UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN
Mostrando postagens com marcador Quadrilhas dos faroestes. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Quadrilhas dos faroestes. Mostrar todas as postagens

29 de junho de 2016

QUADRILHAS DOS FAROESTES – ARTHUR KENNEDY E BANDIDOS CONTRA OS SITIANTES


No western de Anthony Mann “E o Sangue Semeou a Terra” (Bend of the River), o vilão é Arthur Kennedy que, momentaneamente, une-se a um grupo de homens dispostos a qualquer tipo de trabalho, mesmo que seja roubar e matar. Kennedy é quem comanda o grupo que quer ver James Stewart longe deles, malta formada por Harry Morgan, Royal Dano, Jack Lambert, Cliff Lyons e Chuck Hayward. Os três primeiros são mais conhecidos, enquanto Lyons e Hayward eram stuntmen de profissão, atuando como atores esporadicamente. Arthur Kennedy, magnífico intérprete já foi biografado pelo WESTERCINEMANIA, postagem que mostra a brilhante carreira desse ator.

Arthur Kennedy é Emerson Cole, conhecido fora-da-lei que atuava no Kansas e procura mudar de ares mas nunca deixando de lado sua índole de homem mau - Ao interpretar o cínico e traiçoeiro escroque Ned Sharp em “O Intrépido General Custer”, em 1941, parecia que Arthur Kennedy estava definindo sua carreira de ator. Kennedy atuou novamente com James Stewart em “Um Certo Capitão Lockhart” The Man from Laramie), faroeste clássico também de Anthony Mann. Kennedy teve bela carreira em Hollywood, onde três dos pontos mais altos foram sua participação em “Lawrence da Arábia”, em “O campeão” e em “Paixão de Bravo”. Arthur Kennedy teve, paralelamente ao cinema, reconhecida carreira como ator de teatro, dividindo o palco na temporada novaiorquina da peça “Becket” com Laurence Olivier, de quem recebeu muitos elogios. Kennedy nasceu em 1914 e faleceu aos 75 anos de idade em 1990.

Jack Lambert como ‘Red’ lidera o grupo de homens que perambula pelo porto de Portland - Feio, olhos esticados como se fosse mestiço oriental, queixo quadrado, esse conjunto formava a imagem de um perfeito facínora e era a imagem de Jack Lambert, descendente de escoceses e nascido em Nova York em 1920. Lambert estudou para ser Professor de Língua Inglesa, mas alunos e amigos lhe disseram que com aquele ar assustador de homem mau, ele deveria tentar a sorte no cinema. Foi o que Lambert fez e após algumas pontas foi notado como um dos bandidos de “Rua dos Conflitos” (Abilene Town), de 1946. A partir daí, por dezenas de vezes, Jack Lambert interpretou invariavelmente homens maus em filmes policiais e em inúmeros westerns. “Os Quatro Heróis do Texas” (Dean Martin), em 1963 foi o último filme de Jack Lambert que continuou atuando por algum tempo na televisão.  Lambert faleceu em 18 de fevereiro de 2000.

Harry Morgan é ‘Shorty’, o mais baixo do grupo de bandidos – Recém chegado da Broadway, Harry, em seu segundo ano em Hollywood, atuou no clássico “Consciências Mortas” (The Ox-Bow Incident). Belo início de uma longa carreira que durou 57 anos com participações em filmes de todos os gêneros. Na televisão Harry, que chegou a usar o nome ‘Henry Morgan’, brilhou até mais que no cinema pois foi com a série “Dragnet” que ele se tornou ainda mais conhecido. Essa série policial fez enorme sucesso nos anos 50, estrelada por Jack Webb. Em 1967 Webb decidiu relançar “Dragnet” e convidou Harry Morgan para ser o oficial ‘Bill Gannon’. A série ficou no ar por mais quatro anos, algo nunca visto antes na TV, mídia que tritura talentos como nenhuma outra. Outro sucesso de Morgan na TV foi como o Coronel Sherman T. Potter na série “Mash”, trabalho que lhe valeu um prêmio “Emmy’. Morgan faleceu aos 96 anos de idade, em 2011.

Royal Dano é ‘Long Tom’, o mais alto dos desocupados que se tornam assaltantes – Quando, nas décadas de 50 a 80, algum escritor ou roteirista colocava na história um bandido estranho, nervoso, sempre prestes a disparar sua arma ou com um toque de neurose, pensava invariavelmente em Royal Dano. Um de seus primeiros filmes foi “A Glória de um Covarde” (The Red Badge of Courage) e Dano voltou a impressionar bem como um atormentado bandido em “Johnny Guitar”. Dirigido por Anthony Mann, Royal Dano esteve em “Região do Ódio” (The Far Country” e em “O Homem do Oeste” (Man of the West), neste como o bandido mudo. Em “A Quadrilha Maldita” (Day of the Outlaw), outro clássico do faroeste, Dano interpretou o idiotizado ‘Uncle Billy’. Esse novaiorquino nascido em 1922, já em final de carreira, é o professor que morre em sala de aula e os alunos não percebem, no filme “Escola da Desordem”. Royal Dano faleceu, de verdade, em 1994.

Cliff Lyons é ‘Willie’, que se afasta do grupo de desocupados antes que se inicie o confronto final – Quando o assunto é stuntman, logo vem à lembrança o nome de Yakima Canutt, porém há um dublê contemporâneo do grande Yakima que também fez história. Ele é Cliff Lyons, nascido em 1901 e que aos 24 anos, ainda no cinema mudo, se iniciou na dura vida de dublar os atores famosos em cenas de perigo. Lyons substituiu, entre outros, William Boyd, Ken Maynard e Bill Elliott. Em “Jesse James” Lyons dublou não só Tyrone Power como também Henry Fonda. Nos anos 50, tamanha era a competência de Cliff Lyons, que ele passou não só a coordenar os trabalhos dos stuntmen, como a dirigir a 2.ª unidade responsável pelas cenas de ação. Foi o que aconteceu em “O Álamo”, épico em que John Wayne deveria ter dividido o crédito de direção com Cliff Lyons, que faleceu em 1974, aos 72 anos. Um dos últimos trabalhos de Lyons foi no violento “Jake, o Grandão” (Big Jake).

