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2 de agosto de 2013

TOP-TEN DE PAULO EDUARDO AMARAL LOPES, CINÉFILO MINEIRO DE PATROCÍNIO


Entre tantos blogs mantidos na Web por apaixonados pelo cinema há um muito especial devido à sua inusitada proposta. Falo do blog EURO-WESTERN NO BRASIL, editado por Paulo Eduardo Amaral Lopes diretamente de Patrocínio (MG). Essa cidade com população de 82.471 habitantes (Censo de 2010) pertence à mesorregião do Triângulo Mineiro, distando 150 km de Uberlândia e 105 km de Araxá. O que faz o blog do amigo Paulo ser diferente dos demais é sua finalidade principal que é preservar os títulos originais dos filmes. Como se sabe os títulos mudam ao sabor da vontade e, por vezes, da inteligência dos responsáveis pelo lançamento oficial ou mesmo pirata de filmes. Como lembra o Paulo, as maiores vítimas são os bang-bang italianos ou euro-westerns em geral. Sergio Leone comentou certa vez que era chamado 'O Pai do Western Italiano' e perguntou: "Se isso é verdade, quantos bastardos eu espalhei por aí?" Hoje o pobre Sergio não saberia sequer os nomes originais dos seus muitos bastardinhos. Dono de locadora desde 1990, por força da sua ocupação Paulo se vê obrigado a conhecer filmes, atores, atrizes e diretores, mas à parte essa necessidade, o mineiro de Patrocínio é um verdadeiro cinéfilo com preferência para o gênero Western. Não poderia então o Paulo deixar de ser convidado pelo WESTERNCINEMANIA para relacionar os dez faroestes que considera serem os melhores entre as centenas que assistiu ao longo de sua vida de cinéfilo. E Paulo o fez prontamente e a seguir ele fala um pouco de si próprio e nos apresenta seu Top-Ten, aqui relacionados pelo ano de lançamento, os quais comenta abalizadamente.

TOP-TEN WESTERNS DE
PAULO EDUARDO AMARAL LOPES

          Antes de mais nada um grande agradecimento ao amigo Darci, pela oportunidade de falar sobre um assunto do qual eu gosto tanto. Pode parecer lugar-comum, mas fazer uma seleção de dez entre tantos westerns que vi nestes quase cinquenta anos é uma tarefa dificílima, porque vi mais filmes no gênero do que em quaisquer outros gêneros. Sim, nasci em 1959 e desde que me lembro vi filmes, westerns, principalmente. Tenho 54 anos e dos primeiros filmes que vi, com poucos anos de idade, não tenho praticamente lembranças. As primeiras imagens de filmes a serem rememoradas com certa fluência datam de meados dos 60. Lembro-me de um western chamado “Kid, o Valente”, que fui assistir com o meu pai e me marcou muito nessa época. Meu pai foi um grande apreciador dos faroestes. Foi frequentador assíduo das matinês com Hopalong Cassidy, Roy Rogers, Durango Kid, etc... E ele sempre me falava disso.
          Lá nos anos 60, em uma cidade do interior, os filmes só chegavam dois ou três anos depois de seu lançamento nos grandes centros. E saber alguma coisa sobre esses filmes, só era possível através de jornais ou revistas. Então, tudo era colecionado avidamente e guardado cuidadosamente. Foi também nesses tempos que tomei conhecimento daqueles recortes de jornais anunciando os filmes em exibição nos cinemas de Belo Horizonte e São Paulo. E esses recortes seriam por anos a minha grande fonte de informações sobre filmes. E como não poderia deixar de ser, a grande maioria dos filmes exibidos nos dois cinemas de minha cidade naqueles anos 60 eram westerns, principalmente os italianos que naqueles dias faziam a alegria de grande parte de publico. E faziam minha alegria também. Havia muitos Hércules e Macistes, havia Mazzaroppi e Jerry Lewis, mas quem dominava a programação eram Djangos, Ringos e muitos dólares. E foi nesse contexto que o cinema começou a fazer diferença na minha vida.  É claro, que posteriormente, principalmente com o acesso à televisão, descobriria muitas outras correntes cinematográficas que me fascinariam. O preto e branco dos filmes noir americanos, o colorido deslumbrante dos musicais, o cinema autoral dos grandes diretores europeus, os grandes filmes da geração sexo-drogas-rock’n’roll que mudaria Hollywood, as chanchadas brasileiras, o cinema novo e depois as debochadas comédias eróticas nacionais. Mas tudo começou lá com os westerns ou faroestes, e por isso eles sempre tiveram um lugar mais que especial na minha paixão pelo cinema.
          Por tudo isso e para fazer justiça a esses westerns, principalmente os europeus,  que durante anos foram espezinhados pela crítica e foram massacrados por distribuidores que mudaram títulos, mutilaram  imagens e bagunçaram as lembranças dos fãs, que criei o meu blog ( http://eurowesternnobrasil.blogspot.com/ ), onde pelo menos, quanto aos nomes dos filmes, baseados em recortes de jornais da época, talvez eu pudesse ajudar a por um pouco de ordem nesse caos. Pode parecer pretensioso, mas tudo tem de começar em algum lugar ou por alguém. Sem diplomas ou experiência em áreas como jornalismo, sou apenas um amante da sétima arte, ou simplesmente um cinemaníaco , que nunca se contentou em apenas assistir filmes, mas que sempre quis saber mais e mais sobre os filmes e quem os fazia.
          Acho que um bom filme é aquele que mexe com a gente. É aquele que podemos ver quantas vezes pudermos e nunca nos cansamos dele. É aquele que ao mudarmos de canal e ele está ali sendo exibido não conseguimos passar prá outro canal. Foi baseado nessa premissa que me propus escolher esses westerns. Aos leitores peço não levarem em conta a ordem dos filmes. São apenas os meus Top-Ten , sem primeiro ou décimo lugar....

