E se o Mundo Acabasse - Crónica de Laé de Souza
Aquele dia foi de alvoroço. Cruzei com um amigo acostumado a prosa, numa correria e recusou-se a conversa, alegando que não podia perder tempo, pois tinha algumas coisas a concluir antes de começar a escurecer.
Espantou-se com a minha ignorância de que o mundo estava prestes a acabar. (Preciso encontrá-lo para ver o que tanto não podia ficar sem fazer.) Por preguiça não escrevi no momento. Se acabasse mesmo, seria desperdício de tempo. Mas entre a dúvida de ficar no meu canto a rezar e sair a indagar e a observar, venceu a curiosidade.
Uma mulher que tinha um caso antigo com um vizinho, convenceu-o a se levantar bem cedo e sem dar satisfação aos cônjuges se dirigiram a um jardim e com olhos fixos no firmamento, de mãos dadas, esperavam a chegada do Senhor.
Uma mulher que tinha um caso antigo com um vizinho, convenceu-o a se levantar bem cedo e sem dar satisfação aos cônjuges se dirigiram a um jardim e com olhos fixos no firmamento, de mãos dadas, esperavam a chegada do Senhor.
Uns doaram bens numa atitude desesperada da busca do paraíso. Juliano vendeu esperanças e garantiu lugar privilegiado a quem tinha posses. Aos de menos recurso, por preço camarada um lugar mais na frente da fila. E faturou um troco legal.
Mães de santo cobraram fortuna para prorrogar o fim. O Pastor Queixada me garantiu que o mundo só não acabou como previsto, por sua intercessão e para que desse tempo a alguns irmãos se arrependerem. Mas me avisou que não vai dar para segurar por muito tempo, portanto, desapeguem-se dos seus bens.