Entre tantos blogs mantidos na Web por
apaixonados pelo cinema há um muito especial devido à sua inusitada proposta.
Falo do blog EURO-WESTERN NO BRASIL, editado por Paulo Eduardo Amaral Lopes diretamente
de Patrocínio (MG). Essa cidade com população de 82.471 habitantes (Censo de
2010) pertence à mesorregião do Triângulo Mineiro, distando 150 km de
Uberlândia e 105 km de Araxá. O que faz o blog do amigo Paulo ser diferente dos
demais é sua finalidade principal que é preservar os títulos originais dos filmes.
Como se sabe os títulos mudam ao sabor da vontade e, por vezes, da inteligência dos responsáveis pelo lançamento oficial ou mesmo pirata de filmes. Como lembra
o Paulo, as maiores vítimas são os bang-bang italianos ou euro-westerns em
geral. Sergio Leone comentou certa vez que era chamado 'O Pai do Western Italiano' e perguntou: "Se isso é verdade, quantos bastardos eu espalhei por aí?" Hoje o pobre Sergio não saberia sequer os nomes originais dos seus muitos bastardinhos. Dono de locadora desde 1990, por força da sua ocupação Paulo
se vê obrigado a conhecer filmes, atores, atrizes e diretores, mas à parte essa necessidade, o mineiro de
Patrocínio é um verdadeiro cinéfilo com preferência para o gênero Western. Não
poderia então o Paulo deixar de ser convidado pelo WESTERNCINEMANIA para
relacionar os dez faroestes que considera serem os melhores entre as centenas
que assistiu ao longo de sua vida de cinéfilo. E Paulo o fez prontamente e a
seguir ele fala um pouco de si próprio e nos apresenta seu Top-Ten, aqui
relacionados pelo ano de lançamento, os quais comenta abalizadamente.
TOP-TEN WESTERNS DE
PAULO EDUARDO AMARAL LOPES
Antes de mais nada um grande
agradecimento ao amigo Darci, pela oportunidade de falar sobre um assunto do
qual eu gosto tanto. Pode parecer lugar-comum, mas fazer uma seleção de dez
entre tantos westerns que vi nestes quase cinquenta anos é uma tarefa
dificílima, porque vi mais filmes no gênero do que em quaisquer outros gêneros.
Sim, nasci em 1959 e desde que me lembro vi filmes, westerns, principalmente.
Tenho 54 anos e dos primeiros filmes que vi, com poucos anos de idade, não
tenho praticamente lembranças. As primeiras imagens de filmes a serem
rememoradas com certa fluência datam de meados dos 60. Lembro-me de um western
chamado “Kid, o Valente”, que fui assistir com o meu pai e me marcou muito
nessa época. Meu pai foi um grande apreciador dos faroestes. Foi frequentador
assíduo das matinês com Hopalong Cassidy, Roy Rogers, Durango Kid, etc... E ele
sempre me falava disso.
Lá nos anos 60, em uma cidade do
interior, os filmes só chegavam dois ou três anos depois de seu lançamento nos
grandes centros. E saber alguma coisa sobre esses filmes, só era possível
através de jornais ou revistas. Então, tudo era colecionado avidamente e
guardado cuidadosamente. Foi também nesses tempos que tomei conhecimento
daqueles recortes de jornais anunciando os filmes em exibição nos cinemas de
Belo Horizonte e São Paulo. E esses recortes seriam por anos a minha grande
fonte de informações sobre filmes. E como não poderia deixar de ser, a grande
maioria dos filmes exibidos nos dois cinemas de minha cidade naqueles anos 60
eram westerns, principalmente os italianos que naqueles dias faziam a alegria
de grande parte de publico. E faziam minha alegria também. Havia muitos Hércules
e Macistes, havia Mazzaroppi e Jerry Lewis, mas quem dominava a programação
eram Djangos, Ringos e muitos dólares. E foi nesse contexto que o cinema
começou a fazer diferença na minha vida.
