Os marcos geodésicos estão associados à história da cartografia moderna, iniciada em Portugal quando D. Maria I encarregou a Academia Real da Marinha de iniciar os trabalhos de triangulação geral do território, com vista à realização da Carta Geográfica do Reino.
Contudo, o levantamento geodésico de Portugal decorreu apenas entre os anos de 1857 e 1892, concluído com sucesso depois de instalado o marégrafo de Cascais em 1877 e que permitiu estabelecer com precisão o nível médio das águas em toda a costa nacional (dado fundamental para a conclusão do levantamento geodésico).
A rede geodésica desde então estabelecida assenta numa rede de triângulos entre marcos geodésicos, mais de 8000, classificados de 1ª, 2ª e 3ª ordem. Os marcos de 1ª ordem assumem a forma de pirâmides quadrangulares, distando entre si 30 a 60 km; os de 2ª ordem, a forma de um cilindro + cone com listas distando entre si entre 20 a 30 km; os de 3ª ordem, a forma de um cilindro + cone com listas (de tamanho menor), distando entre 5 a 10 km. Os marcos de 2ª e 3ª ordem são também chamados de “bolembreanas”.
A freguesia de Pataias tem no seu território um marco geodésico de 1ª ordem (Pataias) e três bolembreanas (Facho, Poços e Pedrão) e ainda um outro, praticamente sobre a linha de divisão administrativa das freguesias de Pataias e Maceira, mas que na realidade já está na freguesia da Maceira, (Lameira).
Pataias
Conhecido como “talefe” ou “ponto”, fica nos limites do Pinhal da Lídia, Lagoa Seca e Lagoeira, a norte da Lagoa de Pataias. Subindo ao topo da pirâmide, num dia claro e sem nuvens, pode ver-se a Serra da Boa Viajem, a Serra de Sicó e o limite Sul da Serra dos Candeeiros, sem qualquer dificuldade. É um marco geodésico de 1ª ordem, com uma altitude de 138 metros.
O Pinhal de Leiria - vista do talefe de Pataias
O galo da Torre - vista do talefe de Pataias
Facho
Localizado perto da Burinhosa, mesmo no limite da freguesia de Pataias com o concelho da Marinha Grande, tem uma vista privilegiada sobre as Matas Nacionais, o Pinhalinho e a Pedra do Ouro. É uma bolembreana, assinalando uma altitude de 147 metros.
O Pinhalinho e a Pedra do Ouro - Vista do Facho da Burinhosa
Poços
Localizado no Outeiro dos Seixos, perto das “avestruzes”, encontra-se no seguimento da cumeada que vem desde o farol do Sítio e que passa pelo vértice geodésico da Aguieira (supostamente a duna mais alta da Europa – verdadeiramente, não o é). Não fosse o pinhal alto, teria uma vista deslumbrante sobre o vale tifónico das Caldas da Rainha (a nascente e a Sul) e sobre o oceano (a poente). É uma pequena bolembreana, marcando uma altitude de 131 metros
Vista do vale Tifónico das Caldas da Rainha - Vista perto do ponto do Outeiro dos Seixos
Pedrão
Localizado na Cruz do Pedrão, algures entre as Águas Luxosas e a estrada da Nazaré (mais ou menos à curva), tem uma vista sobre o vasto pinhal do litoral da freguesia de Pataias, com vista privilegiada sobre o arquipélago das Berlengas. É uma bolembreana, assinalando a altitude de 131 metros (a mesma que o marco geodésico de Poços).
Os pinhais da freguesia de Pataias. Ao fundo, os depósitos da água na estrada que liga S. Pedro de Moel à Marinha Grande - Vista da bolembreana do Pedrão
Lameira
Por escassos metros já está na freguesia de Maceira. Localizado sobre Paio do Meio e a Tofeira, tem o seu melhor acesso através Paio de Baixo. A vista magnífica sobre Pataias e os Pisões só é comparável à visão geral sobre o vale tifónico das Caldas Rainha. A visão alcança com facilidade até Famalicão da Nazaré e Serra do Bouro, deixando adivinhar S. Martinho do Porto, Alfeizerão a até as Caldas da Rainha. É uma bolembreana com uma altitude de 164 metros.
Pataias - vista junto ao marco geodésico da Lameira, Paio de Baixo
Paio de Baixo, Pisões e vale tifónico das Caldas da Rainha - Vista junto ao marco geodésico da Lameira