Chuck Hayward é um dos homens liderados por Jack Lambert  - Dois stuntmen que atuavam juntos em muitos faroestes chamavam-se ‘Chuck’ e eram Chuck Roberson e Chuck Hayward. Para diferenciá-los, John Wayne os apelidou de ‘Bad Chuck’ (Roberson) e ‘Good Chuck’ (Hayward), isto só porque Chuck Roberson acompanhava o Duke nas bebedeiras e Hayward preferia manter-se sóbrio. Ambos atuaram como dublês e simultaneamente como atores em muitos filmes, como em “Da Terra Nascem os Homens” (The Big Country), em que os dois aparecem bastante e fazem belo trabalho como stuntmen. O mesmo ocorreu em “Rastros de Ódio” (The Searchers) em que os Chucks aparecem como ‘best men’ (padrinhos) no casamento que acaba não se realizando entre Ken Curtis e Vera Miles. Os pai de Chuck Hayward possuíam um rancho no Nebraska, o que explica sua habilidade como cavaleiro. Hayward faleceu em 1998, aos 78 anos de idade.


James stewart (de costas) enfrenta Jack Lambert, Royal Dano,
Harry Morgan e Chuck Hayward.

Cliff Lyons segura James Stewart, que foi surrado,
sob os olhares de Harry Morgan e Royal Dano.

9 de maio de 2016

QUADRILHAS DOS FAROESTES – HENRY FONDA E SEU BANDO ATERRORIZAM FIRECREEK


O western “O Último Tiro” (Firecreek) de 1968, dirigido por Vincent McVeety, narra como cinco pistoleiros infernizam um lugarejo chamado Firecreek e são enfrentados por um único homem, um simplório rancheiro interpretado por James Stewart. O grupo é liderado por Henry Fonda que comanda o quarteto formado por Jack Elam, Gary Lockwood, James Best e Morgan Woodward. O excepcional ator Henry Fonda é bastante conhecido dos fãs de faroestes, assim como Jack Elam. Num plano inferior junto a esse público especial estão James Best e Morgan Woodward, seguidos por Gary Lockwood.


Henry Fonda (1905-1982) – Larkin é o líder dos pistoleiros, homem que considera um trabalho normal alugar suas armas para criadores que lhe paguem mais na guerra entre eles. Henry Fonda participou em inúmeros westerns clássicos, dois deles dirigidos por John Ford, de quem foi por algum tempo o ator preferido depois de comover os espectadores como Tom Joad em “Vinhas da Ira”, também de Ford. Porém Fonda é mais lembrado por sua criação como o bandido Frank de “Era Uma Vez no Oeste” (C’Era Uma Volta Il West). Muitos acreditam que Sergio Leone foi o descobridor do ‘homem mau’ que havia em Fonda, mas antes o grande ator havia interpretado o pistoleiro Clay Blaisedell em “Minha Vontade é Lei” (Warlock), em 1959 e Larkin neste “O Último Tiro” (Firecreek).

* * * * *

Jack Elam (1920-2003) – Norman não comete nenhum ato maior de violência, mas assiste passivamente o jovem Earl agir com sadismo. O mesmo Earl gosta de zombar de Norman, fazendo alusão à sua condição de velho impotente. Um dos mais conhecidos e queridos vilões do cinema, Elam amadureceu e passou a interpretar tipos engraçados e simpáticos com seu olhar enviesado devido a um acidente sofrido na adolescência. São muitos os westerns clássicos dos quais Elam participou, invariavelmente sendo morto na maioria deles. O mesmo ocorre em “Firecreek”, com a diferença que sua morte neste filme é bastante violenta, quando, para se defender, Johnny Cobb (James Stewart) enterra um garfo de feno na barriga de Norman.

* * * * *

Gary Lockwood (1939) – Earl é o mais jovem dos pistoleiros e também o mais inquieto, provocador e raivoso. A estreia cinematográfica do californiano Lockwood ocorreu num pequeno papel no faroeste “Minha Vontade é Lei”. A seguir participou, entre outros e sempre como coadjuvante, de dois filmes estrelados por Elvis Presley e ainda de “Clamor do Sexo”, de Elia Kazan. Chegando aos 30 anos Gary Lockwood parecia condenado a atuar como convidado em séries de TV, até que em 1968 voltou ao faroeste com “Firecreek”. Nesse mesmo ano Gary teve, enfim, a grande e esperada oportunidade como um dos dois astronautas de “2001: Uma Odisséia no Espaço”. Ainda assim sua carreira não deslanchou, mesmo porque era   um filme de Stanley Kubrick’. Gary continua em atividade aos quase 80 anos de idade.

* * * * *

James Best (1926-2015) – Drew é o pistoleiro um tanto abobalhado e que sofre um violento castigo ministrado por Earl. E é Drew quem tenta seviciar uma índia, sendo morto com um tiro nas costas. Em 1950 James Best começou no cinema com participações em “Winchester 73” e em “Cavaleiros da Bandeira Negra” (Kansas Raiders). Apesar de boa pinta, James Best não conseguiu a mesma projeção de Rock Hudson e Tony Curtis, jovens atores que a Universal lançava naqueles filmes. Best atuou, sempre como coadjuvante, em inúmeros westerns até que atingiu enorme sucesso na série de TV “The Dukes of  Hazzard” na qual interpretava o estabanado Sheriff Roscoe P. Coltrane. Concomitantemente com sua carreira James Best ministrava aulas de Arte Dramática.

* * * * *

Morgan Woodward (1925) – Willard é o mais discreto dos pistoleiros, saindo de cena arrastado por seu cavalo com o pé preso ao estribo da sela. Este texano alto (1,91m) estreou no cinema em 1956 no western “A Odisséia do Oeste” (Westward Ho, the Wagons) e não parou mais de fazer pequenas participações no gênero, no cinema e na televisão. Na TV Morgan fez parte do elenco fixo da série “Wyatt Earp”, em que interpretou o delegado Shotgun Gibbs em 81 episódios. Na série “Bonanza” Morgan substituiu algumas vezes Ray Teal como xerife de Virginia City. A mais marcante presença de Woodward no cinema foi como o violento Boss Godfrey, tomando conta dos prisioneiros sem nunca tirar os óculos escuros e sempre pronto a maltratar Paul Newman em “Rebeldia Indomável”.
  


15 de março de 2016

QUADRILHAS DOS FAROESTES - BANDIDOS INVADEM CARSON CITY


Certos filmes gastam fortunas com o elenco de apoio contratando artistas famosos com a certeza de atrair mais público. Mas há outras produções que, por feliz coincidência, formam o elenco repleto de coadjuvantes, muitos dos quais mais tarde se tornam astros. Esse foi o caso de “Cidade do Mal” (City of Bad Men), western da 20th Century-Fox que conta com um time de atores que no cinema ou na TV ganharam fama e fortuna. Esse faroeste que Harmon Jones dirigiu em 1953 reuniu diversos coadjuvantes como membros das quadrilhas de bandidos que chegam a Carson City por ocasião da disputa do título de campeão de boxe na categoria dos pesos-pesados. E a cidade fica povoada de malfeitores cujo único interesse é ficar com o produto da renda da disputa esportiva. Dale Robertson, o próprio herói do filme, é o líder de uma quadrilha composta por Leo Gordon, Lloyd Bridges, John Doucette e os mexicanos Rodolfo Acosta e Pascual García Peña. Uma segunda quadrilha tem como chefe Richard Boone que, entre outros bandidos tem Robert Adler. A terceira quadrilha que invade Carson City é comandada por Don Haggerty que tem como braço direito Alan Dexter. Não bastasse todos esses homens maus e I. Sanford Joley chega também a essa cidade de Nevada. Tantos bandidos conhecidos e alguns deles muito talentosos tornam “Cidade do Mal” uma atração a mais para os cinéfilos.