É claro, que posteriormente, principalmente com o acesso à televisão,
descobriria muitas outras correntes cinematográficas que me fascinariam. O
preto e branco dos filmes noir americanos, o colorido deslumbrante dos
musicais, o cinema autoral dos grandes diretores europeus, os grandes filmes da
geração sexo-drogas-rock’n’roll que mudaria Hollywood, as chanchadas
brasileiras, o cinema novo e depois as debochadas comédias eróticas nacionais.
Mas tudo começou lá com os westerns ou faroestes, e por isso eles sempre
tiveram um lugar mais que especial na minha paixão pelo cinema.
Por tudo isso e para fazer justiça a
esses westerns, principalmente os europeus,
que durante anos foram espezinhados pela crítica e foram massacrados por
distribuidores que mudaram títulos, mutilaram
imagens e bagunçaram as lembranças dos fãs, que criei o meu blog ( http://eurowesternnobrasil.blogspot.com/ ), onde pelo menos, quanto aos nomes dos
filmes, baseados em recortes de jornais da época, talvez eu pudesse ajudar a
por um pouco de ordem nesse caos. Pode parecer pretensioso, mas tudo tem de
começar em algum lugar ou por alguém. Sem diplomas ou experiência em áreas como
jornalismo, sou apenas um amante da sétima arte, ou simplesmente um cinemaníaco
, que nunca se contentou em apenas assistir filmes, mas que sempre quis saber
mais e mais sobre os filmes e quem os fazia.
Acho que um bom filme é aquele que
mexe com a gente. É aquele que podemos ver quantas vezes pudermos e nunca nos
cansamos dele. É aquele que ao mudarmos de canal e ele está ali sendo exibido
não conseguimos passar prá outro canal. Foi baseado nessa premissa que me
propus escolher esses westerns. Aos leitores peço não levarem em conta a ordem
dos filmes. São apenas os meus Top-Ten , sem primeiro ou décimo lugar....
Céu Amarelo
(Yellow Sky), 1948 – William A. Wellman
Richard Widmark, Gregory Peck e John Russell atrás. |
Gregory Peck,
Richard Widmark e seu bando depois de assaltarem um banco fogem pelo deserto e
vão parar em um cidade fantasma. Nem tão
fantasma assim porque lá vivem Anne Baxter e seu avô. Nesse contexto inicia-se
o embate entre os homens, acirrado pela possibilidade de existência de ouro ali
e pelo desejo despertado pela mulher. Peck se apaixona por ela, é claro, e se
propõe a defendê-la do restante do bando liderado por Widmark, inescrupuloso e quase
psicótico. Western clássico, esplendidamente
dirigido por William A. Wellman, um especialista em explorar o perfil
psicológico de seus personagens, o que ele faz aqui com maestria, elevando o
nível de tensão do filme a cada momento. O duelo final no saloon abandonado é
inesquecível. O filme também.
Os Brutos Também Amam (Shane), 1953 – George Stevens
Brandon De Wilde, Jean Arthur, Van Heflin e Alan Ladd. |
Meu pai era um homem de bom gosto, esse era
seu faroeste preferido. Por isso mesmo a melodiosa “The Call of the Faraway
Hills” foi a canção de ninar da qual me
lembro. Fui assisti-lo somente nos anos 70, numa reexibição no cinema de minha
cidade. Foi paixão a primeira vista, é claro. Shane é a personificação do herói
icônico do velho oeste: o pistoleiro que chega na hora exata de ajudar os
fracos e oprimidos e que, com a missão cumprida parte diante de um pôr-do-sol
radioso. A situação do filme foi explorada em centenas de westerns – fazendeiro
poderoso que quer a terra dos colonos e para isso usa de todos os meios – mas
nunca como aqui, de maneira tão singela e cativante. Jack Palance, todo de preto
é a personificação de todos os vilões do oeste; Jean Arthur, esposa do
fazendeiro Van Heflin, traz doçura ao filme, em sua discreta paixão por Shane.
