destes dias vou deixar o Futebol no meio da rua. Não lhe abro a porta, muito menos lhe abro o coração que já está dorido de tanto por ele sofrer. Há-de ganir e latir e pedir "por favor" que lhe abra a porta... e eu? Vou abrir, claro está, e pedir desculpa por ter imaginado que seria capaz de viver sem ele e por ter sido tão insensível. Volta Futebol, estás perdoado.

sexta-feira, julho 02, 2010

Olha eu!

Coisa máilinda!


Neste campeonato do mundo de futebol há um pormenor que me tem divertido bastante. Falo da maneira como as pessoas se comportam quando se vêem nos écrãs gigantes que se encontram nos estádios.

A coisa começa nas imagens das transmissões televisivas ainda antes de o jogo começar. As câmaras vão focando os espectadores mais vistosos, que nas bancadas há sempre quem invente personagens coloridas. Estes, quando se apercebem que estão expostos no écrã, sorriem, saltam, acenam para si próprios, num frenesim de felicidade incontrolável. Depois começa o jogo e os realizadores concentram-se no que se vai passando dentro das quatro linhas.

Aí o protagonismo é dos jogadores. Cristiano Ronaldo, só para dar um exemplo (Káká também é jeitoso), passou os jogos a olhar para cima. Quer dizer, não era bem para cima, que os olhos não procuravam o céu, era para aquele espaço intermédio, entre o céu e a terra, onde estão suspensos os écrãs. Disfarçadamente os jogadores admiram-se na sua imagem projectada. Uns mais do que outros que a vaidade humana não tem sempre o mesmo peso. Mas é engraçado verificar como não resistem ao apelo gigantesco dos écrãs.

Estou em crer que a coisa os deve desconcentrar, "Olha, tenho a sobrancelha mal depilada" e não deve dar grande confiança ao companheiro de equipa que não tem relevância mediática, "Lá está outra vez aquele palhaço a olhar para o écrã em vez de tentar perceber onde está a bola".

Nas bancadas poucos são os que não se apercebem da coisa, o que também não contribuirá para que sigam o jogo com toda a atenção. Enfim, é um fenómeno tecnológico com influência ainda por quantificar em termos de influência nos resultados finais dos desafios. A Ronaldo já ninguém lhe tira a fama de estar mais interessado em admirar a sua extraordinária beleza física do que chutar a redondinha, o que terá transformado em monstro horrível o futebol por ele praticado neste campeonato do mundo.


Se eu fosse seleccionador no próximo mundial, havia de escolher os jogadores mais feios e menos adorados pelas adolescentes. Talvez assim pudesse chegar mais longe e ganhar o campeonato, quem sabe? Vivam os feios que os lindinhos não têm vida pra isto!!!

quinta-feira, junho 24, 2010

Síndroma de Salomé


Há por aí quem tema pela sorte dos jogadores da Coreia do Norte quando regressarem ao seu país-prisão, após o Mundial. Na conferência de imprensa depois do jogo dos 7-0, Tiago foi questionado por um jornalista asiático que lhe perguntou se sentia algum receio pelos seus adversários. O jogador português respondeu daquela forma que só os jogadores de futebol sabem responder, dizendo uma mão-cheia de coisas que não querem dizer nada de especial.

Segundo rezam as crónicas, os jogadores da Coreia do Norte que foram derrotados pela selecção portuguesa em 1966, acabaram em campos de concentração e trabalhos forçados. Como o tempo está suspenso naquele local impossível, depreende-se que, desta vez, os resultados possam ser semelhantes.

Como se não bastasse terem o destino suspenso sobre as suas cabeças, os jogadores norte coreanos foram vítimas de um azar particular uma vez que, talvez esperançado numa jornada épica que elevasse ainda mais a sua condição de divindade de pacotilha, o Querido Líder permitiu que, pela 1ª vez na história, o desafio fosse transmitido em directo pela TV. Não consigo imaginar maior catástrofe para os jogadores que tiveram de suportar o jogo português.

Andamos nós sempre a reclamar do empenho e do profissionalismo dos nossos jogadores. Que não correm, que não cantam o hino nacional, que não comem como deve ser, que não merecem as fortunas que ganham à laia de ordenado, eu sei lá que mais. O que pensarão os cidadãos da Coreia do Norte em relação aos seus jogadores? Serão eles juízes implacáveis do desaire dos seus compatriotas? Estarão tão sedentos de sangue quanto os cidadãos franceses que parecem dispostos a comer os jogadores gauleses num pratalhão em receita de nouvelle cuisine?