Richard Boone se tornou um dos mais requisitados atores para interpretar vilões e seu tipo durão fez com que ele protagonizasse de forma única a série de TV clássica “O Paladino do Oeste” (Paladin). Boone atuou ainda na série western “Hec Ransey” e no “The Richard Boone Show”. Difícil dizer qual seu melhor papel no cinema, mas Boone nunca esteve tão cínico e cruel como em "Hombre".
* * * * *
Dale Robertson foi uma aposta da Fox que queria fazer dele o principal galã do estúdio, o que acabou não acontecendo. Robertson passou então a atuar prioritariamente em westerns B, até que a televisão o levou para estrelar por seis anos (200 episódios) a série “Tales of Wells Fargo”, dando a Robertson uma fama que não chegou a conhecer no cinema.
* * * * *
Lloyd Bridges é hoje mais conhecido como pai do consagrado Jeff e do também ator Beau Bridges. No cinema desde os 20 anos, Lloyd teve importante participação em “Matar ou Morrer” (High Noon), mas foi também na televisão com a série “Aventura Submarina”, interpretando o mergulhador Mike Nelson, que Lloyd se projetou definitivamente.


* * * * *
O violento na vida real Leo Gordon chegou a cumprir pena na prisão de San Quentin. Posto em liberdade passou a atuar em filmes, sempre dando muito trabalho aos mocinhos como por exemplo John Wayne em “Caminhos Ásperos” (Hondo). Leo Gordon foi ainda um bem sucedido escritor e 28 de suas histórias viraram filmes de cinema ou televisão.
* * * * *
Rodolfo Acosta e Alfonso Bedoya foram os dois mais conhecidos bandoleros mexicanos de Hollywood. E Acosta, antes de ser tornar hombre malo era galã no cinema do México, beijando as mais lindas atrizes. Bedoya faleceu aos 53 anos de idade e Acosta aos 54 anos e depois deles nunca mais Hollywood importou de além do Rio Grande vilões tão característicos.
* * * * *
A fisionomia de John Doucette lembrava um pouco a de Ernest Borgnine. Por isso mesmo seria difícil Doucette se tornar galã no cinema, tendo de se contentar em interpretar tipos característicos. Com a mesma facilidade que era homem mau, este excelente ator podia ser respeitado cidadão. Abandonando o cinema, Doucette passou a lecionar Arte Dramática em sua própria escola, a ‘Stagecoach Acting Scool’.


* * * * *

I. Stanford Joley e Pascual García Peña
Entre os demais bandidos de “Cidade do Mal”, cujo título original é muito apropriadamente “City of Bad Men”, estão alguns atores menos conhecidos, mas cujo rosto é bastante familiar aos espectadores. Este é, mais especificamente, o caso de I. Stanford Joley, ator que apareceu em 368 filmes, segundo o IMDb, entre cinema e televisão. Isaac Stanford Joley é lembrado por ter participado dos mais importantes seriados da Republic Pictures, assim como mais de uma centena de westerns B, invariavelmente como homem mau. O engraçado Pascual García Peña já havia atuado em dúzias de filmes no México quando tentou a sorte em Hollywood, não conseguindo, no entanto, fazer carreira na terra do cinema. Retornou então ao México retomando carreira em seu país.

27 de agosto de 2015

QUADRILHAS DOS FAROESTES – OS PERVERSOS BANDIDOS DE “O HOMEM DO OESTE”


Anthony Mann gostava de roteiros com homens de caráter ambíguo pois para ele nenhum ser humano era perfeito. Em “O Homem do Oeste” (Man of the West) todos os personagens principais tem muitos pecados para contar, são os menos maus. E há o bando liderado por um velho degenerado, quadrilha cruel como poucas vezes se viu num western. Com “O Homem do Oeste” Anthony Mann levou ao extremo a selvageria e o redimido Gary Cooper é quem enfrenta essas feras humanas interpretadas por Lee J. Cobb, Jack Lord, John Dehner, Robert J. Wilke, Royal Dano e Jack Williams.

Lee J. Cobb (1911-1976) – Dick Tobin lidera seu bando não só por ser o mentor intelectual dos assaltos mas também por ser o mais sórdido. – Aos 28 anos, em 1939, Lee J. Cobb interpretou o pai de William Holden, de quem era apenas sete anos mais velho. Lee J. Cobb tinha uma enorme facilidade para se caracterizar como tipos mais velhos, sempre convincentemente. Foi também o pai de Yul Brynner em “Os Irmãos Karamazov”, que lhe valeu uma segunda indicação para o Oscar; a outra foi por “Sindicato de Ladrões”, em que sua luta a socos no cais contra Marlon Brando é antológica. No anos 50 Lee J. Cobb atuou em uma incrível sequência de grandes filmes, entre eles “Doze Homens e Uma Sentença”, em que é o mais odiado dos jurados. Nos anos 60 Lee J. Cobb interpretou o Juiz Henry Garth em 120 episódios da série “O Homem de Virgínia”, série que deixou devido a seu falecimento.

Jack Lord (1920-1998) – Coaley é sobrinho de Dick Tobin e herdou do tio a maldade à qual somou grande dose de inveja do primo Link Jones (Gary Cooper). Determinado a matar Link, Coaley é vencido numa luta e humilhado pelo primo. – Jack Lord foi companheiro de Marlon Brando e Paul Newman no ‘Actors Studio’ e iniciou sua carreira no cinema aos 30 anos. Sua participação em “O Homem do Oeste” havia sido a melhor oportunidade que tivera até então, tomando o Burt Lancaster de “Vera Cruz” como modelo para o personagem Coaley. Mesmo suas duas boas participações em “O Pequeno Rincão de Deus” e em “O Mensageiro da Morte” não fizeram de Jack Lord um astro e ele passou a se dedicar mais a participações em séries de TV que ao cinema. Em 1968 Lord foi escalado para interpretar o Detetive Steve Garrett da série “Haway 5-0” e o simpático ator se tornou, de imediato, uma celebridade. A série teve 12 temporadas, fazendo de Jack Lord um homem rico a ponto de abandonar a carreira ao final da série. O que ele passou a fazer então? Dedicou-se integralmente à pintura, sua verdadeira paixão. O pintor Jack Lord teve telas adquiridas por importantes museus do mundo inteiro.