O garoto Brandon De Wilde, é o centro do filme e sua admiração cega por Shane,
conduz a trama. Um filme prá ser assistido sempre. Um filme que explica em suas
imagens porque esse gênero é tão cativante.
Jardim do Pecado (Garden of Evil), 1954 – Henry Hathaway
Gary Cooper e Susan Hayward. |
“Se a Terra
fosse feita de ouro, os homens morreriam por um pouco de lama...” esse é o
epitáfio que encerra esse filme. Absorvente em sua atmosfera de mística
aventura, tem todo clima de um faroeste tradicional: cavalgadas em fugas
espetaculares, homens duros e valentes, hordas de índios selvagens, uma linda e
misteriosa mulher e grandes paisagens que se descortinam em um horizonte
majestoso. A união de todos esses fatores resultaram em um filme vibrante,
tenso e cativante. Susan Hayward, linda como nunca é uma mulher insinuante e
misteriosa que contrata um grupo de aventureiros, para resgatar o marido que
esta preso em uma mina de ouro localizada numa região mística e sagrada para os
índios chamada El Jardin del Diablo. Durante a jornada a cobiça pelo vil metal
se mistura ao desejo despertado pela bela mulher. Gary Cooper, Richard Widmark,
Cameron Mitchel e o mexicano Victor Manuel Mendonza, são os homens que
empreendem essa jornada. O diretor Henry Hathaway sempre foi um dos
realizadores mais competentes de Hollywood, especialista em westerns e
aventuras ele esteve aqui em seu ambiente preferido. Dele são dois outros
westerns que por pouco não estariam relacionados aqui entre os melhores que vi:
“Nevada Smith” (1966) e “Bravura Indômita” (1969). Mas fico com a magia
inesquecível desse “Jardim do Pecado”. O som daquela panela caindo pelo
penhasco que o grupo atravessa ficou em meus ouvidos por muito tempo...
Rastros de Ódio (The
Searchers), 1956 – John Ford
Hank Worden e John Wayne. |
Colossal!
Gigantesco! Cativante! Não encontro palavras para definir esse western.
Absolutamente, não é sem razão que ele está relacionado entre os melhores
filmes já feitos. John Wayne nunca teve uma interpretação melhor e John Ford – autor
de tantos clássicos em todos os gêneros – nunca esteve tão genial. Guiado pela
soberba trilha sonora de Max Steiner, a porta que se abre no início do filme
para receber o velho soldado que retorna da Guerra Civil, abre também para o público
um oeste que vimos em tantos filmes, mas nunca de uma maneira tão impactante.
Wayne é Ethan Edwards, soldado duro e que odeia com todas as suas forças os
índios. Justo em sua volta, índios renegados matam seu irmão e sua cunhada e
raptam sua sobrinha. Acompanhado por Martin, rapaz com sangue indígena, ele
inicia uma epopéia através do oeste em busca da garota. Essa epopéia se estende
por anos, ficando evidenciado ao publico que Ethan, em seu ódio racial, não
mais aceitará a sobrinha de volta, mas sua intenção é sim mata-la, isto porque
ele a julga, irremediavelmente enraizada nos costumes indígenas. Ford, em sua
genialidade, consegue que o publico seja simpático ao personagem de Wayne,
apesar de sua irracionalidade com os índios e até mesmo com sua sobrinha.
Talvez pelo contraponto feito pelo personagem Martin, interpretado pelo jovem
Jeffrey Hunter, que anos depois estaria no western europeu, “Face a Face com o Diabo”.
Tendo como fundo as paisagens do Monument Valley, familiares em vários filmes
de Ford, este faroeste desfila tiroteios, perseguições e ataque de índios, como
todo bom faroeste e em nenhum momento deixa cair a tensão e a emoção. A mesma
porta que se abre no início, se fecha no final, deixando a absoluta sensação
que acabamos de ver um grande faroeste, talvez o melhor de todos os tempos.