Céu Amarelo (Yellow Sky), 1948 – William A. Wellman
Richard Widmark, Gregory Peck e
John Russell atrás.
Gregory Peck, Richard Widmark e seu bando depois de assaltarem um banco fogem pelo deserto e vão parar em um cidade fantasma.  Nem tão fantasma assim porque lá vivem Anne Baxter e seu avô. Nesse contexto inicia-se o embate entre os homens, acirrado pela possibilidade de existência de ouro ali e pelo desejo despertado pela mulher. Peck se apaixona por ela, é claro, e se propõe a defendê-la do restante do bando liderado por  Widmark, inescrupuloso e quase psicótico.  Western clássico, esplendidamente dirigido por William A. Wellman, um especialista em explorar o perfil psicológico de seus personagens, o que ele faz aqui com maestria, elevando o nível de tensão do filme a cada momento. O duelo final no saloon abandonado é inesquecível. O filme também.

Os Brutos Também Amam (Shane), 1953 – George Stevens
Brandon De Wilde, Jean Arthur, Van Heflin
e Alan Ladd.
Meu pai era um homem de bom gosto, esse era seu faroeste preferido. Por isso mesmo a melodiosa “The Call of the Faraway Hills” foi a  canção de ninar da qual me lembro. Fui assisti-lo somente nos anos 70, numa reexibição no cinema de minha cidade. Foi paixão a primeira vista, é claro. Shane é a personificação do herói icônico do velho oeste: o pistoleiro que chega na hora exata de ajudar os fracos e oprimidos e que, com a missão cumprida parte diante de um pôr-do-sol radioso. A situação do filme foi explorada em centenas de westerns – fazendeiro poderoso que quer a terra dos colonos e para isso usa de todos os meios – mas nunca como aqui, de maneira tão singela e cativante. Jack Palance, todo de preto é a personificação de todos os vilões do oeste; Jean Arthur, esposa do fazendeiro Van Heflin, traz doçura ao filme, em sua discreta paixão por Shane. O garoto Brandon De Wilde, é o centro do filme e sua admiração cega por Shane, conduz a trama. Um filme prá ser assistido sempre. Um filme que explica em suas imagens porque esse gênero é tão cativante.

Jardim do Pecado (Garden of Evil), 1954 – Henry Hathaway
Gary Cooper e Susan Hayward.
“Se a Terra fosse feita de ouro, os homens morreriam por um pouco de lama...” esse é o epitáfio que encerra esse filme. Absorvente em sua atmosfera de mística aventura, tem todo clima de um faroeste tradicional: cavalgadas em fugas espetaculares, homens duros e valentes, hordas de índios selvagens, uma linda e misteriosa mulher e grandes paisagens que se descortinam em um horizonte majestoso. A união de todos esses fatores resultaram em um filme vibrante, tenso e cativante. Susan Hayward, linda como nunca é uma mulher insinuante e misteriosa que contrata um grupo de aventureiros, para resgatar o marido que esta preso em uma mina de ouro localizada numa região mística e sagrada para os índios chamada El Jardin del Diablo. Durante a jornada a cobiça pelo vil metal se mistura ao desejo despertado pela bela mulher. Gary Cooper, Richard Widmark, Cameron Mitchel e o mexicano Victor Manuel Mendonza, são os homens que empreendem essa jornada. O diretor Henry Hathaway sempre foi um dos realizadores mais competentes de Hollywood, especialista em westerns e aventuras ele esteve aqui em seu ambiente preferido. Dele são dois outros westerns que por pouco não estariam relacionados aqui entre os melhores que vi: “Nevada Smith” (1966) e “Bravura Indômita” (1969). Mas fico com a magia inesquecível desse “Jardim do Pecado”. O som daquela panela caindo pelo penhasco que o grupo atravessa ficou em meus ouvidos por muito tempo...