John Dehner (1915-1992) – Claude é também sobrinho de Dick Tobin mas não participa do assalto ao trem, chegando ao esconderijo do bando posteriormente e logo mostrando-se desafeto do primo Link Jones (Gary Cooper), de quem desconfia da fidelidade. – Poucos atores de Hollywood possuíam tantos talentos quanto John Dehner que era dono de voz especial, tendo sido narrador e disk-jóquei de inúmeros programas de rádio, veículo em que também foi ator. Dehner foi também pianista profissional e como ator de cinema teve uma carreira que abrangeu quase 50 anos, na maioria das vezes interpretando homens maus. Isto apesar da boa aparência e elegância que possuía. Em quase 300 trabalhos como ator de cinema e TV, John Dehner disse que só foi beijado uma vez, num episódio da série “Bonanza”. Ele disse ‘beijado’ pois não pode corresponder ao beijo. Um dos primeiros filmes que John Dehner participou foi “Tarzan e o Terror do Deserto” (1943), estrelado por Johnny Weissmuller. Em “Nas Trilhas da Aventura” (The Hallelujah Trail), de 1965, com Burt Lancaster, John Dehner é o narrador.

Robert J. Wilke (1914-1989) – Ponch é o bandido mais menosprezado da quadrilha por ter dificuldade de raciocinar, apenas fazendo o que lhe mandam. – Filho de alemães, Robert J. Wilke (às vezes apenas Bob Wilke) foi um dos grandes vilões do cinema, especialmente do gênero western. Quando os EUA entraram na II Guerra Mundial, o jovem Robert se alistou para combater mas não foi aceito em razão de sua suspeita origem germânica. Wilke pode ser visto em seriados da Republic Pictures desde o final dos anos 30 e durante toda a década de 40. Faroestes B Robert J. Wilke fez às dúzias, quase sempre como um dos vilões presos ou mortos por Bill Elliott, Gene Autry, Roy Rogers, Allan Rocky Lane e outros. A grande oportunidade de Bob Wilke se tornar mais conhecido veio com “Matar ou Morrer” (High Noon), após o que obteve papéis melhores, um deles em “20 Mil Léguas Submarinas”, em que dá muito trabalho a Kirk Douglas. Wilke teve ainda excelente desempenho no melodrama “Palavras ao Vento” e foi marcante sua participação em “Sete Homens e Um Destino” (The Magnificent Seven), no duelo faca vs. revólver contra James Coburn. Passando a atuar predominantemente na TV, Robert J. Wilker deu adeus ao cinema de forma brilhante em “Cinzas do Paraíso” (1978).

Royal Dano (1922-1994) – Trout, o membro da quadrilha que é mudo, parece querer falar através de seu revólver, não pensando duas vezes para apertar o gatilho. – Uma das primeiras participações de Royal Dano em filmes foi em “A Glória de um Covarde” (The Red Badge of Courage), impressionando fortemente com sua atuação. Diretores e roteiristas perceberam que Dano era talhado para interpretar tipos neuróticos ou atormentados e foi assim que apareceu em muitos e muitos filmes. E nunca faltaram westerns em sua filmografia, como “Johnny Guitar”, “E o Sangue Semeou a Terra” ( Bend of the River) e “Região do Ódio” (The Fair Country), entre os principais. Nos anos 70 participou de “Josey Wales, o Fora-da-Lei” (Outlaw Josey Wales). Já no final de sua prolixa carreira com quase 200 participações no cinema e na TV, Royal Dano atuou em “Escola da Desordem” (1984) interpretando um professor que morre durante uma aula... e ninguém percebe. Royal Dano é o pai do ator Rick Dano.

Jack Williams (1921-2007) – Alcutt é o bandido que está no trem como passageiro e que sinaliza aos demais bandidos a ordem para o frustrado assalto em que é baleado pelo assistente de xerife (Chuck Roberson). Ferido, Alcutt tem abreviada sua agonia sendo executado friamente por Coaley (Jack Lord). – Mais que ator, Jack William era um dos mais requisitados dublês de Hollywood, tendo substituído em sequências perigosas atores famosos como John Wayne, Gary Cooper, Paul Newman, Lee Marvin, Kirk Douglas, Charlton Heston, Gregory Peck, Clint Eastwood e até mesmo Steve McQueen que não gostava de ser substituído pelos stuntmen. Os dublês arriscavam a vida mas ganhavam salário insignificante perto dos atores e isso os levava a fazer pequenas participações nos filmes, forma de aumentar o rendimento. A curta participação de Jack Williams em “O Homem do Oeste” é um exemplo disso. Entre os principais filmes em que Williams foi dublê e ator estão “Spartacus”, “O Álamo” (The Álamo), “O Homem que Matou o Facínora” (The Man Who Shot Liberty Valance) e “Meu Ódio Será Sua Herança” (The Wild Bunch).


26 de março de 2015

QUADRILHAS DE FAROESTES – O BANDO DE EL ÍNDIO (POR UNS DÓLARES A MAIS)


Sergio Leone
Para seu segundo western – “Por uns Dólares a Mais” (Per Qualche Dollari di Piú) – o diretor Sergio Leone juntou a Clint Eastwood (Manco) o reforço de Lee Van Cleef (Coronel Douglas Mortimer), isto para enfrentar um dos maiores bandos até então reunido num western. No comando do pequeno exército de malfeitores composto por 14 homens, ampliado para 15 no decorrer do filme, estava Gian Maria Volonté (El Índio). Só mesmo um bandido com a personalidade de Volonté para ser obedecido por tipos sádicos como Klaus Kinski, Aldo Sambrell, Benito Stefanelli, Luigi Pistilli, Mario Brega, Frank Braña, Werner Abrolat, Antonio Molino Rojo, Enrique Santiago, Luiz Rodriguez, José Canalejas, Eduardo Garcia, Nazzareno Natale e Pano Papadopulos. Desse grupo de atores, Gian Maria Volonté confirmou-se como um dos grandes atores italianos de seu tempo e Klaus Kinski também se tornou astro de primeira grandeza. Os demais passaram a ser presença constante em outros westerns spaghetti e por essas razões merecem ser lembrados nesta série ‘Quadrilhas dos Faroestes’ que apresenta sete foras-da-lei do bando de El Índio.