Ford a partir dai iniciaria sua “redenção” com os índios, que culminaria com “Crepúsculo de uma Raça” em 1964. Acho que em qualquer relação de dez, esse é o
western imprescindível. Nesta minha lista tem lugar de
honra.
Onde Começa o Inferno (Rio Bravo), 1959 – Howard Hawks
Ricky Nelson, John Wayne e Dean Martin. |
Este western
foi realizado no ano em que nasci. Um grande western dirigido por um dos meus
diretores preferidos, Howard Hawks (1896-1977). Aqui ele criou em um cenário
restrito, um clima de tensão que seria usado em muitos outros westerns a partir
de então, tudo salpicado com muita ação, humor e personagens carismáticos. John
Wayne é o xerife, Dean Martin é o ex-pistoleiro, agora o bêbado da cidade,
Ricky Nelson – cantor de grande sucesso na época – é o aspirante a pistoleiro e
Walter Brennan é um velho defensor da
lei, irritadiço e aleijado. Juntos eles vão enfrentar um bando de criminosos
que pretende invadir a cidade para libertar o irmão de um deles da cadeia. Essa
mistura de personagens tão diferentes – ainda tem a “mocinha” vivida por Angie
Dickson, que é um ex-amor do xerife Wayne – guiados pela mão segura de Hawks,
transformaram esse western em um clássico do gênero. E de quebra, ainda temos
um delicioso dueto musical entre Martin e Nelson cantando “My rifle, my pony
and me”. Hawks que já fora o diretor de
outra obra prima do gênero, “Rio Vermelho” (1948), ainda voltaria a se reunir
com John Wayne em outros dois bons westerns, “El Dorado” (1967) e “Rio Lobo” (1970).
É um western em que sempre encontro um prazer renovado a cada vez que assisto.
Sem dúvida um dos dez.
Sete Homens e Um Destino (The Magnificent Seven), 1960 – John Sturges
Charles Bronson, Robert Vaughn, Brad Dexter, Yul Brynner, Horst Buchholz, James Coburn e Steve McQueen. |
Yul Brynner,
Eli Wallach, Steve McQueen, James Coburn, Robert Vaugh, Charles Bronson…. Um
western com um elenco desses não poderia ficar fora dos meus dez preferidos.
Mas não é só pelo elenco. Refilmagem do clássico de Akira Kurosawa, “Os Sete Samurais”,
o diretor John Sturges conseguiu, mudando o ambiente do Japão feudal pelo
faroeste, fazer um filme tão bom ou melhor que original. Heresia? Prá alguns
pode parecer, mas eu encontrei muito mais prazer assistindo a saga desses sete
homens, sete pistoleiros especialistas, que resolvem proteger uma vila mexicana
que são assaltados periodicamente por um grupo de bandidos saqueadores. Esses
homens tem cada um suas motivações, que no decorrer do filme são mostradas sem
travar a narrativa e são liderados pelo misterioso Chris, uma interpretação
carismática de Yul Brynner. Ah... e tem a musica de Elmer Bernstein! Precisa
falar mais?
O Homem que Matou o Facínora (The Man who Shot Liberty Valance), 1962
– John Ford
Lee Marvin |
“Quando a
lenda for melhor que a verdade, imprima-se a lenda” – diz o personagem de James
Stewart, agora um político de renome, ao final desse western atípico dirigido
pelo mestre John Ford. Atípico porque aqui a história se passa longe das
grandes paisagens, tão caras a Ford. Ou seja, toda ação transcorre dentro de
uma pequena cidade do oeste, onde o recém chegado advogado Stewart, tem de
encarar frente a frente um cruel pistoleiro chamado Liberty Valance, que acaba
sendo morto pelo cowboy John Wayne, escondido nas sombras da noite, deixando
para o outro as honras de ter matado o famoso bandido. Mesmo fugindo de suas
características básicas, John Ford, mostra toda sua maestria transformando esse
western de um só bandido, num filme épico e cativante. Com certeza, entre os
melhores que já vi.
