A notícia é do Região de Leiria
Trabalhadores em Pataias e Batalha reclamam salários em atraso
Trabalhadores da NMOV, de produção de mobiliário, sediada em Pataias, concelho de Alcobaça, estiveram concentrados desde esta manhã nas instalações da empresa a reclamar salários em atraso e a impedir a saída de material em stock.
Carlos Brás, um dos funcionários da empresa, disse à agência Lusa que “os funcionários não recebem o vencimento desde janeiro”, pelo que decidiram bloquear a saída de material que não corresponda a qualquer encomenda.
“O material só vai para os clientes que têm encomendas pois a sua venda é que vai garantir os nossos ordenados”, afirmou Carlos Brás, adiantando que o protesto, que começou sexta feira, se vai prolongar até que os salários sejam pagos.
O trabalhador adiantou que durante o dia os funcionários têm procurado concluir algumas encomendas, cujo prazo de entrega está a acabar, mas reconheceu que “existe pouca matéria prima”.
Carlos Brás referiu ainda que os trabalhadores vão manter a vigilância ao local das cargas e descargas “passando de vez em quando”, acrescentando que outros, que moram nas imediações da unidade fabril, vão estar igualmente atentos.
Segundo este funcionário, já foi contactado um advogado no sentido de saber as soluções para os trabalhadores na sequência dos salários em atraso, acreditando que uma das hipóteses é a suspensão dos contratos de trabalho.
“Nós acreditamos que a administração quer pagar os salários, mas não tem como”, comentou Carlos Brás.
A NMOV, que produz e comercializa mobiliário para interior e exterior, integra o grupo Rino, com sede na Batalha e actualmente com 25 funcionários, 15 dos quais na NMOV.
O seu accionista, César Rino, reconheceu à Agência Lusa “dificuldades de liquidez” para pagamento dos salários, na sequência de dois projectos que estão em curso para o concelho de Setúbal, no valor de 38 milhões de euros, que “obrigaram ao recurso de capitais próprios bastante significativos”.
César Rino disse acreditar que a situação vai ser colmatada com “um financiamento estrangeiro que vai permitir recapitalização do grupo e ultrapassar estas dificuldades que são momentâneas”.
O responsável admitiu que os salários em atraso atingiram outros funcionários do grupo, cujo número recente era de 60.
“Grande parte dos 60 trabalhadores nesta situação rescindiram o seu contrato e a empresa comprometeu-se a pagar o que lhes deve”, declarou, acrescentando, a propósito da NMOV, “não se vai retirar nada”, salientando ainda que “o grupo não pode parar”.
O grupo Rino, que foi responsável pela construção e gestão de um centro comercial na Batalha, que entretanto passou para a alçada de um fundo de investimento, possui ainda lojas e outras empresas.