Gian Maria Volonté (1933-1994) – El Índio é caçado por dois bounty hunters não só pela recompensa estabelecida (vivo ou morto), mas e principalmente no caso do Coronel Mortimer, para consumar uma vingança. O milanês Gian Maria Volonté estudou Arte Dramática na Academia Romana de Arte Dramática e antes do cinema atuou no teatro e na televisão. Estreou no cinema em “Sob Dez Bandeiras”, drama de guerra produzido na Itália por Dino de Laurentiis. Seu primeiro filme notável foi “A Moça com a Valise”, de Valério Zurlini, com Cláudia Cardinalle. Passou a ator principal em “O Terrorista”, filme político de 1963. No ano seguinte foi chamado por Sergio Leone para interpretar Ramón Rojo em “Por um Punhado de Dólares” (Per um Pugno di Dollari). Nesse tempo Volonté era já um dos mais requisitados atores italianos atuando em westerns como “Gringo” (Quién Sabe?) e comédias como “O Incrível Exército Brancaleone”. Alguns dos principais filmes políticos rodados na Itália nos anos 70 tiveram Volonté como ator principal, entre eles “Sacco e Vanzetti”, “A Classe Operária Vai para o Paraíso”, “O Caso Mattei”, “Giordano Bruno” e “Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita” (1970). Por seu trabalho neste último filme Volonté recebeu o prêmio máximo de cinema da Itália, o David de Donatello, o qual receberia ainda outra vez em 1990. Entre as dezenas de prêmio que recebeu por suas brilhantes interpretações, Volonté levou para casa por duas vezes a Palma de Ouro do Festival de Cannes como Melhor ator. Com exceção de Marcello Mastroianni e Vittorio Gassman, nenhum outro ator conseguiu se rivalizar em talento e reputação a Gian Maria Volonté.

Klaus Kinski (1926-1991) – Wild é um corcunda e dos mais aterrorizantes bandidos do bando de El Índio, entrando em conflito logo no primeiro encontro com o Coronel Douglas Mortimer. Uma frase de Klaus Kinski expressa o que ele sentia pelo cinema:  “Ser ator é uma profissão bem melhor que lavar latrinas”. Kinski escreveu um livro com a maior carga de ataques e denúncias ao mundo do cinema e, claro, o livro foi impedido pela justiça de ser lançado, tantas foram as ações contra o autor. Após a II Guerra Mundial, quando lutou por seu país, Klaus Kinski iniciou sua carreira como ator, primeiro no teatro e em seguida no cinema, no qual estreou em 1948. Seu rosto diabolicamente expressivo não podia deixar de impressionar diretores e produtores, inicialmente no cinema alemão e posteriormente no cinema internacional, inclusive o norte-americano. Fácil reconhecer sua expressão marcante em “O Falso Traidor”, suspense de 1962 com William Holden. Depois de “Winnetou” (1964), veio “Por uns Dólares a Mais” e em seguida “Dr. Jivago” e estava decretado o reconhecimento de Kinski como ator inconfundível. Mesmo com seu temperamento intratável, nunca faltou trabalho para esse ator alemão que com o dinheiro recebido em inúmeros westerns spaghetti adquiriu um castelo na Itália, palco de festas por ele promovidas dignas de Sodoma e Gomorra. Klaus Kinski ganhou novos admiradores com “O Vingador Silencioso” (Il Grande Silenzio) e atingiu o auge de sua carreira como ator ao se encontrar com o diretor Werner Herzog, tão temperamental e desatinado quanto ele próprio. O encontro de Kinski e Herzog se deu com “Aguirre, a Cólera dos Deuses”, seguindo-se “Nosferatu, o Vâmpiro da Noite”, “Woyzeck”, “Fitzcarraldo”, filmado no Brasil, assim como “Cobra Verde” (1987). Neste último filme Kinski e Herzog brigaram o tempo todo das filmagens ameaçando-se reciprocamente de morte. Nesse tempo sua filha Nastassja Kinski, lindíssima atriz, passou a ser tão famosa quanto o pai. Cada vez menos confiável para os produtores e diretores, a carreira de Klaus Kinski entrou em declínio e o ator veio a falecer em 1991. Em 2013 sua filha Pola Kinski denunciou em sua autobiografia que Klaus Kinski abusara sexualmente dela dos cinco aos 19 anos.

Aldo Sambrell (1931-2010) – Cucillo (Aldo Sambrell) é um dos homens menos violentos do bando de El Índio, mas sua morte é violenta pois é vítima de traição. Aldo Sambrell nasceu em Madrid e a família Sambrell se mudou para o México devido à Guerra Civil Espanhola. E foi no México que Sambrell iniciou sua carreira como... jogador de futebol. Do futebol Aldo passou para a música, como cantor, ocupação que o levou de volta à Espanha onde foi contratado para uma ponta em “O Rei dos Reis”. Finalmente Aldo Sambrell encontrou a profissão que exerceria pelos próximos 50 anos. O primeiro euro-western que contou com a presença de Sambrell foi “Por um Punhado de Prata” (Três Hombres Bueños), filmado na Espanha. Sambrell participou do primeiro western de Sergio Leone e o regista o convocaria para todos os demais faroestes que realizaria a seguir. São dezenas os westerns spaghetti nos quais o simpático ator é expressivo coadjuvante.

Benito Stefanelli (1928-1999) – Chamado pelo nome Hughie (Benito Stefanelli), esse membro do bando é de confiança de El Índio que o incumbe de algumas ações. Conta-se que Sergio Leone não falava nada em Inglês, assim como quase toda a italianada no set de filmagem de “Por um Punhado de Dólares”. Quem possibilitou a comunicação entre Leone e Clint Eastwood foi um stuntman chamado Benito Stefanelli, que dominava razoavelmente o Inglês. As carreiras de Benito como ator e dublê e a de Leone como assistente de diretor e escritor seguiam paralelas e eles só foram se encontrar quando do primeiro western do diretor. Benito Stefanneli era, além de dublê perfeito, exímio conhecedor de armas de fogo e atuava como consultor nos filmes quanto à utilização de revólveres e rifles nos filmes em que participava. Tamanha era a confiança de Leone em Benito Stefanneli que a ele foi delegada a função de coordenador dos dublês em “Era Uma Vez na América”, filme de 1984 rodado nos Estados Unidos. Como ator Stefanelli participou de aproximadamente 30 westerns spaghetti.