Rastros de Ódio (The Searchers), 1956 – John Ford
Hank Worden e John Wayne.
Colossal! Gigantesco! Cativante! Não encontro palavras para definir esse western. Absolutamente, não é sem razão que ele está relacionado entre os melhores filmes já feitos. John Wayne nunca teve uma interpretação melhor e John Ford – autor de tantos clássicos em todos os gêneros – nunca esteve tão genial. Guiado pela soberba trilha sonora de Max Steiner, a porta que se abre no início do filme para receber o velho soldado que retorna da Guerra Civil, abre também para o público um oeste que vimos em tantos filmes, mas nunca de uma maneira tão impactante. Wayne é Ethan Edwards, soldado duro e que odeia com todas as suas forças os índios. Justo em sua volta, índios renegados matam seu irmão e sua cunhada e raptam sua sobrinha. Acompanhado por Martin, rapaz com sangue indígena, ele inicia uma epopéia através do oeste em busca da garota. Essa epopéia se estende por anos, ficando evidenciado ao publico que Ethan, em seu ódio racial, não mais aceitará a sobrinha de volta, mas sua intenção é sim mata-la, isto porque ele a julga, irremediavelmente enraizada nos costumes indígenas. Ford, em sua genialidade, consegue que o publico seja simpático ao personagem de Wayne, apesar de sua irracionalidade com os índios e até mesmo com sua sobrinha. Talvez pelo contraponto feito pelo personagem Martin, interpretado pelo jovem Jeffrey Hunter, que anos depois estaria no western europeu, “Face a Face com o Diabo”. Tendo como fundo as paisagens do Monument Valley, familiares em vários filmes de Ford, este faroeste desfila tiroteios, perseguições e ataque de índios, como todo bom faroeste e em nenhum momento deixa cair a tensão e a emoção. A mesma porta que se abre no início, se fecha no final, deixando a absoluta sensação que acabamos de ver um grande faroeste, talvez o melhor de todos os tempos. Ford a partir dai iniciaria sua “redenção” com os índios, que culminaria com “Crepúsculo de uma Raça” em 1964. Acho que em qualquer relação de dez, esse é o western imprescindível. Nesta minha lista tem lugar de honra.

Onde Começa o Inferno (Rio Bravo), 1959 – Howard Hawks
Ricky Nelson, John Wayne e Dean Martin.
Este western foi realizado no ano em que nasci. Um grande western dirigido por um dos meus diretores preferidos, Howard Hawks (1896-1977). Aqui ele criou em um cenário restrito, um clima de tensão que seria usado em muitos outros westerns a partir de então, tudo salpicado com muita ação, humor e personagens carismáticos. John Wayne é o xerife, Dean Martin é o ex-pistoleiro, agora o bêbado da cidade, Ricky Nelson – cantor de grande sucesso na época – é o aspirante a pistoleiro e Walter Brennan  é um velho defensor da lei, irritadiço e aleijado. Juntos eles vão enfrentar um bando de criminosos que pretende invadir a cidade para libertar o irmão de um deles da cadeia. Essa mistura de personagens tão diferentes – ainda tem a “mocinha” vivida por Angie Dickson, que é um ex-amor do xerife Wayne – guiados pela mão segura de Hawks, transformaram esse western em um clássico do gênero. E de quebra, ainda temos um delicioso dueto musical entre Martin e Nelson cantando “My rifle, my pony and me”.  Hawks que já fora o diretor de outra obra prima do gênero, “Rio Vermelho” (1948), ainda voltaria a se reunir com John Wayne em outros dois bons westerns, “El Dorado” (1967) e “Rio Lobo” (1970). É um western em que sempre encontro um prazer renovado a cada vez que assisto. Sem dúvida um dos dez.

Sete Homens e Um Destino (The Magnificent Seven), 1960 – John Sturges
Charles Bronson, Robert Vaughn, Brad Dexter,
Yul Brynner, Horst Buchholz, James Coburn
e Steve McQueen.
Yul Brynner, Eli Wallach, Steve McQueen, James Coburn, Robert Vaugh, Charles Bronson…. Um western com um elenco desses não poderia ficar fora dos meus dez preferidos. Mas não é só pelo elenco. Refilmagem do clássico de Akira Kurosawa, “Os Sete Samurais”, o diretor John Sturges conseguiu, mudando o ambiente do Japão feudal pelo faroeste, fazer um filme tão bom ou melhor que original. Heresia? Prá alguns pode parecer, mas eu encontrei muito mais prazer assistindo a saga desses sete homens, sete pistoleiros especialistas, que resolvem proteger uma vila mexicana que são assaltados periodicamente por um grupo de bandidos saqueadores. Esses homens tem cada um suas motivações, que no decorrer do filme são mostradas sem travar a narrativa e são liderados pelo misterioso Chris, uma interpretação carismática de Yul Brynner. Ah... e tem a musica de Elmer Bernstein! Precisa falar mais?

