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5 de setembro de 2013

TOP-TEN WESTERNS DE JOÃO ALFREDO VIEIRA NOGUEIRA, CINÉFILO DA 2.ª CINELÂNDIA CARIOCA


Muitas são as lembranças da Cinelândia Carioca. Mas além daquele famoso conjunto de salas exibidoras havia na Cidade Maravilhosa um segundo e menos conhecido grupo de cinemas muito próximos uns aos outros. Situada no Bairro da Tijuca, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, e tendo por centro a Praça Sáenz Peña, havia uma Segunda Cinelândia Carioca, atendendo aos moradores daquele simpático bairro e dos bairros vizinhos.  Praticamente os mesmos filmes que eram exibidos nos cinemas da Cinelândia localizados na Praça Marechal Floriano Peixoto passavam também na Cinelândia da Tijuca. E era ali que dia sim, dia não e às vezes dia também, João Alfredo Vieira Nogueira saciava sua fome de filmes.

Acima a Praça Sáenz Peña; abaixo o
Flamengo dos tempos de Dida e Zagallo.
A Tijuca, onde João Alfredo residia era um bairro de classe média que só perdia a tranquilidade quando jovens músicos se dispunham a tocar rock ‘n‘ roll. Ninguém poderia acreditar que alguns anos mais tarde Erasmo Carlos, Jorge Ben e Tim Maia renovariam a música brasileira. Todos eles orgulhosos tijucanos. Havia no bairro uma escola de samba famosa, a Unidos da Tijuca, que em 1953 recebeu a companhia de outra escola de samba, a Acadêmicos do Salgueiro. E quando o Rio de Janeiro mergulhava na folia durante o Carnaval, João Alfredo preferia a calma dos semi-vazios Cines Metro-Tijuca, Carioca, América, Olinda, Tijuca, Santo Afonso, Art-Palácio, Eskie, Britânia e outros cinemas do bairro onde morava. Na década de 50 as marquises dos cinemas mostravam títulos de filmes que João Alfredo não perdia de forma alguma, a não ser que o Maracanã, que ficava distante dez minutos a pé da Praça Saenz Pena, fosse palco de um Fla-Flu que o flamenguista João Alfredo também gostava de assistir. Afinal eram tempos em que no ‘Mário Filho’ exibiam sua refinada técnica futebolística jogadores como Dida, Dequinha, Dr. Rubens, Didi, Zizinho, Ademir de Menezes, Castilho, Nílton Santos e Garrincha. Mas arte por arte João Alfredo preferia Gregory Peck, Susan Hayward, Gary Cooper, Barbara Stanwyck, John Wayne, Grace Kelly, Tyrone Power, Glenn Ford e, mais que qualquer outro nome, Ava Gardner, dona dos olhares e dos sonhos de João Alfredo.

Ava Gardner
Dois gêneros de filmes mais atraíam o adolescente João Alfredo: musicais e faroestes, numa mescla perfeita de sensibilidade e emoção. Incontáveis vezes João Alfredo entrou no Metro-Tijuca para assistir Gene Kelly, Cid Charysse, Mario Lanza, Vera Ellen, Bob Fosse, Ann Miller, Howard Keel, Kathryn Grayson, Fred Astaire e Ava Gardner. “O Barco das Ilusões” foi assistido repetidas vezes pelo jovem que se arrepiava ao escutar “Ol’ Man River” e se deixava hipnotizar por Ava Gardner. No entanto eram exibidos muito mais faroestes que musicais e João Alfredo assistia praticamente a todos, com prioridade para os estrelados por Alan Ladd, Burt Lancaster, Kirk Douglas, Gary Cooper, Anthony Quinn, Glenn Ford e Gregory Peck. Pouco importava ao jovem quem eram os diretores, fossem eles John Ford, Anthony Mann, Howard Hawks ou qualquer outro cujos nomes ele não guardava, nomes que só passariam a fazer sentido muitos anos depois.

Alguns dos principais cinemas da 2.ª Cinelândia Carioca, na Praça Sáenz
Peña, na Tijuca. Cine Olinda, Cine Carioca, Cine Tijuca, Cine Metro-Tijuca

e Cine América. Atraído pelos irresistíveis apelos das marquises,
João Alfredo perdeu a conta de quantos filmes assistiu nesses cinemas.
Certamente muito além de mil filmes.