Luigi Pistilli (1929-1966) – O único homem do bando que chega perto da inteligência de El Índio é Groggy (Luigi Pistilli), que ao final por pouco não ludibria o chefe. Ator italiano com formação teatral, Luigi Pistilli estreou no cinema em 1961 e foi em seu segundo trabalho no cinema em “Por Uns Dólares a Mais” que passou a ser notado. Pistilli foi dirigido novamente por Sergio Leone em “Três Homens em Conflito” (Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo), interpretando um padre. No mesmo ano (1968) em que atuou em “A Morte Anda a Cavalo” Luigi Pistilli criou o bandido Pollicut no clássico “O Vingador Silencioso” (Il Grande Silenzio). Luigi Pistilli participou indistintamente de dramas e filmes policiais mesmo no auge da produção dos westerns spaghetti e entre os filmes mais importantes em que atuou com destaque está “Cadáveres Ilustres”, de Francesco Rosi. Luigi Pistilli cometeu suicídio devido à depressão resultante de uma separação amorosa.

Mario Brega (1923-1994) – Quem cuida com desvelo de El Índio, cobrindo-o quando este está sob efeito de drogas é o brutamontes Niño (Mario Brega). Mario Brega foi um dos grandes, na mais completa acepção do termo, atores característicos do cinema italiano, sendo bastante utilizado nos westerns spaghetti ainda que tenha se destacado em comédias e dramas. Do início de carreira de Mario Brega, o grande destaque é “Marcha Sobre Roma”, filme de Dino Risi, em que Brega tem um dos principais papéis ao lado de Vittorio Gassman e Ugo Tognazzi. Presente em todos os filmes da Trilogia dos Dólares de Sergio Leone, o diretor não esqueceu de Brega em “Era Uma Vez na América”. Entre os principais westerns spaghetti em que Brega atuou estão “Bounty Killer, o Pistoleiro Mercenário” (El Precio de un Hombre), “O Seu Nome Clamava Vingança” (Il Suo Nome Gridava Vendetta) e especialmente “O Vingador Silencioso” (Il Grande Silenzio). Segundo Giulio Petroni, pessoalmente Mario Brega era o autêntico romano: falastrão, abrutalhado, provocador e antipaticamente autossuficiente.

Frank Braña (1934-2012) – Blackie (Frank Braña) é um dos três bandidos escalados por El Índio para acompanhar Manco até Santa Cruz. E esta acabará sendo a última missão de Blackie que se defrontará com o caçador de recompensas da cigarrilha na boca. A primeira profissão do espanhol Francisco Braña Perez foi a de minerador, trabalho árduo que o rapaz trocou pela profissão de ator. O produtor Samuel Bronston decidiu rodar a superprodução “O Rei dos Reis” na Espanha, contratando centenas de espanhóis que levavam jeito para ator. Assim como seu conterrâneo Aldo Sambrell, Braña também fez parte do elenco desse épico, participando depois dos euro-westerns produzidos pelos espanhóis no início dos anos 60. Quando a Itália descobriu o filão dos faroestes, deu ocupação a atores que já tinham ‘experiência’ nesse gênero de filmes. Francisco Braña era um deles e, na onda dos nomes adaptados, mudou o seu para Frank Braña. Bem apessoado, Braña não teve dificuldades para continuar no cinema ao término do ciclo dos westerns spaghetti, fixando-se na Espanha e atuando até 2008, ano de seu último trabalho como ator.


23 de fevereiro de 2015

QUADRILHAS DOS FAROESTES - "A MORTE ANDA A CAVALO" (DEATH RIDES A HORSE)


Lee Van Cleef faz parte de uma cruel quadrilha em “A Morte Anda a Cavalo” (Death Rides a Horse/Da Uomo a Uomo). Tão sádicos são os componentes do bando que o próprio Lee se volta contra ele durante este western. Quem comanda a quadrilha é Luigi Pistilli, que lidera os facínoras Anthony Dawson, José Torres e Angelo Susani. Não bastasse esse quarteto, Lee tem que enfrentar também Mario Brega e Bruno Corazzari, capangas de Pistilli. Lee Van Cleef dispensa apresentação, mas o resto da quadrilha é bem menos conhecido e vale à pena falar um pouco sobre eles.

Luigi Pistilli (1929-1966) – Após separar-se da quadrilha, Walcott se torna o homem mais importante de Lyndon City. Sua ganância é ilimitada e sabe que a política é um meio fácil para enriquecer ilicitamente. Ator italiano com formação teatral, Luigi Pistilli estreou no cinema em 1961, mas foi em seu segundo trabalho no cinema, como um dos bandidos em “Por Uns Dólares a Mais” (Per Qualche Dollaro in Più) que passou a ser notado. Pistilli foi dirigido novamente por Sergio Leone em “Três Homens em Conflito” (Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo), interpretando um padre. No mesmo ano (1968) em que atuou em “A Morte Anda a Cavalo” Luigi Pistilli criou o bandido Pollicut no clássico “O Vingador Silencioso” (Il Grande Silenzio). Luigi Pistilli participou indistintamente de dramas e filmes policiais mesmo no auge da produção dos westerns spaghetti e entre os filmes mais importantes em que atuou com destaque está “Cadáveres Ilustres”, de Francesco Rosi. Luigi Pistilli cometeu suicídio devido à depressão resultante de uma separação amorosa.

Anthony Dawson (1916-1992) – Os quatro ases tatuados em seu peito não impediram o bandido Burt Cavanaugh de se tornar ‘respeitável’ dono de saloon em Holly Spring. Ameaçado por Ryan (Lee Van Cleef), Cavanaugh tenta subornar o ex-companheiro, que exige ‘indenização’ de 15 mil dólares pelos 15 anos que passou na cadeia. Este escocês de 1,88m de altura é lembrado pelos cinéfilos por algumas participações marcantes em filmes famosos: foi chantageado por Ray Milland em “Disque ‘M’ para Matar”, de Alfred Hitchcock; perseguiu Doris Day em “A Teia de Renda Negra”; foi morto por James Bond em “O Satânico Dr. No” depois de ter esvaziado sua arma no Agente Secreto 007 que friamente lhe diz: “Essa pistola é uma Smith Wesson e você já deu seis tiros com ela...”. Nos anos 60 Dawson com seu rosto alongado e olhar ameaçador passou a ser visto em euro-westerns como “A Morte Anda a Cavalo”; “A Pistola é Minha Bíblia” (...E per Tetto um Cielo di Stelle), com Giuliano Gemma; e “Sol Vermelho” (Soleil Rouge), com Charles Bronson.