O Homem que Matou o Facínora (The Man who Shot Liberty Valance), 1962 – John Ford
Lee Marvin
“Quando a lenda for melhor que a verdade, imprima-se a lenda” – diz o personagem de James Stewart, agora um político de renome, ao final desse western atípico dirigido pelo mestre John Ford. Atípico porque aqui a história se passa longe das grandes paisagens, tão caras a Ford. Ou seja, toda ação transcorre dentro de uma pequena cidade do oeste, onde o recém chegado advogado Stewart, tem de encarar frente a frente um cruel pistoleiro chamado Liberty Valance, que acaba sendo morto pelo cowboy John Wayne, escondido nas sombras da noite, deixando para o outro as honras de ter matado o famoso bandido. Mesmo fugindo de suas características básicas, John Ford, mostra toda sua maestria transformando esse western de um só bandido, num filme épico e cativante. Com certeza, entre os melhores que já vi.

Por uns Dólares a Mais (Per Qualche Dollaro in Più), 1965 – Sergio Leone
Clint Eastwood e Lee Van Cleef.
“Onde a vida não tem valor, a morte as vezes tem seu preço. Por isso surgiram os caçadores de recompensas...”  assim se inicia este que considero o melhor dos três filmes da chamada “trilogia dos dólares” e que coloco tranquilamente entre os meus dez westerns preferidos. Situado entre o baixo orçamento criativo de “Por um Punhado de Dólares” (1964) e a grandiosidade de “Três Homens em Conflito” (1966), esse spaguetti-western, ao meu ver, foi o que melhor retratou o estilo Leone de fazer westerns. Clint Eastwood é o Homem sem Nome, pistoleiro e caçador de recompensas, rápido e instintivo; Lee Van Cleef é o Coronel Mortimer, também pistoleiro e caçador de recompensas, mas sofisticado e articulado. Os dois se unem para capturar o insano Índio, vilão vivido por Gian Maria Volonté. Por trás de tudo o tema recorrente da vingança. Sob a sensacional trilha sonora de Ennio Morricone, Leone orquestra uma sinfonia perfeita de tiroteios e duelos que seria marca registrada de uma longa série de westerns europeus. Magnífico!

Era uma Vez no Oeste (C’era una Volta il West), 1968 – Sergio Leone
Henry Fonda e Charles Bronson.
E Sergio Leone sofisticou a estética da violência criada por ele mesmo neste filme que é sua obra prima. Um filme que prima pelo esmero de produção e pela grandiosidade das imagens que traduzem toda a paixão do diretor pelo cinema e, particularmente, pelo oeste que ele retratou de maneira tão especial em vários filmes. Charles Bronson é quem encarna a figura do Homem sem Nome, presente na trilogia dos dólares, mas que aqui é chamado Harmônica, e busca vingança. Henry Fonda é o vilão e Claudia Cardinale, linda como sempre, é a mulher que tenta trazer um pouco de civilização a essa região selvagem, que está prestes a receber uma ramificação da ferrovia. Novamente tudo sob uma das mais belas trilhas sonoras compostas por Ennio Morricone. Por dar um toque de grandiosidade ao spaguetti-western, esse é, sem duvida um dos meus westerns preferidos, porque mesmo apesar de sua longa duração sempre tenho um grande prazer em revê-lo.  

Butch Cassidy (Butch Cassidy and the Sundance Kid), 1969 – George Roy Hill
Paul Newman, Katharine Ross e Robert Redford.
É uma delícia ver e rever esse filme. Paul Newman e Robert Redford nunca estiveram tão bem como neste western onde retratam esses bandidos, que realmente existiram e foram mestres em assalto a trens, sendo caçados por todo oeste, acabando mortos em território boliviano. É claro que a caracterização que eles fazem passa longe dos personagens reais. Newman criou um Butch violento, mas alegre e bom de papo, enquanto o Sundance de Redford é um cara sério, de pouca conversa mas bom com a arma na mão e com os punhos. O filme está recheado de piadas, principalmente quando os dois estão em fuga, e também de momentos inesquecíveis, como Butch e Etta (Katharine Ross) cavalgando uma bicicleta ao som da premiada canção “Raindrops keep falling on my head”, o pulo na cachoeira durante a fuga ou mesmo o final, que se descortina trágico, mas é congelado deixando a imaginação do público fluir... Um filme inesquecível digno de estar entre os meus dez.