O futebol torna-nos irracionais e, a quente, após uma derrota pesada que nos transforme sonhos em pesadelos, somos capazes de pedir cabeças humanas como se fôssemos Salomés. Isto é apenas um jogo, não é uma questão de vida ou de morte, nem as equipas de futebol são exércitos à conquista de territórios inimigos. Não são, pois não?

quarta-feira, junho 23, 2010

Nação bipolar


Ontem foi dia de jogo. Foi na hora de almoço que se jogou. Portugal sentado à mesa, bacalhau e vinho a ajudar à festa.

O povo estava desconfiado. Os Navegadores, como foram baptizados os que este ano defendem as cores da nossa bandeira, tinham feito um jogo mesquinho contra a Costa do Marfim. À boa maneira portuguesa já muitos diziam por aí que mesmo os da Coreia do Norte haviam de chegar para os nossos. A fé dos tugas esgota-se em Deus com demasiada frequência. Ou na Virgem. Tanto faz. Os tugas dificilmente acreditam nas capacidades dos homens, principalmente se esses homens forem outros tugas. Ainda por cima estava a chover na Cidade do Cabo. Toda a gente sabia que os portugueses gostam de sol.

Depois veio o jogo e a desconfiança foi-se transformando em medo. Nos primeiros minutos os coreanos deram luta. Até que os golos começaram a entrar. No final a desconfiança dera lugar à euforia. Nós somos assim.

Durante o jogo, a cada golo, eu erguia os braços, à minha volta outras pessoas faziam o mesmo. Algumas gritavam, outras ficavam de boca aberta. Imaginei como seria se, no passado, quando os exércitos partiam para a guerra, as batalhas fossem transmitidas em directo. A cada cabeça cortada um "HURRA", a cada intestino a caír na poeira "GRANDE GOLO", perante a imagem do campo de batalha repleto de corpos, sangue e corvos gordos como camiões do lixo os olhos dos adeptos do exército vencedor marejados com lágrimas de alegria.

O jogo acabou. Não morreu ninguém. Ficou 7-0. Os tugas já tinham comido o bacalhau e bebido o vinho. Estava na hora de saborear uma aguardente e voltar ao local de trabalho, produzir riqueza e combater a crise. Agora já muitos diziam "somos os maiores". Até à próxima sexta-feira, pelo menos. E depois? Depois logo se vê.

quinta-feira, junho 03, 2010

Valha-nos Nossa Senhora!


Eu evito falar de futebol aqui no 100 Cabeças. Quando falo de futebol entro em transe e deixo de saber o que estou a dizer, fico assim a dar para o zombie, com vontade de comer carne humana, principalmente se fôr carne do adversário. O futebol é a coisa que mais me faz perder o sentido de orientação das ideias. Posso até retorcer os factos propositadamente e com consciência de estar a fugir à verdade, como o Cristiano Ronaldo foge dos defesas adversários.

O futebol é a lua cheia do lobisomem que se esconde dentro de mim. Perante um jogo a valer eu rôo as unhas, eu como a cabeça dos dedos, eu grito, chuto no ar, cabeceio, insulto o árbitro e choro de alegria quando a minha equipa consegue, finalmente, um golo. Seja bonito ou seja feio.

Do mesmo modo, fico triste como uma noite de chuva miudinha se vejo os meus jogadores perder, no final dos 90 minutos. Mas, estranho sortilégio, após uns 15 minutos ou meia hora, tudo regressa ao estado normal. O coração volta a adormecer, o livro na mesinha de cabeceira brilha de novo, o filme no gravador chama por mim, enfim, as coisas boas, melhores que o futebol, envolvem-me outra vez e regresso ao meu ser civilizado. Tenha ganho ou tenha perdido, é indiferente.

Dentro de alguns dias vai começar o Campeonato do Mundo na África do Sul. O lobisomem cá dentro já se mexe de vez em quando. Imperceptívelmente, por enquanto. Vai acordar furioso quando for dado o pontapé de saída no jogo contra a Costa do Marfim e levar-me-à, doido, numa roda de emoções furibundas durante os tais 90 minutos.

Nunca hei-de compreender estas emoções descontroladas que o futebol provoca em mim. Tenho algumas suspeitas, algumas ideias, sobre o lugar de onde despertam estas animalidades violentas mas não quero reflectir muito sobre elas. O que sei é que há qualquer coisa parecida com prazer no meio de toda esta confusão. E, como com todos os prazeres desta vida, estou pouco interessado em compreendê-lo pois sei que isso poderia anulá-lo.