José Torres – Com a cicatriz cortando-lhe o rosto verticalmente, Pedro jamais seria esquecido pelo menino Bill (John Phillip Law), disposto a executar vingança. Quem interpreta Pedro é o ator venezuelano José Torres que se iniciou como ator infantil em 1941 em seu país. Nos anos 50 passou a atuar no cinema francês onde fez vários filmes sempre como coadjuvante. Na década seguinte radicou-se na Itália, onde nunca lhe faltou trabalho com a explosão da produção de westerns spaghetti. Dos quase 30 faroestes em que Torres atuou, normalmente como bandolero, os principais foram “O Dia da Desforra” (La Resa dei Conti), “Vou, Mato e Volto” (Vado... L’Amazzo e Torno), “Viva Django!” (Preparati la Bara), “Quando os Brutos se Defrontam” (Faccia a Faccia). O versátil José Torres era capaz de interpretar não só bandidos, mas também personagens simpáticos, como Ramirez em “Corre Homem, Corre” (Corri Uomo, Corri) e El Piojo em “Tepepa”. Retornando à Venezuela, José Torres continuou a atuar e é considerado uma lenda em seu país.

Angelo SusaniPedro é irmão de Paco, este o bandido que usa um brinco em forma de argola. Paco é morto por Bill em El Viento, o que leva o irmão Pedro ao desespero e à sumária vingança, apenas não consumada pela estratégia de Walcott. Angelo Susani estreou como ator em 1966 em “O Dia da Desforra” (La Resa dei Conti), num pequeno papel como um bartender mexicano. Seguiram-se participações de Susani em uma dúzia de westerns spaghetti, entre eles “Django, o Bastardo” (Django, il Bastardo), “Uma Longa Fila de Cruzes” (Una Lunga Fila di Croci), “Peça Perdão a Deus, Nunca a Mim” (Chiedi Perdono a Dio... Non a Me), “Apocalipse Joe” (Un Uomo Chiamato Apocalisse Joe), “Exercito de Cinco Homens” (Um Esercito di 5 Uomini), “Trinity Ainda é Meu Nome” (Continuavano a Chiamarlo Trinità) e “O Último Grande Duelo” (Il Grande Duello). A impressão que fica ao se conhecer a filmografia de Angelo Susani é que seu tipo marcante não foi devidamente aproveitado no cinema, mesmo após seu bom trabalho em “A Morte Anda a Cavalo”.

Mario Brega (1923-1994) – O enorme e bem vestido homem de confiança de Walcott sucumbe aos tiros de Ryan. Mario Brega foi um dos grandes, na mais completa acepção do termo, atores característicos do cinema italiano, sendo bastante utilizado nos westerns spaghetti ainda que tenha se destacado em comédias e dramas. Do início de carreira de Mario Brega, o grande destaque é “Marcha Sobre Roma”, filme de Dino Risi, em que Brega tem um dos principais papéis ao lado de Vittorio Gassman e Ugo Tognazzi. Presente em todos os filmes da Trilogia dos Dólares de Sergio Leone, o diretor não esqueceu de Brega em “Era Uma Vez na América”. Entre os principais westerns spaghetti em que Brega atuou estão “Bounty Killer, o Pistoleiro Mercenário” (El Precio de un Hombre), “O Seu Nome Clamava Vingança” (Il Suo Nome Gridava Vendetta) e especialmente “O Vingador Silencioso” (Il Grande Silenzio). Segundo Giulio Petroni, pessoalmente Mario Brega era o autêntico romano: falastrão, abrutalhado, provocador e antipaticamente autossuficiente.


Bruno Corazzari – O cínico bartender do saloon de Holly Spring ruma para Lyndon City e morre em El Viento. Esse foi o filme de estreia de Bruno Corazzzari, um dos rostos mais conhecidos dos westerns spaghetti. Sua marcante presença, invariavelmente como vilão foi vista, entre outros, em “O Vingador Silencioso” (Il Grande Silenzio), “Os Quatro da Ave Maria” (I Quattro dell’Ave Maria), “Sabata Adeus” (Indio Black, Sai che te Dico: Sei um Grande Figlio di...), “Vivo pela Tua Morte” (Vivo per la Tua Morte). Corazzari participou da produção norte-americana rodada na Itália “Sledge, o Homem Marcado” (A Man Called Sledge), western estrelado por James Garner. E no grande elenco de “Era Uma Vez no Oeste” (C’Era Uma Volta Il West), Corazzari era um dos homens de Cheyenne (Jason Robards). Passada a fase dos westerns spaghetti, Bruno Corazzari continuou em atividade em comédias e filmes policiais, como em “O Gato Negro”, baseado em história de Edgar Allan Poe. Corazzari atuou bastante também em produções para a televisão.

Anthony Dawson dando-se mal com James Bond em "O Satânico Dr. No".

4 de dezembro de 2014

QUADRILHAS DOS FAROESTES – OLD MAN CLANTON E FILHOS EM “PAIXÃO DOS FORTES”


O mais famoso duelo da história do Velho Oeste norte-americano foi aquele travado no Curral OK às três horas da tarde do dia 26 de outubro de 1881. De um lado, com distintivos de representantes da lei, estavam três irmãos Earp e Doc Holliday que enfrentaram o cowboy Billy Clairbone, os irmãos Ike e Billy Clanton e os também irmãos Tom e Frank McLaury. Dentre os diversos filmes que focalizaram esse embate, o mais celebrado é “Paixão dos Fortes”, dirigido por John Ford. Mais celebrado, mas não o mais fiel aos fatos ocorridos naquela tarde em Tombstone, ainda que John Ford tenha afirmado que filmou exatamente aquilo que o próprio Wyatt Earp já no fim da vida aos 81 anos, em 1929, lhe havia contado. Uma das principais diferenças entre o filme e o fato foi a formação do bando que enfrentou a lei, grupo familiar formado pelos Clantons. Newman Haynes Clanton, chamado como Old Man Clanton é o pai de Ike (Joseph), Billy (William), Phin (Phineas) e Sam. Entre os sete filhos de Newman Clanton (duas mulheres) não havia nenhum com o nome ‘Sam’, criado para “Paixão dos Fortes”. Como neste western de John Ford os Clantons roubavam gado, formando uma quadrilha interpretada pelos seguintes atores:

WALTER BRENNANOld Man Clanton é o pai irascível e violento com os filhos que recebem chicotadas por qualquer erro que cometam. Walter Brennan é o mais premiado coadjuvante do cinema, tendo recebido três prêmios Oscar nos anos 1936, 1938 e 1940 respectivamente por “Meu Filho é Meu Rival”, “Romance do Sul” e “O Galante Aventureiro” (The Westerner). Neste último Brennan fez uma até hoje insuperável criação do Juiz Roy Bean. E por pouco o ator não leva para casa um quarto Oscar por sua participação em “Sargento York”, pelo qual foi também indicado ao prêmio. Walter Brennan ainda não havia sido dirigido por John Ford e após a experiência em “Paixão dos Fortes” declarou que jamais voltaria a trabalhar com Ford, o que realmente aconteceu. Se Brennan não se deu bem com Ford, o mesmo não aconteceu entre ele e Howard Hawks, com quem trabalhou em diversos filmes. Para os fãs de westerns o mais importante desses filmes foi “Onde Começa o Inferno” (Rio Bravo), em que Brennan interpretou de forma inesquecível o desdentado e aleijado Stumpy. Brennan protagonizou duas séries de TV: “The Real McCoys” (Vovô McCoy) e “The Guns of Will Sonnett” (Will Sonnett). Walter Brennan faleceu em 1974, aos 80 anos de idade.