Por uns Dólares a Mais (Per Qualche Dollaro in Più), 1965 –
Sergio Leone
Clint Eastwood e Lee Van Cleef. |
“Onde a vida
não tem valor, a morte as vezes tem seu preço. Por isso surgiram os caçadores
de recompensas...” assim se inicia este
que considero o melhor dos três filmes da chamada “trilogia dos dólares” e que
coloco tranquilamente entre os meus dez westerns preferidos. Situado entre o
baixo orçamento criativo de “Por um Punhado de Dólares” (1964) e a
grandiosidade de “Três Homens em Conflito” (1966), esse spaguetti-western, ao
meu ver, foi o que melhor retratou o estilo Leone de fazer westerns. Clint Eastwood
é o Homem sem Nome, pistoleiro e caçador de recompensas, rápido e instintivo;
Lee Van Cleef é o Coronel Mortimer, também pistoleiro e caçador de recompensas,
mas sofisticado e articulado. Os dois se unem para capturar o insano Índio, vilão
vivido por Gian Maria Volonté. Por trás de tudo o tema recorrente da vingança.
Sob a sensacional trilha sonora de Ennio Morricone, Leone orquestra uma
sinfonia perfeita de tiroteios e duelos que seria marca registrada de uma longa
série de westerns europeus. Magnífico!
Era uma Vez no Oeste (C’era una Volta il West), 1968 – Sergio
Leone
Henry Fonda e Charles Bronson. |
E Sergio
Leone sofisticou a estética da violência criada por ele mesmo neste filme que é
sua obra prima. Um filme que prima pelo esmero de produção e pela grandiosidade
das imagens que traduzem toda a paixão do diretor pelo cinema e,
particularmente, pelo oeste que ele retratou de maneira tão especial em vários
filmes. Charles Bronson é quem encarna a figura do Homem sem Nome, presente na
trilogia dos dólares, mas que aqui é chamado Harmônica, e busca vingança. Henry
Fonda é o vilão e Claudia Cardinale, linda como sempre, é a mulher que tenta
trazer um pouco de civilização a essa região selvagem, que está prestes a
receber uma ramificação da ferrovia. Novamente tudo sob uma das mais belas
trilhas sonoras compostas por Ennio Morricone. Por dar um toque de
grandiosidade ao spaguetti-western, esse é, sem duvida um dos meus westerns
preferidos, porque mesmo apesar de sua longa duração sempre tenho um grande
prazer em revê-lo.
Butch Cassidy (Butch
Cassidy and the Sundance Kid), 1969 – George Roy Hill
Paul Newman, Katharine Ross e Robert Redford. |
É uma delícia
ver e rever esse filme. Paul Newman e Robert Redford nunca estiveram tão bem
como neste western onde retratam esses bandidos, que realmente existiram e
foram mestres em assalto a trens, sendo caçados por todo oeste, acabando mortos
em território boliviano. É claro que a caracterização que eles fazem passa
longe dos personagens reais. Newman criou um Butch violento, mas alegre e bom
de papo, enquanto o Sundance de Redford é um cara sério, de pouca conversa mas
bom com a arma na mão e com os punhos. O filme está recheado de piadas,
principalmente quando os dois estão em fuga, e também de momentos
inesquecíveis, como Butch e Etta (Katharine Ross) cavalgando uma bicicleta ao
som da premiada canção “Raindrops keep falling on my head”, o pulo na cachoeira
durante a fuga ou mesmo o final, que se descortina trágico, mas é congelado
deixando a imaginação do público fluir... Um filme inesquecível digno de estar entre
os meus dez.