Quando o Campeonato começar só vou ver uma bola e uns quantos rapazes pouco inteligentes a chutá-la com arte para o fundo das redes da baliza adversária. Valha-nos Nossa Senhora!

quinta-feira, novembro 19, 2009

Ciência irracional


Dizer que o futebol desperta paixões é um lugar comum. Tentar explicar essas paixões enrola-nos o raciocínio de tal forma que acabamos a debitar tolices e deixamos de fazer sentido fora das nossas cabeças.

Nos últimos tempos há a lesão de Cristiano Ronaldo que terá sido provocada por um bruxo espanhol, Pepe de sua graça, que afirma ter sido contratado para arruinar a vida do rapaz-maravilha. Bizarro, sem dúvida, mas um grupo de fanáticos argentinos veio introduzir uma nova dimensão à bizarria futebolística.

Pretendem estes magos da ciência do pontapé na chincha que o craque Lionel Messi adopte o penteado artístico do mítico Diego Armando Maradona, agora treinador da selecção das Pampas cujo feito mais notável nesta sua nova ocupação foi ter mandado "chupar" todos os que disseram mal da sua pobre prestação como técnico. Uma grosseria que, vinda de quem vem, o deus da mãozinha, só pode espantar quem não vive o fenómeno futebolístico.

Argumentam que o penteado em causa foi a razão para a genialidade de Maradona. Que confere aerodinamismo e estabilidade e que, caso Messi lhes faça a vontade, a vitória da Argentina na Taça do Mundo a disputar na África do Sul serão favas contadas.

No site criado para recolher assinaturas que levem Messi ao cabeleireiro da esquina explicam a infalibilidade da coisa argumentando com razões científicas e razões mitológicas. Não há que duvidar.

Um dia houve um árbitro de futebol português que disse que desde que tinha visto um porco a andar de bicicleta já nada neste mundo o podia espantar. Talvez agora esteja a reconsiderar a sua posição.

quinta-feira, junho 11, 2009

93 milhões de pontapés na crise?


Parece que finalmente vai acabar esta novela merdosa do sai-não-sai de Cristiano Ronaldo do Manchester United. O valor da transferência a pagar pelo Real Madrid será qualquer coisa como 93 milhões de Euros. Porra!!! Tanto dinheiro, benza-me Deus Nosso Senhor!

Para Jorge Valdano, responsável pelo futebol do clube de Madrid, o investimento justifica-se pois haverá um retorno espectacular em termos de contratos publicitários e outro tipo de actividades comerciais relacionadas com a imagem de Cristiano. Pela sua lógica imbatível, Valdano considera que Ronaldo, afinal de contas, até nem é um jogador caro. Antes pelo contrário.

Seja como for lá vai Ronaldo de malas aviadas até Madrid. A dúvida que se coloca é esta: será que ele tem estrutura mental suficiente para aguentar o calor da Ibéria e o salero das espanholas? Sem a figura paternal de Alex Ferguson para lhe amassar o juízo e com Scolari a caminho do distante Uzbequistão, quem irá meter algum tino naquela cabecinha onde o vento assobia cada vez com mais força?

Ronaldo foi considerado o melhor jogador do mundo. Quem o via nos relvados ingleses a brilhar na extraordinária equipa do Man United dificilmente o reconhece debaixo da camisa da selecção nacional portuguesa. As mais recentes exibições por Portugal têm mostrado um jogador agarrado à bola, muito cheio de si e com pouca capacidade de liderança, ele que é o capitão de equipa.

Talvez esteja apenas a fugir à chuvinha de Manchester e procure um lugar ao sol em Espanha. Talvez tudo isto não tenha a mais pequena importância ou, talvez, seja o primeiro sinal de que a tão badalada crise económica é, afinal, mera crise de confiança. Seja lá o que for, não deve ser fácil ser... Cristiano Ronaldo.

domingo, junho 01, 2008

Histeria sonhadora


Eu até sou um fã de futebol. A Selecção Nacional faz-me sentar em frente à TV nem que jogue contra o Merdiquistão e, apesar de não ter posto uma bandeirola no estendal quando foi o Euro cá na nossa terra, fico sempre emocionado quando aqueles palermóides dos nossos jogadores cantam o hino nacional nos momentos que antecedem o jogo. Sentimentalismo...