GRANT WHITERSIke Clanton, o filho mais velho e no qual o pai mais confia. Alto (1,91m) e forte, este ator teve oportunidade de se tornar um grande astro, tendo inclusive se casado com uma das maiores estrelas dos anos 30 e 40, Loretta Young. O casamento durou apenas um ano e acabou sendo anulado pois Loretta tinha apenas 17 anos e não obteve a concordância de seus pais para o matrimônio. Entre as quatro esposas de Grant Whiters, a última delas foi a também atriz Estelita Rodriguez que atuou em diversos filmes de Roy Rogers e ainda em “Onde Começa o Inferno” (Rio Bravo). A carreira de Grant Whiters, iniciada no cinema mudo, foi muito prejudicada pelo vício do alcoolismo do ator. Mesmo assim Whiters atuou em aproximadamente 200 filmes, muitos deles como vilão em pequenos westerns. Ele é lembrado pelos cinéfilos mais antigos pelos heróis que viveu nos seriados “Guerreiros da Marinha” (1935), “Jim das Selvas” (1936) e “Radio Patrol” (1937). Grant Whiters voltou a trabalhar com John Ford em “Rio Bravo” (Rio Grande) e em “O Sol Brilha na Imensidão”. Grant cometeu suicídio em 1959, quando estava com 55 anos de idade.

JOHN IRELAND – O mulherengo Billy Clanton passa uma noite com Chihuahua (Linda Darnell) e esse encontro resulta que Wyatt Earp descobre o assassino de seu irmão James. John Ireland iniciou a carreira de ator na Broadway, em Nova York. Em 1945 estreou no cinema no filme de guerra “Um Passeio ao Sol”. Em 1946 fez seu primeiro western que foi exatamente “Paixão dos Fortes”. Em 1948 John Ireland se defrontou com John Wayne no clássico “Rio Vermelho”, de Howard Hawks, filme em que conheceu Joanne Dru, com quem se casou. Ireland foi Bob Ford, o assassino de Jesse James em “Eu Matei Jesse James”, de Samuel Fuller. Em 1950 atuou em “A Grande Ilusão”, interpretação que lhe valeu uma indicação para o Oscar. Na década de 50 John Ireland era presença constante em faroestes, sendo os mais importantes “A Volta de Jesse James” em protagoniza Jesse James; “O Último Caudilho” onde foi William Quantrill; “A Lei dos Brutos”, de Roger Corman. Ireland voltou ao tema ‘OK Corral’ em 1957 em “Sem Lei e Sem Alma”, interpretando Johnny Ringo. Ireland fechou a década como o gladiador Crixus em “Spartacus”. Atuou também no épico “A Queda do Império Romano”. Já com a carreira em declínio Ireland apareceu em diversos spaghetti-westerns. Em 1975 esteve ao lado de Robert Mitchum em “O Último dos Valentões”, remake do clássico “Farewell, my Lovely”. Quando John Ireland faleceu, em 1992, aos 78 anos, continuava em plena atividade participando de séries na TV.

FRED LIBBY – Phin Clanton dá a impresão de ser o mais sádico dos filhos do Old Man Clanton, mas não tem oportunidade no filme de exercitar totalmente seu lado cruel. Ator pouco conhecido, Fred Libby teve várias oportunidades para que sua carreira deslanchasse, mas infelizmente nunca conseguiu se sobressair como ator. Nascido em Hopedale, Massachusets, Fred Libby estreou no cinema dirigido por John Ford em “Paixão dos Fortes”. Seu próximo filme foi “Caravana de Bravos” (Wagon Master), o magnífico e pouco conhecido western de Ford sem atores do primeiro time de Hollywood (os astros mais conhecidos eram os coadjuvantes Ben Johnson, Ward Bond e Harry Carey Jr.). Fred Libby atuou em muitos outros filmes de John Ford como “O Céu Mandou Alguém”, “Legião Invencível”, “O Preço da Glória” e “Audazes e Malditos”. Atuou com John Wayne em “No Rastro do Bruxa Vermelha” e “O Lutador de Kentucky”. Com mais de 1,90 de altura, Fred Libby era sempre chamado para fazer figurações como guerreiro, guarda ou detetive, raramente conseguindo ter seu nome nos créditos. Sua última participação no cinema foi como um repórter em “O Homem de Alcatraz”, estrelado por Burt Lancaster, também sem receber crédito. Libby faleceu em 1987, aos 82 anos.

MICKEY SIMPSON – Quase sempre atrás dos outros irmãos, o grandalhão Sam, teve pouca oportunidade de aparecer e mostrar sua força em “Paixão dos Fortes”. Charles Henry Simpson nasceu em Rochester, no Estado de Nova York, filho de pais irlandeses e com o nome de Charles Henry Simpson. Aos 20 anos media 1,98 e muito forte lutou boxe antes de ser motorista de Claudette Colbert. Daí até atuar em filmes foi um pequeno passo. Com o nome de Mickey Simpson fez uma ponta em “No Tempo das Diligências” (Stagecoach), atuou em “Sangue de Heróis” (Fort Apache) em “Legião Invencível” (She Wore a Yellow Ribbon) e em “Caravana de Bravos” (Wagon Master), todos dirigidos pelo Mestre John Ford. Mickey Simpson travou uma violenta e memorável luta com Rock Hudson na famosa cena de racismo em uma lanchonete no final de “Assim Caminha a Humanidade” quando Hudson e Liz Taylor estão com os cabelos grisalhos. Simpson participou dos westerns “Sem Lei e Sem Alma” (Gunfight at the OK Corral), “Minha Vontade é Lei” (Warlock) e “Rio Conchos”. Mickey Simpson tinha uma certa semelhança com Johnny Weissmuller e atuou em “Tarzan e a Caçadora” estrelado por Weissmuller. O grandalhão Mickey Simpson faleceu aos 71 anos de idade em 1985.

Os Clantons de "My Darling Clementine": Walter Brennan, Grant Whiters,
Mickey Simpson, Fred Libby e John Ireland.