Dos incontáveis faroestes que João Alfredo assistiu nos anos 50 e 60 na Segunda Cinelândia Carioca, alguns o marcaram bastante, tanto que foram revistos em reprises e com o advento da fita VHS e mais tarde do DVD, nesses tipos de mídia adquiridos para sua coleção particular. Essa coleção ocupa grande parte da estante principal do apartamento de João Alfredo, em Santos, cidade do litoral paulista que João escolheu para viver com sua esposa após a merecida aposentadoria. E é em Santos, que João Alfredo mantém o hábito de ir ao cinema, três vezes por semana, ainda que os filmes atuais e as salas Multiplex tragam uma imensa saudade dos cinemas da Praça Sáens Peña e proximidades. WESTERNCINEMANIA solicitou a João Alfredo que relacionasse os dez westerns que mais apreciava e prontamente o cinéfilo elaborou não uma, mas duas listas. A primeira o Top-Ten, encabeçado pelo filme que mais gosta; a lista complementar é composta de outros dez faroestes que o autor considera igualmente excelentes e que ajuda a delinear seu gosto pessoal. Abaixo esses 20 westerns, os dez primeiros deles comentados por João Alfredo Vieira Nogueira:

1.º)  Os Brutos Também Amam
         (Shane), 1953 – George Stevens
Sem dúvida o faroeste da minha vida e não apenas pela emoção que transmite mas por ser um filme realizado com inspiração e arte, assim como uma escultura de Michelangelo. Perfeito em todos os aspectos, partindo das interpretações, passando pela fotografia deslumbrante, música inesquecível e diálogos expressivos.

2.º)  Rastros de Ódio 
         (The Searchers), 1956 – 
         John Ford
O cenário do Monument Valley nunca esteve mais majestoso como palco da longa busca de John Wayne e de Jeffrey Hunter. O melhor faroeste de John Ford, o que por si só tem enorme significação.

3.º)  O Homem que Matou o Facínora 
         (The Man Who Shot Liberty Valance), 1962 
         John Ford
Na contramão da verdade John Ford expõe a força mitológica dos personagens do Velho Oeste na figura de advogado que ganhou fama imerecidamente. Entre os conflitos do triângulo amoroso do filme discute-se a educação, a política e a Lei que chega para civilizar aquelas paragens.

4.º) No Tempo das Diligências 
        (Stagecoach), 1939 – John Ford
Se as relações entre os personagens da diligência criam uma atmosfera única para um faroeste, há ainda a fantástica perseguição por parte dos apaches. E John Wayne se sobressai como a maior figura do gênero que ali começava a ser.

5.º)  Os Imperdoáveis 
         (Unforgiven), 1992 – Clint Eastwood
Clint Eastwood como ator e diretor mostrou o talento que, através dos anos e experiências de cinema, só aumentou e foi sublimado neste triste e perfeito western. Uma pena que Clint nunca mais nos tivesse brindado com outros filmes portentosos como “Os Imperdoáveis”.

6.º)  Meu Ódio Será Sua Herança 
          (The Wild Bunch), 1969 – Sam Peckinpah
Um espetáculo assombroso de violência que foi muito imitado mas que é impossível de ser igualado. A delirante maestria de Sam Peckinpah realizou o mais impressionante conjunto de sequências de ação que o gênero conheceu.

7.º)  Matar ou Morrer 
         (High Noon), 1952 – Fred Zinnemann
Brilhante estudo psicológico da covardia humana mostrando um homem acuado e que se vê sozinho diante da morte certa. A ação se passa em Hadleyville, mas é percebida em qualquer época ou lugar. Gary Cooper simplesmente maravilhoso.

8.º)  Minha Vontade é Lei 
          (Warlock), 1959 – Edward Dmytryk
A lei e a ordem nem sempre são impostas pelo herói certinho e corajoso. Homens do Velho Oeste tinham também seus problemas de relacionamento humano e este filme é de extrema coragem ao mostrar de forma alegórica o ‘aleijão’ humano do personagem de Anthony Quinn.

9.º)  Sete Homens e um Destino 
         (The Magnificent Seven), 1960 
         John Sturges
Filme para quem gosta de ação de primeira qualidade na mais emocionante brincadeira de mocinhos contra bandidos já levada à tela. E tudo embalado por uma trilha sonora magistral. Todos parecem se divertir e Steve McQueen e Eli Wallach se destacam no grande elenco.

10.º)  A Face Oculta 
           (One-Eyed Jacks), 1960 
           Marlon Brando
É inacreditável que depois desse belíssimo faroeste Marlon Brando não tenha voltado a dirigir outro filme no gênero. Brando cria um cínico anti-herói perfeito na vestimenta, nos gestos e faz o espectador sentir-se cúmplice na cruel vingança que arquiteta. O versatil Karl Malden é o bandido.


LISTA COMPLEMENTAR - Filmes que poderiam fazer parte da lista de dez melhores, quase que em pé de igualdade com alguns deles.

Era Uma Vez no Oeste (C’Era Uma Volta Il West), 1968 – Sergio Leone
Vera Cruz (Vera Cruz), 1954 – Robert Aldrich
Os Profissionais (The Professionals), 1966 – Richard Brooks
Hombre (Hombre), 1966 – Martin Ritt
O Álamo (The Alamo), 1960 – John Wayne
Caminhos Ásperos (Hondo), 1953 - John Farrow
Silverado (Silverado), 1985 – Lawrence Kasdan
Atire a Primeira Pedra (Destry Rides again), 1939 – George Marshall
O Matador (The Gunfighter), 1950 – Henry King
Da Terra Nascem os Homens (The Big Country), 1958 – William Wyler