Mas o que se está a passar com a dita selecção nestes dias que antecedem o início do presente europeu é demasiado. Que seca!

Os jogadores são tratados como algo que não são (não sei o quê, apenas sei que ninguém merece ser tratado desta forma). Há programas que nos mostram a forma como se sentam na sanita, como apertam a camisa ou gostam de passar as tardes em que não fazem nada. Os telejornais abrem todos com imagens em directo que mostram o povo aos pinotes e aos gritos, à beira da histeria por... nada!

Esta tarde o presidente da República recebeu os matraquilhos e a "cerimónia" (sem o mínimo interesse) passou em directo e em simultâneo nos 3 canais ditos generalistas. O discurso de Cavaco lá saíu, rouco e sem brilho, em dia internacional da criança e não se fala de outra coisa. O resto do mundo deixou de ter interesse. O governo respira de alívio e até Manuel Pinho se sente mais à vontade para as suas tiradas que lhe valeram o título de maior pedaço-de-asno do mês de Maio.

Tudo gira à volta dos chamados Viriatos, os nossos meninos, os craques, os maiores do mundo! Desta vez bastaria que fossem os maiores da Europa mas, com tanta barulheira e histeria e desespero em volta dos catraios, tenho cá a impressão que quando for preciso jogar a sério eles vão sentir mais vontade de chorar que de pontapear a chincha.

Os pescadores algarvios desfilam com bandeiras negras, há marchas contra a fome, o país vai desabando devagarinho mas, o que importa tudo isso comparado com os jogadores de futebol a estrearem os fatinhos novos e a entrarem no autocarro e a saírem do autocarro e a entrarem no avião e,momento alto, o avião a descolar rumo à Suiça?

Lá vão eles. Os nossos sonhos. Por cá fica a dura realidade. À espera...

terça-feira, junho 12, 2007

Adeptos

Notícia retirada da edição de O Jogo de 11 de Junho de 2007:

ASIAN CUP

Catar contrata 10 mil adeptos

A federação de futebol do Catar vai contratar 10 mil estudantes vietnamitas para apoiar a selecção que vai participar na Asian Cup (Hanói, 7-29 de Julho). Os adversários do Catar são o Japão, os Emirados Árabes e a equipa da casa, o Vietname. (...) Apesar da sua popularidade no Catar, as partidas de futebol no país têm assistências muito reduzidas. O Catar tem uma população de 744 mil habitantes, incluindo milhares de imigrante asiáticos.

O dinheiro compra tudo? É o que parece! Um país com uma população tão reduzida como o Catar tem necessidade de contratar apoiantes para a sua equipa de futebol. Para os portugueses esta é uma situação deveras estranha. Espalhados como estão por todo o planeta, sempre que a selecção nacional disputa um jogo, lá aparece, pelo menos, uma bandeirinha verde e vermelha na bancada e um grupo de portugueses aos pinotes. Em casos extremos, como aconteceu recentemente na Bélgica, pode mesmo haver tantos adeptos portugas como da selecção do país estrangeiro onde actuam os nossos magos do futebol. E são adeptos que pagam para assistir ao jogo, como seria natural. A situação narrada na notícia acima transcrita configura um novo paradigma pós-moderno: o espectador contratado.
Como será no jogo entre o Catar e o Vietname? Os adeptos contratados irão injuriar os jogadores da equipa "adversária"? Gritarão mais alto que os (outros) vietnamitas? Quando for ocasião de cantar o hino... será que a federação de futebol do Catar está a pagar aulas para que os seus indefectíveis adeptos vietnamitas aprendam o hino nacional? Convenhamos que esta é uma situação abstrusa!
Se dúvidas houvesse do alcance que tem no mundo globalizado a cultura do faz-de-conta esta história exemplar decerto nos permite confirmar algumas suspeitas. A aparência tem um valor extraordinário na sociedade da imagem (óbvio, não?) ao ponto de inventarmos pessoas, multidões mesmo, que não existem embora respirem e transpirem agitando a bandeirinha branca e grená daquele país meio inventado que dá pelo nome de Catar. Gostaria de ver até que ponto estes adeptos feitos à pressão serão capazes de torcer pelo patrão que lhes paga o ordenado. Tínhamos o exemplo dos mercenários nos conflitos armados, assistimos ao nascimento dos adeptos contratados. Se a moda pega vai ser interessante...




domingo, janeiro 14, 2007

1.44 gramas

O episódio da condenação de Luisão a 40 dias de trabalho comunitário por ter sido apanhado a conduzir embriagado (1.44 grams de álcool por litro de sangue é obra de trabalho aturado a verter copos na garganta!) é elucidativo.

Talvez estivessem apenas benfiquistas na sala de audiências onde foi decidida tal enormidade, quem sabe? A sentença não passa ainda de uma proposta que terá de ser confirmada noutra instância judicial. Aguardemos para ver o resultado desta infâmia.

No mesmo dia foram "catados" mais uma série de cidadãos em condições semelhantes. Uns mais embriagados, outros menos, outros ainda, acredito, nem por isso. O caso mais mediático foi o de um actor da nossa praça (não me lembro agora do nome mas estou mesmo a ver quem ele é) a quem foi, de imediato, apreendida a carta de condução. Será escusado tentar saber o que aconteceu aos outros. A maioria (talvez mesmo todos) ficaram a andar a pé e de transportes públicos durante uma temporada.

O que tem Luisão de especial? O facto de ser jogador do Benfica será atenuante num caso desta natureza? Se a carta de condução não for apreendida a este cidadão estaremos perante nova prova da merda de justiça que temos. E, mesmo que isso venha a acontecer, já ninguém limpa mais esta mancha malcheirosa ao seu manto esburacado nem convence o pessoal que a venda dela não é transparente.

domingo, outubro 29, 2006

4 Notas

Nota 1- Como é possível dar-se tempo de antena a gajos como Filipe Vieira, José Veiga ou Pinto da Costa? Ainda por cima deixam-nos ouvir frases inteiras saídas das beiças destes seres vivos, repletas de erros a todos os níveis, desde os mais implacáveis pontapés na gramática até às "inverdades" mais descaradas ditas umas a seguir às outras. E ali estão eles, alimentando polémicas ridículas, de uma baixeza invulgar.

Nota 2- Os gajos do Gato Fedorento cada bez estão mais espectaculares! As rábulas da nova camapanha mediática daquela cena dos telfones ultrapassa tudo o que pudessemos estar à espera. Mais que muito bom! Chega quase a ser inteligente.
A boa notícia é que está prestes a começar o novo porgama destes admiráveis saloios disfarçados de "vá-se lá saber". Gravado ao vivo e transmitido em horário fidalgo aos domingos na RTP1, com o Professor Martelo a aquecer os espíritos mais santos... estará algo a mudar no panorama cerebral dos pertugueses? COMEÇA HOJE!!!

Nota 3- Dada 2.0 o robot iconoclasta
ver video no Youtube DADA 2.0 é o mais recente robot de Leonel Moura. Tem a forma de um enorme pingo preto, com cerca de 4 metros de altura, na base do qual se encontra um braço robótico armado com um martelo e que se dedica a destruir tudo o que seja posto ao seu alcance.
Site:
http://www.leonelmoura.com

Leonel Moura continua a tentar fazer com que os robots se pareçam mais com seres humanos. Depois de mostrar como um ser artificial pode criar obras de arte experimenta aqui as suas capacidades destrutivas. O resultado não é brilhante, a destruição é causada mais pela força da gravidade que pela capacidade demolidora do Dada 2.0 (apesar da imponência da sua envergadura invulgar). Fica a intenção mas, convenhamos, os militares por esse mundo fora dispõem de robots bem mais destrutivos que este simpático Dada.

Nota 4- A equipa do Ministério da Educação entrou em parafuso total. O que tem vindo a público a propósito da negociação do Estatuto da Carreira Docente entre aquela verdadeira associação de malfeitores e a plataforma dos sindicatos de professores é matéria para argumento de filme tipo American Pie, para adolescentes alarves.
Eles andam para a frente, para trás, para os lados, andam em todos os sentidos, mas o que fica é uma imagem de total falta de conhecimento deste bazarocos relativamente a matérias básicas que deveriam dominar. Uma lástima.

terça-feira, outubro 10, 2006

Futebol, cultura Pop


Cristiano Ronaldo como Super-Homem


Se há tema de conversa universal, do Iraque ao México, da China à Austrália, no campo, na cidade, na fábrica, na escola, na cama e na sanita, onde e quando quer que seja, tema ao alcance de milhões de cidadãos por esse mundo fora, é o futebol.

Toda a gente pode opinar sem precisar de fazer grandes investimentos nem estudos. O jogo, em si, é suficientemente simples. Toda a gente pode jogá-lo desde que tenha uma bola. Com a globalização o futebol tornou-se um verdadeiro fenómeno.

A mediatização trouxe também uma nova exposição dos jogadores mais habilidosos ao ponto de os transformar em verdadeiros ícones populares. As revistas de mexericos interessam-se por pormenores até aqui impensáveis relacionados com os hábitos e a vida quotidiana das personagens principais e a sobre-exposição do jogo, omnipresente nos écrãs de televisão, fazem da mais pequena banalidade motivo de notícia e de momentos fugazes acontecimentos históricos.

Uma coisa verdadeiramente estranha pela sua dimensão.
As telenovelas são fenómenos localizados, as fronteiras oferecem-lhes alguma resistência. Entre Hollywood e Bollywood há uma inultrapassável barreira cultural, as vedetas de uma não se misturam com as de outra. No campo das artes plásticas nem vale a pena falar. Mas o futebol... senhores!

Os ídolos do pontapé na chincha são pessoas comuns que saem do anonimato graças a uma espécie de dom maravilhoso e ascendem ao estrelato como que por magia. São fenómenos de uma cultura popular a nível planetário gerados de forma espontânea, reconhecidos em todo o mundo por ser tão fácil de compreender o que fazem e por despertar tantas paixões impossíveis.

O futebol é a materialização actual de uma verdadeira cultura Pop.

Estranha coisa, esta conversa.

quinta-feira, setembro 14, 2006

A beijoca

O mundo do futebol em geral e o do futebol português em particular, não deixam de nos surpreender em cada curva do destino.
Parece evidente que, desde sempre, houve demasiadas falcatruas nos campeonatos nacionais. Talvez isso explique porque razão, além dos crónicos vencedores Benfica, Sporting e Porto, apenas por uma vez, no tempo da outra senhora, o Belenenses (clube que tinha o Presidente Américo Tomás na foto oficial e a Cruz de Cristo como emblema) tenha ganho o campeonato. E que, por razões que começam a ganhar contornos mais visíveis, o Boavista do Major Valentim tenha também alcançado o tão desejado estatuto de campeão nacional numa época mais recente.

Não há regra que se aguente nesse planeta selvagem. Os juízes que constituem os seus órgãos de justiça e disciplinares têm uma formação moral e cívica digna de pequenos delinquentes. Penso que personagens como o Desembargador Gomes da Silva e outras do género serão os principais responsáveis pela total ausência de rigor e de transparência que inquinam o ambiente futebolístico indígena. Estamos a falar de juízes, caramba, juízes que atropelam a lei com o à vontade com que se pisa uma barata e continuam a exercer as suas elevadas funções com pequeno sentido de responsabilidade para não dizer que agem de má fé e são totalmente indignos de se manterem na carreira e no lugar que ocupam. Estes senhores são castigados quando os apanham a abocanhar a botija com este descaramento?

Que os dirigentes dos clubes de futebol sejam vigaristas encartados parece não incomodar ninguém. O discurso deles é tão canhestro, tão cheio de meias verdades e de metáforas complicadas que apenas um iniciado se sente habilitado a compreendê-los. É preciso ler os jornais desportivos e acompanhar os inenarráveis programas televisivos que se dedicam a este complexo universo para se compreender minimamente o “futebolês”. A exposição mediática oferecida a estes paladinos da confusão é prova inquietante do nível cultural do país em que vivemos. Como é possível haver pachorra para aturar, por exemplo, uma hora de entrevista em directo na RTP 1 com o Presidente Fiúza, do Gil Vicente, para citar a mais recente estrela cintilante deste universo?

É tudo uma questão de conjuntura. Quem controlar os órgãos relacionados com a arbitragem e a aplicação das regras está habilitado a vencer. Se não for dentro das 4 linhas será na secretaria, o que acontece todos os anos nos mais variados casos e nas diferentes divisões.

Que os dirigentes não tenham formação à altura das circunstâncias é lamentável mas, enfim, compreensível. Muitos deles são pessoas do povo, formadas no calor da luta pela sobrevivência. Alguns mal sabem ler, outros mal sabem escrever pelo que as leis e as regras lhes fazem, com frequência, confusão. Mas juízes desembargadores e outros agentes da magistratura que se comportam como vulgares criminosos ou mafiosos de meia tigela é de todo intolerável e se não há forma de os castigar pelas suas comprovadas vigarices então este país não presta mesmo para nada e o nosso Estado de Direito é, pura e simplesmente, uma mentira mal intencionada.
Já estou como o outro, quem puser mão nesta pouca-vergonha merece uma beijoca!